Junho de 2021 – Vol. 26 – Nº 06

 

                                   Walmor J. Piccinini

 

Na segunda metade do século XIX, no rastro do que chamamos de revolução industrial surgiram inventos que revolucionaram e modificaram o “estar no mundo”. Um deles, foi a descoberta pelos irmãos Lumiére, Auguste e Louis do Cinematogratographe, patenteado em fevereiro de 1895 e no mesmo ano, em 22 de março fizeram a primeira exibição pública. Tudo foi muito rápido, em 1894 os irmãos entraram em contato com o kinetoscope de Thomas Alva Edison, se apaixonaram, estudaram, aperfeiçoaram e surgiu o Cinematographe. Os desdobramentos foram muito rápidos e um visionário, Meliés em poucos anos fez 500 filmes.

O primeiro filme que envolve psiquiatria surgiu em 1902 e foi feito por Charles Pathé e seu título foi “Les Victimes de L´alcoolisme”. Tinha duração de dois minutos e mostrava um quadro de “delirium tremens”.

Por esta mesma época Freud começava a publicar sobre sonhos e trouxe ao mundo a psicanálise. Muita água correu debaixo da ponte até chegarmos aos dias atuais. As relações da psiquiatria, psicanálise e cinema são complexas e tem sido motivação para muitas publicações que registro nos meus arquivos e que estão no Índice Bibliográfico de Psiquiatria. Sou editor de Psychiatry Online Brasil e neste “Journal”, desde o início do século o psicanalista Sérgio Telles escreve sobre psicanálise e cinema. É de sua autoria o livro “O psicanalista vai ao cinema” de 2004 e publicado pela Casa do Psicólogo.

Artigos e livros no IBBP

  • Abreu, Paulo Belmonte de. A inteligência e a doença de John Nash. Bras. Psicoter. 2002; 24(1):43-51.
  1. Ana Célia Rodrigues de Souza. Morte e Luto: a Psiquiatria sem Drogas e as Enfermidades Míticas no Cinema. Editora Appris. 2018.
  2. Andreta, Jorge Luiz Lena; Andreta, Rachel Loureiro, Andreta, Bárbara Loureiro. Cinema e loucura: conhecendo os transtornos mentais através dos filmes. Trends Psychiatry Psychother. 2011; 33(3).
    Notes: RESENHA
    J. Landeira-Fernadez e Elie Cheniaux
    Porto Alegre, Artmed, 2010, 287 páginas
  3. Assumpção, Júnior Francisco Baptista. Almeida, Thiago de. Sexualidade, cinema e deficiência. 1. Ed. São Paulo: Livraria Médica Paulista Editora Ltda. 2008:1-240.
  4. Baeza, Fernanda L. C., Soares, Paulo Fernando Bittencourt. Vivências psíquicas da infância no filme “Onde Vivem os Monstros”. Rev. Bras. Psicoterapia. 2013; 15(2):39-51.
  5. Castaldelli-Maia, João Maurício; Oliveira, HP.; Andrade, Arthur Guerra de; Lotufo-Neto, Francisco, Bhugra D. Using selected scenes from Brazilian films to teach about substance use disorders, within medical education. São Paulo Med. J. 2012; 130(6):380-91.
  6. Cheniaux Júnior, Elie. O cinema e sua plateia: uma visão psicanalítica. J. Bras. Psiquiat. 1998; 47(5):237-241.
  7. Dal Zot, Jussara S. Lua de outubro, o cinema gaúcho no divã. Rev. Bras. Psicoterapia. 2003; 5(2).
  8. Dubugras, Maria Thereza. Personagens de psiquiatras nos filmes: O Silêncio dos inocentes, às loucuras do rei George, Céu azul, Shine – Brilhante, Melhor é impossível, Gênio indomável, Garota interrompida, uma mente brilhante. Mestrado, Dissertação. Psiquiatria e Psicanálise. EPM/UNIFESP. 2004.
  9. Dubugras, Maria Thereza; Mari, Jair de Jesus, Santos, José Francisco Fernandes Quirino dos. A imagem do psiquiatra em filmes ganhadores do Prêmio da Academia entre 1991 e 2001. R. Psiquiatr. RS. 2007; 29(29):100-109.
  10. Farias AKCRD, Ribeiro MR. Skinner vai ao cinema. 1st Ed. São Paulo: Esetec. 2007.
  11. Fiks JP., Santos Júnior A. No avesso da tela: a psiquiatria pelo cinema. São Paulo: Lemos Editorial. 2006.
  12. Franco, Amanda Campos; Genelhu Soares, Gustavo Fonseca, Rodrigues, Joice Meire. A psiquiatria no cinema: registros de uma experiência didática com discentes do curso de medicina. Autografia Editora. 2020.
  13. Gabbard, Glen O. Psicoterapia e o cinema de Hollywood. Rev. Brás Psicoter. 2000; 2(3):241-51.
  14. Gattaz, Wagner F. Violência e doença mental: fato ou ficção? Rev. Bras. Psiquiatr. 1999; 21(4):196.
  15. Helsinger, Luís A. Só Doma Quem Sade? Da Semântica da Paixão do Crime À Indiferença. Bol. Cient.SBPRJ. 1998.
  16. J. Landeira-Fernandez and Elie Cheniaux. Cinema e Loucura: Conhecendo os Transtornos Mentais Através dos Filmes. Artmed Editora. 2010.
  17. Macedo, Mônica Medeiros Kother. Presença sensível: cuidado e criação na clínica psicanalítica. Revista Latino-americana De Psicopatologia Fundamental. 2010; 13(1).
    Notes: RESENHAS DE LIVROS
    Daniel Kupermann Presença sensível: cuidado e criação na clínica psicanalítica Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008, 250p.
  18. Maia, Herberto Edson; Moura da Silva, Leonardo Leiria de; Toscani, Nadima Vieira, Grassi de Oliveira, Rodrigo. CINEMA E PSIQUIATRIA: FILMES PARA O ENSINO DA PSIQUIATRIA. Rev. Da Associação Brasileira De Psicopedagogia. 2007; 24(73).
    Notes: O ensino da Psiquiatria para estudantes de Medicina tem sido discutido e aprofundado nos últimos anos. Filmes cinematográficos podem ser úteis em tal atividade, à medida que consideramos a capacidade metafórica que determinada obra pode proporcionar nos indivíduos. Baseado nessa capacidade, foi criado o Cinepsiquiatria, uma nova metodologia de ensino da disciplina de Psiquiatria, empregada desde 1994, na Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre – FFFCMPA. O objetivo deste trabalho é relatar a metodologia didática que vem sendo empregada no ensino da Psiquiatria nesta faculdade. Para o desenvolvimento do projeto, um grupo de estudantes (comissão organizadora) reúne-se para discutir tópicos em psiquiatria previamente selecionados por um docente (coordenador) da disciplina. Esta comissão fica responsável pela escolha de tópicos constituídos em módulos de ensino, ilustrados por meio de filmes cinematográficos, que são posteriormente projetados para os estudantes participantes. Após cada “sessão”, um docente ou convidado especializado no tema discute aspectos relevantes do tema e sua inserção no filme, juntamente com os alunos, ilustrando com as imagens recém-assistidas o conteúdo teórico a ser ensinado. O insight potencial de filmes cinematográficos pode ser uma útil e prática ferramenta no ensino e aprendizado da Psiquiatria. Da mesma forma, esta nova metodologia pode ser aplicada na prática clínica como adjuvante no esclarecimento e terapêutica de alguns pacientes.
  19. Maia JMC; Castilho, SM; Maia, MC., Lotufo Neto, Francisco. Psicopatologia no cinema brasileiro: um estudo introdutório. Ver. Psiq. Clín. 2005; 32(6):319-23.
  20. Marcondes, Durval. A influência do cinema na agravação das neuroses. Rev. Da APM. 1933; 3(1).
  21. Masiero, André Luís, Silva, M. L. A chegada do cinema ao Brasil: higiene mental, educação e censura. In: Mozart Linhares Da Silva. (Org.). História Medicina e Sociedade No Brasil. 1 Ed. Santa Cruz Do Sul. 2003; 1:129-151.
    Notes: Capítulo de livro
  22. Medeiros, Maurício de. O cinema no ensino de antialcoolismo. J.Bras.Psiquiat. 1948; 5(1):209-213.
  23. Oliva, Vitor Hugo Sambati; Zorzetto Filho, Dirceu, and Lotufo Neto, Francisco. O retrato da psiquiatria pelos cinemas norte-americano e brasileiro. Arch. Clin. Psychiatry. 2010; 37(2).
    Notes: História e Arte
  24. Pedro, Miguel. A infância e o cinema. Anais Da Colônia De Psicopatas Do Rio De Janeiro. 1928; 1:175-181.
  25. Perez, Lucia Maria de Freitas. A estética barroca da histeria: o feminino em questão. Revista Latino-americana De Psicopatologia Fundamental. 2015; 18(4).
    Notes: * Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO (Rio de Janeiro, RJ. Br).
    Maurano, Denise. Histeria: o princípio de tudo. 2010. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro: 140p.
  26. Piccinini, Walmor J. História da Psiquiatria: A Psiquiatria Brasileira na década de 60 (I). Psychiatry On-Line Brazil. 2001; 6.
    Notes: Psychiatry On-line Brasil (6) outubro 2001.
  27. Pires, Antônio Carlos J. Abrindo uma janela um tanto indiscreta na obra de Alfred Hitchcock. Rev. Bras. Psicoterapia. 2002; 4(2).
  28. Ramadam, Zacaria B. A. Comentário de Livro: Psicanálise interminável ou com fim possível?
    Theodor Lowenkron. Editora Imago, Rio de Janeiro, 2007. Rev. Psiquiatr. Clín. 2008; 35(6):236-8.
  29. Rodrigues AMP. Cidade de Deus. Rev. Br. Psicoter. 2002; 4 (2):137-43.
  30. Rosa, Antônio Marques da. O nascimento do herói e do anti-herói: de Édipo a Blade Runner. Rev. Bras. Psicoterapia. 2006; 8(2-3).
  31. —. Sexo na “telinha”: da fantasia erótica transferencial ao enactment em “Sessão de terapia”. Rev. Bras. Psicoterapia. 2014; 16(2):18-37.
  32. Sallet, Paulo Clemente. Contraste oculto: violência, psicopatologia e cultura. Rev. Bras. Psiquiatr. 2009; 31(4).
    Notes: José Paulo Fiks e Andres Santos Júnior. Ed. Casa Leitura Médica; 2009.
    LIVROS
  33. Santeiro, Tales Vilela; Rocha, Glaucia Mitsuko Ataka da, Barboza, Leylane Franco Leal. Mercedes no Divã: da comédia ao uso didático na formação de psicoterapeutas. Rev. Bras. Psicoterapia. 2013; 15(3):28-41.
  34. Soares, Cláudio de Novaes. Como a literatura e o cinema veem o autismo? Rev.Neuropsiq. Da Infância e Adolescência. 1997; 5(1):52-56.
  35. Soares, Cláudio de Novaes. “Perfil ou Caricatura”? Como o cinema e a literatura veem o autista. Rev. Neuropsiq. Da Infância e Adolescência. 1997; 5(1):52-56.
  36. Teixeira, Napoleão L. Cinema e Delinquência infanto-juvenil. Rev. Paniátrica, Curitiba. 1949.
  37. Zusman W. Interpretação psicanalítica do filme Central do Brasil sob o vértice do trauma. In: 44.o Congresso Internacional De Psicanálise.  Rio De Janeiro, Brasil. 2005.

Certamente esta lista poderia ser mais encorpada, por exemplo faltam livros do Elie Cheniaux e outros que acrescentarei oportunamente.

Como vemos, o termo Cinepsiquiatria foi primeiramente utilizado e publicado por Herbert Edson Maia e colaboradores. Ocorre que este termo também foi utilizado pela Associação Brasileira de Psiquiatria com outros objetivos. Maia e colaboradores o utilizaram para ensino enquanto a ABP o está utilizando como uma das armas contra a Psicofobia.

(continua)

 

 

 

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