Setembro de 2023 – Vol. 28 – Nº 9

Walmor J. Piccinini

Antônio Geraldo da Silva

Ao longo dos anos a Psychiatry Online Brasil publicou biografias de
muitos psiquiatras brasileiros a maioria na memória dos brasileiros,
muitos em plena atividade. O critério é bem simples, grandes
realizadores e serem admirados por este que escreve. Não temos a
pretensão de um estudo biográfico completo e sim um registro atual
das realizações do biografado. A escolha do Antônio já estava
decidida, mas o momento de decisão surgiu após sua participação no
Debate sobre “Descriminalização do Porte de Drogas realizado no
Senado Federal do Brasil”. Pela primeira vez um presidente da
Associação Brasileira de Psiquiatria foi ouvido naquela Casa. Sua
participação começou com os agradecimentos de praxe e por ser
ouvido. Foi enfático “não há quantidade por pequena que fosse que
justifique a liberação do porte da maconha”, “não podemos criar uma
fábrica de loucos no Brasil”. Além destas mensagens, destacou a
Revista Brasileira de Psiquiatria com o maior índice de impacto (6,68)
de todas as publicações científicas brasileiras.
Afinal, quem é esta figura de participação tão eloquente no Senado da
República? Trata-se de um mineiro nascido em Grão Mogol, Minas

Gerais. Filho de Francisco de Assis Silva e Terezinha Froes Silva.
Família numerosa, tem muitos irmãos, muitos sobrinhos e sobrinhas.
Nascido em 2 de setembro de 1963, cresceu na pequena cidade, mas
a necessidade de estudar o levou a Montes Claros, MG onde cursou
medicina na Unimontes (U.E.de Montes Claros, MG). Formou-se em
1986 e no mesmo ano mudou-se para Brasília onde começou sua
Residência em psiquiatria. Segundo sus palavras não só estudou como
residiu no hospital o que lhe deu grande experiência no trato com os
doentes. Seus interesses eram amplos e outra faceta da sua vida foi
estudar marketing e tornou-se especialista pela Escola Superior de
Propaganda e Marketing. Parece que foi bem-sucedido nesta área, pois
se tornou proprietário de vários empreendimentos de sucesso.
Na Psiquiatria, além da sua atividade clínica começou a se interessar
pela política de assistência psiquiátrica e nesta atividade foi parceiro
de Josimar Mata de França, alagoano que chegou à presidência da
Associação Brasileira de Psiquiatria. Antônio Geraldo da Silva
começou a se tornar uma figura nacional a partir da sua atuação na
Associação Psiquiátrica de Brasília. Uma entidade pequena que aos
poucos foi se destacando no meio das federadas da ABP.
Logo, Brasília se tornou pequena para sua energia e capacidade.
Partiu para voos mais altos e culminou por sua vitória em 2010 para
a Presidência da Associação Brasileira de Psiquiatria. Não foi fácil
enfrentar um sistema que detinha o poder na Entidade e vinha
mudando seus dirigentes dentro de uma rotina sem contestação. No
início do século XXI um grupo de rebeldes, liderados pelo ex-
presidente João Romildo Bueno, pelo Itiro Shirakawa, Juberty Souza,
Fátima Vasconcelos, Carlos Zacharias e muitos outros que seria
exaustivo citar e esqueceria algum que não me perdoaria. Frequento
a ABP desde o primeiro congresso em 1970. Acompanhei o
crescimento do movimento, mas não participei. Certo dia, entrei
numa sala onde Fátima Vasconcelos apresentava planos de combate
para um grupo de psiquiatras e fiquei surpreso ao ser convidado a me
retirar, pois era considerado opositor. Certamente não era opositor,
mas também não era apoiador e me afastei meio encabulado. Veio o
Congresso de Porto Alegre e a chapa de Itiro foi derrotada. Criou-se
um certo desalento na oposição e aí surgiu a liderança de Antônio
Geraldo Da Silva que começou um trabalho de atração para os novos
rumos da ABP e terminou com sua vitória em 2010. Na ocasião eu
me senti dividido, mas uma doença resolveu minha dúvida, pois
preocupado em não morrer, deixei a ABP de lado. Como sou antes de
tudo interessado na minha entidade e amigo do novo presidente me
prontifiquei a colaborar no que estivesse ao meu alcance. Felizmente
fui ouvido e recebi toda colaboração e estímulo possível da nova
direção.

Antônio Geraldo da Silva tornou-se uma usina de novas ideias.
Recebeu a ABP com a sede sendo despejada, sem dinheiro em caixa
e com compromissos a pagar. Sem lamentos, sem acusações aos que
saíram, organizou as finanças da ABP, deu um caráter empresarial
para a entidade e no seu segundo mandato conseguiu comprar a
atual sede da ABP, pagamento à vista de quase 5 milhões de reais.
Todo este trabalho não impediu que continuasse a estudar e a
produzir cientificamente. Defendeu doutorado na Universidade do
Porto em Portugal e sua tese foi: “Uma avaliação dos conflitos de
interesses envolvido na atividade médica” defendida em 2017.
Coerente com sua tese, faz questão de apresentar seus possíveis
conflitos de interesse em qualquer palestra ou discurso. Passou a
exigir que seus colaboradores e conferencistas nas atividades da ABP
apresentem os seus.
Um fato notável é sua capacidade de se apresentar em qualquer
ponto do país para prestigiar federadas em suas jornadas ou simples
atividades científicas. Trata a todos como irmãos e decididamente é
amigo dos seus amigos e se alguém conversa com ele logo se torna
seu amigo, irmão, camarada.
Numa entrevista que vi no Youtube, declarou que sua missão de vida
é: Acabar com o Estigma da Doença Mental. Criou em 2012 o
neologismo Psicofobia, que hoje é aceito mundialmente. Por isto e
outras realizações recebeu da Associação Psiquiátrica Mundial o título
de Comendador da Psiquiatria Legal.
Sua atividade constante colocou a Psiquiatria Brasileira em destaque
na psiquiatria. Presença constantes nos Congressos da Associação
Psiquiátrica Americana e no Comitê Científico da Associação Mundial
de Psiquiatria.
Se não bastasse toda esta atividade política a nível mundial, continua
participando das Jornadas de Psiquiatria nos estados que só
conseguem ser realizadas graças a um programa por ele criado, o
FADEF, que mediante critérios distribui para as Federadas pare dos
lucros dos Congressos Brasileiros de Psiquiatria.
Realiza palestras em todos os locais em que é chamado e tornou-se
coautor de muitas publicações.
Livros publicados/organizados ou edições

1.
SILVA, A. G.; NARDI, A. E. (Org.); DIAZ, A. P. (Org.). Programa de
Educação Continuada em Psiquiatria (PEC-ABP): Temas fundamentais.

  1. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2021. v. 1. 326p.

2.

GADELHA, A. (Org.); NARDI, A. E. (Org.); SILVA, A. G. (Org.).
Esquizofrenia: teoria e clínica. 2. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2021.
v. 1. 264p.

3.
Nardi, Antônio Egídio (Org.); Silva, Antônio Geraldo da (Org.);
Quevedo, João Luciano de (Org.). PROPSIQ: Programa de Atualização
em Psiquiatria: Ciclo 10: Volume 4. 1. ed. Porto Alegre, RS: Artmed,

  1. v. 4. 176p.

4.
Leonardo Baldaçara (Org.); A. G. da Silva (Org.). Suporte em
Emergências Psiquiátricas (SEP). 1. ed. Belo Horizonte, MG: Ampla,

  1. v. 1. 156p.

5.
 NARDI, A. E. (Org.); Da Silva AG (Org.); QUEVEDO, J. L. (Org.).
Tratado de Psiquiatria da Associação Brasileira de Psiquiatria. 1. ed.
Porto Alegre, RS: Artmed, 2021. v. 1. 984p.

6.

Nardi, Antônio Egídio (Org.); SILVA, ANTÔNIO GERALDO
DA (Org.); Quevedo, João Luciano de (Org.). PROPSIQ: Programa de
Atualização em Psiquiatria: Ciclo 10: Volume 3. 1. ed. Porto Alegre,
RS: 10.5935, 2021. v. 3. 160p.

7.
Rennó, Joel; Valadares, Gislene; Cantilino, Amaury; Mendes-Ribeiro,
Jeronimo; Rocha, Renan; Geraldo da Silva, Antônio. Women’s
Mental Health. 1. ed. New York: Springer International Publishing,

  1. v. 1. 430p.

8.

Nardi, Antônio Egídio (Org.); SILVA, ANTÔNIO GERALDO
DA (Org.); Quevedo, João Luciano de (Org.). PROPSIQ – Programa de
Atualização em Psiquiatria – Ciclo 9, vol.4. 1. ed. Porto Alegre, RS:
10.5935, 2020. v. 4. 152p.

9.

Nardi, Antônio Egídio (Org.); SILVA, ANTÔNIO GERALDO
DA (Org.); Quevedo, João Luciano de (Org.). Propsiq: programa de

atualização em psiquiatria: ciclo 10: volume 1. 1. ed. Porto Alegre,
RS: 10.5935, 2020. v. 4. 152p.

10.
NARDI, A. E. (Org.); SILVA, A. G. (Org.); Quevedo, João Luciano de
(Org.). PROPSIQ – Programa de Atualização em Psiquiatria – Ciclo 10,
vol.2. 1. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2020. v. 4. 138p.

11.
QUEVEDO, J. (Org.); SILVA, A. G. (Org.); NARDI, A. E. (Org.).
Depressão Teoria e Clínica. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. v. 1.
248p.

12.
A. G. da Silva; MCDUFF, D. R. (Org.); FADEL, H. (Org.). Estratégias
para Qualidade de Vida e Desempenho Máximo. 1. ed. São Paulo, SP:
Editora Manole Ltda., 2018. v. 1. 302p.

13.
SILVA, A. G.. PROPSIQ – Programa de Atualização em Psiquiatria –
Ciclo 5, v.3. 1. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2016. v. 4. 181p.

14.
SILVA, A. G.; SZERMAN, N.; FRANCO, C. Doença Psiquiátrica e
Adição – Duas Faces da Mesma Moeda? 1. ed. SÃO PAULO: CHIADO
EDITORA, 2016. v. 1. 548p.

15.
NARDI, A. E. (Org.); QUEVEDO, J. (Org.); SILVA, A. G. (Org.).
Esquizofrenia – Coleção Teoria e Clínica. 1. ed. Porto Alegre, RS:
Artmed, 2015. v. 1. 260p.

16.
NARDI, A. E. (Org.); QUEVEDO, J. (Org.); SILVA, A. G. (Org.).
Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade Teoria e Clínica. 1.
ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2015. v. 1. 208p.

17.
SILVA, A. G.. PROPSIQ – Programa de Atualização em Psiquiatria –
Ciclo 4, v.3. 1. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2015. v. 4. 187p.

18.
SILVA, A. G.. PROPSIQ – Programa de Atualização em Psiquiatria –
Ciclo 5, v.1. 1. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2015. v. 4. 171p.

19.
SILVA, A. G.. PROPSIQ – Programa de Atualização em Psiquiatria –
Ciclo 5, v.2. 1. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2015. v. 4. 151p.

20.
SILVA, A. G.. PROPSIQ – Programa de Atualização em Psiquiatria –
Ciclo 4, v.4. 1. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2015. v. 4. 145p.

21.
NARDI, A. E. (Org.); QUEVEDO, J. (Org.); SILVA, A. G. (Org.).
Transtorno de Ansiedade Social: Coleção Teoria e Clínica. 1. ed. Porto
Alegre, RS: Artmed, 2014. v. 1. 172p.

22.
SILVA, A. G.. PROPSIQ – Programa de Atualização em Psiquiatria –
Ciclo 3, v.4. 1. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014. v. 4. 165p.

23.
SILVA, A. G.. PROPSIQ – Programa de Atualização em Psiquiatria –
Ciclo 4, v.2. 1. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014. v. 4. 195p.

24.
SILVA, A. G.; NARDI, A. E. (Org.); QUEVEDO, J. (Org.). PROPSIQ –
Programa de Atualização em Psiquiatria – Ciclo 2, v.3. 1. ed. Porto
Alegre, RS: Artmed, 2013. v. 4. 176p.

25.
NARDI, A. E. (Org.); QUEVEDO, J. (Org.); SILVA, A. G. (Org.).
Transtorno de Pânico – Coleção Teoria e Clínica. 1. ed. Porto Alegre,
RS: Artmed, 2013. v. 1. 208p.

26.
SILVA, A. G.. PROPSIQ – Programa de Atualização em Psiquiatria –
Ciclo 3, v.1. 1. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2013. v. 4. 160p.

27.
SILVA, A. G.. PROPSIQ – Programa de Atualização em Psiquiatria –
Ciclo 3, v.2. 1. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2013. v. 4. 157p.

28.
SILVA, A. G.; NARDI, A. E. (Org.); QUEVEDO, J. (Org.). PROPSIQ –
Programa de Atualização em Psiquiatria – Ciclo 2, v.2, dez.2012. 1.
ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2012. v. 4. 144p.

29.
SILVA, A. G.; NARDI, A. E. (Org.); QUEVEDO, J. (Org.). PROPSIQ –
Programa de Atualização em Psiquiatria – Ciclo 1, v.2, jan.2012. 1.
ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2012. v. 4. 176p.

30.
NARDI, A. E. (Org.); SILVA, A. G. (Org.); QUEVEDO, J. (Org.).
PROPSIQ – Programa de Atualização em Psiquiatria – Ciclo 1, v.4,
jul.2012. 1. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2012. v. 4. 168p.

31.
SILVA, A. G.; NARDI, A. E. (Org.); QUEVEDO, J. (Org.). PROPSIQ –
Programa de Atualização em Psiquiatria – Ciclo 1, v.3, abr.2012. 1.
ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2012. v. 4. 152p.

32.
SILVA, A. G.. PROPSIQ – Programa de Atualização em Psiquiatria –
Ciclo 2, v.1, jul.2012. 2. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2012. v. 4.
176p.

33.
NARDI, A. E. (Org.); SILVA, A. G. (Org.); QUEVEDO, J. L. (Org.).
PROPSIQ – Programa de Atualização em Psiquiatria – Ciclo 1, v.1. 1.
ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2011. v. 4. 318p.

34.
QUEVEDO, J. (Org.); SILVA, A. G. (Org.). Depressão: Teoria e
Clínica. 1. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2009. v. 1.

Destes livros todos podemos destacar o Tratado De Psiquiatria da
Associação Brasileira de Psiquiatria.
Além destes livros tem 103 trabalhos publicados em diferentes
periódicos e 28 capítulos de livros.
Tem grande presença na imprensa, sempre disponível para participar
de debates e para divulgar a psiquiatria.
Uma das suas grandes realizações como presidente da ABP foi
organizar um concurso sobre as melhores matérias publicadas por
jornalistas nos órgãos de imprensa nacional cujo tema fosse a
psiquiatria e a saúde mental. Ano pós ano os trabalhos divulgam
assuntos de interesse da população e a psiquiatria está sempre
presente nos grandes órgãos de imprensa do Brasil.
Nosso biografado está presente em todas as atividades, na imprensa,
nos órgãos públicos e nas Jornadas que é difícil enumerar todas suas
participações.
Em relação a ABP poderíamos salientar reformas substanciais na
organização e planejamento do Congresso da ABP. Quando assumiu o
congresso estava fatiado em muitas áreas de atuação e nas mãos dos
mesmos dirigentes. Partindo das áreas de atuação oficiais da AMB,
enxugou o Congresso das cadeiras cativas e abriu as portas para
novas lideranças. Só pode falar no Congresso que for sócio da ABP,
isto se tornou regra para os Cursos de Formação em Psiquiatria e
todos os professores devem ser associados. Reformulou o Concurso
para Título de Especialista e exigiu que os dirigentes de Federadas
fossem associados. Todos os serviços prestados são voluntários o que
afastou muitos que recebiam auxílios para tarefas. Estas medidas não
o tornaram simpático para muitos, mas a entidade foi arejada e
entrou num círculo virtuoso.
Foram realizados ou foi dada continuidade a Cursos sobre
Esquizofrenia, Emergências psiquiátricas, Neurociências e outros
Cursos fundamentais para que a entidade se mantivesse,
principalmente durante a Pandemia, onde as atividades online foram
as únicas permitidas.
Uma decisão pouco percebida, mas de grande significado, foi a
criação dos sócios jubilados, mais de 70 anos e 20 anos de
contribuição. Noto a presença de muitos sêniores nos congressos e
muitos participam ativamente das atividades.
Setembro Amarelo é outra marca registrada da atuação da ABP e
com grande repercussão e participação da população em geral.
Cine Psiquiatria outra atividade marcante da ABP. Existe em vários
estados. A mais atuante é a de Porto Alegre que está na sua sessão

54 e com cerca de 9 mil assistentes. Nesta atividade está em pauta
um outro lema ou dito de Antônio Geraldo, “nem psiquiatrizar, nem
psicologizar, acolher.

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