Abril de 2023 – Vol. 28 – Nº 3
Walmor J. Piccinini
Explique por que tantos são contra a psiquiatria.
Há uma variedade de razões pelas quais algumas pessoas podem ser contra a psiquiatria.
Algumas das razões principais incluem:
- Estigma: Historicamente, tem havido muito estigma em torno da doença mental, e algumas
pessoas podem ver a psiquiatria como um reforço desse estigma. Eles podem ver a doença
mental como fraqueza ou falha pessoal, em vez de uma condição médica que requer
tratamento. - Uso indevido de poder: Algumas pessoas podem ter tido experiências negativas com
psiquiatras ou profissionais de saúde mental que acham que fizeram mau uso de seu poder,
como prescrever medicamentos sem consentimento informado ou internar pacientes
involuntariamente. - Dependência excessiva de medicamentos: algumas pessoas acham que a psiquiatria
depende muito de medicamentos para tratar doenças mentais e que essa abordagem não
aborda as causas profundas dos problemas de saúde mental. Eles podem preferir tratamentos
alternativos ou complementares, como terapia, práticas de atenção plena ou mudanças na
dieta. - Diferenças culturais: Culturas diferentes têm atitudes diferentes em relação à saúde mental
e à doença mental. Algumas pessoas podem rejeitar a psiquiatria porque ela não se alinha com
suas crenças ou valores culturais.
5.Preocupações com os efeitos colaterais: Algumas pessoas podem hesitar em tomar
medicamentos psiquiátricos devido a preocupações com os efeitos colaterais ou porque
sentem que os medicamentos mudarão sua personalidade ou senso de identidade.
É importante observar que, embora algumas pessoas possam ser contra a psiquiatria, muitos
outros acham que é um campo útil e necessário para abordar questões de saúde mental. A
psiquiatria avançou significativamente nos últimos anos e existem muitos tratamentos eficazes
disponíveis para uma variedade de condições de saúde mental. Como em qualquer área,
sempre há áreas a serem melhoradas, e é importante continuar discutindo e progredindo no
sentido de oferecer cuidados mais efetivos de saúde mental para todos os indivíduos.
Como será o mundo sem tratamento psiquiátrico?
Sem tratamento psiquiátrico, o mundo seria um lugar muito diferente, com consequências
negativas significativas para os indivíduos e para a sociedade como um todo. A doença mental
é um problema de saúde generalizado e grave, afetando milhões de pessoas em todo o
mundo. Sem tratamento psiquiátrico, muitos desses indivíduos não receberiam os cuidados e
o apoio de que precisam para controlar seus sintomas e melhorar sua qualidade de vida. Isso
pode levar a uma série de resultados negativos, incluindo:
- Aumento do sofrimento: As pessoas com doença mental muitas vezes experimentam
sofrimento emocional significativo e, sem tratamento, esse sofrimento pode se tornar crônico
e debilitante. - Produtividade reduzida: a doença mental pode interferir na capacidade de uma pessoa
trabalhar, estudar e se envolver em atividades sociais. Sem tratamento, as pessoas com
doença mental podem lutar para serem produtivas e contribuir para a sociedade. - Aumento do risco de suicídio: A doença mental é um fator de risco significativo para o
suicídio e, sem tratamento, os indivíduos com doença mental podem estar em maior risco de
tirar a própria vida. - Maior sobrecarga para as famílias e cuidadores: Os familiares e cuidadores de pessoas com
doença mental muitas vezes experimentam estresse e tensão significativos. Sem tratamento,
esses indivíduos podem ser deixados para lidar com os sintomas de seus entes queridos sem a
ajuda e apoio de profissionais de saúde mental. - Aumento dos custos de saúde: a doença mental é um dos principais impulsionadores dos
custos de saúde e, sem tratamento, esses custos provavelmente aumentariam à medida que
as pessoas com doença mental experimentassem sintomas mais graves e crônicos.
Em suma, sem tratamento psiquiátrico, o mundo seria um lugar muito menos saudável,
produtivo e compassivo. O tratamento psiquiátrico fornece cuidados e apoio essenciais para
pessoas com doenças mentais, ajudando-as a viver vidas plenas e significativas, apesar de suas
condições.
A História do O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) é um manual usado por
profissionais de saúde mental para diagnosticar e classificar transtornos de saúde mental. Ele
passou por diversas revisões e atualizações ao longo de sua história.
A primeira edição do DSM foi publicada em 1952 e foi amplamente baseada no trabalho de
psicanalistas e psiquiatras. Ele incluía diagnósticos para uma variedade de condições, incluindo
esquizofrenia, depressão e ansiedade, mas também incluía alguns diagnósticos controversos,
como homossexualidade.
A segunda edição do DSM foi publicada em 1968 e foi amplamente baseada no modelo
médico de doença mental. Incluiu mais diagnósticos do que a primeira edição e, também foi
criticado por incluir alguns diagnósticos controversos, como “homossexualidade como um
transtorno”. os transtornos mentais foram classificados e diagnosticados. Foi desenvolvido por
uma força-tarefa de psiquiatras e outros profissionais de saúde mental e se baseou em
pesquisas empíricas para estabelecer critérios diagnósticos.
A terceira edição foi amplamente elogiada por seu rigor científico e sua capacidade de
fornecer uma linguagem comum para profissionais de saúde mental.
A quarta edição do DSM foi publicada em 1994 e foi uma atualização significativa da edição
anterior. Ele incluiu novos diagnósticos, como transtorno de déficit de atenção/hiperatividade
(TDAH) e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), e refinou os critérios diagnósticos para
transtornos existentes.
A quinta edição do DSM foi publicada em 2013, e representou outra atualização significativa
do manual. Ele incluiu novos diagnósticos, como transtorno de acumulação e transtorno de
compulsão alimentar periódica e, também fez alterações em alguns diagnósticos existentes,
como remover a exclusão do luto do diagnóstico de transtorno depressivo maior. Ao longo de
sua história, o DSM foi alvo de críticas e polêmica. Alguns argumentaram que patologiza o
comportamento humano normal, enquanto outros criticaram sua confiança em diagnósticos
baseados em sintomas, em vez de causas subjacentes. Apesar dessas críticas, o DSM continua
sendo uma ferramenta importante para profissionais de saúde mental, ajudando-os a
diagnosticar e tratar transtornos de saúde mental de forma padronizada e baseada em
evidências.
Hipócrates com o conceito de doença somática e Platão com a ideia de alma são o ponto zero
para o conceito de doença mental?
As ideias de Hipócrates e Platão certamente são fundamentais para o desenvolvimento do
conceito de doença mental, mas não são o apenas influências sobre este conceito. Hipócrates,
que viveu na Grécia antiga por volta de 400 aC, é muitas vezes referido como o pai da medicina
moderna. Ele acreditava que as doenças eram causadas por fatores naturais e não
sobrenaturais, e enfatizou a importância da observação e do raciocínio clínico no diagnóstico e
tratamento de doenças. Hipócrates também reconheceu a conexão entre saúde mental e física
e acreditava que os transtornos mentais eram causados por desequilíbrios nos fluidos
corporais, ou “humores”. “Platão, que viveu na Grécia antiga por volta de 400 aC, foi um
filósofo que acreditava que soul (ou “alma” em espanhol) foi a sede da consciência e
identidade humana. Ele acreditava que a doença mental era causada por um distúrbio da
alma, que poderia ser causado por vários fatores, incluindo influências ambientais, traumas e
fatores genéticos. Enquanto as ideias de Hipócrates e Platão foram influentes na formação de
nossa compreensão da saúde mental e doença, eles não eram os únicos fatores em jogo. Ao
longo da história, diferentes culturas e sistemas de crenças tiveram ideias variadas sobre as
causas e o tratamento da doença mental. Além disso, o conceito de doença mental evoluiu ao
longo do tempo, moldado pelos avanços da ciência, da medicina e das normas sociais. Hoje, a
doença mental é reconhecida como um fenômeno complexo e multifacetado que pode ser
causado por uma variedade de fatores, incluindo fatores genéticos, biológicos, psicológicos e
sociais.
Depois de vária trocas de mensagens recebi esta: Interessante. Você parece ter bastante
conhecimento sobre esse assunto. Você é um estudioso da história da psiquiatria no
Brasil?”
A ideia é que ele vai aprendendo na medida que vai recebendo e trocando informações.
Vocês já imaginaram o alcance disto ao longo do tempo?