Fevereiro de 2021 – Vol. 26 – Nº 02

 

João Paulo Pinto Cruz[1]

Introdução

 

Se por um lado a cidade de Aracaju ostentava com orgulho sua feição planejada, organizada e ordenada. Por outro lado, nem todos os aracajuanos viviam num “mundo ordenado”. Os loucos, por exemplo, viviam presos a um caos temporário ou permanente. Por um longo período histórico, grades sociais se ergueram em volta de quem foi acometido por doença mental.

A loucura faz parte do cotidiano de Aracaju, mas ainda é uma temática cheia de silêncios e preconceitos. O artigo lança um olhar histórico sobre a psiquiatria em Aracaju, visualizando a ciência psiquiátrica como representante do Estado na tutela e destino dos doentes mentais tendo como símbolo o hospital-colônia.

O marco temporal inicia-se em 1940 com a inauguração do primeiro hospital psiquiátrico de Aracaju em ocasião do II Congresso de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste e o seu real funcionamento em 1941.

Os loucos não eram encarados apenas como um problema de saúde. Eles foram fisicamente isolados da “cidade lúcida” que se desenvolvia no início de 1940. Mendigos, desocupados, vagabundos e bêbados foram apropriados pela loucura, dentro de um discurso de uma identidade nacional e uma tentativa de varrer da sociedade todo ser que pudesse causar um problema social.

O estudo desperta o fascínio pela condição incomum, de seres que não se encaixam nos padrões ditos normais. O que é ser normal? A loucura como ausência da razão? Ao longo da história, a forma como se encarava os loucos transformou-se muito. Segundo Machado (1978, p. 412), o reconhecimento da loucura depende da época em que vivemos, do caráter e grau de instrução das pessoas que nos rodeiam: a nossa razão é a medida da loucura alheia.

Numa tentativa de mudança da situação do doente mental em Sergipe é criado através do Decreto-Lei nº 28 de 31 de dezembro de 1937 o serviço de Assistência a psicopatas[2] de Sergipe num trabalho do governo federal com a tentativa de homogeneização do tratamento onde estava embutida a criação do Hospital-Colônia. O interventor Eronides de Carvalho[3] considerava a construção do hospital de necessidade imediata e urgente.

O governo federal realizou um inquérito para elaborar o Plano Hospitalar Psiquiátrico. O inquérito iniciado em 1937 tinha a finalidade de obter um diagnóstico da assistência prestada pelos Estados brasileiros. E Sergipe, Goiás e o então território do Acre foram classificados como os que não prestavam nenhum tipo de assistência. A proposta do governo federal foi a padronização através do hospital-colônia[4]. A partir de 1940, e neste caso incluindo Sergipe, nas ações político-assistenciais na área de psiquiatria num processo de modernização, centralização e nacionalização da assistência mais ampla em saúde (AGÊNCIA FIOCRUZ DE NOTÍCIAS).

Num boletim sobre a saúde pública no Brasil, pelo Dr. João de Barros Barreto, no ano de 1939, diretor geral do Departamento Nacional de Saúde, dentre as várias análises de aspectos da saúde no Brasil, em relação à assistência a psicopatas, o mesmo faz uma síntese da situação feita pelo Dr. Waldemiro Pires:

A assistência ao enfermo mental ainda carece de providências que a torne uniforme, sem desigualdades e diferenças que apresenta. Ao lado de Estados em que o problema já quase atinge a extensão e a qualidade desejadas, outros existem o insano ainda não foi siquer encarado de um modo humano. A diversidade é chocante, muitas vezes, em regiões bem próximas; a fronteira geográfica constitue também o limite que demarca a maneira de assistir o psicopata. (BARRETO, 1939, p. 936).

 

E quanto a Sergipe, segundo o Dr. Waldermiro Pires, este está em condições precárias e até agora abriga os seus doentes mentais em uma secção da penitenciária de Aracaju, pois nunca existiu hospital destinado aos mesmos. Já foi lançada a pedra fundamental para o hospital-colônia de Aracaju (BARRETO, 1939, p. 937).

 

O congresso

 

O II Congresso de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste realizado em terra aracajuana foi um evento de importância incontestável e extremamente noticiado pela impressa local. A presença de Ulisses Pernambucano, Gilberto Freyre, Garcia Moreno, Luiz Cerqueira e entre outros merecem destaque, pois neste evento é inaugurado o Hospital-Colônia que marca uma nova fase para o tratamento dos considerados loucos, passando, assim, a ser local o tratamento e ganhando características científicas.

Realizado em Aracaju, em outubro de 1940, traz inovações nas formas de tratamento dos psicopatas, formando no Nordeste – a começar por Pernambuco – uma psiquiatria social, humanista através de reuniões que discutem o tratamento do doente mental e o que há de novo na medicina mental.

A Sociedade de Neurobiologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste brasileiro surgiu em 1937, com a idéia de reuniões nos diversos Estados do Nordeste, como uma oportunidade de conhecimento mútuo e estudo de um grande número de problemas que interessam à psicologia, à psiquiatria e à neuro-higiene (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE SERGIPE, 15/10/1940,       p.5)

A sessão inaugural do congresso, em 20 de outubro, às 20 horas, no salão nobre do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, presidida pelo Interventor Federal de Sergipe Eronides de Carvalho com discurso inaugural fala das dificuldades encontradas para conseguir implantar um tipo de assistência psiquiátrica, quando chega da Bahia formado em medicina (REVISTA DE NEUROBIOLOGIA, 1940, p. 562).

O Interventor Eronides de Carvalho foi um entusiasta da realização do congresso, o qual foi oportuno para a inauguração do primeiro Hospital para tratamento do doente mental sergipano. Ele também vislumbrava o congresso como um momento de observações, averiguações e pesquisas, a cada dia, novos triunfos no tratamento dos insanos, que fazem do mesmo passo, uma fisionomia muito próxima, colocando em destaque especial aos estudos, quiçá de uma grande repercussão social (REVISTA DE NEUROBIOLOGIA, 1940, p. 562).

O congresso se torna importante para inauguração do Hospital. Não importando se ainda faltavam obras essências para o funcionamento. Era uma oportunidade histórica de Sergipe mostrar a sua saída da inexistência de um tratamento local. O hospital-colônia é pedra fundamental para uma experiência de tratamento que, a partir dela, irão surgir outras instituições.

 

A colônia

 

O regime médico e policial do hospital-colônia Eronides de Carvalho deve responder à exigência do isolamento do considerado louco. Construído nos limites da cidade de Aracaju, distante quatro quilômetros, na fazenda Santa Rosa, antiga “Santa Eulália”, sua posição geográfica deve proporcionar as indispensáveis condições de ar puro, silêncio e tranqüilidade, realizando o necessário projeto de isolamento.

Na instituição recém-criada em Sergipe, precisamos ver o hospital psiquiátrico no contexto histórico recente em que se desenvolveu como uma entre várias instituições destinadas a servir de residência para várias categorias de pessoas socialmente perturbadoras (GOFFMAN, 2005, p. 287) Referente a essas instituições no governo de Eronides de Carvalho temos o Leprosário, a Casa de Menores, o Hospital de Tuberculose entre outros. O distanciamento do centro da cidade reflete na expulsão e conseqüentemente o isolamento.

 

A intervenção médica visa, assim, tanto proteger a coletividade – a cidade e a sua população – do perigo que representa para o meio social a instituição e vice-versa, quanto a proteger as pequenas coletividades enclausuradas contra o perigo interno que essas instituições têm representado. É sempre o homem, portanto, que está no centro da reflexão médica. O objetivo final da medicina social é de maneiras diversas, formar ou reformar física e moralmente o cidadão (MACHADO, 1978, p. 280-281).

 

A criação de colônias agrícolas está dentro de uma tendência nacional. Para os Estados que estavam com seus hospícios superlotados a colônia servia como alternativa. Por outro lado, a política de construção de colônias agrícolas não se deu apenas por exclusão das outras estratégias terapêuticas, de eficiência duvidosa, mas também por ter encontrado ambiente político e ideológico propício ao seu florescimento (TUNIS; COSTA, 1997, p. 47).

Dentro da perspectiva da implantação das colônias agrícolas para doentes mentais fizemos uma ligação com a vocação agrária. O fazendeiro é o tipo representativo da nacionalidade e a fazenda é ainda o lar brasileiro por excelência, onde trabalho se casa com a doçura da vida e a honestidade dos costumes (TUNIS; COSTA, 1997, p. 47).

Outros Estados que também não tiveram um hospital ou hospício antes do modelo da colônia utilizarão a tendência do governo em padronizar o tratamento através do Decreto Federal nº 24.559, de 03/07/1934. O surgimento do Serviço de Assistência a Psicopatas de Sergipe de 1937 deixa claro a intenção de construir o modelo da colônia agrícola. E antes disso foi realizada uma pesquisa para conhecer a realidade de outros Estados a exemplo de Pernambuco e, principalmente, São Paulo. Segundo o Interventor Eronides de Carvalho no seu discurso de 1940 em comemoração aos cinco anos do seu governo afirma:

 

…o hospital-colônia, que abrigará os nossos doentes mentais, composto de oito pavilhões [sete pavilhões][5], representando 2.700 metros quadrados de construções no valor de 915:000$000. Posso afirmar que o plano traçado e já executado nas obras aludidas, obedece, rigorosamente, os modernos preceitos da ciência psiquiátrica, tomando por padrão o grande frenocômio de Juquerí no Estado de São Paulo. Estamos atacando, já agora, os serviços de água, esgoto e calçamento, os quais com as instalações já bem adiantadas, aliás, subirão a 300:000$000, mais ou menos. Dentro em breve, os insanos mentais estarão em seu hospital, tratados por especialistas, assistidos por todos meios científicos, desaparecendo de nossas vistas o doloroso espetáculo dos loucos encarcerados, que tanto compunge os nossos corações (CARVALHO, 1940, p.19-20).

 

O isolamento na colônia é uma forma de evitar o espetáculo principalmente nas ruas. O doente é separado das causas de sua loucura, inscritos na sociedade e principalmente na família (MACHADO, 1978, p. 430). Sendo assim, o internamento como forma animada pelo desejo de evitar o escândalo, pode gerar o temor de que se tornadas públicas, as formas do desatino contaminem a sociedade (FRAYZE-PEREIRA, 1985, p. 69-70).

O interventor, Eronides de Carvalho tinha como objetivo o fim do espetáculo nas ruas do centro da cidade, voltando-se principalmente ao louco pobre, que vaga pelas ruas, e secundariamente para o louco rico que tem um tratamento diferenciado. No Palácio Serigi (sic), foram criados importantes serviços que são realizados a bem da saúde do povo, sob o cuidado da ciência. Nenhum espetáculo mais impressionante se encontrará em Aracaju, das 9 às 12 horas, como atestado de amparo e proteção do Estado à sua população pobre (CARVALHO, 1939, p. 154).

A inauguração do hospital-colônia para tratamento de doente mental de Sergipe aconteceu às dez horas e trinta minutos do dia 21 de outubro de 1940. Desde cedo as marionetes chegaram ao local.  Moradores da circunvizinhança iam à “fazenda Santa Rosa” que hoje se tornou além de fazenda um Hospital, para participarem da expressiva solenidade (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE SERGIPE, 22/10/1940, p. 5). Fazia-se presente no local o Interventor Eronides de Carvalho, acompanhado de sua família, auxiliares da administração, congressistas e respectivas famílias.

Além disso, teve o pronunciamento do Secretário da Justiça e Negócios do Interior, M. Carvalho Barroso, Dr. Garcia Moreno, Diretor do Serviço de Assistência a Psicopatas de Sergipe, e Dr. Rocha Filho[6], em nome da Sociedade de Neurologia, Psiquiatra e Higiene Mental (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE SERGIPE, 22/10/1940, p. 5-6).

Numa sessão do II Congresso de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste no dia 21 de outubro Dr. Ulysses Pernambucano, em virtude do Serviço de Assistência adotado em Sergipe pelo interventor Eronides de Carvalho, apresentou a proposta de passar o hospital-colônia a chamar-se hospital-colônia Eronides de Carvalho, proposta que foi bem aceita. E no dia 25, às catorze horas, foi inaugurada solenemente, no pavilhão principal, a placa do hospital-colônia com os seguintes dizeres: “Por deliberação da 2ª Reunião da Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental passará a denominar-se hospital-colônia Eronides de Carvalho” (REVISTA DE NEUROBILOGIA, 1940, p. 570).

Em sua apresentação no congresso, “Esquema de trabalho de Assistência a Psicopatas de Sergipe”, Dr. Garcia Moreno relata as atividades desenvolvidas nas três estruturas funcionando de modo interligado, que formaram o triângulo assistencial da época: o hospital-colônia, o Consultório Neuro-Psiquiátrico e o Escritório de Higiene Mental que funcionavam no Palácio Serigi (sic).

O hospital-colônia, segundo Dr. Garcia Moreno, foi construído sob as inspirações da psiquiatria moderna, apresenta o aspecto simples e risonho de amplas vivendas rurais, sem nenhum dos ritos da cara patibular dos velhos hospícios (REVISTA DE NEUROBILOGIA, 1940, p. 431).

A depender da classificação dos loucos existe uma distribuição no espaço arquitetônico chamado pavilhão. Existiam sete pavilhões: Nina Rodrigues[7], Enjolras Vampré[8], Gildo Neto[9], Eugen Bleuler[10], Sigmund Freud[11], Juliano Moreira[12] e Pussin[13]. Porém, a classificação metódica e cientifica é incontestavelmente um elemento de ordem, disciplina e moralidade, donde o médico tira o maior partido para suas indicações e resultados (MACHADO, 1978, p. 455-456).

Cada pavilhão foi denominado com nomes em homenagem a personalidades da Psiquiatria e era destinado ao público específico:

 

O Nina Rodrigues destinava-se a pacientes do sexo feminino, que estivessem calmas.

O Enjolras Vampré, idem para o sexo masculino.

O Gildo Neto, era o pavilhão-refeitório, cozinha e lavanderia.

O Eugen Bleuler era para pacientes agitados do sexo feminino, e havia quartos individuais.

O Sigmund Freud era a seção de agitados masculinos.

O Juliano Moreira era destinado a pacientes contribuintes e nele estava situada a seção administrativa do hospital. Havia neste Pavilhão ainda, um apartamento onde residia com sua família, o Dr. Luiz Cerqueira. Este apartamento era destinado ao alienista assistente, já que o mesmo não poderia se ausentar do Hospital no período noturno, e sendo o Hospital muito distante da Capital, havia a necessidade de residência do médico no hospital (ARRUDA, 2002, p. 31-32).

 

Segundo Arruda (2002, p.32) ainda existia um consultório otorrino-oftalmo-laringológico e um gabinete dentário, que permaneceram devidamente instalados, sem o necessário funcionamento até 1943.

 

Funcionamento do Hospital-Colônia

 

O real funcionamento do hospital-colônia, apesar de ser inaugurado em 21 de outubro de 1940 em ocasião do congresso, só irá funcionar em 10 de fevereiro de 1941 pelo prolongado serviço de abastecimento de água (APES. Caixa de relatório diversos nº 18. 1941, p. 1).

Arruda (2002, p. 28) relata que em julho de 1941, em apenas alguns meses de funcionamento, o hospital-colônia já apresentava problema com a superlotação, sendo um problema freqüente enfrentado pela diretoria. Por isso, foram providenciadas “altas precoces”, no sentido de “desafogar” as enfermarias, proporcionando o conserto das fendas, impossibilitando os internamentos.

Os problemas de ordem da estrutura física do edifício eram frequentes, além dos quatro pontos elucidados por Arruda (2002, p. 28-29) que causavam mais transtornos ao serviço: insuficiência de verba alimentar; o serviço de água e esgoto era precário; a maioria dos pacientes era levado ao hospital para ser internado pela Polícia; o ônibus dos funcionário em péssimas condições.

O hospital-colônia recebia a demanda dos considerados loucos criada pela sociedade, na medida em que esta aumentava o conceito de loucura, fazendo com que aumentassem cada vez mais os pacientes.

A crescente demanda da população pobre, classificada como indigente, gera uma possível ligação do internamento com a discriminação e a exclusão social. Outro fator co-relacionado é o crescimento da cidade e com isso aumentou a demanda em virtude da industrialização e modernização da cidade. Neste sentido, a psiquiatria amplia sua relação com o Estado e sociedade para além da relação meramente policialesca (exclusão) para dar, pelo menos, em dois novos níveis: relação médica (cura) e relação economia (capital/trabalho). (SANTOS, 1994, p. 27).

Na análise das concepções psiquiátricas ligadas ao advento de colônias, é importante examinar a noção de degenerescência. Teoria esta que vai ser bem aceita no meio da medicina mental. Ao isolar os ‘degenerados’, a colônia bloqueia sua hereditariedade e, impedindo sua propagação na sociedade, favorece a eugenia, outro importante pilar do higienismo (LOUGON, 2006, p. 65).

Entretanto, há limites para estabelecer quem é normal ou anormal: o critério do trabalho e não-trabalho serviu para os parâmetros da loucura. A psiquiatria nasce e se reproduz num contexto social, ela assimilou aos seus critérios de diferenciação do normal e patológico, estes mesmos valores e esforçou-se para devolver à comunidade indivíduos “tratados” e “curados”, adequados para o trabalho (SANTOS, 1994, p. 32).

Desta forma, o hospital-colônia abriga em sua boa parte de doentes mentais indigentes, do meio pobre da cidade classificados como não-contribuintes e por isso através da laborterapia iria pagar sua estada no local e os contribuintes que estavam divididos em 1ª e 2ª classe que gozavam privilégios: para os ricos, um tratamento bem diferenciado daquele dispensado aos milhares de indigentes e trabalhadores braçais. O Regimento do Serviço de Assistência a Psicopatas de Sergipe mostra a diferenciação no tocante ao conforto dos doentes contribuintes que praticavam a laborterapia (DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO DE SERGIPE, 12/12/1940).

 

Considerações Finais

 

O II Congresso de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste realizado de 20 a 25 de outubro de 1940, marcou um momento de troca de conhecimento não só dos médicos da área de psiquiatria, mas de outras ciências que se interligaram, formando um conhecimento mais amplo e social. No mesmo período é inaugurado o hospital-colônia que passou por sérios problemas e a sua demanda de paciente crescia juntamente com a cidade de Aracaju.

A construção histórica do processo de exclusão e, consequentemente, a periculosidade dos considerados loucos traz reflexões interessantes a respeito da inserção social frente à situação de desproteção e desamparo a que foram submetidos ao longo da história. As mudanças que ocorreram atualmente através de um movimento nacional da Luta Antimanicomial se organizam pela reforma do sistema psiquiátrico, visando ainda hoje corrigir as desvantagens construídas socialmente e um novo estado de direito para o doente mental.

 

 

Referências Bibliográficas

 

Agência Fiocruz de Notícias. Inquérito que ajudou a elaborar Plano Hospitalar Psiquiátrico faz 70 anos. Disponível em: http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1561&sid=5. Acessado em: 05 de julho de 2010.

ARRUDA, Márcia Aragão.  Assistência Psiquiátrica em Sergipe: Do Hospício da Santa Casa de Misericórdia de São Cristóvão ao Adauto Botelho. Aracaju: SOMESE, 2002.

Decreto Federal nº 24.559/1934. Dispõe sobre a assistência e proteção à pessoa e aos bens dos psicopatas. Disponível em: http://www.mp.sc.gov.br/portal/site/portal/portal_lista.asp?campo=706. Acessado em: 02 de julho de 2010.

FRAYZE-PEREIRA, João. O que é loucura. 3ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.

GOFFMAN, Erving. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva, 2005.

MACHADO, Roberto et. al. Danação da norma: medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil. Rio de Janeiro: Grall, 1978.

SANTANA, Silvânia de Andrade. Políticas Médicas no governo de Eronides de Carvalho. Monografia do Curso de História. São Cristóvão: UFS, 2003.

SILVA, Mary Cristina Barros e. Repensando os porões da loucura: um estudo sobre o Hospital Colônia de Barbacena. Belo Horizonte: Argvmentvm, 2008.

TUNIS, Silvério; COSTA, Nilton do Rosário. Cidadania e loucura: Políticas de saúde mental no Brasil. Petrropólis: vozes, 1997.

 

Fontes

 

Arquivo Público do Estado de Sergipe. Caixa de Relatório diversos nº 18. Relatório anual do Serviço de Assistência a Psicopatas de Sergipe. 1941.

BARRETO, João De Barros. A Saúde Pública no Brasil. Esta pesquisa foi apresentada ao Exmo. Sr. Ministro da Educação e Saúde Pública.In: Boletín de La Oficina Sanitária Panamericana. Revista Mensual. Año 18, octubre de 1939, n. 10.

CARVALHO, Eronides Ferreira de. Cinco anos de governo 1940.  Aracaju: Imprensa oficial, 1940.

ESTADO DE SERGIPE. Departamento de Propaganda e Divulgação. Semana “Eronides de Carvalho”. Aracaju: Imprensa Oficial, 1939.

ESTADO DE SERGIPE. Diário Oficial do Estado de Sergipe. 1939 -1941.

JORNAL FOLHA DA MANHÃ. 1940

REVISTA DE NEUROBIOLOGIA. Recife. Dezembro de 1940. Nº 3(4).

 

Imagens que podem ser utilizadas:

 

Fonte: jornal Folha da Manhã. Aracaju, 22 de outubro de 1940

 

 

Fonte: Revista de Neurobiologia de 1940.

 

Fonte: Revista de Neurobiologia. Recife. Dezembro de 1940. Nº 3(4).

 

Fonte: Revista de Neurobiologia. Recife. Dezembro de 1940. Nº 3(4).

 

 

 

 

 

[1] Licenciado em História pela UFS. Email: [email protected]

[2] O termo alienado foi retirado do ordenamento jurídico, que passou a referir-se somente a psicopata, considerada uma denominação mais ampla. Decreto 24.559, de 3 de julho de 1934.

[3] É interessante ressaltar sua formação médica com especialidade em Psiquiatria. Formado pela Faculdade Medicina da Bahia, fez estágio no Hospital Juliano Moreira. Sua tese foi Do ópio em therapeutica mental. Bahia, 1917. Governa o Estado de 1935-1941. Sobre Eronides de Carvalho consulte a monografia: Políticas Médicas no governo de Eronides de Carvalho, de Silvânia de Andrade Santana. Curso de História. São Cristóvão: UFS, 2003.

[4] Hospital-Colônia, segundo Silva (2008, p. 32), era local de plantio e também de tratamento. A laborterapia será um tratamento indispensável somente aos pacientes indigentes.

[5] No mesmo discurso (p.27), adiante revela que será constituído de sete pavilhões na zona rural de Aracaju.

[6] Psiquiatra representante de Alagoas no Congresso em Aracaju.

[7] Nasceu em 4 de dezembro de 1862 e faleceu em 17 de julho de 1906. Foi médico legista, psiquiatra, professor e antropólogo. Ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Nina_Rodrigues.

[8] Sergipano natural de Laranjeiras. Médico Psiquiatra tendo sua carreira ligada a causa dos doentes mentais. O pavilhão com o seu nome foi uma homenagem do Serviço de Assistência a Psicopatas de Sergipe. Faleceu em 1938. (ARRUDA, 2002, p. 31).

[9] Em homenagem ao Psiquiatra Pernambucano que morreu prematuramente.

[10] Nasceu em 30 de abril de 1857 e faleceu em 15 de julho de1939. Foi um psiquiatra suíço notável pelas suas contribuições para o entendimento da esquizofrenia. Ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Eugen_Bleuler.

[11] Nascido em 6 de maio de 1856 e faleceu em 23 de setembro de 1939. Foi um médico neurologista, fundador da psicanálise. Ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sigmund_Freud.

[12] Foi um dos pioneiros da psiquiatria brasileira. Baiano nascido em 6 de janeiro de 1873 e faleceu em 1932. Ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Juliano_Moreira.

[13] Jean-Baptiste Pussin (1746-1811). Foi reconhecido como tendo estabelecido tratamento mais humano dos pacientes com transtornos mentais. Ver: http://en.wikipedia.org/wiki/Jean-Baptiste_Pussin.

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