PSICOPATAS CORPORATIVOS

Os sujeitos com Transtornos da Personalidade são vistos pelos leigos como pessoas problemáticas e difíceis ao relacionamento interpessoal. São improdutivos quando considerado o histórico de suas vidas. Eles não toleram chefia lhes dando ordens. Acabam por não conseguirem se estabelecer. Mas, como são muito manipulativos, entram nas firmas mentindo em seu curriculum. Seduzem os entrevistadores. Após entrarem nas empresas passam a manipular e fazer intrigas. O ambiente fica péssimo. E, assim vão agindo até conseguirem colocar o chefe para fora e assumir o lugar dele. Contudo, por serem incompetentes não ficam muito tempo no cargo de chefia e após uns dois ou três anos acabam tendo que sair. São os chamados psicopatas corporativos. Segundo Babiak e Hare o percentual de psicopatas em companhias é de 3,9% (2)

Eu mesma já fui vítima de uma psicopata corporativa. Ela entrou na firma como médica e através de intrigas e maldizeres conseguiu colocar para fora o superintendente da instituição. Era um chefe muito querido por todos e estava fazendo um excelente serviço na corporação.

Logo ela se tornou a nova superintendente. Daí os colegas com fragilidade de caráter se associaram a ela rapidamente, ficou um grupo, contra o resto do pessoal que não se conformava com as coisas erradas que ela fazia, o ambiente ficou péssimo, ela passou a perseguir alguns colegas, mais ou menos 20 destes e eu era uma delas, uma colega não aguentou a perseguição e acabou por abandonar o serviço depois de 18 anos de função. Uma outra conseguiu aposentadoria por depressão. Um colega que já era depressivo acabou por se matar em função das intrigas e das coisas ruins que ela fazia.

O assim chamado psicopata corporativo prospera rapidamente no caos organizacional em que algumas empresas mergulham quando em processo de fusão e crescimento, neste momento a administração fica confusa e os psicopatas se aproveitam de tal situação, os estudos em empreses sugeriram que 15% de executivos superiores deturpam seu grau de instrução e um 1/3 de todos os currículos contém informações falsas, o grande estudioso dessas questões é o Dr. Babiak ,disponível para acesso em http//www.lifepsych.com. O Dr. Babiak refere que uma das características mais comuns dos candidatos dos entrevistados quando se candidatam ao emprego é o de tentar seduzir o entrevistador. Quando já incorporado ao time da empresa o passo seguinte é o de tentar avaliar a utilidade para ele dos vários membros da organização durante a “lua de mel” tipicamente permitida aos novos funcionários. Ele começa por tornar se simpático às pessoas que possuem o poder dentro da organização e outros que possam lhe ser útil e estabelece uma rede de comunicações, o Dr. Babiak refere que durante a etapa de manipulação o psicopata espalha desinformações para enaltecer sua imagem e depreciar os outros, ele é especialista em criar conflitos entre aqueles que poderiam disseminar informações negativas ao seu respeito, neste trabalho ele utiliza um grade arsenal de instrumentos sociais eficazes tais como a persuasão personal apelação e congraçamento de parcerias . Esta etapa é seguida, eventualmente por uma etapa de confrontação durante a qual ele abandona as armas que não lhe são mais uteis passando a tomar providencias para neutralizar os detratores que ele não conseguiu que se associasse a ele, ele realiza isso levantando dúvidas acerca da competência ou honestidade deles.

Os psicopatas melhores sucedidos entram finalmente na fase acidiosa da ascensão durante a qual eles se afastam de pessoas mais acima na hierarquia da empresa e que facilitaram sua ascensão ao poder. Isto parece acontecer em 1/3 dos casos.

Outro estudiosa dos psicopatas corporativos é o Dr. John Clarke que escreve o livro chamado “Trabalhando com Monstros’. Como identificar psicopatas em seu trabalho e como se proteger deles, ele refere neste livro que primeiro o psicopata faz amizade com pessoas que estão no topo para depois perseguir os protegidos do chefe, ele estabelece boa reputação manipulando colegas e roubando trabalhos. Ele também isola a vítima e dá a ela tarefas inatingíveis para critica-la e diminui-la. Um ambiente economicamente em transformação e crescimento é perfeito, isso permite ao psicopata mover se entre empresas rapidamente quando é identificado. Para sobreviver a um líder psicopata é preciso reconhece-lo para evitar ser isolado e ter a reputação destruída. É possível conviver com psicopata e não ser atingido. A maioria das pessoas que trabalham com psicopatas não sabem disso, porque eles são muito específicos na escolha de seus alvos e peritos em fazer colegas se sentirem bem.

Danusa Leão em 30 de agosto de 2009 escreve para a Folha de São Paulo artigo intitulado “vivendo de Brasília”. Ela que não é especialista em psicopatia descreve muito bem um psicopata corporativo.

Vivendo de Brasília

A simpatia é seu capital, e seu objetivo, um só: fazer negócios. Alguns mais ingênuos entram na dança

É MUITO BOM conhecer pessoas simpáticas; mas se elas forem simpáticas demais, prestativas demais, desconfie, sobretudo no mundo dos negócios. Quem não gosta de ser bem tratado, de ter em volta pessoas que sempre concordam com nossos pontos de vista, que acham graça em tudo que dizemos? Pois fique sabendo que isso é uma profissão e que são exatamente estas as pessoas mais perigosas. Esse é o caminho mais curto para chegar à nossa intimidade e conquistar nossa confiança, e se você ocupa algum cargo poderoso, todo cuidado é pouco. Essas pessoas têm talento para serem agradabilíssimas, estão sempre prontas a fazer pequenos favores, apresentar alguém a outro alguém, e um dia vão pedir alguma coisa que você vai ter dificuldade em negar. Às vezes, uma pequena (aparentemente) informação para eles é mais importante do que um cheque em branco.

Os homens corretos -em seu trabalho e diante da vida- podem ser discretamente simpáticos, mas nunca passam da conta, porque não vivem disso; já esses outros têm, como profissão, um grande charme pessoal e total disponibilidade para estarem nos lugares certos, nas horas certas, para encontrarem as pessoas certas. Eles sabem exatamente que lugares são esses, e as pessoas que interessam. São adoráveis; com eles não há um só minuto de tédio, e estão sempre prontos a conseguir qualquer coisa de que você precise. De um twister que ainda não existe no mercado a qualquer aproximação que você queira, seja com um homem de negócios ou com uma gatinha; tudo isso rindo muito e prontos a dizer, se pegar mal, que estavam apenas brincando. A simpatia é seu capital, e seu objetivo, um só: fazer negócios. Bons negócios

Alguns mais ingênuos entram na dança, e às vezes, inocentemente, facilitam que esses negócios aconteçam. Negócios que, claro, não têm nada a ver com trabalho honesto, é um toma lá dá cá. Eles são perigosos, e quanto mais simpáticos, mais perigosos.
Nunca, em nenhum momento, pensam no país, nem de onde está vindo o dinheiro que conseguiram numa “tacada”. São nefastos à sociedade de um modo geral, e não porque sejam imorais. São piores, porque são totalmente amorais, e também muito espertos: não deixam rastros por onde passam e têm sempre uma corte em volta, que eles alimentam com pequenos favores. E são capazes de qualquer coisa, por exemplo, namorar uma mulher que não tem nada a ver com eles mas que tem uma posição que poderá ser de grande utilidade em algum momento. Mulher carente, como se sabe, faz qualquer coisa pelo homem que a saiba levar, e é até covardia chegar perto de uma delas. Os chamados homens de bem que se cuidem; esses são extremamente destrutivos, mas conseguem fazer amigos com facilidade. Amigos geralmente com pouca experiência de vida e que conhecem pouco o ser humano. Se tomassem informações, saberiam, mas quem tem tempo para isso nos dias de hoje? Essas pessoas geralmente não bebem, nem fumam, o que causa sempre uma boa impressão. Mas é só ficar atento para perceber o mal que são capazes de fazer. Esse tipo de gente costuma ir muito a Brasília.

Robert Hare teve o mérito de idealizar um constructo seguro para identificar psicopatas em ambiente forense. A reincidência e versatilidade ao crime, os caracteres estruturais da personalidade e os estereótipos comportamentais, etc, estão resumidos neste constructo. Ele também, junto com seus colaboradores, teve o mérito de observar que os psicopatas não estão somente envolvidos com a ralé do crime, mas podem ser encontrados também nas instituições (grandes empresas, câmaras e senados, universidades, etc) e chamou-os de “psicopatas institucionais”. Constatou também que estes têm um fascínio tremendo pelo poder, e quanto mais competitivo for a instituição, na razão direta do seu prestígio e poder, maior a atração exercida, como se fossem imãs de psicopatas.

E por mais que um destes tente parecer sério, honesto, mobilizando muitos com seu carisma floreado de mentiras, mas cedo ou mais tarde se traem, não pela mentira, instituição universal, mas pelos caracteres, como que se uma brecha da personalidade se abrisse e deixasse vazar a essência que se espalha com um intenso e malcheiroso odor nos ambientes por onde passa ou vive. Assim é que um medíocre personagem da república, repudia todo as evidências contra ele, defendendo-se em nome de um passado de gloriosas lutas e resistência, de chefe militar cubano organizando a libertação dos oprimidos, como se fora ele – e somente ele – o salvador da pátria, o messias das esquerdas. Ora, quem é ele, quem o conhece, quem sabe desse passado tão evidentemente mitômano? Ao mesmo tempo que alardeia uma mentira que de tanto repetir acredita ser verdade – ou, pior, que o povo o segue -, arvora-se em destruir um partido que busca honestamente retornar às suas bases e à sua ideologia original, dando um golpe de tornar-se seu “comandante supremo” e restaurar toda a mentira que é o lastro de sua vida, assim como da camarilha com a qual partilha toda essa vergonha nacional.

Psicopatas se unem para somar as vantagens, mas depois de atingido o objetivo, o extremo narcisismo põe um em luta contra o outro, luta suja, dissimulada, sórdida, violenta, que objetiva o poder parasitário. Está tudo aí, agora eles se chifram. E nós temos de “engolir” tudo isso, mesmo sabendo que o lugar de todos eles, é na cadeia. Sem direito a sursis.

Com relativa frequência os psicopatas de forma geral se envolvem em processos judicias sejam cíveis ou penais. Culpam os outros pelo seu insucesso. Aqui um diferencial importante com a neurose, o neurótico culpa a si mesmo pelos insucessos de sua vida. Assim costumo referir se “Eu sei que eu é que sou o problema, mas não consigo me controlar, eu sei que sou esquisito, medroso, ansioso, mas eu sou assim, ninguém tem culpa”. Já o sujeito com psicopatia está sempre a culpar os outros pelo seu insucesso e desavenças.

Psicopatas não tem escrúpulo no sentido de obstáculo da consciência “escrupulum” em Latin significa pedrinha ou pedregulho, sendo um diminutivo de “escropum” (rochedo).

Quando o grau de insensibilidade aos outros atinge certo nível o TP assume o feitio de Psicopatia. Tais sujeitos com frequência se envolvem em crimes e/ou grave dano a alguém.

 

Similar Posts