Maio de 2025 – Vol. 31 – Nº 5

Sérgio Telles

1) Psicanalista relata quadros de despersonalização decorrentes do uso
contínuo de tecnologia, especialmente a Inteligência Artificial.
Am I a Robot? | Psychology Today

2) Autor aborda um tema bem atual – o que determina o acontecer
psíquico: o funcionamento intrapsíquico (como se pensa classicamente
na psicanálise), ou ele decorre das relações intersubjetivas? Dizendo de
outra forma, o inconsciente é processado “dentro” do sujeito ou se molda
no contato com os outros significativos? É uma questão importante,
com largas implicações na prática e na teoria.
Relational Minds: Diagnosis and the Fallacy of Internalism | Psychology
Today

3) Uma leitura clara do filme “Cidade dos Sonhos” de David Lynch.
Artigo | Recalque, projeção e as pulsões da psicanálise em ‘Cidade dos
Sonhos’, obra-prima de David Lynch

4) Curta resenha do livro “Anatomie d´une prèdation”, de Alice Augustin
e Cècile Ollivier, que dissecam minuciosamente os abusos sexuais
praticados pelo psicanalista francês Gerard Miller, irmão de Jacques-
Alain Miller, genro de Lacan, formalmente denunciado por 30 (trinta)
mulheres. Suas práticas predatórias teriam se iniciado há muito tempo,
com registros desde 1988 até 2020, mais de 80 (oitenta) mulheres
teriam sido atacadas entre 2000 e 2004. Pertencendo ao mais alto
círculo da escola lacaniana, professor da Paris-8, participante de
conhecido programa da TV francesa, ligado a figurões da política (era
íntimo de Jean-Luc Mèlenchon), Gerard Miller conta com uma poderosa
rede de proteção. As muitas pessoas procuradas pelas autoras não
quiseram falar e as que concordaram em ser entrevistadas disseram
nada saber, nada tinham visto. A questão que insiste no livro é – como
tal conduta se manteve desconhecida e consequentemente impune por
tanto tempo?
Gérard Miller : comment et pourquoi personne n’a (presque) rien vu

5) Noticia sobre o recente lançamento de um seminário inédito de
Derrida – “Psychanalyse et critique littèraire – 1969-1970
https://www.nonfiction.fr/article-12335-derrida-freud-et-la-critique-
litteraire.htm

6) Artigo interessante e oportuno de analista francês que explora
extensivamente as complexas implicações, possibilidades e problemas
que o uso da IA como psicanalista pode acarretar, Como se sabe, o
ChatGpt já tem uma função especifica com esse objetivo – um
psicanalista IA.
Frontiers | Artificial intelligence and psychoanalysis: is it time for
psychoanalyst.AI?

7) Projeto “Ninho de Bebê”, de São José do Rio Preto (SP), que acolhe
casais em processo de adoção, ganha prêmio da International
Psychoanlytic Association (IPA), a ser entregue proximamente em
Lisboa, durante seu 54º. Congresso Internacional.
Projeto que acolhe casais em processo de adoção por meio da
psicanálise recebe prêmio internacional de associação fundada por
Freud | São José do Rio Preto e Araçatuba | G1

8) Breve comentário sobre dois livros que tratam dos segredos de
família e o impacto transgeracional decorrente. É lembrado um aspecto
importante que nem sempre é focado: o enfrentamento do segredo
familiar e a verdade que dele emerge podem ter efeitos devastadores.
Secrets de famille : comment les affronter ? | RCF

9) O filme “V13”, dirigido por Richard Ledes, baseia-se na peça “Vienne
1913”, do psicanalista Alain Didier-Weill, na qual é relatada um fictício
encontro de Freud com um pintor fracassado que vive na miséria,
chamado Adolf Hitler.
In 1913 Vienna, Freud meets Hitler — and the patient of his nightmares –
The Forward

10) Interessante artigo em que o autor faz uma crítica da ganância
capitalista, centrada na visão freudiana sobre a fase anal, que associa o
dinheiro às fezes, apontando assim as raízes infantis da irracionalidade
e destrutividade próprias da busca desmedida pelo lucro. A língua
inglesa permite um trocadilho saboroso e muito apropriado com a leitura
freudiana, impossibilitado de ser posto em português. O autor grafa
“capitalism” como “crapitalism” (em inglês o termo chulo “crap” significa
“merda”).
Crapitalism: Psychoanalysis and the Profit Motive – resilience

11) Duas notícias do livro “Untangling: a memoir of psychoanalysis”.
Como diz o título, é o relato autobiográfico de uma psicanálise (na
verdade, são duas experiências de psicanálise, mediadas por um longo
intervalo de décadas) feito por uma professora universitária norte-
americana na faixa dos 60 anos.
Book Review: Untangling: A Memoir of Psychoanalysis by Joan K.
Peters – The Good Men Project

Start Asking Yourself Questions That’s The Message Inside Untangling
From Joan K Peters – Arroe Collins: Unplugged & Totally Uncut | iHeart

12) O autor reflete sobre os usos da inteligência artificial como agentes
psicoterapêuticos, como já são usados nos Estados Unidos, focando
especificamente a psicanálise. Ao contrário da rejeição que essa ideia
usualmente provoca, pensa que a IA pode ser um poderoso aliado no
ensino teórico da psicanalise, na medida em que faz articulações
fundamentais entre as diversas correntes, e na própria clínica, ao
oferecer possibilidades interpretativas centradas na dimensão
hermenêutica, ou seja, sem o fundamental elemento transferencial-
contratransferencial, que é próprio do ser humano.
A inteligência artificial vai acabar com a psicanálise? | Eu & | Valor
Econômico

Will AI bring the end of psychoanalysis? | Life & Culture |
valorinternational

13) O autor defende a ideia de que a psicanálise deveria formalizar
consistentemente suas descobertas e aquisições para voltar a se
integrar na ciência “mainstream”- a psiquiatria e a psicologia. Pensa que
deveriam ser reforçadas a descrição das estruturas intrapsíquicas e
seus funcionamentos, o que é obstaculizado pelo que chama de

“correntes psicanalíticas pós-modernas”, que radicalizam na
singularidade de cada caso e se recusam a sistematizar e classificar a
experiência psicológica. Desprezando o diagnóstico e considerando
“opressivos” os modelos estruturais, elas “se arriscam a abandonar a
possibilidade do conhecimento cumulativo e uma prática clínica
coerente, favorecendo um incessante relativismo no qual todas
experiências são vistas como igualmente únicas e imensuráveis”. Sua
argumentação atinge em cheio os que defendem que o inconsciente não
é apenas uma experiência intrapsíquica e sim intersubjetiva.
Psychoanalysis as a Scientific Discipline | Psychology Today

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