Agosto de 2020 – Vol. 25 – Nº 8

 Walmor J. Piccinini

 

Resolvi publicar as notícias de falecimento de psiquiatras da primeira geração de psiquiatras pernambucanos. Vamos começar com José Mariz de Moraes e Vicente Gomes de Matos. Recuperando figuras da história que nosso amigo Othon gostava de citar.

 

  1. José Mariz de Moraes (3 de fevereiro e 1911 – 9 de agosto de 1956).

Natural de Pernambuco e falecido no Rio de Janeiro. Psiquiatra e Psicanalista. Fez seus estudos secundários no Colégio Nóbrega. Ingressou na Faculdade de Medicina do Recife em 1928. No 3º. Ano transferiu-se para a Faculdade Nacional de Medicina no Rio de Janeiro onde diplomou-se em 1933. Foi interno da Secção de Psiquiatria da Casa de Saúde Dr. Eiras e dos serviços dos profs. Austregésilo e Henrique Roxo.

Iniciou sua vida profissional no Rio de Janeiro em 1934. Em 1936 transferiu-se para Recife para ocupar o cargo de Diretor do Serviço Aberto de Assistência a Psicopatas de Pernambuco. Nesse mesmo ano foi classificado no Concurso para Assistente efetivo daquela Assistência com uma tese <<Acerca dos problemas da Catatonia>>. A partir de 1939 prestou colaboração profissional na Caixa de Aposentadoria e Pensões de Serviços Urbanos de Recife. Em 1940 prestou concurso para o IAPI e exerceu o cargo de Superintendente Médico Regional. Depois transferiu-se para o Rio de Janeiro como

Superintendente Geral dos Serviços Médicos.

Em 1944 prestou simultaneamente concurso para as docências de Clínica Neurológica e Clínica Psiquiátrica na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, respectivamente com as teses intituladas <<Tônus Muscular>> e <<Bleuler e o problema da Esquizofrenia>> conquistando ambas com brilhantismo. A partir daí, fixou residência no Rio de Janeiro. Foi um dos fundadores do Instituto Brasileiro de Psicanálise. Dedicou-se a psicanálise. Nas vésperas de apresentar seu trabalho para obter reconhecimento pela IPA, faleceu repentinamente.

Dos seus trabalhos podemos destacar.

  1. Hiperpneia provocada na crise epiléptica – Jornal dos Médicos 1933– Rio de Janeiro.
  2. Escola para Anormais. – Jornal dos Médicos- 1934. RJ
  3. A Laborterapia dos Alienados. Jornal dos Médicos 1935- RJ
  4. Perspectivas psiquiátricas de alguns traços totêmico e tabus do indígena brasileiro – Arq. Assist. a Psicopatas de Pernambuco – 1936
  5. Espírito dos Serviços Abertos de Psiquiatria. Jornal do Comercio-Recife 1937.
  6. Interpretacion de las manifestaciones artísticas de los alienados. Revista Mexicana de Psiquiatria, Neurologia e Medicina legal. 1938 (5_; 24 página 19. México.
  7. Demência paralítica e tabo-paralisia geral da infância. Medicina, /Cirurgia e Farmácia. 1938, 25 p.177. Rio de Janeiro.
  8. Esquizofrenia em gêmeos em colaboração com João Marques de Sá. Arquivos Brasileiros de Neuriatria e Psiquiatria. 1938 (21) 1-2.
  9. Classification and Statistics on Psychiatry. The Journal of Nervous and Mental Diseases, 1938 vol.88 (5).
  10. A loucura na hora atual. A Nação – Porto Alegre, 1939
  11. Eczema psicógeno – Medicina, Cirurgia e Farmácia. 1948.
  12. Escritor, deixou uma coletânea de Contos Lagoa Seca e a novela tocata e Fuga.
  13. Nóbrega – o primeiro jesuíta do Brasil em 1940.
  14. Austregésilo – história de um professor de medicina em 1947.
  15. Deixou ainda um ensaio biográfico sobre Alceu de Amoroso Lima e um romance intitulado A Luz de Damasco.
  16. No meu Índice Bibliográfico tenho os seguintes artigos:
  17. Moraes, José Mariz de. Acerca do problema da catatonia. Docência, Tese-Fac.Med. Do Recife.
  18. —. Interpretacion de las manifestaciones artisticas de los alienados. Mexicana De Psiq.Neurol. e Med.Legal. 1938; 5(24):19.
  19.         —. A laborterapia dos alienados. Jornal Dos Médicos, Rio De Janeiro. 1935.
  20.         —. Perspectivas Psiquiátricas de Alguns Rasgos Totêmicos e Tabus do Indígena Brasileiro. Arq. Assist. a Psicopatas De Pernambuco. 1936; 6(1,2):2-37.
  21. —. Rumos psiquiátricos da alma ameríndia. Brás. De Neuriatria e Psiquiatria. 1936; 19(6):6.
  22.     Moraes, José Mariz de e Sá, João Marques de: Esquizofrenia em gêmeos.  Arq. Brás. De Neuriatria e Psiquiatria. 1938; 21(1-2):28-37.

 

 

  1. Vicente Gomes de Matos (14.11.1888 – 31.10.1958)

Falecido em acidente automobilístico quando se dirigia à Colônia de Alienados de Barreiros onde era diretor desde sua fundação em 3.09.1931. estava às vésperas da aposentadoria compulsória por estar às vésperas dos 70 anos, idade da compulsória.

Nasceu em Recife, onde fez seus estudos preparatórios. Transferiu-se para o Rio de Janeiro e formou-se em Medicina em 5.05.1914. Foi companheiro de turma do Professor Ulisses Pernambucano. Ambos foram internos do Hospício Nacional de Alienados. Quando estudante no Rio de Janeiro lecionou física e química no Ginásio de Petrópolis, do qual foi vice-diretor. Voltando a Pernambuco, logo após sua formatura, iniciou clínica na cidade do Cabo, em 19.05.1914 e em seguida em Goiana, Recife e Barreiros.

Exerceu sucessivamente os cargos de Inspetor Sanitário do Estado e de médico do Posto de Higiene de Goiana nos anos de 1914 a 1916. Em 1950 foi nomeado médico do Saneamento Rural. Em 1915, após brilhante concurso para professor da cadeira de história natural da Escola de Farmácia de Pernambuco, sendo classificado em 1º. lugar. Em 1931 o professor Ulisses Pernambucano, naquela época diretor de assistência a psicopatas de Pernambuco, no auge de sua atividade reformadora, idealizava e iniciava uma obra de alta relevância médico-social, a fundação da Colônia de Alienados, destinada a doentes crônicos e a efetivação em nosso meio da terapêutica pelo trabalho e confiava sua direção e organização (3.09.1931) ao Dr. Vicente Matos, dando-lhe todo apoio e prestígio e colaboração, conhecedor que era dos méritos e capacidade desse médico, seu antigo companheiro. Dedicou sua vida a esta atividade. “Veio para a colônia pobre e, ainda mais pobre estava quando morreu”.

“Desapareceu o nobre colega, representante de uma estirpe de homens de elevado gabarito moral que muito rareia em nossos dias e um dos mais brilhantes e experimentados diretores que já teve a Divisão de Assistência a Psicopatas e que tão alto soube elevar o seu nome no conceito científico do Estado e mesmo do País

(Hélio Codeceira).

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