Outubro de 2025 – Vol. 31 – Nº 10
Sérgio Telles
- Psicanalista francesa comenta sobre uma questão importante e frequente na clínica – deve um analisando conversar sobre sua análise com as pessoas que lhe são próximas (familiares, amigos)? Ela aponta a complexidade de expor algo íntimo que se desenvolve no espaço transferencial para alguém que desconhece tais especificidades e que ouviria de forma que pode não ser a esperada por aquele que faz a confidência. Não que proíba o assunto, mas enfatiza o respeito e o cuidado que o paciente deve ter para consigo mesmo.
Faut-il parler de sa thérapie à ses proches ? La réponse d’une psy !
- Matéria publicada em site português anuncia uma reedição do clássico livro de Bruno Betelheim “A psicanálise dos contos de fadas”, criticando a equivocada e sistemática pasteurização que tais relatos vêm sofrendo nas últimas décadas e não só pelas versões produzidas pela Disney. Os educadores de hoje ignoram a importância dessas narrativas, por pensar que são excessivas na exposição de violência e crueldade. Na verdade, elas representam e simbolizam os fortes sentimentos vividos pelas crianças, ajudando-as a integrá-los em seus psiquismos.
- Longa resenha do livro “Gide et Freud. La reception de la psychanalyse dans les letres françaises (1900-1930)”, Garnier, 2024 – onde o autor, David Steel, mostra a ambivalência de Gide frente à psicanálise e Freud, uma mistura de admiração e ciúmes, sentimento que marca a relação entre psicanálise e literatura.
- Entrevista com Ian Parker, analista lacaniano inglês, que está relançando pela Zagodoni Editora seu livro “Psicanálise Lacaniana: Revoluções em subjetividade”.
- Monah Winograd, professora da PUC-Rio, em curto artigo, fala sobre as limitações do uso terapêutico da IA. Argumenta que a Inteligência Artificial, por se ater à “manipulação sintática da linguagem”, não atinge a “dimensão semântica do desejo”, essencial no processo psicanalítico. Penso que a questão é mais complexa, pois a IA não se atem à sintática, ela inclui a semântica e, efetivamente interpreta (cria significados), mesmo sem sentir, sem ter consciência ou inconsciente. Privada de sentimentos, a IA acessa exclusivamente através da linguagem os sentimentos presentes nos relatos orais ou escritos que processa. Nós, analistas, acessamos o afeto dos pacientes com nosso próprio afeto, mas também através da linguagem, como a IA.
- Psicanalista da APPOA relata um fato cotidiano que a fez meditar sobre a necessidade de corrigir a falha do Outro, cuja constatação é traumática para a criança.
Quem sustenta o meu Outro? (Coluna da Appoa) – Sul 21
- Obituário do psicanalista italiano radicado em Londres Andrea Sabbadini, que se dedicou ao estudo da relação do cinema com a psicanálise. Sobre esse tema, escreveu vários livros, criou uma seção no International Journal of Psychoanalysis e um festival europeu de cinema e psicanálise.
Andrea Sabbadini obituary | Health, mind and body books | The Guardian
- Em entrevista, Christian Dunker fala sobre terapia com IA e os riscos inerentes a isso, além da capacidade aditiva para algumas pessoas mais vulneráveis.
Terapia com ChatGPT e tudo que você queria saber sobre IA e humanos; Christian Dunker analisa
Terapia com IA é como refringente: ‘você bebe e sente mais sede’, diz Dunker – YouTube
Vai fazer terapia com o ChatGPT? Veja 3 dias de Christian Dunker para não cair em cilada
- O psicanalista argentino Mariano Horenstein nesse livro CONVERSA INFINITA entrevista 19 artistas (escritores, cantores e performers) que falam sobre suas experiências com a psicanálise. Entre eles Caetano Veloso, Jorge Drexler, Marina Abramović, David Cronenberg, Paul Auster, Siri Hustvedt e Slovoj Zizek.