Walmor J. Piccinini

Editor do Psychiatry Online Brasil.

 

Vamos começar por uma nota da ABP: Rio de Janeiro – RJ, 17 de agosto de 2019

Dr. João Romildo Fanucci Bueno (1938-2019)

É com imenso pesar que a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP comunica o falecimento de seu ilustre associado Dr. João Romildo Fanucci Bueno, ocorrido neste sábado, 17 de agosto.

Mineiro da cidade de Cambuí, no sul do estado, o Dr. Romildo Bueno tinha 81 anos recém-completados. Um dos maiores psiquiatras e psicofarmacologistas brasileiros da atualidade, presidiu a ABP entre os anos de 1983 e 1986.

Foram mais de 50 anos de atividade médica em prol da psiquiatria brasileira, dos pacientes e familiares dos padecentes de transtornos psiquiátricos. O Dr. Bueno foi o responsável pelo início dos estudos em psicofarmacologia no país, após o estudo da área na Inglaterra e período de trabalho na cidade de Chicago (EUA).

João Romildo Fanucci Bueno também foi Diretor Tesoureiro da ABP nos anos de 2010 a 2016. Atualmente, exercia os cargos de Editor Sênior da Revista Debates em Psiquiatria, Assessor Especial da Diretoria Executiva da ABP e Diretor Secretário da Associação Psiquiátrica da América Latina – APAL.

Em entrevista para a campanha Orgulho de Ser Psiquiatra, declarou: “meu maior orgulho é o de ter contribuído para o crescimento da ABP e o de hoje é o de sorrateiramente entrar em grandes auditórios para ver e ouvir ex-alunos meus pontificando em sapiências e me ensinando algo novo, ainda que me esqueça de pegar o certificado de participação nos congressos para “provar” que lá estive. O melhor é o que virá, ainda não aconteceu”.

A ABP solidariza com todos os amigos e familiares do Dr. João Romildo Bueno, que, sem dúvidas, foi um dos maiores expoentes da psiquiatria brasileira. A Associação Brasileira de Psiquiatria tem muito orgulho de ter tido o Dr. Romildo Bueno em seu quadro associativo e de diretoria.

07/08/1938
17/08/2019

O Professor João Romildo Bueno foi um grande colaborador da Psychiatry Online Brasil, seus artigos irreverentes e instigantes nos faziam pensar e a cada um deles aumentava nossa admiração por ele. Escrevemos várias minibiografias a quatro mãos e sempre podia contar com sua ajuda desinteressada. Fiz uma pesquisa nos seus escritos e selecionei alguns para deleite dos nossos leitores. Espero que com eles tenham uma ideia deste grande psiquiatra brasileiro.

https://www.polbr.med.br/ano17/wal0617.php (Notas Biográficas)

Dezembro de 2008 – Vol.13 – Nº 12 Farmacoterapia https://www.polbr.med.br/ano08/far1208.php

Agosto de 2008 – Vol.13 – Nº 7 História da Psiquiatria https://www.polbr.med.br/ano08/wal0808.php

Ulysses Viana Filho (1913-2000) Walmor J. Piccinini
João Romildo Bueno

Outubro de 2008 – Vol.13 – Nº 10 https://www.polbr.med.br/ano08/cpc1008.php#1

RÍTMOS BIOLÓGICOS, NEUROMODULADORES E TRANSTORNOS DO HUMOR – uma revisão J. Romildo Bueno

https://www.polbr.med.br/ano10/far0110.php (SOBRE DESASTRES NATURAIS, TERREMOTOS E HAITI) 2010 dezembro de 2008 – Vol.13 – Nº 12

Farmacoterapia https://www.polbr.med.br/ano08/far1208.php J. Romildo Bueno

Maio de 2009 – Vol.14 – Nº 5 https://www.polbr.med.br/ano09/far0509.php

CRÔNICA DE UMA FALÊNCIA ANUNCIADA
Ou Da inutilidade de ‘guidelines’, algoritmos ou diretrizes para tratamento medicamentoso em psiquiatria clínica
J. Romildo Bueno

Julho de 2009 – Vol.14 – Nº 7 Farmacoterapia

https://www.polbr.med.br/ano09/far0709.php

TRATAMENTO DA DEPRESSÃO “REFRATÁRIA” (?) OU TRATAMENTO DAS DEPRESSÕES RESISTENTES AOS ANTIDEPRESSIVOS DE USO CORRENTE
OU ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS DE POTENCIALIZAÇÃO E DE ASSOCIAÇÃO DE ANTIDEPRESSIVOS UTILIZADAS EM DEPRESSÕES QUE NÃO RESPONDEM AOS TRATAMENTOS USUAIS

SETEMBRO de 2009 – Vol.14 – Nº 9 Farmacoterapia https://www.polbr.med.br/ano09/far0909.php

A ERA DOS PSICOTRÓPICOS ou O Começo é Sempre Difícil e, ao invés de Roma pode levar ao Irajá… J. Romildo Bueno

o

JOSÉ CARUSO MADALENA (1916-2010) https://www.polbr.med.br/ano11/wal0111.php

Janeiro de 2011 – Vol.16 – Nº 1 João Romildo Bueno
Walmor J. Piccinini

Agosto de 2009 – Vol.14 – Nº 8 https://www.polbr.med.br/ano09/far0809.php

DE ACONTECÊNCIAS HISTÓRICAS e outras nem tanto… J. Romildo Bueno

JULHO de 2010 – Vol.15 – Nº 3 Farmacoterapia

https://www.polbr.med.br/ano10/far0710.php

INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS EMPREGADAS NOS PRIMÓRDIOS DA PSIQUIATRIA BRASILEIRA. J. Romildo Bueno

Agosto de 2010 – Vol.15 – Nº 8 Farmacoterapia https://www.polbr.med.br/ano10/far0810.php

INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS EMPREGADAS NOS PRIMÓRDIOS DA PSIQUIATRIA BRASILEIRA – II J. Romildo Bueno

Diretrizes para uma política de saúde mental do governo de transição democrática: proposta para discussão final.

https://www.polbr.med.br/ano11/wal0211.php

  JOÃO ROMILDO BUENO – LUIZ SALVADOR DE MIRANDA SÁ JR – MARCOS PACHECO DE TOLEDO DE FERRAZ – JOSÉ LOPES NETO

Fevereiro de 2009 – Vol.14 – Nº 2 Farmacoterapia J. Romildo Bueno

https://www.polbr.med.br/ano09/far0209.php

A ESCOLHA DE UM ANTIDEPRESSIVO. EXISTEM DIFERENÇAS DE EFICÁCIA ENTRE OS DIVERSOS GRUPOS DE MEDICAMENTOS ANTIDEPRESSIVOS?

Depoimento Pessoal (Walmor)

Por circunstâncias da vida, sou dos poucos psiquiatras que esteve presente no Primeiro Congresso Brasileiro de Psiquiatria em São Paulo, 1970. Depois dele estive em muitos outros e sempre tinha um grupo que se destacava. O grandalhão “Luisinho”, nosso querido Luís Salvador de Miranda e Sá Júnior, o “Otinho” (Othon Coelho Bastos Filho) e o Romildo. Os três se destacavam nas atividades científicas e nas confraternizações pós Congresso. Eu era um observador e ficava feliz quando me convocavam para alguma atividade. Por coisas do destino acabei me tornando amigo dos três e me orgulhava das atenções que deles recebia. Nada demais se considerarmos que eles tratavam bem a todos.

O tempo, os Congressos da ABP foram nos aproximando e acabei Editor do Psychiatry Online. Recebi deles grande colaboração e pude retribuir publicando artigos de um admirador incondicional do trio. Na ABP as águas corriam tranquilas, alguém era escolhido para a diretoria, ia galgando posições e terminava presidente. Havia um certo acerto histórico, uma presidência para o Nordeste e outra para o Sul, da mesma forma os Congressos que ora eram realizados lá em cima, ora aqui embaixo, no Sul. As Assembleias da ABP era o Fórum de debates, minirreformas, grandes articulações. Mas o rio caminhava tranquilo para o mar. Uma voz dissonante começou a se manifestar contra este estado de coisas, era o João Romildo Bueno. Questionador, conhecedor dos meandros da ABP, começou a dizer que o “rei estava nu”. Aos poucos começou a ter adeptos e foi se afastando dos antigos amigos da “esbórnia”, o Luizinho e o Otinho. Fátima, Itiro, Juberty, a Fátima e o furacão Antônio Geraldo de Brasília começaram a articular novo rumo para a ABP que culminou com a eleição do Antônio Geraldo. Em 2010 começou um novo ciclo da ABP que se transformou na potência que é hoje. Romildo aceitou ser tesoureiro, mas não pensem que tenha se transformado em cordeiro. Seguiu questionando e trabalhando pela entidade que tanto amava. Em certas ocasiões conseguia irritar todo mundo, menos o Antônio Geraldo que dizia, ele pode querer briga, mas eu não brigarei jamais com ele. O “Otinho” seguiu inconformado e se tornou oposição, infelizmente veio a falecer. O Luizinho, sempre fiel ao Othon, ficou observando, mas seguiu colaborando. A ABP mudou, Antônio Geraldo foi construindo uma base de apoio e com um trabalho admirável conquistou a maioria dos antigos opositores. Tanto que hoje, não existe oposição organizada dentro da ABP. Curiosamente, a voz mais crítica dentro da ABP partia do Romildo Bueno. Não deixava ninguém indiferente, tinham os que o amavam incondicionalmente e os que aguentavam sua fina ironia que às vezes, era muito irritante. Dos ex-presidentes, ele e William sempre apoiaram os novos rumos da ABP, atualmente presidida pela querida Dra. Carmita Abdo.

Vai ficar a saudade de nossas confidências e brincadeiras. Trocávamos informações da intimidade de personalidades famosas e a ideia irrealizável de algum dia escrever sobre os bastidores de personagens públicas. Romildo era uma fonte inesgotável de informações, mas jamais cogitamos seriamente de trazer a público fatos que pudessem diminuir a biografia de alguém. Descobri que ele foi membro da Academia de Letras de Cambuí-MG. Pequena e orgulhosa cidade onde nasceu e que nunca esqueceu.

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