Sérgio Telles

 

1)     1) Numa época em que a psicanálise é vista como peça de museu, Brian Birnbaum a defende com um depoimento sobre sua própria análise, mostrando a profundidade e a amplitude que lhe são próprias e que marcam sua especificidade em relação às demais terapias. Filho de pais surdos, o autor discorre sobre as dificuldades de comunicação com os pais e a limitação da linguagem de sinais, mas não faz uma ligação desse importante fato com a experiências oposta que teve na análise, a de ser escutado, ouvido tão intensamente por um  analista. Ao se expor tanto no texto, Birnbaum explicitamente evoca Good Old Neon, o celebrado conto de David Foster Wallace, no qual um paciente se acusa de ser uma fraude, de enganar a todos, sentimento que se instala na própria análise, o que o faz pensar que manipula o analista e que este, portanto, seria incapaz de ajudá-lo a vencer suas ideias suicidas. O conto de David Foster Wallace é extremamente rico e passível de muitas leituras psicanalíticas.  

https://thesmartset.com/a-year-in-psychoanalysis/ 

 

2)      2) Um artigo oportuno neste tempo de radicalismos políticos. Diz o resumo: “As democracias supõem um conhecimento apropriado da população, mas a atração humana por notícias falsas ou pouco confiáveis constituem um problema sério para o funcionamento democrático saudável. Articulamos por que e como as identificações com partidos políticos – conhecidas como partidarismo ou militância – pode enviesar o processo de informação no cérebro humano (…) alterando a memória, a implícita avaliação e até mesmo o julgamento da percepção. Propomos um modelo da crença baseado na identidade para compreender a influência da militância (partisanship) nesses processos cognitivos. Essa moldura ajuda a explicar porque as pessoas colocam a lealdad e partidária acima da prudência e mesmo da verdade. Finalmente, discutimos estratégias para enfrentar o problema”. 

https://psyarxiv.com/ak642/ 

 

3)     3) Erik Linstrum, professor assistente de História na Universidade de Virginia, em seu livro “Ruling Minds: Psychology in the British Empire”, mostra como funcionários do Império Britânico usaram o saber psicanalítico para investigar a mente de povos colonizados, especialmente na Índia. Ao invés de dar elementos para reforçar o poder imperial como pretendido, os estudos levaram à conclusão de que a mente dos povos colonizados em nada diferençava da dos colonizadores, abalando a ideologia racista que afirmava a superioridade dos últ imos. 

http://www.firstpost.com/living/what-sigmund-freud-psychoanalysis-had-to-do-with-the-british-empires-hold-over-india-colonies-4308917.html 

 

4)     4) Um psicanalista norte-americano escreve sobre o que considera um “trágico mito” – o diagnóstico de déficit de atenção e hiperatividade – que leva a medicalização excessiva de crianças e adolescentes, e ignora os distúrbios da dinâmica familiar que são os verdadeiros motivadores do quadro.

https://blogs.psychcentral.com/psychoanalysis-now/2018/01/the-tragic-myth-about-adhd/ 

 

5)     5) O  psicanalista Christian Dunker comenta os efeitos da crise que vivemos no momento sobre a vida psíquica. 

https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2018/01/26/Como-a-psicologia-v%C3%AA-os-efeitos-da-crise-pol%C3%ADtica-para-os-brasileiros   

 

6)     6) International Association for Relacional Psychoanalysis and Psychotherapy (IARPP) uma nova associação psicanalítica fundada em 2001 e formada basicamente por norte-americanos e israelenses, planeja o próximo congresso em 2019 em Israel, o que tem provocada grandes objeções por aqueles que discordam da política interna daquele pais no que diz respeito aos palestinos. É uma surpreendente manifestação política realizada por psicanalistas, que habitualmente não se posicionam nesse campo.   

http://www.tabletmag.com/scroll/253767/what-we-talk-about-when-we-talk-about-israel 

http://www.chroniquepalestine.com/congres-de-psychanalyse-psychotherapie-israel-reponse-aux-organisateurs/ 

http://www.desinfos.com/spip.php?article60457

http://www.ism-france.org/analyses/Non-au-congres-de-psychanalyse-et-psychotherapie-en-Israel–article-20487 

 

7)     7) Mark Ruffalo, professor de psiquiatria e psicanalista norte-americano, lamenta que os jovens psiquiatras em formação atualmente desconheçam quase completamente a extraordinária importância que a psicanálise exerceu sobre a psiquiatria até tão recentemente como os anos 1970 e retoma as sempre citadas causas de seu declínio – a valorização quase que exclusiva do tratamento medicamentoso, as políticas dos seguros de saúde, as terapias baseadas na consciência, cognitivas e comportamentais. 

http://www.psychiatrictimes.com/history-psychiatry/psychoanalytic-tradition-american-psychiatry-basics 

 

8)     8) Abrão Slavutzky escreve sobre Elza Cayat, a psicanalista que escrevia no Charlie Hebdo e que faleceu no ataque realizado por terroristas islamitas àquela revista de humor. 

https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2018/01/abrao-slavutzky-a-psicanalista-do-charlie-hebdo-cjclv5zkx02ow01keakpeyyhb.html 

 

9)     9) Estudo rebate crença comum de que apenas os homens olham as mulheres de forma sexualizada (“comem com os olhos”), pois as mulheres fazem exatamente o mesmo. O estudo mostra também que esse olhar sexualizado pode ser dirigido para pessoas do mesmo sexo tanto como manifestação de interesse homossexual e também como forma de avaliar o poder de possíveis competidores e concorrentes a serem vencidos. 

https://blogs.psychcentral.com/psychoanalysis-now/2018/01/study-men-arent-the-only-oglers/ 

 

10) 10) Elza Godart e Clotilde Leguil, duas jovens e belas psicanalistas francesas, em dois livros recém-lançados defendem a psicanálise contra os ataques atuais, mais notadamente os provenientes das terapias cognitivo-comportamentais e da neurociência. 

https://mobile.lesinrocks.com/2018/01/13/idees/comment-la-psychanalyse-peut-elle-resister-lair-du-temps-111032521/ 

 

11)  11) Publicado num site LGBT, essa resenha do livro “L´homosexualité de Freud” de Lionel Le Corre mostra como a posição de Freud sobre a homossexualidade é bem mais nuançada e complexa, distante da homofobia mostrada por não poucos de seus seguidores atuais. Levando em conta a relação de Freud com Fliess, o autor diz que “a cena primária da psicanálise é uma cena homossexual”. 

http://www.heteroclite.org/2018/01/lhomosexualite-de-freud-lionel-le-corre-48471 

 

12)  12) As polêmicas sobre a suposta doença mental de Trump continuam produzindo textos de especialistas, que se posicionam contra e a favor da dissecação pública de sua personalidade nos meios de comunicação. 

https://www.politico.com/magazine/story/2018/01/13/trump-mental-health-history-216312  

https://www.newsmax.com/richardsbernstein/trump-presidency-goldwater-rule/2018/01/11/id/836653/ 

https://hotair.com/headlines/archives/2018/01/stop-armchair-psychoanalysis-trump/ 

http://www.lejdd.fr/international/usa/donald-trump-psychanalyse-par-michel-schneider-3557621 

 

13)  13) Autora do livro The Arabic Freud:  Psychoanalysis and Islam in Modern Egipt (“O Freud Árabe: Psicanálise e Islã no Egito Moderno”), Omnia Shakri mostra a presença da psicanálise no Egito desde 1930 e especula sobre seus usos na questão pós-colonial. 

https://www.nexojornal.com.br/externo/2018/01/27/Como-pensadores-%C3%A1rabes-do-s%C3%A9culo-20-abra%C3%A7aram-as-ideias-de-Freud

14)  14) Extenso artigo onde Olivier Douville, antropólogo e psicanalista da Paris-Diderot, discorre sobre a implantação da psicanálise na China. 

https://histoireetsociete.wordpress.com/2018/02/03/nature-et-enjeux-des-trajets-chinois-de-la-psychanalyse-en-chine-du-temps-de-freud-des-questions-pour-aujourdhui/

 

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