Hilda Morana

Capítulo 1

O Psicopata

Em geral as pessoas sabem quem é o psicopata. É o serial killer, o estuprador, o bandido que mata, mas as pessoas não sabem que os psicopatas incidem de 1 a 3% da população, ou seja, nasce em qualquer lugar do mundo 1 a 3 % de pessoas que são psicopatas. Isso é muito? Ou seja, no mundo onde hoje vivem 7,2 bilhões de pessoas temos pelo menos 70 milhões de psicopatas entre nós. No Brasil onde somos 207.516.998 temos, entre nos 207.517 mil psicopatas.

Costumo comparar a incidência de psicopatia ao vitiligo que também tem uma incidência de 1 a 3 %. Se você já viu no cinema, no teatro, no restaurante, alguém com vitiligo é a mesma chance de ter estado ao lado de um psicopata.

“Só quem tem na família portadores com essa predisposição genética é capaz de avaliar a importância do assunto em questão. Difícil também é encontrar profissionais qualificados na área da saúde mental aptos a formar tal diagnóstico. São anos percorrendo consultórios de psicólogos, terapeutas e psiquiatras, que na maioria das vezes chegam realmente a acusar os pais por esse tipo de comportamento. Ao encontrar um profissional que nos dê esse terrível diagnóstico, a dor é grande, mas é quando chegamos à conclusão de que, se erramos, erramos tentando acertar. E, até chegarmos a esse ponto, muita tristeza e muito dinheiro foram necessários”.

CÉLIA RUIZ, Guarujá, SP

 

O psicopata tem uma alteração do caráter. O caráter nos dá o grau de respeito que temos aos outros, os seres normais gostam uns dos outros, nós gostamos dos outros só porque eles são seres humanos como nos. Dessa forma, conversamos com as pessoas no elevador sem as conhecermos, nas filas e em toda situação de espera. Nós respeitamos as pessoas. Se virmos alguém precisando de ajuda prontamente lhe ajudaremos isto é natural nas pessoas normais de caráter, para nós, normais de caráter é impossível passar por uma pessoa caída na rua, ou que se machucou, ou que está com dificuldade para realizar algo e nos simplesmente ignorarmos esta pessoa, a isso chamado de indiferença afetiva, ou seja, não fomos nós que praticamos aquela maldade, mas simplesmente deixamos de ajudar quem sabemos que precisa. O psicopata, ele não só é insensível aos outros como ele é indiferente, a insensibilidade do psicopata o leva a atos de crueldade. A crueldade pode se manifestar por matar alguém ou prejudicar gravemente outras pessoas então, considerando o caráter como o respeito que temos ao outro.

Existem três formas convencionadas de transtorno do caráter: a primeira delas é o traço anormal de caráter, ou traço disfuncional, nessa condição a pessoa é mentirosa, aproveitadora, não tem muita responsabilidade com a vida, engana, mas consegue manter uma atividade na vida, seja profissional, seja terminar um curso. Todos percebem que o traço anormal de caráter é uma pessoa em que não se pode confiar. Ele trabalha ou estuda com a gente, mas percebemos que ele não é boa pessoa. Mas, como ele consegue de alguma forma trapaceando, mentindo, mas ele consegue manter uma atividade social, ele não é considerado patológico. O segundo nível de alteração de caráter é o transtorno da personalidade, ou defeito da personalidade, ou o que eu chamo de transtorno parcial da personalidade. Esse sujeito já é patológico, ele mente muito entra facilmente em atrito com os outros e não consegue ter uma vida social normal, ele consegue trabalhar por curtos períodos. Só vai terminar um curso se alguém o ajudar, não vai conseguir manter uma família ou uma roda de amigos. Os transtornos da personalidade incidem de 7 a 15% da população. (1). Por isso temos a ideia de que vivemos numa sociedade de pessoas ruins, porque até 15% da população pode ter um transtorno da personalidade. A pessoas costumam dizer “tenho mais dó de cachorro abandonado do que de gente”. A diferença entre o traço disfuncional e o defeito de caráter é quantitativo. É uma questão de intensidade do comprometimento. O terceiro nível de alteração do caráter é a psicopatia, ou também chamado de transtorno global da personalidade. A diferença entre transtorno da personalidade e psicopatia é que o psicopata é cruel, portanto completamente insensível ao outro. O outro só existe pra ele, não como ser humano, mas como meio para ele conseguir os seu propósitos egoístas, dessa forma o psicopata não tem amigos, não ama, mas é extremamente sedutor, ele estuda a sua vítima e passa a fazer tudo por ela, ele busca saber do que ela gosta, do que ela precisa e prontamente aparece com o objeto ou a solução para a pessoa que ele escolheu como vítima, ele trata esta pessoa muito bem e a pessoa vítima do psicopata pensa que teve muita sorte em conhecer alguém que é tão gentil consigo. E, assim o psicopata vai agindo fazendo tudo pra pessoa tratando a muito bem até que um dia ele pede a ela o carro emprestado, dinheiro ou algo que a pessoa tenha e a pessoa vitima já está tão habituada ao psicopata que ela lhe entrega o bem requerido sem desconfiar de que é o início do seu calvário, o psicopata vai começar exigir coisas dela, se aproveitando dela e quando ela reclamar de algo o psicopata vai mostrar sua face negra, vai passar a ameaçá-la, a desprezá-la e fazer com que ela faça tudo que ele quiser. E isso não tem fim, a pessoa que se envolve com um psicopata, porque este lhe tratava muito bem, terá uma encrenca para o resto da vida, além de ficar pobre porque o psicopata vai lhe tomar todos os seus bens. Não adianta reclamar para ninguém de que está sendo vítima de um psicopata, não existe nenhuma lei no país que lhe proteja. É muito comum as pessoas casarem com psicopatas e na maioria das vezes elas casam com os psicopatas por que além deles lhe tratarem muito bem eles fazem sexo de uma maneira excepcional e as pessoas acham que tiveram muita sorte em conhecer alguém sexualmente tão ativo. O psicopata faz sexo intenso por que ele está em busca de um prazer máximo neste ato, ele não se preocupa com o parceiro ou com a parceira. Houve um paciente meu que me disse: “Dra. eu casei com ela porque o sexo era ótimo, ela até me propunha coisas que eu nem aceitava fazer de tão intensas que era”. Enfim, transar bem é coisa de psicopata! Ai, eles tem filhos e depois do nascimento destes filhos é que a pessoa vai perceber que está casada com um psicopata, vai tentar se separar dele e pedir a guarda do filho, mas não existe nenhuma lei no Brasil que aceita tirar a guarda do cônjuge por ele ser psicopata, o psicopata vai maltratar o filho e usá-lo como moeda de troca, o filho vai querer morar como o cônjuge não psicopata e não vai conseguir causando ainda maior sofrimento no cônjuge não psicopata e, como eles são muito sedutores eles conseguem convencer advogados, promotores e juízes de que são excelentes pessoas, bons pais e que o cônjuge é que é o monstro da história. Muitas mães quando o marido ou companheiro sai de casa para se vingar deles elas matam o filho e vão a delegacia sujas com as roupas rasgadas dizendo ao delegado que foram assaltadas e que mataram o seu filho, quando na verdade foram elas próprias que mataram seus filhos. Um caso em particular me comoveu muito, era o caso de uma moça cujo companheiro saiu de casa e ela tinha um bebe que ainda usava fralda, deveria ter menos de um ano de idade, ela vai no shopping e alimenta o bebe, troca sua fralda, passeia com o bebe pelo shopping até que decide levá-lo para um terreno baldio perto do shopping e com uns pedaços de lata que ela encontrou no terreno, ela furou o bebe várias vezes. Daí ela se desalinha, se suja e vai na delegacia e diz para o delegado que foi assaltada e que pegaram o seu bebe, o delegado percebendo que ela mentia, faz com que ela confesse aonde ela tinha deixado o bebe, o delegado manda os policiais no terreno baldio que encontram o bebe vivo, mas comido por ratos e veio a falecer. Esta é uma psicopata. Há também vários casos de mães que se separam e quando ficam sabendo que seu ex está com outra mulher, ela o acusa de molestar sexualmente o filho nas visitas quinzenais ao pai, elas fazem um processo de abuso sexual de menor ocasionado pelo pai dizendo que a criança chegou em asa com o bumbum vermelho, dizendo que o papai pôs o pipi no bumbum. Imediatamente qualquer juiz suspende a visita do pai que apenas vê seu filho no visitório público junto com outras crianças e na presença de uma assistente social. De 100 casos aonde eu fiz a perícia de mães que alegaram abuso sexual do pai nas visitas quinzenais apenas um caso era verdadeiro, o que acontece é que esses processos são demorados e o pai que só vê a criança a cada 15 dias no vistorio público acaba por formar outra família, ter outros filhos e se desinteressar por aquele. Quem perde é a criança.

A psicopatia é a forma mais grave de transtorno de personalidade, são os casos em que acabam por cometerem crimes violentos.

A diferença entre defeito do caráter e psicopatia é qualitativa. O Psicopata é cruel, tem uma crueldade fortuita, apenas porque é da sua natureza ser insensível ao outro.

As pessoas têm que começar a perceber e se afastar de pessoas com transtorno de personalidade, ou seja, do caráter, elas acham que o sujeito é meio esquisito, meio individualista, meio fechado. Percebem que não é uma pessoa com bons sentimentos para com os outros, mas como estão envolvidas, seja no plano conjugal ou pessoal, acabam relevando certos comportamentos que percebem como anormais. Podem acabar mortas! E, como já dissemos, é muito comum ao sujeito com psicopatia que para seduzir alguém, mostra se muito bonzinho. Costumam presentear com exagero para seduzir a pessoa e a maioria delas se deixa mesmo seduzir por presentes e atenção, quando os psicopatas conquistam a confiança de alguém é aí que vem o golpe! E, se a pessoa se opuser ao sujeito vai ver quem de fato ele é.

As vítimas de psicopatas costuma ser as bem boazinhas, as ingênuas, as prestativas, enfim, pessoas boas.

Enfim, o caráter é a maneira como o sujeito expressa as suas disposições afetivas e é evidenciado através do comportamento interpessoal.

Capítulo II

 

Psicopatologia

Os transtornos da personalidade e psicopatia são o grande desafio da psiquiatria, uma vez que a personalidade determina a evolução de todos os quadros mentais além do estilo de vida de cada um.

Anormalidade é imperfeita, há imperfeições humanas que são próprias da condição humana, quando imperfeição se manifesta com comportamento antissocial com prejuízo aos outros a sociedade precisa custodiar tais sujeitos.

Existe a ideia comum que a violência sempre esteve presente no ser humano, desde Caim e Abel. A psicologia durante anos buscou um culpado para a questão, sendo o trauma emocional na primeira infância o grande vilão.

Para os filósofos a violência estaria dentro de nós e todos seríamos vítimas e agressores potenciais.

Segundo Sassi e Soares (2001) o córtex pré-frontal sofre intensa maturação e “poda” sináptica durante a infância. Teoricamente, experiências emocionais e estímulos ambientais nesse período seriam capazes de influenciar a neuroarquitetura cortical, com resultado final no volume de substância cinzenta medido na ressonância magnética.

TEICHER, (2002) refere que:

“(…) até o início dos anos 90, profissionais da área de saúde mental acreditavam que as dificuldades emocionais e sociais ocorriam principalmente por meios psicológicos. Os maus tratos na infância eram vistos como causadores do desenvolvimento de mecanismos de defesa intrapsíquicos, responsáveis pelo fracasso do indivíduo na idade adulta. Ou como paralisadores do desenvolvimento psicossocial, mantendo a vítima presa à condição de “criança ferida” (…)”.

Como o abuso infantil ocorre durante o período formativo crítico em que o cérebro está sendo fisicamente esculpido pela experiência, o impacto do extremo estresse poderia, segundo o autor, deixar uma marca indelével em sua estrutura e função. “Tais abusos, induziriam a uma cascata de efeitos moleculares e neurobiológicos, que alterariam de modo irreversível o desenvolvimento neuronal”.

 

Outro aspecto que têm sido relacionados com delinquência é a relação do hábito de fumar durante a gravidez. Esta tem sido objeto de estudos com resultados positivos (BRENNAN, 2002).

 

A pobreza sempre foi um fator etiológico considerado para a questão da criminalidade, principalmente entre a literatura leiga ou jornalística. Contudo hoje é clara a ideia de que a pobreza não gera psicopatia. Contudo a miséria é um campo fértil para a proliferação da violência. Na periferia das grandes cidades, onde a situação social carece de recursos de educação, lazer e cultura, principalmente o jovem, fica mais vulnerável à influência de tráfico de drogas e a serem cooptados pelas organizações criminosas. Daí a importância em se diferenciar os conceitos de criminalidade, violência e psicopatia.

 

Nos países desenvolvidos existem prisões para psicopatas e são prisões perpetuas quando não pena capital (pena de morte) e a prisão é perpetua porque o psicopata tem a natureza de psicopata, ou seja, é da natureza dele e ele não consegue ser diferente, por isso ele vai sempre reincidir em atividade cruel. Cadeias de psicopatas, ao contrário do que as pessoas pensam, é uma cadeia tranquila. Nada acontece. O psicopata, ele é covarde, buscando a vítima frágil. Em uma cadeia de psicopatas eles acabam respeitando uns aos outros formando grupos de afinidade, mas sem nenhuma crueldade porque ali todos são como ele, os diretores de cadeias de psicopatas afirmam que dormem. No Canada muitas cadeias de psicopatas são cuidadas por mulheres normais. A experiência com cadeia de psicopata tivemos em São Paulo com a Unidade Básica de Saúde que foi um projeto da FEBEM, o projeto bancado pela Secretaria da Saúde existe até hoje, o autor entende que psicopata tem que ser muito bem tratado com ambiente familiar e socialmente adequado, por isso construiu nessa unidade básica de saúde, rodeada por muros altos, segurança máxima, mas dentro da unidade existem 6 casas com quadros na parede, geladeira, televisão, computador, internet e pinguim em cima da geladeira, para lá o primeiro habitante dessa unidade foi o assassino da Liana Friedenbach, Roberto Aparecido Alves Cardoso, o Champinha. Esta unidade chegou a abrigar 9 psicopatas que se agruparam em grupos de 3 faziam brincadeiras as vezes de mal gosto com os enfermeiros, mas sem agressão, nunca houve um ato cruel entre eles. Os psicopatas em cadeias próprias se agrupam por afinidade, mas nada fazem de cruel uns com os outros. Ontem, estive na presença do atual diretor do Hospital de Custódia de Franco da rocha. Ele me disse que tinha duas psicopatas na ala de mulheres e que elas agiam assim como descrevi. Elas dividiram as demais detentas e as dominam fazendo com que elas pratiquem atos que não seriam da natureza dela praticar. E que agora entrou mais uma. Durante um período, o colega relatou, (…) “é com um copo com lama, fica turbulento por um período, mas logo a lama se assenta e volta tudo a normalidade”. O que ele quis dizer é que a terceira psicopata fez um acordo com as outras duas e re-dividiram as demais detentas em três grupos.

Tanto pela visão de Rousseau, Freud e Nietsche a infelicidade humana existe devido à restrição individual que a sociedade impõe. Para Augusto Conte o homem só e infeliz quando não consegue integrar socialmente. Para Augusto Comte, a natureza do homem é essencialmente social. Portanto, tanto neurótico quanto psicopático são infelizes. O que mais se aproxima dessas ideias é o marxismo, mas que não deu certo. Ou seja, ou marxismo propunha o mundo ideal através do fim das classes sociais, mas apesar de toda a luta de classes não conseguiu se estabelecer, as classes sociais existem e vão sempre continuar a existir, no positivismo de Augusto Comte vive- se para o outro que pode ser uma pessoa, uma causa social ou coletivo com a pátria. Essa posição difere frontalmente com a psicanálise onde o que importa é o bem-estar de si próprio, o psicopata se auto exclui da sociedade porque ele não consegue formar uma unidade interna socializada.

O psicopata tem uma hostilidade vital (Allonso Fernandez)

A ideia que a violência sempre esteve presente no ser humano vem desde Caim e Abel, as pessoas entendem que há uma entidade do bem e uma entidade do mal. Para os filósofos a violência estaria dentro de nós e que todos seríamos vítimas e agressores em potencial. A psicologia considera que o psicopata é resultado de um trauma emocional.

Existem duas posições doutrinares, a primeira é da tabla rasa (Locke). Refere-se a doutrina do bem Salvaje de J.J. Rousseau, isso leva a esperança de corrigir o indivíduo através da boa influência, a ideia de buscar fora da pessoa os elementos que explicasse seu comportamento e sua desenvoltura vivencial, teve ênfase com as teorias de Rousseau, segundo o que era a sociedade quem corrompia o homem e a teoria constitucional, o sujeito é melhor ou pior de acordo com sua disposição constitucional, essa doutrina estabelece limites na esperança terapêutica. A teoria da tabla rasa refere-se à escola social (extrínseca). Esta afirma que a sociedade é quem produz os psicopatas e faz seus próprios criminosos por não lhes dar os meios educativos e econômicos necessários, a segunda posição (intrínseca) corresponde a escola constitucionalista. Nesta o psicopata tem uma constituição especial, é geneticamente determinado e como consequência pouco se pode fazer.

Capítulo 3

PSICOPATAS CORPORATIVOS

Os sujeitos com Transtornos da Personalidade são vistos pelos leigos como pessoas problemáticas e difíceis ao relacionamento interpessoal. São improdutivos quando considerado o histórico de suas vidas. Eles não toleram chefia lhes dando ordens. Acabam por não conseguirem se estabelecer. Mas, como são muito manipulativos, entram nas firmas mentindo em seu curriculum.  Seduzem os entrevistadores. Após entrarem nas empresas passam a manipular e fazer intrigas. O ambiente fica péssimo. E, assim vão agindo até conseguirem colocar o chefe para fora e assumir o lugar dele. Contudo, por serem incompetentes não ficam muito tempo no cargo de chefia e após uns dois ou três anos acabam tendo que sair. São os chamados psicopatas corporativos. Segundo Babiak e Hare o percentual de psicopatas em companhias é de 3,9% (2)

Eu mesma já fui vítima de uma psicopata corporativa. Ela entrou na firma como médica e através de intrigas e maldizeres conseguiu colocar para fora o superintendente da instituição. Era um chefe muito querido por todos e estava fazendo um excelente serviço na corporação.

Logo ela se tornou a nova superintendente. Daí os colegas com fragilidade de caráter se associaram a ela rapidamente, ficou um grupo, contra o resto do pessoal que não se conformava com as coisas erradas que ela fazia, o ambiente ficou péssimo, ela passou a perseguir alguns colegas, mais ou menos 20 destes e eu era uma delas, uma colega não aguentou a perseguição e acabou por abandonar o serviço depois de 18 anos de função. Uma outra conseguiu aposentadoria por depressão. Um colega que já era depressivo acabou por se matar em função das intrigas e das coisas ruins que ela fazia.

O assim chamado psicopata corporativo prospera rapidamente no caos organizacional em que algumas empresas mergulham quando em processo de fusão e crescimento, neste momento a  administração fica confusa e os psicopatas se aproveitam de tal situação, os estudos em empreses sugeriram que 15% de executivos superiores deturpam seu grau de instrução e um 1/3 de todos os currículos contém informações falsas, o grande estudioso dessas questões é o Dr. Babiak ,disponível para acesso em http//www.lifepsych.com.     O Dr. Babiak refere que uma das características mais comuns dos candidatos dos entrevistados quando se candidatam ao emprego é o de tentar seduzir o entrevistador. Quando já incorporado ao time da empresa o passo seguinte é o de tentar avaliar a utilidade para ele dos vários membros da organização durante a “lua de mel” tipicamente permitida aos novos funcionários. Ele começa por tornar se simpático às pessoas que possuem o poder dentro da organização e outros que possam lhe ser útil e estabelece uma rede de comunicações, o Dr. Babiak refere que durante a etapa de manipulação o psicopata espalha desinformações para enaltecer sua imagem e depreciar os outros, ele é especialista em criar conflitos entre aqueles que poderiam disseminar informações negativas ao seu respeito, neste trabalho ele utiliza um grade arsenal de instrumentos sociais eficazes tais como a persuasão personal apelação e congraçamento de parcerias . Esta etapa é seguida, eventualmente por uma etapa de confrontação durante a qual ele abandona as armas que não lhe são mais uteis passando a tomar providencias para neutralizar os detratores que ele não conseguiu que se associasse a ele, ele realiza isso levantando dúvidas acerca da competência ou honestidade deles.

Os psicopatas melhores sucedidos entram finalmente na fase acidiosa da ascensão durante a qual eles se afastam de pessoas mais acima na hierarquia da empresa e que facilitaram sua ascensão ao poder. Isto parece acontecer em 1/3 dos casos.

Outro estudiosa dos psicopatas corporativos é o Dr. John Clarke que escreve o livro chamado “Trabalhando com Monstros’. Como identificar psicopatas em seu trabalho e como se proteger deles, ele refere neste livro que primeiro o psicopata faz amizade com pessoas que estão no topo para depois perseguir os protegidos do chefe, ele estabelece boa reputação manipulando colegas e roubando trabalhos. Ele também isola a vítima e dá a ela tarefas inatingíveis para critica-la e diminui-la. Um ambiente economicamente em transformação e crescimento é perfeito, isso permite ao psicopata mover se entre empresas rapidamente quando é identificado. Para sobreviver a um líder psicopata é preciso reconhece-lo para evitar ser isolado e ter a reputação destruída. É possível conviver com psicopata e não ser atingido. A maioria das pessoas que trabalham com psicopatas não sabem disso, porque eles são muito específicos na escolha de seus alvos e peritos em fazer colegas se sentirem bem.

Danusa Leão em 30 de agosto de 2009 escreve para a Folha de São Paulo artigo intitulado “vivendo de Brasília”. Ela que não é especialista em psicopatia descreve muito bem um psicopata corporativo.

 

Vivendo de Brasília

A simpatia é seu capital, e seu objetivo, um só: fazer negócios. Alguns mais ingênuos entram na dança

É MUITO BOM conhecer pessoas simpáticas; mas se elas forem simpáticas demais, prestativas demais, desconfie, sobretudo no mundo dos negócios. Quem não gosta de ser bem tratado, de ter em volta pessoas que sempre concordam com nossos pontos de vista, que acham graça em tudo que dizemos? Pois fique sabendo que isso é uma profissão e que são exatamente estas as pessoas mais perigosas. Esse é o caminho mais curto para chegar à nossa intimidade e conquistar nossa confiança, e se você ocupa algum cargo poderoso, todo cuidado é pouco. Essas pessoas têm talento para serem agradabilíssimas, estão sempre prontas a fazer pequenos favores, apresentar alguém a outro alguém, e um dia vão pedir alguma coisa que você vai ter dificuldade em negar. Às vezes, uma pequena (aparentemente) informação para eles é mais importante do que um cheque em branco.

Os homens corretos -em seu trabalho e diante da vida- podem ser discretamente simpáticos, mas nunca passam da conta, porque não vivem disso; já esses outros têm, como profissão, um grande charme pessoal e total disponibilidade para estarem nos lugares certos, nas horas certas, para encontrarem as pessoas certas. Eles sabem exatamente que lugares são esses, e as pessoas que interessam. São adoráveis; com eles não há um só minuto de tédio, e estão sempre prontos a conseguir qualquer coisa de que você precise. De um twister que ainda não existe no mercado a qualquer aproximação que você queira, seja com um homem de negócios ou com uma gatinha; tudo isso rindo muito e prontos a dizer, se pegar mal, que estavam apenas brincando. A simpatia é seu capital, e seu objetivo, um só: fazer negócios. Bons negócios

Alguns mais ingênuos entram na dança, e às vezes, inocentemente, facilitam que esses negócios aconteçam. Negócios que, claro, não têm nada a ver com trabalho honesto, é um toma lá dá cá. Eles são perigosos, e quanto mais simpáticos, mais perigosos.
Nunca, em nenhum momento, pensam no país, nem de onde está vindo o dinheiro que conseguiram numa “tacada”. São nefastos à sociedade de um modo geral, e não porque sejam imorais. São piores, porque são totalmente amorais, e também muito espertos: não deixam rastros por onde passam e têm sempre uma corte em volta, que eles alimentam com pequenos favores. E são capazes de qualquer coisa, por exemplo, namorar uma mulher que não tem nada a ver com eles, mas que tem uma posição que poderá ser de grande utilidade em algum momento. Mulher carente, como se sabe, faz qualquer coisa pelo homem que a saiba levar, e é até covardia chegar perto de uma delas. Os chamados homens de bem que se cuidem; esses são extremamente destrutivos, mas conseguem fazer amigos com facilidade. Amigos geralmente com pouca experiência de vida e que conhecem pouco o ser humano. Se tomassem informações, saberiam, mas quem tem tempo para isso nos dias de hoje? Essas pessoas geralmente não bebem, nem fumam, o que causa sempre uma boa impressão. Mas é só ficar atento para perceber o mal que são capazes de fazer. Esse tipo de gente costuma ir muito a Brasília.

Robert Hare teve o mérito de idealizar um constructo seguro para identificar psicopatas em ambiente forense. A reincidência e versatilidade ao crime, os caracteres estruturais da personalidade e os estereótipos comportamentais, etc, estão resumidos neste constructo. Ele também, junto com seus colaboradores, teve o mérito de observar que os psicopatas não estão somente envolvidos com a ralé do crime, mas podem ser encontrados também nas instituições (grandes empresas, câmaras e senados, universidades, etc) e chamou-os de “psicopatas institucionais”. Constatou também que estes têm um fascínio tremendo pelo poder, e quanto mais competitivo for a instituição, na razão direta do seu prestígio e poder, maior a atração exercida, como se fossem imãs de psicopatas.

E por mais que um destes tente parecer sério, honesto, mobilizando muitos com seu carisma floreado de mentiras, mas cedo ou mais tarde se traem, não pela mentira, instituição universal, mas pelos caracteres, como que se uma brecha da personalidade se abrisse e deixasse vazar a essência que se espalha com um intenso e malcheiroso odor nos ambientes por onde passa ou vive. Assim é que um medíocre personagem da república, repudia todo as evidências contra ele, defendendo-se em nome de um passado de gloriosas lutas e resistência, de chefe militar cubano organizando a libertação dos oprimidos, como se fora ele – e somente ele – o salvador da pátria, o messias das esquerdas. Ora, quem é ele, quem o conhece, quem sabe desse passado tão evidentemente mitômano? Ao mesmo tempo que alardeia uma mentira que de tanto repetir acredita ser verdade – ou, pior, que o povo o segue -, arvora-se em destruir um partido que busca honestamente retornar às suas bases e à sua ideologia original, dando um golpe de tornar-se seu “comandante supremo” e restaurar toda a mentira que é o lastro de sua vida, assim como da camarilha com a qual partilha toda essa vergonha nacional.

Psicopatas se unem para somar as vantagens, mas depois de atingido o objetivo, o extremo narcisismo põe um em luta contra o outro, luta suja, dissimulada, sórdida, violenta, que objetiva o poder parasitário. Está tudo aí, agora eles se chifram. E nós temos de “engolir” tudo isso, mesmo sabendo que o lugar de todos eles, é na cadeia. Sem direito a sursis.

 

Com relativa frequência os psicopatas de forma geral se envolvem em processos judicias sejam cíveis ou penais. Culpam os outros pelo seu insucesso. Aqui um diferencial importante com a neurose, o neurótico culpa a si mesmo pelos insucessos de sua vida. Assim costumo referir se “Eu sei que eu é que sou o problema, mas não consigo me controlar, eu sei que sou esquisito, medroso, ansioso, mas eu sou assim, ninguém tem culpa”. Já o sujeito com psicopatia está sempre a culpar os outros pelo seu insucesso e desavenças.

Psicopatas não tem escrúpulo no sentido de obstáculo da consciência “escrupulum” em Latim significa pedrinha ou pedregulho, sendo um diminutivo de “escropum” (rochedo).

Quando o grau de insensibilidade aos outros atinge certo nível o TP assume o feitio de Psicopatia. Tais sujeitos com frequência se envolvem em crimes e/ou grave dano a alguém.

 

Capítulo 4

SOCIABILIDADE

O trabalho em equipe pode ser o elemento que diferenciou os humanos dos demais animais e levou ao desenvolvimento de um cérebro tão grande segundo um estudo publicado pela revista “Proceedings of the British Royal Society”. Em comparação com de seus antecessores homelidio o cérebro do homo sapiens pode ser visto como de um gigante. Segundo pesquisadores irlandeses e escoceses, a resposta pode ser bem simples para sobreviver o ser humano precisou cooperar com seus semelhantes e, portanto, precisou s dotar de um cérebro suficientemente grande para navegar na complexidade das relações sociais, segundo eles o trabalho em equipe e a potência cerebral estimulam uns aos outros. “A mudança para as sociedades mais cooperativas, mais complexas, pode levar à evolução de um cérebro maior”. Então o caráter se desenvolve através dos sentimentos mais diferenciados que chamamos de sociabilidade, as funções das individualidades e da sociabilidade devem estar integradas, a integração se deve ao amadurecimento psicológico. Segundo Brahma Kumaris a maturidade é o poder de controlar a raiva e de resolver problemas se violência e destruição, maturidade é paciência, é disposição de abrir mão de um prazer imediato com vistas a uma vantagem a longo prazo, maturidade é perseverança. É empenhar se fundo em um trabalho a despeito da oposição dos contratempos desalentadores, maturidade é abnegação é atender as necessidades alheias. Maturidade é a capacidade de enfrentar o desagradável e a decepção sem se tornar amargo.

A sociabilidade é o nosso melhor atributo, nos faz ter vontade de seguir em frente com nossos projetos nos sacrificar nos por aquilo em que acreditamos, nos solidarizar-nos por pessoas, grupos e causas sócias, enfim, é o que dá sentido à nossa existência e nos torna humanos, o sujeito com defeito nas funções da sociabilidade vive apenas para satisfazer as suas próprias necessidades, faz de tudo para que os outros apenas se preocupem consigo mesmo e, como nem sempre conseguem alguém para injuriar, muitas vezes sentem a vida vazia e sem sentido, justamente pela falta de propósitos que as pessoas de bom caráter tem. Estão certos que o mundo tem a obrigação de lhes atender em tudo que desejarem e como isto nem sempre acontece, apesar de toda a maldade que empregam para atingirem os seus propósitos egoístas, frustram se e a vida lhes parece desinteressante, dessa forma estão frequentemente ameaçando se matar, uma paciente que vinha com a mãe não tomava banho. A mãe me dizia “Dra. Ela quando senta no meu sofá ou na minha cama fica tudo fedido, ai eu pego um paninho com agua e limpo as partes dela, essa paciente tinha 17 anos e era obesa, só tomava banho quando ia para a balada, ai eu lhe disse fulana, você tem 17 anos e não tem sentido a sua mãe ter que passar paninho em você, ao que ela me responde “mais ela é minha mãe e tem a obrigação de fazer tudo que eu quero, ai eu lhe disse não, a sua mãe não tem essa obrigação, ao que ela me respondeu “então eu me mato” o que a mãe faz? Passa paninho. Ela já estava cheia de cortes nos braços em falsas tentativas de suicídio.

Quando o sujeito for muito bem informado nessas funções da sociabilidade eles podem chegar a sumir a sua forma máxima que é conhecida como altruísmo. Doutrina que se resume nos imperativos “viver para outrem” “amar o próximo mais que a ti mesmo”.

Para se fazer o diagnóstico de defeito do caráter é necessária uma história de vida desde o nascimento em busca do tipo de relacionamento interpessoal que o sujeito tem, então é assim, na infância eles são bebes que choram muito deixando os pais enlouquecidos, muitas vezes tem crise de birra quando contrariados em seu querer, já de criancinhas costumam mentir muito e fazer intrigas. Dizem para o pai ou para a mãe que o irmão ou a irmã fez isso ou aquilo, que um tio disse isso ou aquilo, enfim, são hábeis em inventar histórias de forma caluniosa.

54% dos psicopatas são crianças hiperativas. Das crianças em idade escolar 5,2% são hiperativos. Desse universo é que 54% vão sofrer uma síndrome persistente de desatenção, hiperatividade e impulsividade que prejudicam o funcionamento tanto em casa como na escola antes dela completar os 7 anos de idade. 14% apresentam transtorno de conduta e 40% apresentam transtorno de oposição desafiante na infância. Solange Rubim de Pinho (13) fez um trabalho entre os adolescentes cumprindo medidas de privação de liberdade em instituições correcionais, neste trabalho ela encontrou 75% dos sujeitos com transtornos disruptivos e 58% com défice de atenção. Na Holanda outros autores encontraram entre adolescentes cumprindo medida de privação de liberdade os mesmos valores encontrados por Solange Rubim de Pinho. Outro estudo na Bahia realizado com 150 crianças do ensino fundamental a correlação entre hiperatividade e comportamento antissocial foi de 75% (15). Brown Et Al. 2001 encontraram comorbidade com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em 35,2% das crianças com transtornos desafiante opositor e 25,7% com desordem de conduta o que dá um total de 60,9%. A prevalência de transtorno desafiante opositor na população em geral é de 07 a 5,5% e a prevalência de desordem de conduta é de 02 a 2,3%”.

Se o pesquisador perguntar para a mãe:” mãe o seu filho foi hiperativo na infância” a mãe vai responder: “não, não foi, mas se você perguntar se o filho gostava de coisas perigosas a mãe vai responder:” nossa, adorava. Ele adorava andar no telhado da casa e não sentia medo, punha fogo nas coisas por pura curiosidade, maltratava animais também por curiosidade de ver a reação deles”.  Enfim o que queremos dizer é que desde a infância eles têm uma necessidade de estímulos muito grande. Eles adoram um perigo, uma aventura, uma novidade. É deste jeito que funciona a hiperatividade deles.

Um estudo[1] realizado pela Universidade de São Paulo e Universidade de Londres, coordenados por Bilyk e Goodman, analisou 662 meninos e 589 meninas, com idades de 7 e 14 anos, provenientes de 22 escolas públicas e de quatro escolas privadas, todos moradores da cidade de Taubaté, cidade paulista que abriga cerca de 244 mil habitantes, este estudo encontrou prevalência de 7% de transtornos do comportamento entre os alunos, os quais “(…) demonstram intensa agressividade e constante desafio às normas sociais. Provocam brigas, praticam pequenos furtos, enfrentam autoridades, maltratam animais, causam incêndios e utilizam armas”. Verificou-se também, entre outras coisas, que a hiperatividade prevalecia em 1,5% da amostra. “(…) o quadro combina agitação em excesso, dificuldade para se concentrar e atitudes impulsivas”.

 

Quando a criança entra para a primeira escola, para ser alfabetizada, ela está com 6 a 7 anos, quando apresentam transtorno de conduta, verifica-se que elas matam muitas aulas. Todos nos matamos algumas aulas em nossas vidas, mas esse tipo de criança não tolera ficar sentado escutando uma professora falando, eles são hiperativos e preferem jogar futebol, brincar na rua do que assistir aula. O pesquisador deve perguntar o que os professores falavam dele. Eles podem mentir e dizer que os professores o adoravam, mas deve se insistir nesta pergunta. Ainda na primeira escola eles aparecem em casa com coisas que não são deles e a mãe pergunta:” menino onde você arrumou isso” e ele responde:” Ah eu achei” o que a mãe o faz devolver imediatamente porque percebe que ele roubou o objeto. Seja uma caneta, um agasalho ou um brinquedo. Eles costumam ser muito agressivos e daí se queixam de falta de amigos porque as outras crianças evitam de brincar com eles pela violência do seu comportamento e, costumam a mentir muito.

Quando se tornam adolescentes surge a necessidade sexual daí eles tem relações sexuais com vários parceiros, de forma descuidada e são agressivos com os parceiros. Mas na relação sexual eles querem tirar o maior proveito da situação, eles não têm nenhuma inibição e querem sentir o prazer máximo naquela relação. O companheiro ou companheira se acha muito sortudo por ter encontrado um parceiro sexual que é tão ativo, ou seja, um atleta na cama. E normalmente as pessoas se casam com psicopatas por eles serem muito bons no sexo. Depois é que vão perceber a besteira que fizeram. Um paciente meu me disse:” Doutora, eu casei com ela, por que ela era muito intensa no sexo, ela até me propunha coisas que eu não aceitava fazer por achar demais.”

Na vida adulta eles continuam a mentir, são embusteiros, irresponsáveis, extremamente irritáveis, pródigos, e apresentam instabilidade laborativa. Não toleram ordenes de chefia. São extremamente teimosos e argumentam até a exaustão, mas não conseguem ter responsabilidade para um trabalho ou uma vida em família para cuidar de filhos, enfim, para a cidadania de forma geral. Além da insensibilidade aos outros, o que os leva a crueldade eles são totalmente instáveis e incoerentes de ideias e iniciativas. Um colega ficou de refém numa cadeia e assim me contou:” eu estava sentado junto com vários bandidos que me fizeram de refém e eles comentavam que o diretor da cadeia tinha sido bem legal com eles por determinado motivo.” Nesse momento um deles vira e fala:” o diretor não foi tão legal assim, pois ele me empurrou.” Os demais presos então viraram, se levantaram e falaram, então vamos matar o diretor da cadeia. Esse meu colega pensou que estava perdido porque eles não têm nenhuma coerência de ideia e iniciativa e por isso poderia facilmente vir a ser morto por eles, o que felizmente não aconteceu.

 

Capítulo 5

 

Aspectos neurológicos

 

“O psiquiatra britânico Adrian Raine, da Universidade da Pensilvânia, já dedicou mais de 30 anos de sua vida a tentar entender o cérebro dos criminosos. Em seus estudos, ele analisa desde crianças para saber como o comportamento se desenvolve, até presos em cadeias de segurança máxima”

“Adrian Raine, da Universidade da Pensilvânia, por exemplo, defende que mães com má nutrição que bebem ou fumam durante a gestação têm o dobro de chances de gerar um filho violento. Ele também participou de uma pesquisa realizada na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, na qual a propensão à violência foi relacionada à baixa frequência cardíaca.

Para o pesquisador, os estudos têm demonstrado que é possível reduzir a criminalidade oferecendo atividades físicas e melhor alimentação (a ingestão de ômega 3 é destaca por ele como essencial). Segundo Raine, o estudo realizado em Pelotas mostrou que fazendo isso com crianças de três a cinco anos, a criminalidade quando elas chegaram aos 23 anos foi reduzida em 34%. “Claro que não estamos solucionando a criminalidade, mas é possível reduzi-la”, diz Raine

Raine, que esteve no Brasil em junho, participando do 14° World Congress on Brain, Behavior and Emotions, em Porto Alegre, sugere que a propensão à violência ocorre pela soma de alterações nas funções cerebrais causadas pela genética –a amígdala dos psicopatas seria até 18% menor do que o normal– e pelo ambiente –como mães que fumam durante a gravidez e má alimentação nos primeiros anos de vida. ” Jornal Folha de São Paulo dia 06 de novembro de 2017. Caderno Ciências

Os lobos frontais criam o cérebro social, combinando emoções, conhecimento, detecção de erros, o corpo, a vontade e um senso autobiográfico de identidade. Circuitos especiais contendo células comunicadoras parecem transmitir mensagens -sinto que isso é certo, sinto que isso é errado- ao restante do cérebro (Ricardo de Oliveira Souza).

 

 

As pesquisas referentes a achados neurológicos baseiam-se mais em estudos com sujeitos que cometeram crimes violento como também com sujeitos portadores de transtorno antissocial, do que com psicopatas, segundo definição precisa.

Contudo similaridades de comportamentos entre psicopatas, sem evidências de lesão cerebral e pacientes com dano no córtex pré-frontal que apresentam comportamento pseudo-psicopático são referidos em diversos estudos. Sabe-se hoje que distúrbios na região citada podem modificar radicalmente o comportamento do adulto, e que a disfunção do lobo frontal pode contribuir para o comportamento criminoso. (The Executive Brain: Frontal Lobes and the Civilized Mind by Elkhonon Goldberg. Oxford, University Press).

 

 

Imagens funcionais do cérebro, tais como aquelas produzidas por PET (pósitron emission tomography) têm sido usadas para corroborar a existência de déficit funcionais no lobo frontal em psicopatas.

Desde 1858 com o célebre caso de Phineas Gage, um trabalhador de ferrovia, que teve uma lesão na região do córtex pré-frontal ventromedial, provocada por uma barra de ferro e que antes uma pessoa consensual, se tornou agressivo e com comportamento psicopático.

WELT (1888), apud MARIETÁN (1998) observou uma evidente mudança de caráter, consecutivo a traumatismos que produziam lesão dos setores médios da superfície inferior do cérebro frontal, ou seja, da região orbitaria. Refere que um homem anteriormente bondoso y alegre, se tornou, logo depois das lesões, irascível, malvado, perverso e indiferente. A memória não sofreu nenhuma alteração, segundo o autor.

Segundo KLEIST (1931), o psicopata antissocial seria um enfermo orbitário vítima de alguma malformação ou disfunção orbitária ( MARIETÁN. 1998)

RAINE, (1994) descobriu que bebês do sexo masculino que sofreram complicações no parto têm probabilidade três vezes maior de praticar crimes violentos que aqueles que não se expuseram a este fator. Estudou 4.629 bebês dinamarqueses nascidos entre setembro de 1959 e dezembro de 1961. As crianças afetadas representavam apenas 4,5% do grupo, mas praticaram 18% dos crimes violentos da cidade.

RAINE (1994) havia estudado um grupo de 22 sujeitos acusados de assassinato e 22 sujeitos controles de mesmo sexo e idade, através da medida local do consumo de glicose usado em tomografia por emissão de pósitrons, durante a execução de uma tarefa contínua. Os resultados mostraram que os assassinos tiveram significativa redução do metabolismo da glicose em ambos os córtex pré-frontais, lateral e medial, em relação aos controles.

Outro estudo do mesmo autor (RAINE,2000) revelou que pacientes com transtorno antissocial da personalidade e sem evidências de lesão cerebral tiveram uma redução de 11% no volume da substância cinzenta no córtex pré-frontal e reduzida atividade autonômica em resposta ao estresse.

 

As áreas pré-frontais, que atingem no homem o seu máximo desenvolvimento, são áreas cerebrais de maturação mais tardia em relação a outras áreas. Relacionam-se com funções do pensamento abstrato e simbólico. Desempenham papel fundamental na formação de intenções e programas, funções estas relacionadas com o planejamento do futuro. São áreas responsáveis por dirigir a atenção para uma tarefa, bem como na regulação e verificação dos comportamentos humanos mais complexos. Está também, ao que se sabe, associado ao comportamento de recompensa, em suas regiões mediais, modulando o afeto e as emoções, assim como modulando a capacidade de adiar gratificações e a de lidar com as frustrações.  (DALGALARRONDO, 2000).

 

Herpertz e colaboradores (2001) estudaram 25 psicopatas definidos pelo PCL-R, para avaliar as respostas emocionais destes sujeitos. Utilizaram-se de resposta electrodermal, modulação reflexiva e atividade eletromiográfica. Concluíram que os psicopatas são caracterizados por uma pronunciada ausência de respostas de medo aos estímulos aversivos. Além disso os resultados desta pesquisa sugerem, segundo os autores, um defeito em processar a informação afetiva independentemente do estímulo afetivo ser positivo ou negativo. Sugerem ainda que os psicopatas estariam sujeitos a violência por não serem capazes de sentir emoções e desta forma não conterem o impulso violento.

Desta forma, o baixo envolvimento emocional destes sujeitos com os estímulos aversivos, correlacionados ao nível neurológico funcional com baixa captação de glicose nas regiões pré-frontais e aumento de atividade de regiões sub-corticais como amígdala, poderia também se correlacionar com a falta de preocupação com as consequências de seus atos, ou seja, com o fato de poderem vir a ser presos, além é claro, com o fato de não sentirem remorso ou culpa por seus atos.

Vários outros autores fazem referência a incapacidade dos psicopatas em responderem a imagens com apelos emocionais. Desta forma entendemos o porquê destes sujeitos não serem passíveis de recuperação através da orientação psicoagógica e mesmo psicoterápica. É improdutivo dizer ao psicopata que deve ter consideração pelos demais e/ou palavras desta ordem.

Os diversos estudos sobre o funcionamento cerebral de sujeitos com TEP vão ao encontro dos dados neuropsicológicos que indicam a dinâmica de regulação e controle dos impulsos. O circuito envolvido percorre do córtex medial, basolateral, temporal e orbitário, às regiões pré-frontais. São sistemas cerebrais inter-relacionados, aos quais se pode atribuir um papel proeminente no comportamento diferenciado, que envolve senso ético, moderação dos impulsos e ascendência dos sentimentos (LA-PIERRE e cols,1995).

Quanto aos achados neuroquímicos, vários estudos têm demonstrado a deficiência de atividade de neurotransmissores e seus precursores no cérebro de indivíduos considerados psicopatas. O mesmo ocorre em sujeitos que cometeram crimes violentos e com descontroles impulsivos.

Best e colaboradores (2002), sugerem que pacientes com transtorno explosivo intermitente da personalidade, cuja característica é agressão por impulso, poderiam ter níveis reduzidos de atividade serotoninérgica do circuito córtex pré-frontal orbital/medial.

Cocarro e colaboradores (1997) em estudos com PET scan têm demonstrado que indivíduos com transtorno explosivo intermitente da personalidade apresentam menor atividade da serotonina no córtex fronto-orbitário do que em controles. Verificaram que no líquor, níveis de vasopressina aparecem positivamente relacionados com impulso agressivo, enquanto ocorre uma relação inversa entre a ação da serotonina e vasopressina.

Alm e colaboradores (1996) notaram baixos níveis da atividade da enzima MAO (monoaminooxidase) em sujeitos bem ajustados e criativos e em sujeitos não criminosos. Especularam que a redução da atividade da MAO poderia estar ligada a traços de personalidade assim como “busca de sensação” e impulsividade, mais do que diretamente à criminalidade. Ressaltam que outros estudos, contudo demonstraram haver evidência de redução da MAO em sujeitos com estilo de vida psicopático ou anti-social.

McBurnett (2000) encontrou baixo nível de cortisol salivar associado com precoce e persistente agressividade em crianças de 7 a 12 anos.

Stone (1999) concluiu, depois de analisar diversas pesquisas neurofisiológicas, que:

”(…) À medida que os níveis de serotonina diminuem, a agressividade normal transforma-se em destemor ou “coragem” incomum, ou seja, em impulsividade e agressividade anormais com tendências violentas” Nessa extremidade do continuum, existem implicações forenses, uma vez que pessoas exibindo esses baixos níveis de serotonina têm maior risco para envolvimento em problemas com a lei ”.

A testosterona salivar foi também implicada na criminalidade. BANKS (1996), verificou em um estudo comparativo que a dosagem de testosterona salivar foi maior para o grupo de delinquentes do que para estudantes que não apresentaram antecedentes de delinquência.

Resumindo, verifica-se uma correlação entre diversos agentes neuroquímicos com comportamento de violência, agressividade, impulsividade. Contudo, nenhuma destas tendências configura um quadro específico de TEP. Tais fatores não são determinantes dos TEP, apenas buscam correlacionar achados neurobiológicos que ocorrem em sujeitos mais ou menos excitáveis, ativos, ou que apresentem comportamento disruptivo.

 

Capítulo 6 – Genética

A genética determina a estruturação orgânica e a constituição mental através da interação entre organismo e ambiente. Os determinantes do comportamento dependem da gênese orgânica e do estímulo do meio exterior. É possível concluir que muito do que é relativo à atividade mental, decorre da epigênese.

É simplista, desse modo, atribuir processos mentais psicológicos e psicopatológicos exclusivamente à genética ou às condições do meio.

Nenhum transtorno mental é genético, a não ser indiretamente.

Ainda assim, as investigações da genética levam a conclusões bem fundamentadas sobre a predisposição genética aos transtornos mentais.

Não propriamente como herança, em sentido estrito, ou seja, como hereditariedade determinada. Porém, seguramente como agregação familial, ou seja, incidência e prevalência maior em determinadas linhagens sanguíneas. Em outras palavras, como vulnerabilidade maior a determinados transtornos.

(Ruy Mendes)

A biologia e a genética molecular vêm tendo crescente importância para o entendimento e o tratamento dos pacientes com transtornos mentais. Contudo, até hoje, não foi possível encontrar genes específicos para qualquer um dos transtornos mentais.

Devemos reconhecer que ninguém pode ser completamente entendido, sem que se leve em conta o ambiente no qual vive, seu valor social e cultural.

Quando os filhos saem de casa e entram na universidade ou no trabalho, a interferência dos pais começa a enfraquecer. Nesse ponto, temos de tomar as nossas próprias decisões e a biologia passa a falar mais alto. Em suma: sejamos crentes ou céticos, a “culpa”, em grande parte, é da nossa genética.

Enquanto criança o cérebro dos pais funciona por elas. Já os adultos têm de tomar decisões e assumir responsabilidades sozinhos.

Os genes não são destinos fixos de tendências, são apenas fronteiras da constituição.

A psiquiatria até o momento não encontrou um modelo que represente a expressão fenotípica de cada sujeito. A solução para isto tem sido o uso do conceito de espectro. Sabe-se que o mesmo gene pode predispor o mesmo indivíduo a uma variedade de expressões de um mesmo espectro tornando-se difícil limitar cada expressão patogênica a uma determinação genética. Ou seja, conforme a interação ambiental, mesmo o sujeito apresentando um gene determinante pode não vir a expressar o transtorno mental previsível, ou expressá-lo em um amplo espectro de configurações clínicas.

Hoje se sabe que sistemas complexos têm propriedades de auto-organização que independe de qualquer programação prévia, seja ela genética ou de outra ordem, ou seja, forma-se segundo a dinâmica do processo em fluxo. O cérebro, p. ex., na dinâmica de seus fluxos neuroquímicos e circuitais, formam atratores, zonas de ordem, de estabilidade assintótica (ou creodos, como chamava Waddington, quem introduziu esta palavra em biologia, no seu livro sobre embriogênese, 1947). Justamente essas tendências estáveis predeterminam os modelos de linguagem, de semântica, de memória, para não falar em outra coisa mais no campo orgânico. Há, portanto, uma tendência a organizar informação complexa que emerge da própria dinâmica do sistema, particularmente naqueles em que o processamento é distribuído em paralelo, com em redes neurais. (PORTELA)

 

Verifica-se que sujeitos com sintomas de um mesmo espectro respondem a tratamentos de forma semelhante. Antigamente esta questão era estudada por ciclos heredológicos tais quais o ciclo heredológico da epilepsia, o das doenças afetivas e o das esquizofrenias.

Um modelo categorial limita-se a relacionar sintomas comuns a uma determinada expressão psicopatológica. Para o estudo dos transtornos da personalidade, o modelo não categórico no qual se utiliza o conceito de espectro atende melhor à realidade da expressão fenotípica. Desta orientação surge a proposta dimensional que estabelece um contínuo de polos opostos de manifestação.

Eric Hollander, 1990, propõe um esquema que se tornou clássico para a proposta dimensional. Propõe contínuo de polos opostos entre comportamentos mais compulsivos e outros mais impulsivos (ver figura). No polo compulsivo as patologias relacionadas mostrariam uma maior rigidez do sujeito acometido de forma a apresentar comportamentos repetitivos ou ideias prevalentes que teriam objetivo de aliviar a ansiedade que a rigidez de propósitos os impõe. Nesse sentido têm aversão ao risco no entender de Hollander. Ou seja, a expressão genética nestas patologias contém o indivíduo de forma a se alto proteger a todo custo, não correndo nenhuma possibilidade de risco, em sua forma de ser.

No polo oposto, Hollander relaciona as patologias de caráter impulsivo, aonde correr riscos é o que excita e atrai. Nessas condições que encontramos os transtornos da personalidade.

Resumindo, na compulsão ocorre uma preocupação exagerada com os danos possíveis e no polo oposto, a impulsividade, o sujeito se preocupa muito pouco com o dano que pode causar a si e aos outros. O interessante ainda é que como são condições patológicas de um mesmo espectro, ambos os sintomas podem coexistir.

Pode-se dizer que a disfunção é genética e tem um forte coeficiente de hereditariedade, desde que se entenda que os genes não são responsáveis pelo transtorno, mas pela predisposição. O sujeito herda a suscetibilidade.

http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=26573

periódico Journal of Neuroscience, da Sociedade para Neurociência dos EUA, o artigo do pesquisador brasileiro Stevens Kastrup Rehen, do Instituto de Pesquisas Scripps, leva a ciência a uma nova percepção sobre o cérebro

Estudo liderado pelo cientista demonstrou pela primeira vez a existência de células aneuplóides – com um número alterado de cromossomos – no cérebro de pessoas normais e sem qualquer indício de doença neurológica. A descoberta derruba um dogma. Até hoje, sempre se acreditou que todas as células do sangue e de outros tecidos tivessem 46 cromossomos e que apenas indivíduos portadores de anomalias como síndrome de Down ou câncer possuíssem células aneuplóides no cérebro. Os resultados da pesquisa de Rehen indicam que nem todas as células têm exatamente o número determinado de cromossomos.

A aneuploidia – alteração no número de cromossomos caracterizada por um exemplar extra ou inexistente – foi descrita pela primeira vez em tumores pelo biólogo alemão Theodor Boveri, em 1914, e desde então vem sendo estudada nesse contexto.

O cientista brasileiro é o primeiro a descrever a alteração no cérebro humano normal. Em 2001, ele havia identificado a existência de células aneuplóides no cérebro normal de camundongos. No novo estudo, Rehen e sua equipe, do Depto. de Biologia Molecular do instituto californiano, quantificaram 9 mil células de pacientes humanos entre 2 e 86 anos. De forma bastante resumida, essa descoberta revela que o cérebro humano é muito mais complexo do que imaginávamos. Nele, células com diferentes números de cromossomos expressam de forma distinta suas proteínas e reagem também diversamente a um mesmo estímulo. Poderíamos comparar o cérebro a uma sala repleta de computadores, onde cada neurônio é uma determinada máquina. Inicialmente, imaginávamos que todo e qualquer computador numa mesma sala fosse construído com as mesmas peças. Entretanto, tendo como base os resultados sobre aneuploidia no cérebro humano, fica claro que não é bem assim. Cada computador – ou grupo de computadores – tem sua própria individualidade. Poderíamos imaginar uma sala onde coexistissem Macs e PCs, com diferentes velocidades e capacidade de armazenamento. Sendo assim, numa sala com computadores diferentes é muito mais difícil prever a resposta a um determinado problema. É como se tivéssemos descoberto que computadores podem conter processadores e peças distintas, variando sua distribuição em diferentes salas. A aneuploidia no cérebro pode ocorrer em qualquer cromossomo – há 23 pares! – e temos indícios que seja esse realmente o caso. Podemos, portanto, sugerir que a combinação de perdas e ganhos dos mais diversos cromossomos caracterizariam tipos distintos de neurônios.

Como o processo de perdas e ganhos de cromossomos pode ajudar a ciência no futuro?

– Essa descoberta poderá ajudar a compreender o porquê de os neurônios serem tão distintos entre si. Poderá ainda contribuir na compreensão de diferenças de comportamento ou de suscetibilidade a doenças. No sistema imunológico, a diversidade celular – e geração de anticorpos, no caso – é consequência da recombinação entre alguns genes específicos. Talvez no cérebro essa diversidade celular seja consequência da perda e ganho de cromossomos. É o que acreditamos.

Outra informação divulgada em seu artigo é a detecção, nos cérebros estudados – de pessoas normais –, de células com três cópias do cromossomo 21. Essa não é uma característica dos portadores da síndrome de Down, também conhecida como trissomia do 21?
– Nosso estudo indica que pessoas normais podem apresentar um número pequeno, mas significativo de células com três cópias do cromossomo 21. Essas mesmas células, quando presentes em grande quantidade, caracterizam a síndrome de Down. Cabe ressaltar que a síndrome ‘clássica’ ocorre quando 100% das células no corpo do indivíduo possuem três cópias para o cromossomo 21, mas há ainda variações conhecidas como ‘síndrome de Down em mosaico’. Nesses casos, o indivíduo pode ter 70% de células com três cópias do 21 e 30% das células com duas cópias ou gradações dessa distribuição. O interessante é que, quanto maior o número de células diploides – e menor o número de células trissômicas –, mais brandos são os sintomas da síndrome de Down.  Em seu trabalho está sugerido que a presença dessas células alteradas pode estar também relacionada à origem de tumores no cérebro e até mesmo ao mal de Alzheimer.

Nessa hipótese de trabalho atual é que o mal de Alzheimer é a consequência da presença de um número significativo de células trissômicas, restritas ao cérebro – ou a qualquer tecido de origem ectodérmica, como a pele – e não suficientes para caracterizar a síndrome de Down – detectável no sangue –, mas capazes de levar ao desenvolvimento do Alzheimer.

Por que todo portador da síndrome de Down, a partir de uma certa idade, desenvolve o mal de Alzheimer?

O gene que codifica a proteína precursora de amiloide (APP) está localizado no cromossomo 21. Essa proteína, quando possui determinadas mutações, ou é clivada de forma anormal ou é produzida em excesso. Desse modo, ela contribui para a formação das placas amiloides, característica do mal de Alzheimer. Daí um indivíduo com Down – e excesso de produção da APP causada pela trissomia do 21 – desenvolver inevitavelmente o Alzheimer quando alcança uma determinada idade. Que outras doenças podem estar relacionadas à aneuploidia cerebral? Existe a possibilidade de ela estar associada a doenças como esquizofrenia, lisencefalia [padrão anormal de desenvolvimento do cérebro] ou autismo. Existem 337 genes localizados no cromossomo 21, que é um cromossomo pequeno. Imagine centenas de genes sendo alterados de uma única vez em neurônios diferentes num mesmo cérebro pela perda e ganho de cromossomos.

(Agência Fapesp, 24/3)

Considera-se que o meio sociocultural serviria como maior ou menos repressor da expressão da vulnerabilidade nos Transtornos da Personalidade, de forma geral.

Assim, verifica-se que em sociedades bem estruturadas socialmente, no caso dos transtornos mais graves da personalidade, as psicopatias, os danos sociais advindos da conduta delitiva são menores. O Meio social adequadamente estruturado funcionaria como contentor das disposições antissociais.

Capítulo 7

 

TIPOS DE TRANSTORNO DA PERSONALIDADE

 

Classificação

A CID, em sua décima revisão, descreve oito tipos de transtornos específicos de personalidade: paranoide; esquizoide; antissocial; emocionalmente instável; histriônico; anancástico; ansioso; e dependente.

 

Lembrando que cada um dos transtornos da personalidade descritos pelo CID- 10 podem ser transtornos da personalidade ou como nós chamamos transtornos parciais da personalidade.  Pode ser também psicopatia em sentido estrito, se apresentar a crueldade que é resultado da insensibilidade aos outros. Ou seja, cada transtorno pode ser parcial ou global. Global é psicopata e cada um dos transtornos pode ser somente o transtorno parcial ou ser psicopata que é o transtorno global.

 

1) Transtorno paranoide: predomina a desconfiança, sensibilidade excessiva a contrariedades e o sentimento de estar sempre sendo prejudicado pelos outros; atitudes de auto referência.

 

Se for psicopata paranoide o sujeito passa 20 anos mais ou menos achando que a mulher o trai ou que os vizinhos o perseguem e depois desse tempo faz uma chacina. Ou seja, mata todo mundo da família da esposa ou mata todos os moradores da casa do vizinho, se não for psicopata vai passar a vida reclamando de alguém e se sentindo prejudicado pelos outros.

 

 

2)Transtorno esquizoide: predomina o desapego, ocorre desinteresse pelo contato social, retraimento afetivo, dificuldade em experimentar prazer; tendência à introspecção.

 

O transtorno esquizoide parece não existir na forma de psicopatia, ou seja, nunca ouvi dizer que um transtorno esquizoide matou alguém, mas, o transtorno esquizotípico classificado junto aos transtornos esquizofrênicos podem ser tanto transtorno da personalidade como psicopatas.

 

O transtorno esquizotípico da personalidade é um sujeito parecido com o esquizoide, mas com a característica de excentricidade, os sujeitos gostam de pertencer a grupos secretos. Costumam ser templários ou mesmo maçons. Desde a infância apresentam um comportamento excêntrico, estes podem sim matar alguém.

 

3)Transtorno antissocial: prevalece a indiferença pelos sentimentos alheios, podendo adotar comportamento cruel; desprezo por normas e obrigações; baixa tolerância a frustração e baixo limiar para descarga de atos violentos.

 

A pessoa pode ter simplesmente um transtorno antissocial e não ser psicopata ela é irresponsável, não faz as coisas que a lei exige, mas não apresenta a crueldade como insensibilidade afetiva. Já o psicopata antissocial é o que chamamos de tipo perverso. Este sim é cruel e pratica os crimes mais violentos, são completamente insensíveis aos outros e usam as pessoas apenas para o seu prazer.

 

4)Transtorno emocionalmente instável: marcado por manifestações impulsivas e imprevisíveis. Apresenta dois subtipos:

impulsivo e borderline.

 

O impulsivo é caracterizado pela instabilidade emocional e falta de controle dos

impulsos. Podendo chegar a explosividade. Esta condição faz com que o sujeito se irrite muito facilmente e reaja de forma violenta com agressividade podendo chegar a matar a pessoa.

 

O borderline, por sua vez, além da instabilidade emocional, revela perturbações da autoimagem, com dificuldade em definir suas preferências pessoais, com consequente sentimento de vazio.

 

O tipo borderline é um tipo muito turbulento. Costumo dizer que eles sofrem da patologia do “I”: impulsividade, irritabilidade, instabilidade e intolerância. São insuportáveis. Arrumam encrenca por qualquer coisa.

 

5)Transtorno histriônico: prevalece egocentrismo, a baixa tolerância a frustrações, a teatralidade e a superficialidade. Impera a necessidade de fazer com que todos dirijam a atenção para eles próprios.

 

Num ambulatório de transtorno da personalidade no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas avaliamos que os transtornos histriônicos passam por duas fazes bem nítidas, uma delas é o exagero do egocentrismo e dos transtornos de caráter próprio desta condição. São explosões de raiva, rancor intenso, puerilidade, devaneio e ideias fantasiosas e a tentativa de obter ganho secundário com a condição. Ficam nesse estado exagerado de sintomas por 6 a 7 meses em média, depois ficam um período igual de meses apáticos aonde embora as características do transtorno permaneçam a pessoa não tumultua o ambiente, verificamos que o transtorno histriônico tem um parentesco distante com o transtorno afetivo bipolar.

 

6)Transtorno anancástico: prevalece preocupação com detalhes, a rigidez e a teimosia. Existem pensamentos repetitivos e intrusivos que não alcançam, no entanto, a gravidade de um transtorno obsessivo-compulsivo.

 

Este é um transtorno neurótico da personalidade e não um transtorno de caráter. Nenhum psicopata tem transtorno anancástico porque estes são extremamente preocupados com ordem, com limpeza, com organização das coisas e os psicopatas não se preocupam com estas questões pois vivem para satisfazer a si próprios e não se preocupam com o entorno.

 

7)Transtorno ansioso (ou esquivo): prevalece sensibilidade excessiva a críticas; sentimentos persistentes de tensão e apreensão, com tendência a retraimento social por insegurança de sua capacidade social e/ou profissional.

 

Este também é um transtorno neurótico da personalidade e não de caráter, neste transtorno ansioso a pessoa tem medo de tudo e de todos, só sai de casa depois de tomar um benzodiazepínico pois tem medo do que as pessoas vão lhe falar, do transito, de ser assaltado e do que vai acontecer.

 

8)Transtorno dependente: prevalece astenia do comportamento, carência de determinação e iniciativa, bem como instabilidade de propósitos.

 

Este também é um transtorno neurótico da personalidade, a pessoa é insegura e fica perguntando as pessoas se o que ela fez está bem.

 

Os transtornos neuróticos da personalidade que são: o anancástico, o ansioso e o dependente também causam sérios problemas para a vida dos sujeitos acometidos. Mas, trata se de problema emocional sério adquirido quando ainda não havia se desenvolvido a abstração, ou seja, antes dos 6 anos de idade, os neuróticos precisam de tratamento a vida toda, mas não conseguem resolver a sua condição. Aos 50 e poucos anos quase não saem de casa porque o medo parece aumentar.

 

 

Existem alguns outros tipos de transtorno da personalidade que são muito frequentes, mas que não recebem categorização nas classificações internacionais.

 

TRANSTORNOS ASTENICO DA PERSONALIDADE

São pessoas incapazes de ter iniciativa enquanto são crianças e adolescentes os pais levam essas crianças para a escola, para as festas, para as atividades extraescolares e, dessa forma não percebem a dificuldade de seu filho, p ele tem 17 anos que ele deverá tomar as próprias inciativas como: decidir qual vestibular prestar, qual emprego se candidatar, qual curso fazer aí vem o defeito desta pessoa. Ele não tem inciativa, passa o dia em casa, tocando violando, ou assistindo Tv, ou dormindo e não tem iniciativa para nada, só sai de casa quando os amigos o vem buscar, a mãe fala para o filho: “você tem que procurar um emprego ou você tem que fazer uma faculdade”, mas o filho nada faz eles se tornam totalmente dependentes da família. O astênico precisa que alguém o puxe para alguma atividade, seja ela qual for. E um defeito específico de caráter que afeta a capacidade de empreendimento. Não são responsáveis. Enfim, uma carga para a família, mas pode ser que surja algum projeto que o interesse muito e ele inicia a execução desta atividade, mas quando surge qualquer problema, logo desiste, não sem antes culpar inúmeras situações e pessoas. Daí, até se engajar em novo projeto vai um tempão. Quando os pais resolvem procurar ajuda pata seu filho ele vai receber o diagnóstico de depressão ou síndrome do pânico, uma vez que os psiquiatras não estão atentos ao transtorno astênico.

 

Eu tive um paciente cuja mãe se referiu que desde muito pequeno notou que seu filho tinha dificuldade para levar seus projetos a diante, sempre com várias vontades, querendo muita coisa, mas sem a capacidade de ir atrás do que quer. Não se esforça por saber das condições necessárias para conseguir o que quer. Sempre se esquece das coisas. Aos 18 anos de idade queria fazer vestibular, mas sempre perdia a data de inscrição.

 

As famílias sempre identificam tais tipos de comportamento como preguiça ou vagabundice, as vezes dizem que ele tem um gênio difícil. E fica por isso mesmo.

 

Existe um outro transtorno que se chama transtorno instável da personalidade.

 

TRANSTORNO INSTAVEL DA PERSONALIDADE

 

Estes sujeitos tem a capacidade de ter iniciativa porem lhe faltam a capacidade de manter as atividades que inicia. Nunca termina nada do que faz, nunca termina uma faculdade ou um curso, entra em vários empregos, mas os abandona, não consegue ter uma profissão por causa da instabilidade.

 

Tanto o sujeito astênico como o instável têm em comum o fato de serem pessoas extremamente críticas. Fazem críticas a situação política do país, fazem crítica em relação aos amigos, aos pais companheira ou companheiro. E, são críticas validas a pessoa que o conhece pensa que é um sujeito superprodutivo porque ele faz críticas pertinentes e que, portanto, deve ser uma pessoa muito ativa. Ledo engano. Porque essas pessoas são tão críticas, não sei. É um achado clínico. Talvez uma forma de compensar o que não faz criticando aquilo que os outros fazem. Mas, isso é uma especulação.

 

O DSM-V considera o transtorno de personalidade narcisista, considera que são pessoas arrogantes, orgulhosas e que se acham superiores e mais especiais do que os outros. Passam a impressão de que são metidos, egoístas e antipáticos. Demonstram pouca empatia para com os outros não se importam com os sentimentos alheios e podem ser frios emocionalmente. Quase sempre se acham os melhores, os mais lindos, os mais ricos etc. E, exigem serem atendidos pelos melhores profissionais, sejam eles médicos, professores, advogados por causa do seu sentimento de superioridade. Eles se cuidam em excesso, são muito vaidosos e anseiam por elogios. Os americanos consideram sobre maneira esse tipo de personalidade, mas eu acho que essas características narcísicas são próprias de qualquer transtorno da personalidade, ou seja, transtorno do caráter, não os neríticos. Todos transtornos da personalidade são em si mesmo narcisistas, portanto, não haveria necessidade de ter um transtorno específico.

 

Outro transtorno que o DSM-V traz é o transtorno de personalidade esquiva, são sujeitos excessivamente tímidos com grande ansiedade na vida social sendo que frequentemente carregam um sentimento de inferioridade em relação as outras pessoas. Via de regra, tem uma baixa autoestima e temem serem ridicularizado ou criticado em público. Embora anseiem terem contato íntimo com as pessoas envergonham se e se isolam socialmente, eles podem evitar festas, lugares cheios de pessoas sendo que muitas vezes não tem amigos, esse tipo cai no transtorno ansioso da CID – 10.

 

Capítulo 8

 

VÍTIMAS DE PSICOPATAS

 

Três em cada cinco mulheres são vítimas de um relacionamento abusivo ao longo da vida, segundo levantamento da ONU Mulheres.

Em 2016, a Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180, recebeu mais de um milhão de denúncias em todo o país. Cerca de 65% dos casos de violência física, psicológica e sexual relatados foram praticados por companheiros.

Nas redes sociais, milhares de vítimas recorrem a grupos de apoio para desabafar e encontrar uma saída. “É possível superar uma relação violenta e se abrir novamente ao amor?”, questionam. Algumas que já passaram por isso garantem que sim, apesar de os relatos de superação ainda não serem numerosos

 

As vítimas de psicopatas são extremamente sofridas. Tal sofrimento parece perdurar por muito anos, até que se esvanece, mas fica lá incomodando sempre que o assunto é lembrado. Elas ficam se lembrando da parte boa do relacionamento.

 

É difícil perceber que se está em uma relação abusiva. A pessoa fica confusa, muitas vezes se auto culpando pelo fracasso do relacionamento.

Muitas mulheres “ruminam” durante meses, às vezes anos, as possíveis causas da separação. Elas se sentem angustiadas, deprimidas, fracassadas e, principalmente, culpadas por não terem conseguido manter o relacionamento. “O que eu fiz de errado? O que eu poderia ter feito diferente? E se eu tivesse agido de outra forma?”

Em geral os sintomas são de fragilidade, depressão, elevada baixa-estima, alta ansiedade, muita angústia e bastante culpa e vergonha, por ter se deixado enganar.

Ocorre  uma entrega muito grande em relação ao “parceiro”, onde prevalece uma relação enfatizada, em um formato  Dual  (abusador X abusado) pois parece que esta relação está baseada praticamente na “Paixão”, pois a única coisa que importa é somente o parceiro, que é vivenciada através do :  poder,  manipulação, sedução, envolvimento, controle,  etc., se tornando praticamente cegos com as situações em seu entorno, como se estivesse “vendendo a alma”, pois em troca recebe “proteção, carinho, atenção , amizade”, etc., formando um ciclo para que não se acabe, para que o abusador possa permanecer na situação, enquanto for favorável.

A vítima fica viciada neste relacionamento. Fica todo tempo vigiando o que ele faz no facebook.

 

Quando   o caso é recente o sofrimento é intenso e a vítima parece não se conformar com o fato de ter sido ingênua ao ponto de acreditar nas façanhas do psicopata. Ela se culpa demais por isso! É como se fosse orgulho ferido.

Elas ficam pensando o que poderia ter sido de ele não fosse psicopata. E, o pior: Assim se referem: “eu vejo a vida dele/dela dando certo, com outra pessoa e nada acontece come ele/ela”.

A dinâmica deles, os psicopatas, é sempre a mesma. Em geral não trabalham, ou tem trabalhos irregulares, inconstantes e esporádicos. Eles lhe tratam superbem no começo da relação. Você se acha a pessoa mais sortuda do mundo por ter conhecido alguém tão especial. Eles fazem de tudo para lhe agradar. Afinal quem não é vaidoso…O sexo é fantástico, e superintenso. Com o tempo eles vão lhe pedindo dinheiro, coisas, as quais você tem vergonha de recusar de alguém que faz tudo por você. Mas, ele não lhe devolve ou lhe paga de volta. Ele mente o tempo todo, sempre inventando alguma desculpa ou história. Até que você percebe que não é a única na vida dele e que ele tem outros relacionamentos. Ele a ameaça, diz que vai lhe matar, lhe agride fisicamente.  Eles destroem a vítima por desprezo.

Eles não têm amigos. Invertem as situações a favor deles.

Ocorre um vai e volta no relacionamento até que a vítima desiste de vez.

A vítima se pergunta se está ficando louca. Acha que psicopata não existe.

Talvez a coisa mais difícil de compreender e aceitar, sobre psicopatas é como eles são diferentes do resto de nós

“Mas como ele pôde fazer isso?” “Ele ficava me dizendo quanto ele me amava; como pode isso?” “Ele disse que éramos almas gêmeas; como pode ele simplesmente ir e deixar?” “Como pode ele ser tão frio e calculista?” “Como ele pode me olhar nos olhos e mentir?” (“Ela” substituir por “ele”, se necessário.)

As vítimas precisam de apoio psicológico, psiquiátrico e jurídico

Uma das mais importantes medidas no tratamento da vítima é ela saber que está sendo vítima de um psicopata e o que é um psicopata. Normalmente ela sai procurando na internet até que acha o nosso site ou algum site americano

www.lovefraud.com ou www.vítimas de psicopatas-vidas interrompidas.com

 

Quando uma das áreas da sua vida vai mal, a tendência é “trazer para baixo” as demais.

O tratamento preconizado pelos especialistas é de mindfullness e outras técnicas semelhantes, para lidar com a emoção represada.

 

Como fazer com uma criança que tem um dos pais psicopatas?

Esta criança não entende por que a mãe ou o pai o tratam tão mal e se acham culpadas pelo fato. Tentam, de todas as maneiras agradar os genitores, mas só recebem maus-tratos.

Com dizer para a criança que o pai ou a mãe é psicopata? Ela não vai entender.

O que penso seria o melhor é dizer para esta criança que o pai ou a mãe é pessoa difícil e que ela, a criança não tem culpa de nada. Com mais sou menos 15 anos de idade ela já vai poder entender a condição de psicopatia.

O que vejo acontecer é uma série e adultos que não sabem que seus pais são psicopatas e apresentam sintomas neuróticos graves. Quando finalmente alguém lhes esclarece o fato eles sentem um enorme alívio e as suas vidas se modificam, tornando-se pessoas normais.

Com frequência ocorre a alienação parental dos filhos pelo psicopata. Como lidar com isso.

Primeiro é não perder a calma, o que é muito provável de acontecer.

Deve se insistir em se fazer presente para o filho, mesmo com a rejeição dele. Mande cartas, flores, presentes, tudo o que puder fazer para ele não lhe esquecer.

 

 

O grupo de atendimento às vítimas de psicopatas ocorreu desde 13 de julho de 2017 no CAISM de Vila Mariana. Instituto de Psiquiatria da Santa de São Paulo.

Pacientes:

Eduardo terminou o relacionamento há 1 ano. Soraia Há duas semanas Michelle há 3anos e 3 meses. Todos estão iguais, ou seja, não superaram a dor da separação.

Os principais sintomas destas vítimas são:

Primeiro vem a raiva de ter sido ludibriada por um psicopata. Depois a culpa.     “Como não percebi antes?”

Após a vergonha e logo após a inveja. Surge um forte sentimento de vingança. Depois vem a depressão e ansiedade.

As vítimas se tornam dependentes

 

Nos EUA eles tem três profissionais que atuaram na custódia da criança.

O Advogado melhor indicado para o caso, o Avaliador da custódia que faz contato com a família e verifica qual é o melhor pai ou mãe para custodiar a criança e a o parente coordenador

E ainda têm uma Lei que facilita todo o trabalho do advogado. E o psicopata que for inserido nesta Lei o juiz saberá que é um psicopata.

Americans with Disabilities Act can support you in court.

 

Capítulo 9

PSICOPATA MULHER

  • POR QUE A PORCENTAGEM DE MULHERES PRESAS   É   MENOR?
  • EXISTE MULHER PSICOPATA?

 

Segundo o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), ligado ao Ministério da Justiça, as mulheres representam pouco mais de 4% do total de detentos do país.

A Psicopatia na mulher é igual ao do homem, porém muda o modus operandi

Como a mulher não tem a mesma musculatura do homem a sua capacidade em fazer força é menor.

Daí a necessidade de conseguir alguém para cometer os homicídios para ela.

Para compensar a sua falta de força ele desenvolveu uma habilidade simbólica de falar muito.

Ela consegue manipular um homem, de preferência, e convence-lo a praticar o crime para ela.

 

 

Departamento Penitenciário Nacional voltado para o público feminino -, de junho de 2014, apenas 7% dos estabelecimentos prisionais são exclusivamente femininos, sendo 75% masculinos e 17% mistos, que, em geral, são unidades originalmente masculinas que passam a ter um prédio, ala ou até uma cela reservada especificamente para mulheres.

 

Existem cerca de 27 mil presas no Brasil- a maior parte cumpre pena por tráfico de drogas.

Apenas 9% recebem visita íntima.

O homicídio, uma das principais causas de condenação masculina, significa cerca de 10% do total de crimes femininos.
“Historicamente, ela participa mais como indutora, instigadora, do que propriamente como executora”, diz a criminóloga Ana Paula Zomer, diretora do IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais).

 

 

MODUS OPERANDI

As armas femininas mais comuns são faca, marreta, fogo e veneno; quando usam revólver, normalmente é do pai ou do marido

Evitam o confronto direto: geralmente a vítima é morta quando está dormindo ou com a ajuda de um cúmplice (amante, namorado ou alguém contratado)

 

PERFIL CRIMINOLÓGICO

Não há dados gerais, más os especialistas acreditam que o histórico das 556 detentas da Penitenciária Feminina da Capital seja válido, com possíveis pequenas variações nos percentuais, ao total brasileiro

49% tráfico

26% assalto à mão armada

12% homicídio

9% latrocínio (roubo seguido de morte)

5% sequestro

 

Porque as expressões emocionais dos homens

parecem ser mais na forma de ação. Ou seja, os

homens são mais ativos e as mulheres mais simbólicas.

 

Ruben Cur verificou que:

as mulheres

Apresentam maior metabolismo na região límbico-temporal e no cerebelo;

Se saem melhor nas tarefas verbais;

Fazem uso da meditação simbólica.

os homens

Se saem melhor em serviços motores;

Se expressam mais de maneira instrumental

ENQUANTO AS MULHERES ARGUMENTAM, OS HOMENS USAM A FORÇA

 

Embora tenha existido um número maior de homens entre os assassinos em série do que de mulheres, a presença de seriais killers do sexo feminino é bem documentada nos dados criminais. De fato, aproximadamente 17% de todos os homicídios em série nos Estados Unidos foram cometidos por mulheres. Curiosamente, apenas 10% do total de assassinatos no país são cometidos por mulheres. Portanto, em relação aos homens, mulheres são responsáveis por uma porcentagem maior de assassinatos em série do que de casos de homicídios em geral. Esse é um fato importante e revelador que desafia o entendimento popular sobre esse tipo de crime.

Em média as seriais killers usam para matar o envenenamento (52%), asfixia (7%) e arma de fogo (7%).

A maioria das vítimas eram doo relacionamento das serial-killers. Neste estudo 43,8% mataram seus filhos biológicos. 29,7% mataram seus maridos ou homens com quem se relacionavam.

Os motivos de seus crimes eram por dinheiro, poder, vingança e mesmo por notoriedade e excitação.

 

Há evidências de personalidade disfuncional com características de manipulação, mentiras e insinceridade.

 

Capítulo 10

A violência social é um conceito diferente de psicopatia, a violência social é medida pela desigualdade social do país, ou seja, o Brasil é muito violento porque apenas 10% dos mais ricos concentram 42% da renda do país. O IBGE salientou que numa sociedade totalmente igualitária cada decimo das pessoas com renda deteriam 10% da soma dos rendimentos do país. O Brasil é o decimo país com maior desigualdade de renda no mundo entre 126 nações, o Brasil tem 10% da população com maior rendimento e 90% da população com baixa renda.

Já a criminalidade se deve a fatores diferentes do que a desigualdade social, a criminalidade se deve ao local onde ela ocorre, por exemplo: a criminalidade do Rio de Janeiro é ligada ao tráfico de drogas. Os traficantes moram em cima do morro e a população em baixo, por isso eles tem acesso quando alguém sobe ao morro para lhes incomodar, daí a necessidade Das Unidades De Polícia Pacificadoras terem sido instaladas nos morros do Rio de Janeiro. Em São Paulo a criminalidade varia de lugar para lugar, então no bairro de Diadema existia muito homicídio por alcoolismo, o prefeito foi, fechou os bares as 10 horas da noite e o índice de homicídios na região caiu vertiginosamente. O bairro de Jardim Ângela ocorria muito homicídio de final de semana nos jovens, o prefeito foi e abriu as escolas nos fins de semana propôs oficinas, teatro e atividades para os jovens e dessa forma o nível de homicídios caiu e assim o Brasil saiu de um ranking de homicídios da quinta posição entre os estados brasileiros para vigésima quinta posição.

Psicopatia não tem a ver nem com criminalidade e nem com a violência. A crueldade fortuita do psicopata pode relacionar se a crimes de natureza violenta, mas não
à violência enquanto sentimento de insegurança social.

 

 

Capítulo V – Reincidência Criminal

É da crença de alguns, inclusive entre profissionais da área da saúde mental, que todos os seres humanos podem ser reabilitados. Ideias como: “é preciso acreditar no ser humano” ou “no fundo todos nascem bons”, não se confirmam nos estudos da personalidade de sujeitos que cometeram crimes, principalmente nos crimes contra pessoas. Tais sujeitos não nascem com “tendência inata ao crime”, mas sim com características da personalidade, entre estas, e a mais grave de todas, a insensibilidade ao outro, o que os leva a não apresentarem repercussão emocional socialmente adequada. Outros costumam apregoar que: “qualquer pessoa é capaz de matar, logo, matar é normal”. Estes, que assim se pronunciam, não estão considerando as circunstâncias em que se mata, como também não estão sendo capazes de identificar o valor moral dos atos. Quando um sujeito identificado como psicopata vem a cometer um homicídio, o faz em situações fortuitas e de forma cruel, sem propósito definido.

Felizmente, os sujeitos identificados como psicopatas no meio carcerário são minoria e esta diferenciação é fundamental para a questão da reincidência criminal, reabilitação social e concessão de benefícios penitenciários.

As pessoas comuns inclusive sociólogos e experts propagam uma visão romântica da criminalidade colocando no social os fatores causais. Isto é um imenso prejuízo uma vez que o governo passa a tomar atitudes baseadas nestas ideias.

 

Hemphill, cols. (1998) referem que a taxa de reincidência criminal é ao redor de 3 vezes maior para os psicopatas do que para outros criminosos e que para crimes violentos a taxa é 4 vezes maior para os psicopatas quando comparados com outros criminosos.

Hoje a psicopatia é considerada como um transtorno do desenvolvimento cerebral que afeta áreas como a área ventro-medial do córtex suborbitário do lobo frontal do cérebro. E, portanto, é um defeito funcional do cérebro que não tem como tratar, daí a impossibilidade de ressocialização do psicopata. A identificação daqueles que podem correr o risco de apresentar violência é uma das mais importantes tarefas dos profissionais de saúde mental. A avaliação de risco é um campo que tem sofrido um rápido desenvolvimento aonde um considerável número de instrumentos têm sido propostos para facilitar tal tarefa (4). Hoje se considera que a tarefa de se avaliar o risco de reincidência deve ficar a cargo de uma equipe multidisciplinar, tem sido estabelecido que os profissionais tendem a superestimar o risco de violência quando se baseiam apenas no julgamento clínico (5 e 6). Uma variedade de instrumentos para avaliar o risco de violência pode ser dividida em dois grupos, aqueles que predizem baseados em dados estatísticos assim como o Violence Risk Appraisal Gate (7). E aqueles cuja predição é baseada na avaliação clínica de casos individuais assim como Hcr-20 (8). A escala Hare (PCL-R) têm uma forte probabilidade de predizer comportamento disruptivo, mas não violência física e tem uma moderada a forte probabilidade de prever violência em crime nos egressos das prisões.

O uso de instrumentos que avaliam os riscos de reincidência nos tribunais cada dia tem sido mais frequente.

A recidiva de crimes violentos entre as mulheres aparenta ser comum principalmente nos dois primeiros anos de liberdade a atividade criminosa anterior é o melhor predito de reincidência criminal. O risco aumenta entre jovens e aqueles com álcool ou droga dependência (9).

Os criminosos estão cada vez mais jovens com menor grau de instrução cometendo faltas mais graves e com ideia fixa: escapar da prisão e reincidir no crime. A maioria absoluta da população carcerária é composta por pessoas com até 30 anos.

É cada vez maior o número de ex presidiários entre os presos, no ano de 1979 os reincidentes criminais cresceram vertiginosamente em relação aos presos primários. A taxa de reincidência criminal na população carcerária no brasil é de 60 a 70%.

Em um estudo com 475 sujeitos realizado na Inglaterra e no país de Gales avaliou que os doentes mentais reincidiam em 10,5 anos em 31%, os psicopatas que praticaram ofensas graves reincidiram em 15% os com doença mental orgânica reincidiram em 15%, os com doença mental severa que praticaram ofensas sexuais reincidiram em 7,5% o que dá um total de 68,5% dos crimes (10).

Bonta, Lawehanson (1995) (11) fizeram um trabalho correlacionando doença mental com recidiva criminal, a esquizofrenia teve uma coercitiva geral de 6%. Transtornos psicóticos 0,5% e personalidade antissocial 20%, em outro trabalho (12) os doutores concluíram que 23% das mulheres homicidas cometeram novos delitos sendo 15% crimes violentos. Entre estas 81% apresentavam transtorno da personalidade e 10% transtorno psicótico.

Duas instituições, uma inglesa e uma americana, avaliaram a reincidência criminal entre 35% da população que ambas as instituições eram psicopatas. A escola inglesa aplicava aos psicopatas um regime disciplinas rígido, autoritário e muito duro. As pessoas só podiam comer se obedecessem às regras da instituição. A escola americana criou um ambiente calmo, afetuoso, proporcionando a amizade e uma “disciplina de amor”. A taxa de reincidência foi igual para ambas as instituições. A ideia que eu tenho é a de que deva se encaminhar os egressos psicopatas das prisões, já que o Brasil não aceita pena perpetua, para ambulatório tocado por psiquiatras forenses, desta forma mesmo que psicopata não tenha tratamento poder seria tratar os traços que influenciam na criminalidade. Por exemplo: impulsividade, instabilidade, irritabilidade e a falta de propósitos. Todo egresso psicopata seria automaticamente encaminhado para o ambulatório forense que junto a uma equipe multidisciplinar poderia favorecer a diminuição da reincidência criminal.

Nos países descentes o psicopata se cometer um crime grave é encaminhado para uma prisão de psicopatas como já nos referimos no capítulo II. Em alguns países não é o psiquiatra que é responsável pelo diagnostico de psicopatia através do laudo de insanidade mental solicitado pelo judiciário, nestes países existe uma diretoria (Board) que é formada por um psiquiatra, um psicólogo, um assistente social, um juiz, um promotor e um advogado, tal diretoria analisa o crime que o sujeito cometeu e o encaminha para diferentes tipos de cadeia. Pode ser uma cadeia de segurança máxima ou uma cadeia de média segurança, ou uma cadeia aberta. A diretoria vai acompanhar a vida desse preso e pode ser que ele progrida de um sistema carcerário para outro. No Brasil nem se quer individualizamos a pena, o sujeito recebe uma pena e cumpre nos presídios determinados pela justiça criminal sem nenhuma intervenção de uma equipe que analise a sua personalidade, o sujeito também sai do sistema sem nenhuma avaliação da sua pessoa.

 

 

 

[1] Matéria publicada no Jornal “Folha de São Paulo”, de 20 de Abril de 2003.

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