1. ÓPERA E PSICANÁLISE

 

Um prazer enorme em ouvir Michel Schneider e Daniel Melguish na emissão matinal de France Culture apresentada por Pierre Assouline. Dois intelectuais de uma erudição extraordinária e que só a França, com a sedimentação de uma cultura bilionária, pode oferecer ao mundo. Fiquei pasmado diante do encadeamento vertiginoso das ideias constitutivas deste saber.

Michel Schneider foi convidado por ter escrito dois livros sobre a ópera, onde ele mostra as relações inumeráveis entre ópera e psicanálise. A escritura mesma, os cenários, os papeis, a definição das regras, a relação entre os cantores são cheios de sexualidade e de erotismo, donde o interesse  do psicanalista pela Ópera.

 

Bernard Schaw disse que a Ópera é uma peça em que o barítono  passa seu tempo a tentar impedir que o tenor durma com o soprano.   

                                                

O que conta a Ópera é estranho, como um inconsciente, as paixões não podem ser controladas, as diversas figuras edipianas estão presentes, a mãe fálica é, de uma certa maneira, representada pelo contralto. Ela é  uma mãe terrível, poderosa, contundente e que a psicanálise considera como geradora da maior parte do inconsciente humano.

 

Melghish fala da obra de Racine intitulada,  Esther. Fazendo-se passar por uma árabe, ela vai casar com o rei árabe Aman. Mais tarde ela revelará que é judia.

 

Deus, diz um profeta, é aquele que sabe o que faz. Melghish diz que Deus é aquele que sabe que não sabe o que faz.

Melghish questiona as relações entre o passado e o presente, tanto nas obras clássicas quanto na história dos indivíduos.

 

Duas atitudes possíveis diante de uma obra como Esther: alto lá, a obra foi escrita no século XVI, o ponto de partida é pois o contexto em que o autor escreveu a obra, ela deve ser adaptada em consequência disto. Sua adaptação deve representá-la neste contexto.

 

Outro ponto de vista: é necessário adaptar a obra ao presente, o presente em movimento continuo. Melghish prefere misturar passado e presente, passar de um a outro, sem desprezar nem o passado nem o presente, num vai e vem continuo.

 

Ele pensa mesmo que o XVII século foi talvez mais importante do que o atual.

 

É certo que Racine não leu Freud, mas leu entretanto Sófocles, como Racine também o leu.

 

Schneider : A Ópera suscita  a verdade dos sentimentos, das emoções.

 

  1. PIERRE FÉDIDA

 

Pierre Fédida morreu há mais de dois meses e eu não me detive um instante sequer para pensar na influência que ele exerceu em minha vida, tanto no domínio intelectual como no domínio psicológico e afetivo. Como explicar minha reação de indiferença afetiva diante da morte de uma pessoa com quem eu fiz uma psicoterapia durante vários anos e que foi meu supervisor de psicanálise durante outros tantos?  Será que PF não me transmitiu nada do ponto de vista da teoria e da prática psicanalíticas? Ou que ele não representou  para mim o papel de um pai  idealizado e detestado, forte e tranquilo, capaz de me transmitir os elementos simbólicos de que  necessito para afirmar minha identidade sexual?  

Questão direta: será que a morte de PF deixou-me sentido,  triste, com pena, com saudade, deprimido, aliviado, contente? Quais os sentimentos que ressenti ao saber-lhe morto?

 

Minha primeira resposta é que eu não quis pensar na morte de PF para não pensar na minha. Lembro-me haver dito a Jean Laplanche,  num dia em que me recebeu no quadro de um parecer sobre minha demanda de formação psicanalítica na APF: “ajude-me a aprender a morrer”. Ou algo como: “aprenda-me a morrer”… Eu estava convicto, como ainda hoje, que minha angústia era mesmo uma angústia de morte, de morrer.

Pierre Fedida, uma vez, interpretou esta formulação dizendo-me que se tratava de uma angústia de castração. Ele me questionou mais de uma vez sobre o meu temor da morte.

 

Em todo o caso, agora percebo que não consegui sobrepujar a denegação da morte, que me parece o mecanismo de defesa radical contra a angústia. Aliás, morreu PF com sua lucidez extraordinária, com a serenidade que ele sempre me mostrou nas dezenas de vezes que o encontrei? Quantas vezes, precisamente?

 

Faço os cálculos: três anos de psicoterapia, uma sessão por semana durante dez meses, ou seja, um total  de 120 sessões. Ajunte-se dois anos de supervisão, ou seja cerca de 50 sessões, obtenho o total geral de 170 encontros de 45 minutos com PF, em Paris,  na rua du Regard). Isto pode marcar qualquer homem, isto me marcou com certeza. Mas de que maneira?

 

  1. INTERCÂMBIO DE MENSAGENS COM AFFONSO BARROS DE ALMEIDA
 

Caro Eliezer,

De inicio, obrigado pela generosa dedicatória. Mas, que história é essa de professor?

Nome completo de Zé Lucena

: José Cavalcanti Lucena da Motta Silveira.

 

Eu comecei o meu estágio no Serviço de Georges Daumézon em 1965.

Lembro que fomos discípulos do Mestre Lucena, em cujo Serviço de Psiquiatria do Hospital Pedro II, nos anos 60, nos iniciamos na profissão como estagiários.

Você precisa, como autor do artigo, se identificar profissionalmente.

Bom, eis algumas parcas observações após a primeira leitura do seu importante e excelente artigo.

Fraternal abraço.

Affonso.

 

29/06/07

 

Caríssimo amigo,

A tese de Lucena preparada, em parte, no Serviço de Daumézon versou sobre ”  O campo da consciência após o choque insulínico”. Não sei se o título foi exatamente esse, mas o tema abordado, foi.

 

O José Otávio não fez nenhuma estadia na França, mas ele participou de Congressos internacionais na Europa, inclusive em Paris. Conta-se que falava bem francês e que conhecia muito bem os trabalhos de Ey e de Daumézon afora os trabalhos dos psiquiatras franceses que antecederam e influenciaram os dois.

Eu tive o privilégio de “preparar a sua cama” no Serviço de Daumézon, que soube, por meu intermédio, da simpatia do Mestre Lucena por você e com quem cheguei a conversar algumas vezes sobre ele, quando o Mestre Daumézon me transmitiu possuir admiração e deferência por Lucena.

 

Assim, na verdade, quem lhe abriu as portas do Henri Rousselle foi Zé Lucena, eu fui, apenas, intermediário. Esse fato foi mais um, dentre outros, que desagradou Zé Lins, o qual, não sabendo nada de psiquiatria, dizia-se discípulo do Mestre Lucena. Na verdade,antes de se interessar pela psicanálise, foi gastroenterologista,  tendo “migrado” do Serviço de Arnaldo Marques para a Clínica Psiquiátrica do Pedro II,apoiado por Galdino Loreto, onde atuou como “psicoterapeuta” do grupo coordenado por Galdino e que tinha como clientes estudantes de medicina e de outros cursos,  dentre eles eu, Carlos Nicéas, Zuleika Portela, Paulo Gustavo Viana Lira, Ligia Câmara, Fernando Rocha, Cristina Jucá, Ana Belo, etc.

 

Você está me tornando nostálgico. Lembras que eu fui o único brasileiro da “confraria” a te receber em Orly? Lembra quem estava comigo e para onde tu foste levado?

Fraternal abraço,

Affonso.

 

29/09/07

Eliezer, 

Hoje, no Recife,  existem pelo menos três “Grupos de Instituições e de Psicanalistas: ‘’ Os Freudianos, os Lacanianos e os Carusianos”.

O casal Lins de Almeida, quando chegou no Recife(1969/1970), apresentou-se como “detentor” do saber psicanalítico. Na verdade, o interesse, sobretudo do Zé Lins, era “mercadológico” e não doutrinário. Ele, o Zé Lins, apresentou-se,  na época, com o apoio dos cariocas, como “analista didata”… … …!!!????

Você já se perguntou porquê o “Comité” deu apoio a esse projeto? Eu já, mas ainda não tenho resposta!

Como você sabe, cheguei no Recife após o Zé Lins e não foi fácil me fazer reconhecer. Mesmo assim,  “briguei” pela criação do nosso “Nucleo de Psicanálise”.

Ivanise Ribeiro, hoje Presidente da “Sociedade”, nunca foi aceita pelo “grupo” do Zé Lins, embora tenha sido uma  das suas pioneiras.

Muitos dos membros dos três “Grupos” se “iniciaram” comigo, o que me deixa muito à vontade…

Aguardando a sua réplica, fraternal abraço do amigo Affonso.

 

Affonso, Você tem razão ao falar de História oficial para designar os revisinonistas que reescrevem  os fatos passados,  mesmo quando eles são baseados não somente em palavras proferidas por testemunhas auditivas e oculares, mas que recusam até os arquivos conservados, como  os filmes que mostram a realidade dos acontecimentos. Assim, aqui na França, como em outros lugares, ‘’historiadores’’, políticos de extrema-direita, saudosistas hitlerianos,  chegam a negar até mesmo  a existência dos Campos de concentração nazistas, por conseguinte o próprio genocídio dos judeus.

 

No que diz respeito à história da Sociedade de Psicanálise de Recife, guardadas todas as proporções, percebemos por razões diversas que deveriam ser esclarecidas, a mesma tendência negacionista: recusar, deformar, esquecer,  digamos, ‘’pequenos detalhes’’ como a sua participação  na criação do ‘’Núcleo de Psicanálise’’, ou  quando não me  informaram  sobre o  acordo passado com o Comité.

 

Em recente trabalho que li na internete sobre a ‘’História da Psicanálise Brasileira’’, os autores  não somente privilegiam a corrente lacaniana, deixando apenas migalhas aos freudianos, mas dizem  bobagens em certas ocasiões, mostrando-se tendenciosos em todas as circunstâncias.

Por exemplo, escreveram que as primeiras traduções das Obras Completas de Freud em português (editora Delta), foram muito boas e causa de admiração para os analistas brasileiros. Ora, Dona Elza Ribeiro Hawelka, nossa primeira analista, deu-me de presente dois volumes dessa edição, traduzidos por pessoas  cuja língua materna não era o português. Ela escreveu com um  lapis  muitas observações e  mostrou os frequentes erros gramaticais  que aparecem em vários artigos dos dois volumes. Ela quis mostrar ainda que se trata de  uma tradução do espanhol e não do original alemão. E citou  exemplos para provar isso: ela consultou a edição espanhola e comparou com a portuguesa. Resultado, encontrou os mesmos  erros, as mesmas lacunas nas duas tarduções, exatamente nos mesmo lugares e passagens,  provando  assim que se tratava de  uma tradução da tradução espanhola !!

 

Ainda sobre a criação  do Núcleo de Recife: eu não sabia que Daniel Lagache tinha desempenhado o papel que você lembrou. Sei que Daniel Widlöcher e Serge Lebovici  (espectivamente secretário e presidente da IPA na época) estiveram em Recife e acho que foram eles que  reconheceram oficialmente a sociedade recifense de psicanálise. Lucia não fez uma supervisão com  Lagache?

 

Outra coisa : fiquei decepcionado com Ivanise, a qual,  em sua casa,  disse estar interessada em fazer um trabalho sobre  a história da psicanálise pernambucana, e fingiu mostrar-se  interessada quando eu lhe disse haver  escrito um artigo  à pedido de Daumézon :‘’A penetração dos conceitos psicanalíticos na semiologia psiquiátrica no Brasil’’. Trocamos nossos e mails e  escrevi duas vezes a Ivanise, que nunca me respondeu !!!

 

Eu também não entendo porque você nunca me respondeu sobre a possibilidade de conversarmos pelo MSN, o que faço com amigos e familiares pelo Brasil afora.

É  facílimo, prático e gratuito !! Abraços. Seu amigo Eliezer

 

21/09/07

Oi Eliezer,

A História Oficial da Psicanálise, no Recife, não faz alusão à Paris dos anos 60, nem a Dona Elza. Como você sabe,  foi naquela época que um pequeno grupo de recifenses partiu para Paris, com o apoio do Comité Catholique. Dona Elza foi analista de muitos deles. Um “Documento de Compromisso” com o “Comité” foi assinado por todos, exceto por você, que eu não sei porque, para que na volta para o Brasil todos ficassem no Recife… …!?! É preciso lembrar que Dona Elza conseguiu o apoio de Daniel LAGACHE para o nosso projeto… 

 

Nos anos 70, na minha casa da Martins Pereira, fizemos várias reuniões com a presença do casal Lins de Almeida, Edilnete, Eldione e Paulo Sette, que embora não psicanalista como o Mestre Daumézon, apoiava o nosso projeto de criação de um “Núcleo de Psicanálise” no Recife. Zé Lins,matreiramente, mantinha “por fora” contactos com a Sociedade do Rio de Janeiro. Os cariocas demonstraram grande interesse pelo nosso projeto e logo enviaram para Recife uma “equipe” para nos conhecer e entrevistar possíveis novos candidatos médicos.

 

Nos anos de 1960, no Brasil, só poderia ser candidato a psicanalista,  profissionais médicos…  O que provocou um grande descontetamento dos profissionais psicólogos,  o que provocou um grade “conflito”.

 

Nas minhas conversas com os profissionais do Rio,  logo me apercebi o interesse deles pelo “mercado”. Um deles, imagine, chegou a me perguntar o preço de uma sessão aqui no Recife! Eu respondi que, na minha opinião, nas entrevistas preliminares o preço era o último item a ser considerado e que eu não era vendedor de “Coca Cola”…  Ele replicou que, no Rio, estipulava um preço da sessão e quem não pode pagar… … Eu falei da pobreza da Região e ele replicou: e onde estão os uzineiros daquí? Eu não respondi e não aceitei fazer parte desse “grupelho”.

 

A atual Presidente da Sociedade de Psicanálise do Recife é Ivanise Ribeiro, que jantou aqui na nossa casa com você e Maria do Carmo. Abraços

Affonso e Rosana.

 

Carissimo Affonso,

Penso que documentar, através de um artigo por exemplo, as origens da psicanálise em Pernambuco,  seria uma boa contribuição para a história do “movimento” em nosso Estado.

Não é fácil responder a pergunta “por que escolhemos Paris?”

 

Quais as motivações de cada um e a circunstância do ano de 1964 para a  escolha de Paris?

Qual o papel de José Lins e de Lucia Lins? O que levou o « Comité Catholique contre la faim et pour le Développement » a apoiar financeiramente a formação psicanalítica desse Grupo? Talvez por causa das relações que tinhamos com a psiquiatria francesa, que marcou toda a história da psiquiatria brasileira, inclusive até a classificação das doenças mentais, inteiramente adotada até 1949. 

Eu mesmo comprei na época de meu estágio no serviço de José Lucena, o  Manuel de Psychiatrie de Henri Ey.  Othon Bastos  havia feito um pequeno estágio com ele, isto também nos influenciou. Para mim, houve também a necessidade de deixar o Brasil: o amigo deve saber que fui enquadrado na lei de Segurança Nacional, coisa que só aconteceu a 33 pessoas!

 

A psicanálise francesa  também era para nós bem conhecida. E havia aquele padre -esqueci o nome dele-que trabalhava no serviço de Lucena e tinha contacto com o « Comité Catholique Contre La Faim et pour le Développement ».Foi ele que obteve a minha bolsa. A necessidade de fazer uma análise me veio por razões neuróticas e a ilusão de que 6 mêses me bastariam para curar os sintomas!!!

Affonso,

 

Aliás, não de todo o Grupo pois vc, por exemplo, contra a minha vontade, foi impedido de entrar na “confraria”. Sei da existência de um documento entregue ao Comité, em Paris, o qual eu subscrevi  juntamente com José Lins, Lucia Lins, Ivone, Carlos Augusto Nicéas de Almeida, Zeferino Rocha, dentre outros, que apresentava uma proposta de formação psicanalítica desse grupo que, no momento adequado, deveria retornar ao Recife. Infelizmente, não fiquei com uma cópia desse documento (o Zé Lins com certeza ficou!) mas ele deve ser encontrado na sede do Comité em Paris.

 

Caro Affonso,

Porque me impediram o acesso à confraria? Eu ignorava isso: teria sido porque eu  era protestante? Ou teria havido motivos mesquinhos? Ou porque, sendo casado com francesa, deduziram que eu não voltaria para o Brasil ? Mas na época eu pensava o contrário.

 

 

Affonso :

Eliezer, o papel de Dona Elza Ribeiro Hawelka,  em cujo divan deitamos nós e também Lúcia Lins e Carlos Augusto Nicéas de Almeida, dentre outros, foi muito importante. Por que Daniel Lagache apoiou tanto esse Grupo? Eu estive, pessoalmente com ele, sobretudo no ano de minha volta para Recife, quando ele me estimulou muito na minha tarefa de “pioneiro”. Lagache apoiou o grupo por causa das qualidades das pessoas citadas. E porque Dona Elza era assistente dele e colaborou com o Vocabulaire de Psychanalyse. Ela  era amiga de Marianne Lagache.

 

Naquela época, como você sabe, já existia a “diáspora”  Lagache/Lacan e alguns do nosso Grupo migraram para a “Escola” Lacaniana: Zeferino e Zé Lins, por exemplo. Ignorava que Zeferino e Zé Lins tivessem migrado para a escola lacaniana.

 

Caro Affonso,

Eu pensava que Zeferino Rocha tinha virado “carusiano”. Mas os dois migrantes mais significativos foram Carlos Nicéas e Paulo Siqueira. Imagine Nicéas: análise com Hawelka e Daniel Lagache, adversários ferrenhos de Lacan!! E Paulo Siqueira, que virou “milleriano”(de Miller, o genro de Lacan) fanático, após haver feito  análise com Guy Rosolato (que trocou Lacan e foi para a APF, onde Paulo e eu estávamos). Paulo fez também controle com Jean-Bertrand Pontalis e  Victor Smirnoff, da APF!  Ele também pertenceu, quando estudante, ao PC!! De modo que transferiu as crenças e convicções  do Partidão ao lacanismo milleriano!!!

 

Nicéas teria feito isso por moda? Como você vê, sem entrar em considerações pessoais, financeiras, de moda, etc., a  questão de pertencer a uma sociedade de psicanálise, de mudar de referências teóricas é interessante e merece reflexão.  Abraços,

Eliezer

Affonso escreveu,

Eliezer,

Não concordo com vc quanto a palavra filiação, mas não uma filiação a uma Instituição psicanalítica(“mal necessário”),  mas à psicanálise como experiência de vida, como referencial para uma aproximação do conhecimento do homem e do mundo, e que nos possibilita um renascer.

Sobre a genealogia: a identificação dos nossos antepassados, dos casamentos e das sucessivas gerações que nos ligam aos nossos ancestrais,  muito contribuiu, sem dúvida, para o entendimento da nossa filiação. Aguardando retorno, fraternal abraço

Affonso.

 

—– Original Message —–

From: eliezer de hollanda

To: affonso barros

Sent: Wednesday, October 11, 2006 3:56 PM

Subject: Filiações

 

Ilustrissimo amigo,
A mensagem que acabo de escrever a Fernando Rocha lhe concerne também, pois você foi um ator importante
da aventura parisiense. E, para mim, o mais importante. Diga-me o que você acha e se você pensa que o argumento mais abaixo poderia dar lugar a alguma coisa escrita.
Abraços

Eliezer


4.FILIAÇÕES PSICANALÍTICAS

Fernando Rocha,

 Sobre o assunto de que lhe falei outro dia e que agora retomo, o argumento poderia ser: A questão da filiação em psicanálise,  através  aspectos do  percurso de colegas pernambucanos que fizeram análise pessoal, supervisões e formação em Paris. Por que deixamos o Brasil? Por que escolhemos Paris? Por que optamos por tal ou tal analista, tal ou tal sociedade? Por que a  psicanálise da criança, do adulto, grupal…? Por que alguns fizeram a formação até o fim, e outros não? Por que o interesse por Freud, M.Klein, Lacan, Winnicott…? Porque alguns  passaram  da psicanálise freudiana ortodoxa ao revisionismo lacaniano?

 A palavra filiação suscita interrogações semânticas diversas. Por que não empregar o termo  genealogia, por exemplo ? Após reflexão, preferi empregar  filiação, que comporta varias significações, segundo o dicionário ROBERT. Retenho apenas duas: « Laço de parentesco unindo a criança a seu pai ou à sua mãe » ( filiação paternal e maternal ); o segundo sentido  é o de ligação,  junção, vinculação,  que encontramos no francês liaison e no inglês link. Falar de minha filiação à uma sociedade de psicanálise freudiana é falar de meus vínculos com essa sociedade.

Mas é importante guardarmos a noção de genealogia, que não quero abordar agora. 

Qual seria o interesse de um trabalho semelhante ? Não seria uma maneira de observar a evolução do movimento psicanalítico internacional, a partir desta experiência particular de um grupo  de brasileiros em Paris?  Que pensa o amigo, um dos atores desta aventura singular? Eliezer

 

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