Novembro de 2020 – Vol. 25 – Nº 11

Enfermeira Taisa Nascimento

INTRODUÇÃO: De acordo com Ferreira (2017) a Síndrome de Burnout é caracterizada pelo esgotamento físico e mental do profissional, sendo estudada desde a década de 1970, associado a um nível de estresse crônico, esgotamento profissional e depressão, com maior incidência em profissionais que atuam na área de ciências humanas, se tornou problema de saúde pública a partir de 1999 quando foi considerada pelo Ministério da saúde como um transtorno mental e do comportamento relacionado ao ambiente de trabalho.  São consideráveis as mudanças no processo de trabalho em especial na enfermagem na qual é possível observar sobrecarga de trabalho, maiores exigências na qualidade do serviço prestado que levam a uma constante busca por estudos e atualizações, as duplas jornadas de trabalho é uma realidade para muitos desses profissionais ocasionadas pela má remuneração e carência de um piso salarial. A relevância desta abordagem se dar por ser uma síndrome insuficientemente ressaltada e demasiadamente recorrente, que causa esgotamento físico, mental e emocional, atingindo pessoas de toda parte do mundo independentemente de classe social, atinge principalmente as pessoas que desenvolvem atividades voltadas para o cuidado com o outro, que lidam diariamente com rotinas estressantes, consequência do mundo acelerado e competitivo que vivemos atualmente.  Torna-se necessário compreender quais os impactos na qualidade de vida dos profissionais de enfermagem, decorrentes da sobrecarga de trabalho, seus fatores de risco, repercussões na saúde física e mental do trabalhador e as consequências para a sociedade, com o intuito de fazer com que as pessoas conheçam a doença e saibam identificar de forma precoce. Esta revisão de literatura tem como objetivo geral: Descrever os impactos na vida dos profissionais de enfermagem decorrentes da Síndrome de Burnout, como objetivos específicos: conceituar Síndrome de Burnout e seu histórico, explanar sobre os impactos da síndrome de Burnout na qualidade de vida dos profissionais de enfermagem e discutir perspectivas para reintegração do profissional enfermeiro acometido por síndrome de Burnout. O presente estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa e descritiva, com revisão bibliográfica da literatura, no qual a coleta de dados nos ocorreu entre os messes de Agosto a Outubro de 2018 no qual forma utilizados artigos e publicações cientificas pelos últimos dez anos de publicação, nos anos de 2010 a 2018, no idioma português, com as bases de dados utilizadas Literatura Latino-Americana e do caribe em ciências da saúde (LILACS), Scientific Eletronic online (Scielo), foram empregados os seguintes descritores: Síndrome de Burnout, Síndrome de Burnout na enfermagem, Síndrome do esgotamento profissional. Critérios de exclusão adotados artigos publicados em outros idiomas e a mais de dez anos, de acordo com os critérios de exclusão preestabelecidos, os artigos foram submetidos à analises dos títulos para que houvesse uma seleção inicial dos mesmos, em seguida os artigos selecionados foram submetidos a uma nova análise na íntegra, restando apenas os artigos que se encaixavam nos critérios de inclusão estabelecidos anteriormente.

SINDROME DE BURNOUT E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA: As atividades laborais podem vir a ocupar um amplo espaço de tempo na vida de cada indivíduo, influenciando diretamente no seu convívio em sociedade, o que pode propagar problemas que vão desde insatisfação a completa exaustão, o trabalho é necessário para o desenvolvimento humano, através do mesmo o homem pode construir a sua identidade e subjetividade própria, porém as mudanças e competição no mercado de trabalho faz com que os profissionais sintam-se pressionados a buscar cursos e atualizações para se adaptar repercutindo em impactos significativos na saúde física e mental do trabalhador.

Como consequência surge os transtornos psíquicos definidos por condições de trabalho estressantes, conhecida como síndrome de Burnout, uma síndrome que atinge homens e mulheres, de qualquer faixa etária e condição socioeconômica, cuja profissão exija relacionamento interpessoal.

Segundo Batista, Carlotto, et al., (2010) a síndrome de Burnout tem sido vista como empecilho social de ampla relevância, sendo investigada em diversos países, uma vez que se encontra relacionada a grandes custos organizacionais e pessoais. Os organizacionais devem-se á rotatividade de pessoal, absenteísmo, problemas de produtividade e de qualidade, os pessoais evidenciam graves problemas psicológicos e físicos, podendo levar o trabalhador a incapacidade total para o trabalho.

De acordo com Santos; Cardoso, (2010) entende-se que a atual situação do mercado de trabalho nas quais profissionais acumula cada vez mais funções, se ver forçados a ser sempre melhor no que se faz, levando em consideração a jornada dupla e excessiva confrontada muitas das vezes por mulheres, são fatores predisponentes para desencadear a síndrome de Burnout ou síndrome do esgotamento profissional.

Conforme Alves (2017) “Os primeiros estudos sobre Síndrome de Burnout começaram com o psicanalista alemão Herbert J. Freudenberger nascido em 1926 na Alemanha, na década de 70”. A literatura revela que o mesmo atendia em clinicas onde cuidava em sua maioria de usuários de substâncias químicas de forma gratuita, onde dedicava grande parte do seu tempo, juntamente com trabalhadores voluntários, nos quais começou a notar um processo gradual de esgotamento emocional, diminuição da motivação e desgaste no humor, consequência da falta de reconhecimento por seus esforços.

Segundo Alves, (2017) a SB foi definida pela primeira vez por Herbert J. Freudenberger no ano de 1974 como sendo um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso, cuja causa está intimamente relacionada com o processo de trabalho. Freudenberger completou sua pesquisa entre os anos de 1975 á 1977 acrescentando na sua definição comportamentos de fadiga, irritabilidade, aborrecimento, sobrecarga, rigidez e inflexibilidade.

Anos mais tarde a psicóloga social Christina Maslach, desenvolveu estudos relacionado à forma de enfrentamento das pessoas a estimulação emocional, chegando a conclusões semelhantes às de Freunderberger. “No ano de 1981 foi conceituado por Maslach e Jackson que a SB é um conceito multidimensional que envolve a exaustão emocional, a despersonalização e a falta de realização profissional” (OLIVEIRA, DE LIMA e VILELA, 2017).

 

Para Batista, Carlotto, et al., (2010). A exaustão emocional caracteriza-se pela falta de energia e sentimento de esgotamento de recursos com relação ao trabalho, tendo como maior causa o conflito pessoal nas relações e sobrecarga. A despersonalização se apresenta como um estado psíquico no qual prevalece a dissimulação afetiva, o distanciamento e uma forma de tratamento impessoal com a clientela, podendo apresentar sintomas como falta de envolvimento com os resultados conduta voltada a si mesmo, alienação, ansiedade, irritabilidade e desmotivação. A baixa realização profissional é caracterizada pela tendência do trabalhador a se auto avaliar de forma negativa, experimentando um declínio no sentimento de competência e êxito.

 

Das três dimensões citadas por Maslach a exaustão emocional é a de fator principal para o desenvolvimento da síndrome por provocar as outras duas dimensões, a investigação sobre a síndrome deu início nos Estados Unidos na década de oitenta e subsequentemente no Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, Israel, Itália, Espanha, Suécia e Polônia, nesses países optou-se por seguir a linha de raciocínio criado nos Estados Unidos por Maslach e Jackson. Ao longo dos anos, essa síndrome tem se estabelecido como uma resposta ao estresse laboral crônico integrado por atitudes e sentimentos negativos (CASTRO, 2013).

Alves (2017) traz em sua literatura que a primeira publicação que comentava sobre a Síndrome de Burnout (SB) no Brasil foi feita por França no ano de 1987 na revista brasileira de medicina, que diz que a incidência da síndrome é na sua maioria entre profissionais da área de ciências humanas, particularmente enfermeiros, médicos, assistentes sociais e professores.

Segundo Sá & silva (2014) os profissionais de enfermagem estão envolvidos pelo ambiente ocupacional como número reduzido de funcionários para presta o atendimento, excesso de atividades, falta de reconhecimento, baixa remuneração, que os obriga a ter mais de um emprego, seguindo-se de uma longa e desgastante jornada mensal de trabalho, além de ter que sustentar um controle emocional, a ocorrência desses fatores estressantes levam os profissionais, ao esgotamento físico e mental, constituindo um profissional indiferente, apático, dominados por estresse e desmotivação, resultando em conflitos e insatisfação.

De acordo com França, Batista e Lima (2014). As leis brasileiras que auxiliam ao trabalhador já contemplam a síndrome de Burnout, a portaria nº. 1339/GM de 18 de novembro de 1999 traz no item XII da tabela de transtornos mentais e do comportamento relacionados com o trabalho (Grupo V da classificação internacional das doenças – CID10), o termo “Sensação de estar acabado” como sinônimo de “Síndrome de Burnout” e “Síndrome do esgotamento profissional”, que, na CID-10, recebe o código Z73. 0.

Estudos revelam o quanto é gradual o número de trabalhadores quem vem sendo acometidos por doenças relacionadas ao seu ambiente de trabalho, conhecidas como doenças ocupacionais podendo estas ser físicas e ou mentais, acarretando em incapacidade parcial ou total, temporária ou definitiva, podendo originar-se em um processo depressivo levando ao risco para suicídio.

Citado por Sá (2017) que cerca de 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome de Burnout, segundo estimativa da International Stress Management Association no Brasil (Isma-Br), assumindo a segunda posição em relação ao Reino unido onde um em cada três habitantes apresentam a síndrome atingindo aproximadamente 20 milhões de pessoas, na Alemanha são atingidos 8% da classe operaria cerca de 2,7 milhões de pessoas. Burnout é um problema de saúde pública que vem crescendo ano após ano e acarreta danos para a saúde e economia.

“No Brasil, a falta de produtividade causada pela exaustão gera prejuízo de 3,5% ao PIB (Produto Interno Bruto), conforme cálculos feitos pela Isma em 2016” (SÁ, 2017).

A queda na economia é caracterizada na síndrome de Burnout pelo absenteísmo, falta de motivação, queda na produtividade e qualidade do serviço prestado, Com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo e o alto índice de desemprego no país, os profissionais sentem uma cobrança diária por melhores qualificações e bons resultados, com a esperança de reconhecimento profissional e quando esse reconhecimento não é atingido, tendem a se frustrar e perder a motivação para o trabalho o que pode vir a ocorrer uma cascata de sentimentos e conflitos internos propiciando o aparecimento da síndrome de Burnout.

Impactos da síndrome de Burnout na qualidade de vida dos profissionais de enfermagem: Os estudos sobre Síndrome de Burnout cresceram por ser uma enfermidade desenvolvida no aparelho psíquico que surge de respostas emocionais em circunstâncias do estresse aplicado por motivo de convivência constante no trabalho com pessoas, procurando identificar e avaliar suas causas e determinantes. Um dos aspectos mais citados na ocorrência do Burnout é a escassez da qualidade nas relações interpessoais, ausência de suporte para o trabalho levando a inúmeras dificuldades para execução do mesmo e conflitos na equipe.

Apesar de o enfermeiro ser reconhecido como um profissional que cuida da saúde dos demais, a sua saúde vem sendo esquecida, além dos diferentes fatores estressantes, a falta de reconhecimento e valorização profissional além da relação constante com o sofrimento dos outros afeta de forma significativa o seu bem estar. “De modo geral o ambiente hospitalar é conhecido como um ambiente insalubre penoso e perigoso para os que nele trabalham, muitos são os estressores ocupacionais” (CARLOTTO, 2011).

Segundo Carlotto (2011) No Brasil, a maior representação de profissionais de enfermagem encontra-se nos hospitais. A enfermagem é responsável pelo maior contingente da força de trabalho dos estabelecimentos hospitalares, com responsabilidade pela assistência nas 24 horas, configurando-se como o conjunto de trabalhadores que mais sofre com as inadequadas condições de trabalho e com a insalubridade do ambiente.

As grandes mudanças ocorridas nas últimas décadas advindas do processo de globalização e fatores somados aos desenvolvimentos tecnológicos levam às mudanças significativas nas relações sociais e organizacionais. As transformações nunca foram tão aceleradas, tão extremistas e surpreendentes como agora, trazendo problemas psicológicos e físicos para a sociedade. (COBÊRO, MOREIRA e FERNANDES, 2012).

Geralmente o trabalho costuma ser fonte de realização profissional, mas por inúmeras vezes pode ocasionar problemas como insatisfação e exaustão: física, emocional e psicológica, Irritabilidade e alterações bruscas de humor, repercutindo de forma negativa na qualidade de vida dos profissionais de enfermagem, o profissional acometido vive sobre pressão e comprometimento constante com o trabalho, o que repercute de forma significativa na sua vida social.

Segundo Pêgo (2015) Os efeitos da SB interferem em todas as esferas da vida do indivíduo, com prejuízos pessoais e profissionais, bem como geram consequências à instituição, na medida em que os efeitos se refletem na produtividade, na imagem de eficiência da organização, nos custos com o tratamento de saúde dos funcionários, na contratação e no treinamento de novos profissionais.

Trata-se de uma cascata de acontecimentos que geram efeitos diretos na vida do indivíduo de forma pessoal e profissional que repercute de maneira direta na organização, na proporção em que os sintomas se refletem na produtividade.

Sá e silva (2014) menciona que a exaustão emocional é o ponto principal da SB o trabalhador se sente exausto sem animo exaurido de recursos físicos e emocionais, relatando muita dificuldade para iniciar mais um dia de trabalho, refere frequentemente estar sobrecarregado. Outra característica é o distanciamento definido pela despersonalização uma tentativa de estabelecer distância entre as pessoas com as quais se relaciona no trabalho incluindo colegas e clientes.

Para O Ministério da Saúde Brasil (2001) apud Cobêro, Moreira e Fernandes (2012) o progresso da SB se exprime em 4 graus:

1º Grau: falta de entusiasmo, prazer ou vontade de ir trabalhar, dores na coluna e pescoço. Geralmente alega não está se sentindo bem ou não sabe explicar o que tem. 2º Grau: A relação com outras pessoas já não é mais o mesmo, cresce o absenteísmo, a mudança de empregos e se sente perseguido por todos.3º Grau: A capacidade ocupacional cai, aparecendo enfermidades psicossomáticas, como alergias, picos de hipertensão e outras, aumenta-se o consumo de álcool. 4º Grau: Esta fase se caracteriza por tentativas ou ideias de suicídio, alcoolismo, inicia o uso de drogas ilícitas, insônia, dificuldade de concentração, cefaleia frequente e enfermidades mais graves podem aparecer como doenças gastrointestinais, taquicardias, fadiga, dores musculares, hipertensão e acidentes cardiovasculares.  Antes dessa etapa ou diante dela, o melhor a se fazer é se distanciar do trabalho.

Diante do exposto a SB predomina por sintomas associados à fadiga, depressão, exaustão física, mental e emocional, a maioria dos sintomas se manifesta de formas comportamentais e não físicas, diminuindo de forma considerável o desempenho no ambiente de trabalho decorrente de atitudes e comportamentos negativos.

Para Sá e Silva (2014) A despersonalização refere-se ao desenvolvimento de atitudes negativas e insensíveis para com as pessoas com quem se trabalha. Com o tempo à medida que a despersonalização vai progredindo, os trabalhadores reduzem a quantidade de tempo que passam no trabalho e a quantidade de energia despendida na realização dele, interferindo na qualidade de seu desempenho. Consequentemente, o indivíduo passará a ter sensações de incompetência, falta de realização e produtividade no trabalho, que é a terceira dimensão da síndrome, a realização profissional diminuída.

Cobêro, Moreira e Fernandes (2012) reintegram que esta síndrome contribui com implicações financeiras negativas, somando riscos para a organização, onde se percebe queda na qualidade do serviço prestado, absenteísmo, rotatividade de funcionários e aposentadorias precoce, em relação aos funcionários a SB lhe traz consequências como fadiga intensa, insônia, cefaleia, dores musculares, problemas gastrointestinais e imunidade baixa.

Segundo Cobêro Moreira e Fernandes (2012) Em relação ao psíquico, o trabalhador pode apresentar falta de concentração, memória alterada, solidão, pensamento arrastado, sensação de impotência, desânimo, baixa autoestima, agressividade, consumo abusivo de drogas ilícitas e um possível risco para o suicídio. Com relação ao convívio em sociedade as consequências estão associadas ao distanciamento de amigos, familiares, relacionamentos afetivos, negligência, rispidez com os clientes e conflito nas relações interpessoais.

De acordo com Schaufeli & Taris (2005) apud Sá e Silva (2014) Pode se dizer que a síndrome de Burnout é uma mistura de um estado individual (Exaustão Emocional), de uma estratégia de enfrentamento (Despersonalização) e de uma consequência (Realização pessoal diminuída), que podem ser estudadas conjuntamente ou separadamente.

Esta síndrome interfere de forma direta no atendimento ao cliente, no relacionamento interpessoal e causa grandes mudanças na qualidade de vida, mesmo estando longe do ambiente laboral.

Perspectivas para reintegração do profissional enfermeiro acometido por síndrome de burnout: É notório o sofrimento psíquico aos quais os profissionais de saúde estão expostos, cercados por uma sociedade imediatista, competitiva, onde cada vez mais se nota uma deterioração de valores. Uma sociedade que gera pessoas inseguras, ansiosas, individualistas com ideias obsessivas relacionadas ao desempenho profissional. O mercado de trabalho vem moldando e ocultando as dimensões emocionais dos profissionais, onde eles contribuem, gerando um estigma social no qual lhes são auto impostos à resistência das emoções, torna-se necessário humanizar o local de trabalho e os profissionais.

Diversas ações podem ser implementadas no critério prevenção dentre eles reorganização do processo de trabalho, valorização da mão de obra, melhores condições ergonômicas, psicológica, material, maior flexibilidade e criação de espaços saudáveis no ambiente de trabalho.

São elencados fatores predisponentes para a síndrome de Burnout “Para a enumeração dos fatores de risco para o desenvolvimento do Burnout são levadas em consideração quatro dimensões: a organização, o indivíduo, o trabalho e a sociedade” (FRANÇA, BATISTA e LIMA, 2014).

Citado por França, Batista e Lima (2014) os Índices associados à organização levam em consideração ausência de ergonomia, autonomia, cobranças por um melhor desempenho, comunicação ineficiente e competitividade, com relação ao indivíduo é por um padrão de personalidade, indivíduos pessimista, perfeccionistas com grande expectativa em relação à profissão, os que se referem ao laboral são sobrecarga, sentimento de injustiça e de iniquidade, tipo de ocupação, fatores sociais são representados por falta de suporte social e familiar, valores e normas culturais.

Neste momento é característica a percepção de uma sobrecarga de trabalho, com tamanha intensidade qualitativa e quantitativa, no momento seguinte, evidencia-se um esforço do indivíduo em adaptar-se e produzir uma resposta emocional ao desajuste percebido. Surgem então, sinais de fadiga, tensão, irritabilidade e em alguns casos ansiedade, o que requer uma adaptação psicológica do sujeito, a qual reflete de forma direta no seu trabalho, reduzindo seu interesse e responsabilidade pelo trabalho. Nota-se em um terceiro momento, que o sujeito produz uma troca de atitudes e condutas com a finalidade de defender-se das tensões experimentadas, ocasionando comportamentos de distanciamento emocional, cinismo e rispidez (PÊGO, 2016).

Para a Constituição Federal de 1988. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial á sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defendê-lo para os presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).

É de suma importância e dever do empregador fornece um ambiente de trabalho seguro e saudável, o cotidiano pode ser bem estressante por isso é necessário investir em um ambiente de trabalho leve, com momentos de descontração, que propicie momentos de relaxamento para que o funcionário possa retomar as suas atividades da melhor forma possível.

A síndrome de Burnout pode ser evitada, desde que se modifique a cultura da organização empresarial, que sejam adotadas medidas e atividades voltadas para a diminuição do estresse no trabalho, incentivando a equipe multidisciplinar a resgatar as características afetivas.

A valorização dos colaboradores é uma das medidas de extrema importância, seguindo de comunicação eficiente e aumento do quadro de funcionários, essas medidas vêm a resultar na diminuição da sobrecarga de trabalho e consequentemente melhora na qualidade do serviço prestado. Para a reintegração desse profissional são necessárias mudanças comportamentais por parte da empresa, equipe multiprofissional e o indivíduo.

Para que se obtenha uma prevenção e ou reintegração de forma eficiente desse colaborador “São enfatizados três níveis de intervenções: Centrados na resposta do indivíduo (individual), no contexto ocupacional (organizacional) e na interação contexto ocupacional e indivíduo (combinadas)” (MORENO 2011).

Citando Silva, Silva e Melo da Costa (2015) As intervenções para reintegração do profissional devem ser elaboradas de acordo com a individualidade do profissional acometido, as ações organizacionais e ou combinadas são as mais adequadas, devem ser realizadas mudanças ambientais para melhorar a resposta do indivíduo ao ambiente de trabalho.

Diante do ponto de vista citado acima os empregadores devem dar uma importância maior para fornecer condições de trabalho adequado, que favoreça a saúde e o bem estar dos colaboradores, recursos humanos e materiais suficientes atuando na redistribuição de tarefas para diminuir a sobrecarga de trabalho, autonomia de participação e decisão, favorecer a resolução de conflitos interpessoais, lotação do funcionário em local que melhor se adapte ao seu perfil (FRANÇA, BATISTA e LIMA, 2014).

A construção de grupos com foco em rodas de conversas é importante para a prevenção e reintegração do profissional acometido pelo Burnout, englobando a equipe multiprofissional com o objetivo de troca de informações, orientações, rotinas, frustrações, angustia, insatisfação, visando que esse profissional não guarde para si todos estes sentimentos, que seja possível cessar pequenos conflitos totalmente evitáveis, estabelecer medidas juntamente com a equipe para aperfeiçoar o processo de trabalho e melhorar as relações interpessoais.

Uma vez que programas que visam à melhora do ambiente de trabalho sejam implantados “É necessário haver um monitoramento periódico da saúde mental e física dos trabalhadores, estimulando a prática de exercícios físicos, alimentação balanceada nos horários corretos, um bom sono, momentos de lazer e prazer para o indivíduo” (FRANÇA, BATISTA e LIMA, 2014).

Para a reintegração do profissional acometido por Burnout torna-se necessário um conjunto de medidas, a nível organizacional, individual e coletivo, medidas essas essenciais para o bem estar dos indivíduos e para o bom funcionamento empresarial, repercutindo em uma qualidade de vida no trabalho.

Humanização, promoção do bem-estar no trabalho, maior participação do colaborador nas tomadas de decisões, interferem diretamente com a qualidade de vida no trabalho (QVT), ela envolve fatores intrínsecos e extrínsecos, afetando atitudes pessoais quanto as comportamentais, com repercussão na produtividade individual e coletiva (PRADO, 2016).

Mencionando sobre melhores condições de trabalho “Entende‑se que motivação, adaptabilidade, criatividade e vontade de inovação ou de aceitar mudanças estão diretamente ligadas à QVT, tendo representativa influência na produtividade e lucratividade das organizações”. (PRADO, 2016).

De acordo com Prado (2016) o empecilho para a implantação de projetos que visem à qualidade de vida do trabalhador vem por parte do empregador que considera o investimento na prevenção como um aumento desnecessário nos custos, programa de qualidade de vida do trabalhador tem como objetivo melhorar o bem-estar o equilíbrio de funções fisiológicas e ou psíquicas do trabalhador oferecendo inúmeros benefícios da mesma forma para a empresa. Que se beneficiara de funcionários motivados a trabalhar, redução do absenteísmo, aumento da produtividade, criatividade, dentre tantos outros benefícios.

É importante que o profissional não esteja apenas envolvido no universo de seu trabalho e procure se envolver com atividades prazerosas que lhe proporcione descontração e relaxamento, o indivíduo deve sempre procurar estar em equilibro físico, mental e espiritual para que o mesmo obtenha satisfação no seu dia a dia.

Considerações Finais:

O presente artigo tem como objetivo uma revisão de literatura sobre Síndrome de Burnout, a relevância desta abordagem se dar por ser uma síndrome insuficientemente ressaltada e demasiadamente recorrente, sendo uma doença ocupacional, reconhecida como um problema de saúde pública, que pode ser evitada.

Conclui-se que a Síndrome de Burnout é precedida de uma doença psíquica de caráter depressivo, ocasionada por fatores estressantes no ambiente de trabalho, principalmente nas profissões que desenvolvem atividades voltadas ao cuidado com os outros, citando a enfermagem uma profissão que exerce suas atividades em ritmos acelerados, de forma sobrecarregada devido a altas demandas nos serviços de saúde e que lida diariamente em seu ambiente de trabalho, com a dor, o sofrimento, e a morte.

Uma síndrome que desencadeia problemas organizacionais, pessoais e sociais, atingindo pessoas de qualquer faixa etária, sexo e condição socioeconômica, a SB pode ser evitada, desde que se obtenham medidas preventivas do ponto de vista organizacional, individual e coletivo, visando um adequado relacionamento interpessoal, melhora nas condições e ambiente de trabalho.

O presente estudo atingiu seu objetivo proposto, acredito que essa pesquisa possa desenvolver no leitor curiosidade para investir em novas abordagens e pesquisas sobre o tema, pois o assunto precisa continuar a ser estudado e debatido, é preciso criar novas estratégias a fim de buscarmos enquanto estudantes, pesquisadores e profissionais de enfermagem medidas para minimizar a incidência dessa síndrome, portanto desvendar ações para melhorar as relações entre o trabalho e a saúde dos trabalhadores.

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