Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Giovanni Torello |
Novembro de 2011 - Vol.16 - Nº 11 História da Psiquiatria FRAGMENTOS DA HISTORIA DA PSIQUIATRIA NO RIO GRANDE DO SUL Walmor J. Piccinini Nota
introdutória. Um
assunto que tem ocupado minha atenção é o da Historia da Psiquiatria no Rio
Grande do Sul. Como pode ser constatado na bibliografia deste artigo. Graças a
Psiquiatria On Line e seu editor Giovanni Torello
tenho publicado muitos artigos sobre esse tema. O atual, Fragmentos da História
da Psiquiatria no Rio Grande do Sul me foi solicitado pelo Dr. Carlos Degrazia, editor de um número especial da Revista Amrigs, comemorando os 60 anos da Associação Médica do Rio
Grande do Sul (AMRIGS). O Dr. Degrazia se mostrou um
editor compenetrado e exigente. Recebi o convite em outubro de 2010, para ser
publicado em outubro de 2011. Imaginei começar a escrever em março de 2011, mas
após trinta dias começaram os telefonemas do Dr. Degrazia
cobrando o artigo. Quando já estava numas 50 páginas ele me informa que eu
teria oito a dez páginas para contar tudo que poderia ser contado sobre a
história da psiquiatria nas terras do sul. No final aceitou que fossem dez
páginas, isto tornou o artigo bem enxuto, sintético. Publicada a Revista,
descobri que a tiragem seria limitada a 500 exemplares. Considerando esse aspecto e mais o fato de
que a Revista está excelente, resolvi republicar meu artigo na Psiquiatria On
Line e facilitar o acesso a Revista em formato digital que está no site da
AMRIGS (http://www.amrigs.com.br/revista/revista_historica.pdf). Fragmentos
da história da Psiquiatria no Rio Grande do Sul Para
entender a história da psiquiatria no Rio Grande do Sul, vamos estabelecer
algumas relações com a história da especialidade. Alguns
historiadores costumam descrever três momentos revolucionários: 1
– Primeira revolução psiquiátrica: Philippe Pinel (1745-1826) e o Tratamento
Moral cujo marco foi o lançamento do livro “Tratado Médico-filosófico
sobre a alienação mental ou a mania”, em 1801. (Traduzido e Editado pelo Simers
e Editora da UFRGS). Neste mesmo ano,
o Rio Grande do Sul estabelecia seus limites territoriais. Pinel propôs o
tratamento “moral” que consistia em usar de amabilidade, firmeza,
atenção às necessidades psicológicas e físicas, uma relação humanitária entre o
paciente e aqueles que o cuidam; diversões sadias, otimismo
dependente do prognóstico dos pacientes alienados. Seu discípulo Esquirol
(1772-1840) propôs que o local ideal para essa recuperação
era uma instituição semelhante aos monastérios e nasceu aí a idéia de isolar e
recolher os insanos a instituições asilares. O que
parecia revolucionário naquele tempo era a noção que a doença mental podia ser
causada pelas experiências de vida, corrigíveis num ambiente
físico e social adequados e que as doenças mentais não eram uma conseqüência
natural e inevitável das lesões cerebrais. Nas palavras
do próprio Pinel. Eu, então, descobri que a
loucura era curável, em muitos casos, por meio do tratamento e a atenção
exclusiva à
mente, e, quando a coação era indispensável,esta poderia ser aplicada
eficazmente sem indignidade corporal. Este
modelo chegou ao estado na segunda metade do século XIX, mais precisamente em
1884, com a inauguração do Hospício São Pedro.
Porto Alegre, na época, era uma cidade com cerca de 50.000 habitantes. O
historiador Edson Cheuiche (1), do Serviço de Memória Cultural
do HSP vem realizando um paciente trabalho de coleta de informações sobre o
Hospital Psiquiátrico São Pedro. 2
– Segunda revolução psiquiátrica: Freud e a influência da psicanálise sobre a
psiquiatria. No
final do século 19 e albores do século 20 começaram a despontar os trabalhos de
Sigmund Freud (1856-1939) que traziam uma nova
visão dos fenômenos mentais. Atribui-se a ele a Segunda Revolução da
Psiquiatria. A idéia do inconsciente, repressão, associação livre,
concepção da mente, a teoria dos instintos,a importância da sexualidade, a
influências das experiências infantis marcaram a psiquiatria, a
sociedade, a cultura. A psicanálise se desenvolveu no estado a partir de 1947
com a chegada de Mário Martins A
ele seguiram-se José Lemmertz, Celestino Prunes e Cyro Martins que constituíram
o núcleo inicial de formadores de analistas. Atualmente
existem três Sociedades (SPPA, SBPPA, Círculo Psicanalítico) filiadas à
Associação Psicanalítica Internacional e alguns outros
Centros formadores. Essa pujança psicanalítica teve reconhecimento
internacional com a eleição de um psicanalista gaúcho para presidir
a Associação Psicanalítica Internacional,o Dr. Cláudio Laks Eizirik,
psicanalista da SPPA e professor da UFRGS. 3
– Terceira revolução psiquiátrica: Iniciava--se com descoberta da ação da
Clorpromazina (França, 1952) a terceira revolução psiquiátrica que
viria a mudar o ambiente dos hospitais,contribuir para que muitos fossem
desativados e surgimento de uma nova especialidade a psicofarmacologia. Os
chamados Psicofármacos determinaram o esvaziamento dos macro-hospitais. Antes
deles, a penicilina tinha causado uma revolução nos hospitais psiquiátricos
determinando o
fim da sífilis terciária, responsável pelos casos de Paralisia Geral
Progressiva e a diminuição de quadros orgânicos cerebrais. Com os psicofármacos os
doentes ficavam mais colaborativos,menos destrutivos e mais acessíveis a outras
formas de tratamento. Isso permitiu uma revolução no
atendimento hospitalar, surgiram novos hospitais, com destaque para a Clínica
Pinel de Porto Alegre (março de 1960), fundada por Marcelo
Blaya que voltara de uma residência em psiquiatria nos EUA, na Clínica
Menninger de Topeka, Kansas. Se partirmos da idéia de revoluções psiquiátricas
como momentos de grandes mudanças, temos que encarar outros momentos,também
importantes, mas que apareceram como reformas
da psiquiatria. Algumas de dentro para fora e outras de fora para dentro. Uma
primeira reforma surgiu com o fracasso da proposta asilar: os psiquiatras do
final do século XIX, reunidos em Paris em 1889, passaram
a propor uma alternativa ao asilo que seriam as Colônias, tentativa de utilizar
uma estrutura mais simples que a hospitalar e
desenvolver trabalhos agrícolas com os enfermos.O Rio Grande do Sul também
criou a sua, primeiro nas margens do Jacuí e depois em Itapuã, anexa ao Leprosário. No
início do século XX, segundo as palavras de Luís Guedes, predominava a “tríade
terapêutica magnífica”: isolamento, clinoterapia e
balneoterapia (“sedação mecânica ao sistema nervoso exacerbado, reparador de
forças esgotadas”). Os recursos medicamentosos eram
pouco eficazes. A
partir dos anos 30 começaram a ser utilizados métodos intervencionistas, malarioterapia
(1929), choque cardiazólico, choque insulínico, neurocirurgia cerebral
e eletrochoqueterapia. Com a entrada dos psicofármacos em 1956, esse modelo
intervencionista foi sendo desativado, permaneceu apenas
o ECT, sofrendo uma barreira de críticas que tornaram seu uso muito restrito. A
psicanálise sob forma de psiquiatria psicodinâmica entrou no hospital.
Difundiram-se os ambulatórios, o atendimento em consultórios, a
psiquiatria comunitária e o atendimento de massa pelo INAMPS. Nos
anos 90 começa uma nova Reforma, desta vez para acabar com o modelo de
institucionalização e criação de uma rede de atendimento que
se antecipasse às hospitalizações e com o propósito de fechar os antigos
hospitais. Os
problemas surgiram em seguida, não houve a criação de uma rede alternativa
suficiente,fecharam-se os leitos e a população doente ficou sem
alternativa. Com a epidemia do Crack, todas as deficiências dessa reforma
começaram a chamar a atenção. Agora temos uma situação deveras
complicada que vai exigir o estudo de um novo ou pelo menos de um melhor modelo
de atendimento em saúde mental. A
necessidade de colocar os fatos mais significativos da história da psiquiatria
no Rio Grande do Sul dentro das limitações naturais de
um artigo que não pode ser muito extenso exigiu uma abordagem objetiva e
direta. Dentro desta premissa resolvemos estabelecer alguns momentos
significativos que são os seguintes: 1.
De 2.
De profs.
David Zimmermann e Paulo Luiz Viana Guedes.) Surge
a Clínica Pinel de Porto Alegre (1960) revolucionando a maneira de se tratar o
paciente psiquiátrico em nível hospitalar. É criada a Divisão Melanie Klein
do HPSP em 1961 até a transferência para o Hospital de Clínicas de Porto Alegre
em 1984. Jubilado da UFRGS David Zimmermann segue com seu curso de formação de
psiquiatras na Fundação Universitária Mário Martins. 4.
Interiorização da psiquiatria, criação de novas faculdades de Medicina. nacional e internacional. A
história da psiquiatria no RGS segue as mesmas linhas da história mundial da
psiquiatria. Começa
com a construção de um grande asilo para onde eram transferidos os doentes que
tinham sido recolhidos às Santas Casas e às prisões ou os que eram mantidos
restritos pelas
próprias famílias. De
asilo para hospital, o Hospício São Pedro, depois Hospital São Pedro, até os
anos 50 foi o centro do atendimento psiquiátrico no RGS.
Inaugurado em 1884, até a proclamação da República foi administrado pela Santa
Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Com a proclamação da República,
imediatamente passou a
ser administrado pelo Estado do RGS. Seu
primeiro diretor foi o Dr. Carlos Lisboa, (1859-1888). Formado no Rio de
Janeiro veio trabalhar na sua terra. O Hospício São Pedro, como vimos, foi
entregue para a Santa Casa
para ser por ela administrado. O escolhido para primeiro diretor foi esse jovem
médico que recém chegara da capital da república. Carlos
Lisboa assumiu, mas ficou pouco tempo no cargo, de conhecimento,
tendo falecido no cargo. Foi substituído pelo Dr. Olinto de Oliveira
(1865-1956) tendo exercido sua funções de Dias
de Castro que o ocupou de Foi
substituído pelo Dr. Tristão de Oliveira Torres no período de Dr.
Dioclécio assumiu o hospício o Dr. José Carlos Ferreira. Em 1926 o Dr. Jacinto
Godoy, que já era Diretor do Manicômio Judiciário,assume a Diretoria da
Assistência a Alienados que
englobava os dois cargos de diretor, do manicômio e do HSP. Existem
vários livros e artigos sobre os primeiros anos do Hospício São Pedro, como os,
de Yonissa Marmitt, e de Decio Soares de Souza relacionados na bibliografia. Vamos
mencionar alguns fatos menos explorados pelos historiadores. Um deles é que os
diretores, depois que o hospício passou para o Estado, eram castilhistas e
positivistas, mas
após, com Jacinto Godoy, borgistas e positivistas. Uma das consequências da
influência política era uma relação distante da Faculdade de Medicina, que
lutava contra os positivistas
devido a uma das normas da Constituição de 1891 que pregava a liberdade para a
prática médica, não havendo exigência de diploma para o exercício da medicina
(Orientação positivista). Nos
relatórios dos diretores do hospício uma queixa era constante, a superlotação e
o encaminhamento inadequado dos doentes mentais por parte da autoridade
policial. Os doentes
vinham sem dados de identificação,sem acompanhamento de familiares e surgiram
aí os “inominados”, pacientes sem identificação. Se
no século XX era a chefia de polícia que exigia a hospitalização, agora são os
juízes que a exigem. Em
15 de agosto de 1924 foi assinado o Decreto 3.356 que regulamentou à
assistência a alienados determinando que fossem duas as instituições estaduais
destinadas a assistência aos
alienados, o Hospital São Pedro e o Manicômio Judiciário do Rio Grande do Sul a
ser criado (em 5 de outubro de 1925), e o mesmo decreto estabelecia a
fiscalização do Estado nas
instituições particulares. Até
1926, o Hospício São Pedro foi dirigido por clínicos ilustres, o último foi o
Dr. Dioclécio Pereira que permaneceu 20 anos no cargo. Com a posse do Dr.
Jacinto Godoy (Em novembro
de 1926, o Decreto 3704 extinguiu os cargos de Diretor do Hospício São Pedro e
do Manicômio Judiciário do RGS e criou o cargo de Diretor da Assistência aos
Alienados, que
foi ocupado pelo Dr. Jacinto Godoy), que vinha de estagio em Paris, no Serviço
do Professor Pierre Marie. Finalmente o Hospício tinha na direção um
neuropsiquiatra com formação
no exterior e que, segundo suas próprias palavras, transformou o hospício num
hospital. Os ventos da política que abateram o ex-governador Borges de Medeiros
em 1932, determinaram
a demissão de Jacinto Godoy do Hospital São Pedro. (Afastado do São Pedro, Jacinto
Godoy fundou o Sanatório São José no Bairro da Glória). Assumiu no seu lugar o
Professor Luís José Guedes. Em 1937, com a nova constituição, ficou proibido o
acúmulo de cargos federais e estaduais. O professor Luís Guedes optou pela
Faculdade de Medicina e
isso deu nova oportunidade para o Dr. Jacinto Godoy que, reassumindo o hospital
ficou até 1950 quando novas mudanças políticas determinaram sua demissão do
cargo. No
ano de 1957 aconteceu uma crise entre o Governo Meneghetti e médicos do
Hospital São Pedro que foi resolvida com a nomeação do Dr. Dyonelio Machado
para a Direção do Hospital. Nesse
mesmo ano foi criado no Hospital São Pedro o Curso de Formação em Psiquiatria
da disciplina de Psiquiatria e Medicina Legal da Faculdade de Medicina da
UFRGS, organizado
pelos profs. David Zimmermann e Paulo Luiz Viana Guedes. A
partir dos anos 60 o hospital começou a receber os novos psiquiatras formados
na Divisão Melanie Klein e alguns da Clínica Pinel. Munidos dos conhecimentos
psicanalíticos e
com grande entusiasmo começaram a enfrentar os graves problemas do
hospital,superpopulação, atendimento precário e abandono. Uma
das experiências marcantes foi a da setorização do hospital por área de
proveniência dos pacientes, estabeleceram-se vínculos com as comunidades de
origem, os familiares foram contatados,
os médicos da rede pública treinados, os médicos do São Pedro começaram a
encaminhar seus egressos para ambulatórios em suas cidades de origem. Nesse processo,
o número de pacientes internados baixou de 5.000 para 1.200 num trabalho de
quase dez anos. O diretor do hospital era o Dr.Hans Ingomar Schreen que deu
andamento ao plano
organizado pela equipe de saúde mental da Secretaria da Saúde liderada pelo Dr.
Carlos Gari Faria. Nesse mesmo período surgiram os ambulatórios como o do
Murialdo sob a liderança do
Professor Ellis Busnello, a Central de Psiquiatria sob a chefia de Isacc
Sprinz, o Serviço de Egressos liderado pelo Dr. Bernardo Brunstein. Estes dois
últimos serviços estavam sob a coordenadoria do INAMPS, sob
a chefia do Dr. Paulo Juchem. Enquanto
a
interiorizar a atenção psiquiátrica. O pernambucano Oswaldo Barbosa Fundo,
Antonio Bonalume Em
1984 o Curso de Formação em Psiquiatria foi transferido para o Hospital de
Clínicas, logo em seguida o Professor David Zimmermann é jubilado e continua
seu curso na
Fundação Mário Martins. O
Hospital São Pedro sofre um esvaziamento, a Clínica Pinel termina com sua
formação em Psiquiatria, o Professor Manoel Albuquerque inicia a formação
psiquiátrica no Hospital
São Lucas da PUC. O eixo do atendimento sai dos hospitais e centra-se em
ambulatórios. Nos
anos 90, começa a desmontagem dos hospitais e o atendimento passa a ser feito
através de CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). Somente
em 2007, com a profícua administração de Luiz Ilafont Coronel e Gilberto
Brofman, o Hospital Psiquiátrico retoma sua missão histórica de ser um Centro
formador de
pessoal, e pioneirismo no enfrentamento da nova epidemia que se alastra entre
nós, a epidemia do Crack. Os
primeiros diretores, como já referi, eram clínicos e procuravam dar a melhor
assistência possível aos doentes. Depois deles tivemos o primeiro diretor com
conhecimentos de
psiquiatria, o Dr. Jacintho Godoy Gomes (1926-32 e 1937-1950). No intervalo de Jacintho
Godoy era corajoso; logo após a Primeira Guerra Mundial,em 1919, reuniu a
família e viajou para a França em busca de conhecimento. Seu
interesse mais imediato era a Medicina Legal, mas logo derivou para a
psiquiatria forense e finalmente a psiquiatria. No
seu retorno fundou o Manicômio Forense e terminou sendo nomeado diretor do
Hospício São Pedro. Transformou o São Pedro de asilo em
hospital e introduziu na sua organização os conhecimentos e técnicas da
psiquiatria francesa. Colônias
de Crônicos, Serviço Aberto de Profilaxia Mental (Posto Municipal de Psicopatas
na Azenha) Laboratório de Patologia, Curso
de enfermagem Psiquiátrica e Colônia Agrícola na Chácara da Figueira ( dizia,
a história da psiquiatria está vinculada a outra história, a do Hospício São
Pedro. O primeiro concurso para psiquiatras foi realizado no
HSP em 1938, sendo aprovados Luis Ciula,Mário Martins, Cyro Martins e Victor de
Brito Velho. Nesse mesmo ano foi fundada a Sociedade
de Neurologia e Psiquiatria do Rio Grande do Sul. No
início do século funcionava Consta
que os Drs. Luis Guedes e José Carlos Ferreira encaminhavam seus pacientes para
lá. Na
época, São Leopoldo tinha dois importantes colégios, o de moças que era o São
José e o de rapazes que era o Colégio Conceição. Eram colégios
para ricos, mas Jacintho Godoy que era pobre, se valeu de uma vantagem concedida
ao melhor aluno, ganhar bolsa de estudos e com
isso pode estudar e se formar no Colégio Conceição. A
revolta constitucionalista de São Paulo em 1932 provocou muitas alterações nas
hostes Borgistas do Estado. Borges de Medeiros aderiu
aos paulistas, foi derrotado por Flores da Cunha e seus seguidores perderam os
cargos. Entre eles o intrépido Jacintho Godoy. Nesse
período de São
José, na Glória. No
início do século os espíritas eram perseguidos e muitas vezes seus cultos eram
tratados como caso de polícia. Aos poucos foram se
organizando em torno de atividades caritativas. Embora escrevam que sua
história começou em 1912, foi em 1941 que o Hospital Espírita
foi inaugurado, lá em Teresópolis. No
interior do estado, em Pelotas, no ano de 1931 foi fundado o Sanatório Roxo,
depois Sanatório Olivé Leite. Depois de longa história fechou
suas portas e hoje a Universidade Católica de Pelotas ocupa seu prédio.
Registre-se que Manfred Sakel, de passagem para Buenos
Aires deu demonstrações do seu método em Pelotas, no Sanatório Roxo. Em
Pelotas, também, surgiu o Sanatório Espírita que é local de estágio das
Faculdades de Medicina daquela cidade. Sua história está marcada
pela presença da família Abuchaim,liderada pelo Professor Darcy Abuchaim. hospitalar em psiquiatria, é
uma pousada. Resumindo: Período
asilar: dirigido por clínicos (Carlos Lisboa – Dioclécio Pereira) até 1926. Período
hospitalar clássico; 1926-1932; 1937-1950 Jacinto Godoy,Luiz Guedes. (1932-37) 1925
– Fundação do manicômio judiciário, hoje IPF (Instituto Psiquiátrico Forense
Dr. Maurício Cardoso). 1931
– Fundação do Sanatório Roxo em Pelotas, depois Clínica Olivé Leite 1938
– Primeiros psiquiatras por concurso público: Luiz Ciula, Mário Martins, Cyro
Martins e Victor
de Brito Velho. 1938
– Fundação da Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Neurocirurgia do Rio
Grande do Sul. 1947
– Mário Martins inicia a prática da psicanálise no RGS. 1957
– Primeiro Curso de Especialização (Curso
dos Profs. David Zimmermann e Paulo L.V. Guedes. 1958
– É criada a Divisão Melanie Klein, mas inicia suas atividades em 1961. 1959
– É fundado o Centro de Estudos Luis Guedes em 22.12.1959. Congressos e Jornadas Em
1962 é realizado o I Congresso Sul--Rio-grandense de Higiene e surgem as
propostas de interiorização da assistência psiquiátrica. Denizard
de Souza apresentava estatísticas de internação da metade sul do Estado no
período de 1958-61, aonde 2.964 pacientes vieram para
o HSP. Nesse mesmo Congresso, Marcelo Blaya apresenta um trabalho “A Unidade
Psiquiátrica no Hospital Geral como Célula da
Assistência Psiquiátrica Hospitalar”. Apresenta um plano de criação de 25
unidades RGS.
Em Plano
elaborado sob coordenação de Luiz Carlos Meneghini. Criava ambulatórios de
saúde mental nas Unidades Sanitárias e Unidades Psiquiátricas
Em
25 de outubro de 1969 era inaugurada Ana
Rech outra clínica com o mesmo nome e com 100 leitos. Em
1974 o Hospital Universitário Setor Psiquiátrico, da Universidade Federal de
Santa Maria, abria uma unidade de internação com 20 leitos. Em
1980, no interior do estado existiam 874 leitos (620 contratados pelo INAMPS
(71%) e 254 particulares ou conveniados pelo Estado. Existiam
29 psiquiatras atendendo INAMPS no interior do estado. (Luiz Antônio Pereira,
1980). Em
1979 existiam no interior do estado nove hospitais para assistência
psiquiátrica, 32 psiquiatras, sete residentes em psiquiatria, cinco enfermeiros (dos
quais, dois especializados), dois psicólogos, cinco assistentes sociais, 95 ATs
(Auxiliar Psiquiátrico ou Atendente Psiquiátrico). São
tradicionais as Jornadas de Psiquiatria Dinâmica (abrangendo um total de 25
encontros), o Congresso da Associação Psiquiátrica do
Rio Grande do Sul e a Jornada Paulo Guedes da Fundação Universitária Mário
Martins. 1960
– Primeiro Hospital de orientação Psicodinâmica – a Clínica Pinel de Porto
Alegre. 1960
– Primeira Jornada Gaúcha de Psiquiatria Dinâmica. 1973
– Psiquiatria Comunitária. Projeto Murialdo 1973
– Setorização do São Pedro. Interiorização da Psiquiatria. Anos
70-80. Expansão do Ensino Médico. Novas Faculdades de Medicina. 1992
– Lei da Reforma Psiquiátrica estadual. (Lei 9.176 de 7 de agosto de 1992, com
alterações pelo projeto de lei 200/2004) 2001
– Lei Federal de n? 10.216 de 2001 estabelece critérios para a assistência
psiquiátrica. Revistas
Psiquiátricas segundo o Índice Bibliográfico Brasileiro de Psiquiatria
(www.biblioserver.com/walpicci) Revista
de Psiquiatria editada pelo CELG (Centro de Estudos Luiz Guedes) (1961) (44
artigos) Arquivos
da Clínica Pinel. (1961/3-1978/81) (108 artigos) Revista
de Psiquiatria Dinâmica. (1964-1974) (77 artigos) Revista
de Psiquiatria do RS (1979...) com 954 artigos publicados Arquivos
de Psiquiatria, Psicoterapia e Psicanálise (45 artigos) Revista.
Bras. Psicoterapia (1999- (162 artigos) A
Revista AMRIGS (Associação Médica do Rio Grande do Sul) publica artigos em
psiquiatria e temos 46 relacionados. O
mesmo com a Revista do HCPA (Hospital de Clínicas de Porto Alegre) com 21
artigos. Em
1981, Carlos Gari Faria, Hans Ingomar Schreen e Walmor J. Piccinini
apresentaram um plano de assistência psiquiátrica para o Estado
do Rio Grande do Sul, consistindo em: Descentralização
do Atendimento. Redução de leitos no HPSP. Convênios com Hospitais Gerais, como
os de Livramento, Uruguaiana e Bagé.
Prover 20 municípios com equipes multidisciplinares. INAMPS
(13 hospitais, 19 ambulatórios e cerca de 100 Psiquiatras credenciados). 21
hospitais particulares. Na
10ª Jornada em 1981 se discutiu a Psiquiatria no RS. Foram
tratados vários assuntos de relevante importância como: Psiquiatria
Multidisciplinar. Evitar
Hospitalização. Unidades Psiquiátricas Saúde
Mental. Treinamento de generalistas da Rede Pública. Setorização e Reestruturação
do HPSP. Levantamento epidemiológico da doença
mental. Interiorização. Ambulatórios de Saúde Mental. Ambulatório de
Alcoolismo. Programa
de Recuperação Agrícola (CAR). Reciclagem,
Treinamento, cursos para técnicos. Integração
da saúde Mental na Educação. Psiquiatria nos últimos 50
anos. Uso
generalizado de psicofármacos. Redução significativa do tempo de internamento.
Uso de Técnicas Psicoterápicas breves: Cognitivo Comportamental e
Psicoterapia. Interpessoal. Integração com as demais especialidades médicas. Inter-consulta.
Co-morbidade. Maior precisão diagnóstica. Casos mais graves e presença
importante de álcool e drogas. Afastamento da psicanálise
do meio acadêmico. BIBLIOGRAFIA 1. Cheuiche,
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