Volume 13 - 2008 Editores: Giovanni Torello e Walmor J. Piccinini |
Agosto de 2008 - Vol.13 - Nº 8 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on
line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão
lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar
traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a
psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões
e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de
sites. Qui sommes- nous ? France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on
line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression
lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des
traductions et des articles en français et en portugais concernant la
psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques
habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et
d’associations, sélection de sites 1. MILTON H. ERICKSON E A COMUNICAÇÃO HIPNÓTICA (II) Hélène FABRE(Psicóloga clínica) Tradução : Eliezer de Hollanda Cordeiro
O ENCONTRO COM ADOLFO Segundo Milton H.Erickson, a hipnose é a maneira pela qual duas pessoas reagem entre elas.’’O resultado deste tipo especial de comunicação entre duas pessoas é um transe profund’’, escreveu. O modelo ericksoniano sobre o emprego terapêutico da comunicação abrange os diferentes modos de interação: - O elemento verbal (=palavras) - Parâmetros paraverbais (= tom da voz e suas modulações, rítmo, pausas, silêncios...) - Parâmetros não-verbais (= respiração, movimentos do rosto e do corpo). A comunicação hipnótica é uma comunicação com o inconsciente, mas para Erickson esta noção não comporta todas as características que lhe atribue a psicanálise. Aliás, Erickson prefere empregar muito mais os termos ‘’espírito inconsciente" e ‘’espírito consciente’’. Dominique Megglé (1) brinca ao batisar o inconsciente com o nome de ‘’Adolfo’’ afim de evitar toda confusão teórica e semântica com o inconsciente freudiano. De que se trata ? Esta distinção decorre da observação clínica de que um paciente pode contar uma história que lhe pareça realmente verdadeira ao nivel consciente e ao mesmo tempo contar uma outra história bem diferente, mas desta vez em nivel não-verbal. Exemplo : uma paciente encontra seu terapeuta e lhe diz que ‘’ela não se sente muito bem’’, seus propósitos acompanhando-se ao mesmo tempo de uma grande gargalhada.Para Erickson, essa atitude paradoxal mostra o quanto é importante considerar-se a pessoa em suas dimensões biológica, psicológica e social. Há realmente diversos níveis de comunicação que devem ser levados em conta. Na concepção ericksoniana, a consciência restringe a informação e a realidade, na medida em que somos apenas conscientes de poucas coisas ao mesmo tempo; por exemplo : de um som, de uma imagem e de uma idéia. Ao contrário, o espírito inconsciente é muito criativo e tem uma maneira peculiar de tratar a informação, de associar imagens, sensações, idéias, símbolos em função de suas relações analógicas. Assim, a lógica do inconsciente desafia toda análise racional ; por isso Erickson considera que a tentativa freudiana de compreensão do inconsciente é insuperável. Para D. Megglé (1), Adolfo é dotado de muito humor e gosta de brincar, o que explica sem dúvida em grande parte a eficiência do emprego de trocadilhos na situação terapêutica. O terapeuta entra em contacto com Adolfo falândo-lhe de experiências agradáveis ;é que os sentidos de Adolfo são muito finos: ele sabe mostrar-se bastante sensível aos aromas, sons, lembranças, e adora imagens mentais. Assim, para suscitar essas experiências, o terapeuta pede ao paciente de se recordar, por exemplo, de uma cena de férias que muito lhe agradou. As vezes, segundo os próprios termos de Megglé, Adolfo ‘’parece realmente imbecil, ’’ao responder de maneira literal às questões do terapauta, que se encontra então na obrigação de reformular sua interrogação; por exemplo, se o terapeuta pergunta ao paciente desde quando ele se preocupa com o seu problema, Adolfo pode responder de maneira lacônica por um ‘’sim’’… Ou então, se o terapeuta lhe pergunta se ele pode dizer qualquer coisa, Adolfo vai responder :’’qualquer coisa’’.Segundo Megglé, a aparente idiotice de Adolfo é na realidade um logro ; ele é um sábio que possue muita experiência, seu espírito consciente tendo lhe confiado a memória. D.Megglé compara também Adolfo ao personagem da criada ladina das comédias de Molière: ‘a criada compreende tudo, vê tudo, está ao par de tudo, e, numa situação complexa, graças a seu bom senso capta muito rápido o essencial e a direção que deve seguir. Quando o patrão obstina-se em realizar um projeto absurdo, ela encontra um meio para levá-lo ao fracasso, seja por intermédio de estratagemas elaborados com cúmplices que consegue encontrar, seja se disfarçando. Se ela é levada a lutar contra seu mestre ou patrão é porque o ama muito, embora ele seja um misantropo, avarento, ridículo ou mesquinho.Ela presta-lhe serviço, é-lhe totalmente dedicada. Portanto, seu reino aparente se estende somente à cozinha e à arrumação da casa e da roupa…’’E Megglé ajunta: ‘’Numa casa, muitas regulações entre as pessoas da família são obtidas na cozinha, com a porta fechada, enquanto o papai lê o jornal na sala de visita’’! Assim, os projetos conscientes mais finos podem abortar quando a criada ladina os julga idiotas! Megglé emprega esta analogia para justificar porque o terapeuta conta tantas histórias e anedotas ao paciente em situação de hipnose ; para ele, embora isto pareça evidente, falar desta forma com Adolfo ou a criada ladina é mais caloroso, mais realista e mais tranquilo do que conversar com o espírito consciente, que não dispõe de instrumentos suficientes para perceber a complexidade do espírito inconsciente. Desta forma, é preferível deixar o inconsciente agir, fornecer-lhe o contexto terapêutico apropriado, mesmo se devemos correr o risco de não compreender tudo o que está em jogo… (conforme o exemplo de George o esquizofrênico e da salada de palavras:formidável ilustração pela qual Erickson prova sua adaptação ao paciente e a seu funcionamento mental). Assim, o terapeuta constrói um espaço capaz de facilitar o aparecimento da hipnose. Ele o faz por meio de uma linguagem especial endereçada ao inconsciente, e que este reconhece como lhe sendo destinada. (A seguir). 1) Dominique MEGGLÉ : ERICSON, Hypnose et Psychothérapie, Retz, Paris, 1998 2) Jeffrey K. ZEIG : La Technique D’Ericson», Hommes et Groupes Éditeurs, Paris, 1985.
2.UM SÓSIA MATOU VALENTIN Eliezer de Hollanda Cordeiro Stéphane M. et Noëlla H. continuam negando toda e qualquer participação na morte de Valentin, um pré-adolescente de 11 anos,assassinado selvagemente com mais de 40 facadas na pequena cidade de Lagnieu. No Tribunal de Justiça de Bourg-en-Bresse, o Procurador da Justiça informou que Stéphane M. disse não ter morto o menino, pretendendo que foi o seu sósia . Ele afirmou também ter muitos sósias. Embora o seu ADN tenha sido encontrado nas roupas de Valentin, que facas tenham sido também encontradas nas sacolas do casal, Stéphane M. continua negando o crime. Seus propósitos são frequentemente delirantes : diz ser "o rei da Austrália", por exemplo. Ele e sua companheira parecem viver fora da realidade. Seriam simuladores ? Sem descartar esta possibilidade, o Promotor pensa que não é o caso. Noëlla H. a companheira, parece"um pouco mais dentro da realidade",mas nega haver presenciado o crime. Ela admite, entretanto, que Stéphane tenha mudado nos últimos tempos, se tornando mais violento. Os dois foram indiciados pelo juiz por "homicídio voluntário em menor de 15 anos, aompanhado por atos de tortura e de barbária". PERTURBADOS Há cerca de vinte anos que Stéphane e Noëlla andam juntos pela França afora, vagabundando a pé ou pedindo carona. A família de Noëlla, conta que ela era uma moça muito crente, apaixonada por Stéphane. A mãe de Stéphane,por sua vez, afirma que seu filho sofre de um "delírio de perseguição" ; os automobilistas que lhes deram carona, lembram-se dos propósitos incoerentes do casal, contando que estavam realizando "uma missão" na França, que eles eram "peregrinos" e tinham parentes australianos muitos ricos, que enviariam dinheiro para agradecer as pessoas que os hospedassem. PERITOS A questão da saúde mental dos autores do crime será examinada por peritos. Nestes casos, os psiquiatras devem precisar a existência ou não de eventuais patologias mentais. E indicar se os acusados sofriam ou não de uma abolição do discernimento no momento em que os fatos ocorreram. Se for o caso, depois da lei de fevereiro de 2008 sobre a a irresponsabilité dos autores de crimes e delitos, um debate contraditório é previsto pela lei na sede de um tribunal, em presença dos peritos. E, se o tribunal confirmar a decisão dos psiquiatras, a instituição juridica pronunciará as medidas de ‘’segurança’’ necessárias contra o acusado, em nome da defesa da vítima e da proteção da sociedade. DISTÚRBIO PSÍQUICO E IRRESPONSABILIDADE PENAL É sobre esta questão da irresponsabilidade penal dos autores de crimes e delitos sofrendo de distúrbios mentais graves, como Stéphane M. por exemplo, sem dúvida um esquizofrênico, que existe um desacordo importante entre o governo e a comunidade psiquiátrica. Assim, na POLBR de fevereiro 2007 escrevemos que na cidade de Pau, a cour d'appel ( instância judiciária que examina novamente, litigios que já foram julgados uma vez) confirmou o ‘’non-lieu psychiatrique” pronunciado em favor de R.D., um jovem autor de um duplo homicídio no hospital psiquiátrico desta cidade, em 2004. O paciente, após várias perícias, foi julgado irresponsável por causa de uma esquizofrenia paranoide. No momento do crime, ele contou que se achava perseguido por nazistas e que decapitou uma das enfermeiras pensando que fosse uma serpente. Os juizes da corte de justiça deram razão ao promotor público, quue havia exprimindo sua convicção de que o discernimento do acusado estava abolido no momento dos crimes.A sessão durou apenas alguns minutos, os advogados tendo declarado que ‘’não era possivel julgarem um louco’’. Ele foi enviado para a Unidade de doentes dificeis do Hospital psiquiátrico de Cadillac, onde deverá ficar por tempo indeterminado. Mas o governo voltou a carga e apresentou um novo projeto para reformar a lei de 1990 sobre o internamento psiquiátrico. Os psiquiatras mantêm suas posições : se o paciente for declarado irresponsável pelos peritos, ele deve ser tratado e não condenado à prisão. Posições contraditórias que, no atual contexto político francês, dificilmente serão superadas. 3.SUCESSO DO DOUTOR DEPAUL NO BRASIL Tradução:Eliezer de Hollanda Cordeiro
Percorrendo “Les Archives des Médecins”(7), encontrei um artigo publicado no jornal Le Figaro em ...1875 ! O jornalista, Adrien Marx, conta a história da viagem do Senhor Professor Depaul, enviado ao Brasil para fazer o parto da princesa imperial (princesa Isabel do Brasil). De volta à França, o professor deu uma entrevista a Adrien Marx sobre as circunstâncias deste acontecimento. Sabia-se no Rio de Janeiro que o Professor Depaul faria o parto da futura herdeira do trono, a condessa d'Eu, o que suscitou reações de uma parte da corporação médica e da imprensa, alguns percebendo nesta decisão real uma forma de anti-patriotismo. Há nove anos que a condessa esperava um filho, donde sua vinda à Paris afim de consultar o Doutor Depaul. Com o tratamento prescrito pelo ilustre médico, a princesa engravidou pouco tempo depois e voltou ao Rio para dar à luz. Mas a criança nasceu morta. Grávida pela segunda vez, o Imperador,desconfiando do parteiro, ratificou a escolha do Doutor Depaul, que desembarcou no Rio. O parto foi laborioso, necessitou o uso do fórceps, e grande foi a ansiedade do conde d'Eu, marido da princesa. ‘’Nunca eu vira um casal tão unido’’, testemunhou o Doutor Depaul, ajuntando que eles amavam-se como burgueses... Após treze horas de sofrimentos, a princesa deu à luz a um menino que pesava quase doze libras mas não dava sinal de vida, restando uma hora inerte e um tanto cianosado. Mas tudo se terminou muito bem, graças ao zelo do Professor, seu sangue frio e sua destreza. Médicos, cortesãos, jornais, todos exaltaram o professor. Academias ofereceram-lhe banquetes, e, apesar de suas reticências, o Doutor Depaul deu consultas durante vários dias, num apartamento lotado de clientes. “ Em menos de 15 dias, depositaram-me 15 000 francos em cima de meu bureau”, disse o Professor!
4. CONGRESSOS
La Lettre de Psychiatrie Française du mois de juin 2008 nous propose les Réunions et Colloques suivantes : SETEMBRO 2008 *Paris, le 5: ‘’Psychanalyse et criminologie : recherches antérieures et actuelles’. Congrès organisé par la Société Psychanalytique de Paris avec la collaboration de l’Institut de Criminologie de Paris. -Lieu : 12, Place du Panthéon, 75005, Paris -Renseignements et inscriptions auprès du Dr. France Paramelle: [email protected] *Paris, le 13 : ‘’L’image de la psychanalyse’’, organisé par L’Association Internationale d’Histoire de la Psychanalyse (AIHP)’’. -Renseignements : AIHP-Tél/Télécopie :01 43 37 39 26 , [email protected] , www.aihp-iahp.org *Montpellier (du 17 au 19) : first ‘’ Conference Clinical trials on Alzheimer’s disease’’, organisé par l’EADC (European Alzheimer’s Disease Consortium) . -Renseignements :alliance médicale, Tél. : 04 67 63 43 95 Courriel : [email protected] *Lyon (du 18 au 19) : ‘’24ème Congrès Internationale de la Société de Psychogériatrie de Langue Française’’, organise par l4Ecole Normale Supérieure. -Renseignements : Agence PARAKALO- Tél. : O4.72.71.53.52 Courriel : [email protected] *Marseille (les 29 et 30) :’’Santé Mentale et psychiatrie : le défi de la liberté ; regard sur des logiques contradictoires’’. -Informations : FASM CROIS Marine 31, rue Amsterdam 75008 Paris, Tél :01 45 96 06 36 Mél : [email protected] Internet : www.croixmarine.com *Toulouse (30 septembre) :13ème journée toulousaine de Psychiatrie de l’Enfant et de l’Adolescent : ‘’Quoi de neuf autour du bébé’’. -Renseignements : SUPEA Pr. JP Raynaud, CHU de Toulouse - Courriel : [email protected] Tél : 05 61 77 80 54.
5.REVISTAS
*La revue française de psychiatrie et de psychologie medicale *L’encephale
6.ASSOCIAÇÕES *Mission Nationale d’Appui en Santé Mentale *Association française pour l’approche integrative et eclectique en psychotherapie (afiep) *Association française de psychiatrie et psychologie legales (afpp) *Association française de musicotherapie (afm) *Association française de therapie comportementale et cognitive (aftcc) *Association de langue française pour l’etude du stress et du trauma (alfest) *Association de formation et de recherche des cellules d’urgence medico-psychologique (aforcump) *Association nationale des hospitaliers pharmaciens et psychiatres (anhpp) *Association scientifique des psychiatres de secteur (asps) *Association pour la fondation Henri Ey *Association internationale d’ethno-psychanalyse (aiep) *Collectif de recherche analytique (cora) *Groupement d’études et de prevention du suicide (geps) *Groupe de recherches sur l’autisme et le polyhandicap (grap) *Groupe de recherches pour l’application des concepts psychanalytiques a la psychose (grapp) *Société française de gérontologie *Société française de thérapie familiale (sftf) *Société française de recherche sur le sommeil (sfrs) *Société française de relaxation psychotherapique (sfrp) *Fédération française d’adictologie *Société de psychologie medicale et de psychiatrie de liaison de langue française *Union nationale des amis et familles de malades mentaux (unafam) *Association Psychanalytique de France (apf) *Société Psychanalytique de Paris (spp)
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