Prof. Dra. Márcia Gonçalves*

 

Por maternidade compreende-se o processo que engloba planejamento familiar, gestação, parto, puerpério e criação dos/as filhos/as. Velazques 1987

Em francês: “mar” e “mãe” apresentam-se com a mesma sonoridade:  “la mer” e “la mère“, corpo da mãe (la mère) que se oferece como um continente de acolhimento às necessidades físicas, corporais e emocionais do bebê.1

“O mal-estar na civilização Freud menciona o “sentimento oceânico” ” (Freud, 1930 1929] /1996).

Trata-se de um sentimento ou sensação de eternidade, de algo ilimitado e sem fronteiras, portanto, “oceânico”.1

E que só pode ser experimentado no auge do sentimento amoroso, no qual as fronteiras entre o ego e o objeto. 1

O INSTINTO MATERNO É DESCRITO COMO UMA TENDÊNCIA PRIMORDIAL que cria em toda mulher um desejo de maternidade e que, uma vez satisfeito, incita a mãe a zelar pela proteção física e moral dos filhos.

Mais intensos na primeira semana pós-parto do que nas seguintes. Durante o período gestacional, o corpo materno sofre alterações anatômicas, neurológicas e fisiológicas, sendo que as duas últimas são as principais responsáveis pelas modificações comportamentais. 1

Alterações fisiológicas em animais, (roedores), por meio de modelos de comportamento materno.

Compõe quatro aspectos:

  • RECOLHIMENTO DOS FILHOTES,
  • CONSTRUÇÃO DO NINHO,
  • AMAMENTAÇÃO,
  • E LIMPEZA DA NINHADA. 1

Nesses estudos foi possível constatar a verdadeira influência de diferentes hormônios sobre as variadas estruturas do sistema nervoso em ratas.

 

Esse sentimento pode ser experimentado tanto no apaixonamento entre um casal como na fusão do bebê com a mãe, constituindo uma unidade indiferenciada durante a dependência absoluta a partir dos cuidados maternos. 1

 

COMPORTAMENTO MATERNAL NO RATO É MEDIADO POR EVENTOS HORMONAIS:

São eles: Oxitocina, estrogênio, prolactina e vasopressina. 2

Injeção de oxitocina nos ventrículos cerebrais em ratas virgens INDUZ comportamentos maternos após 2 horas da aplicação). O bloqueio de receptores para a oxitocina ou a inativação da própria oxitocina BLOQUEIA o início do comportamento materno em ratas que acabaram de dar à luz. 2

A oxitocina – aumento da ativação em áreas límbicas motivacionais do cérebro em resposta ao estímulo do contato da mãe com o filho.

Durante os últimos dias da gravidez e os primeiros dias da lactação, ocorre um significativo aumento dos receptores de oxitocina em várias áreas do cérebro e há aumento do número de neurônios hipotalâmicos que começam a produzir esse neuropeptídio. 2

 

Em resposta a estímulos ameaçadores a mãe torna-se agressiva, com o intuito de preservar a vida da prole.

O Reconhecimento do adversário como como uma ameaça em potencial e esse reconhecimento envolve a detecção de pistas feromonais.

A VASOPRESSINA, modula

  • A OSMOLALIDADE,
  • AGRESSIVIDADE,
  • O EIXO HIPOTÁLAMO HIPÓFISE-SUPRA-RENAL,
  • COMPORTAMENTOS SEXUAIS,
  • MEMÓRIA 2

… E TEM SIDO ESTUDADA EM TRANSTORNOS DEPRESSIVOS.

Além das alterações hormonais, existe um aumento na matéria cinzenta em regiões do cérebro relacionadas com processamento da informação somatossensorial a após os primeiros meses do pós-parto.

Esses achados evidenciaram que essas mudanças na estrutura cerebral materna. requer o relacionamento direto entre a mãe e sua cria. 2

Em ratas, informações auditivas, olfatórias, somatossensoriais e visuais durante interações físicas com sua prole e estímulos de aleitamento estão relacionadas com a reorganização do tálamo, lobo parietal, córtex sensorial. Porém, essas mudanças no córtex parietal só ocorrem quando as mães interagem com seus filhotes, mas não quando elas foram expostas somente ao cheiro ou sons de sua prole.

Volumes crescentes de matéria cinzenta encontrados no tálamo, giro pré-central e pós-central e no lobo parietal superior, e que ocorrem do primeiro ao quarto mês no período pós-parto, estão relacionados com a frequência e a qualidade das interações da mãe com o seu filho. 2

A vasopressina, conhecida por sua função na manutenção da osmolaridade, também é reconhecida por modular a agressividade, o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, comportamentos sexuais, memória e tem sido estudada em transtornos depressivos.

A lactação estimula a produção de vasopressina pelo eixo HPA e, assim, a vasopressina liberada age na amígdala, podendo estimular a agressividade materna.

A oxitocina, aumenta a ativação em áreas límbicas motivacionais do cérebro em resposta ao estímulo do contato da mãe com o filho. 2

Durante os últimos dias da gravidez e os primeiros dias da lactação, SIGNIFICATIVO AUMENTO DOS RECEPTORES DE OCITOCINA

Podemos encontrar Interações sociais positivas no:

  • TOQUE
  • SUPORTE PSICOLÓGICO
  • AMBIENTE CONFORTÁVEL E POSITIVO,
  • CALOR HUMANO
  • EMPATIA … podem ser catalisadores da libertação da oxitocina.

 

    O comportamento materno tem vários elementos:

  • CONSTRUÇÃO DO NINHO,
  • AGRUPAMENTO DOS FILHOTES,
  • CUIDADOS,
  • LIMPEZA,
  • PROTEÇÃO E NÃO-AGRESSÃO PARA COM OS FILHOTES. 2

o cérebro humano, que requer 25% daquilo que o coração bombeia, é particularmente complexo e extenso. É um conjunto distribuído de milhares de milhões de células que se estende por uma área de mais de 1 metro quadrado. São ÁREAS FUNCIONAIS, que podem cada uma abranger até um décimo dessa área. O cérebro cresce à um ritmo impressionante durante o seu desenvolvimento. 3

Em certas épocas do desenvolvimento cerebral, 250.000 novos neurônios por minuto são adicionados!!!

Maioria das pessoas não consegue se lembrar do que aconteceu com 2 a 3 anos de vida.

MAS os acontecimentos ficam guardados na memória ao longo da vida e são eles que moldam o comportamento de cada indivíduo.

Nos primeiros anos de vida, o cérebro tem grande plasticidade e capacidade de aprender coisas novas.

Dois fatores exercem influência sobre a forma como o cérebro reage às novas informações: ASPECTOS BIOLÓGICOS; GENÉTICOS (FATORES INTRÍNSECOS); AMBIENTE EXPERIÊNCIAS QUE SÃO VIVENCIADAS (FATORES EXTRÍNSECOS).3

 

No segundo ano de vida, o cérebro já possui 80% do tamanho do cérebro adulto.

E continua a crescer, através das células da glia. Estas células continuam a se dividir e multiplicar. Mesmo entre os neurônios, embora não haja um aumento no seu número, há um aumento expressivo no número de conexões são estabelecidas com outros neurônios.3

Abordando a importância das interações e do afeto, foi observado que problemas de internalização estão extremamente ligados a eventos que aconteceram no início da vida. 4

Estudos mostram que dificuldades enfrentadas na Primeira Infância, ou seja, até os 6 anos de idade, como doença na família, separação ou morte dos pais, mudança de bairro, entre outras. 4

Estão relacionadas à internalização de sintomas de depressão e ansiedade que geram alterações no cérebro no fim da adolescência (dos 18 aos 21 anos). 4

Quando o bebê nasce, o organismo e o cérebro ainda estão em desenvolvimento e isso o torna o extremamente sensível e perceptivo aos estímulos de seu entorno.

Por todas as áreas do conhecimento, tem-se defendido que o carinho é um elemento importante do desenvolvimento infantil. 4

Isso porque ele ajuda a formar um cérebro saudável e capaz de enfrentar os desafios da vida adulta de uma maneira menos estressante.

A maior diferença entre o desenvolvimento do cérebro em uma criança e o de um adulto é que o cérebro é muito mais impressionável (neurocientistas chamam de plástico) na infância do que na maturidade. 4

O cérebro em um ambiente empobrecido e desnutrido se torna vulnerável a problemas de desenvolvimento.

Vivências emocionais e corporais do bebê positivas, ajudam a criança a criar redes sinápticas de forma mais funcional. 4

Dessa forma, o cuidado e as interações com os pais e cuidadores no início da vida são capazes de moldar a forma como essas redes sinápticas se formam.

Mesmo os bebês mais novos vivenciam grandes emoções e estão sempre atentos aos sentimentos dos adultos. 4

Uma das formas que o bebê tem de desvendar o mundo é através da observação das reações do seu cuidador e é IMPORTANTE QUE OS ADULTOS ESTEJAM CIENTES DESSA CAPACIDADE.5

  • Podem sorrir quando sua mãe sorri…
  • Perder interesse na brincadeira se perceberem que ela está triste ou que o adulto não está participando com ele…

Por meio de imagens do cérebro, um estudo realizado na Universidade de Washington comprovou os benefícios do amor materno para o cérebro: 5

O HIPOCAMPO cresce duas vezes mais rápido em crianças cujas mães demonstram afeto e apoio emocional, em comparação com as que são mais distantes e frias.

Há um período crucial em que o cérebro responde mais ativamente ao apoio materno, provavelmente por conta da MAIOR PLASTICIDADE DO CÉREBRO nos mais novos. 5

O amor materno é ainda mais importante nos primeiros anos de vida.

Primatas recém-nascidos, incluindo os humanos, necessitam de interações para garantir um desenvolvimento normal. 5

Quando as Interações sociais são ausentes na Primeira Infância, seja por privação ou experiências sociais inapropriadas, pode inferir em doenças físicas ou emocionais, incluindo comportamentos antissociais.

Boas relações amortecem uma possível interrupção no seu desenvolvimento e ajudam a construir sua resiliência, que é o conjunto de habilidades necessárias para responder à adversidade e continuar a se desenvolver. 5

O Center on the Developing Child, da Universidade Harvard, oito importantes fatos sobre a Primeira Infância, que devem apoiar a formulação de ações políticas. 7

Mesmo as crianças mais jovens podem ser afetadas quando sua família vivencia situações de estresse;

O desenvolvimento é um processo interativo, e os resultados alcançados ao longo da vida não são influenciados somente pelos genes;

Enquanto o vínculo com os pais é importante, a criança se beneficia do relacionamento com outros cuidadores de dentro e de fora da família;

Boa parte da arquitetura do cérebro é moldada nos primeiros três anos, mas a janela de oportunidades não se fecha no terceiro aniversário;

A negligência pode ser, para a saúde e o desenvolvimento, uma ameaça tão grave quanto o abuso físico. 5,6

Crianças que foram expostas à adversidade ou violência não necessariamente desenvolvem distúrbios relacionados ao estresse ou tornam-se adultos violentos.

Remover a criança de um ambiente perigoso não irá automaticamente reverter os impactos negativos da experiência.7

Entender a forma como as crianças recebem e aprendem com as interações cotidianas poderá contribuir para o seu desenvolvimento cognitivo, de linguagem e socioemocional.

O amor materno, por muito tempo, foi concebido como algo instintivo.

Afirmava-se que a maternagem é uma característica universal feminina, independentemente da cultura ou da condição socioeconômica.

No entanto, são frequentes casos de mães que maltratam os filhos, os abandonam e até mesmo os matam, fatos que parecem contestar as ideias objetivistas sobre o amor materno.5

Para aqueles que defendem a existência de uma predisposição à maternidade,

O vínculo afetivo entre mãe e bebê é fundamental para garantir o bom desenvolvimento da criança, mas não é responsável pela constituição e manutenção do amor materno. 5

Como afirma Menezes (2007), […]. A maternidade, enquanto uma condição biológica, é natural, visto que é da natureza da mulher uma predisposição orgânica para gerar e gestar um bebê, mas o amor materno está longe de ser uma condição inata.6

O DISCURSO DE ELISABETH BADINTER EM SEU LIVRO “UM AMOR CONQUISTADO” demonstra o mito do amor materno” que vai ao encontro do construtivismo na medida em que a autora considera que o vínculo afetivo estabelecido entre mãe e bebê não é natural, mas construído. (BADINTER, 1980). 7

Elisabeth Badinter (1980) defende que não é apenas o amor que faz com que a mulher cumpra seus “deveres maternais”.

Para ela, os valores sociais, religiosos, econômicos e culturais são variáveis fundamentais para moldar nossos comportamentos e, consequentemente, o amor materno.

Segundo Badinter, “é em função das necessidades e dos valores dominantes de uma sociedade que se determinam os papéis respectivos do pai, da mãe e do filho” (p. 23).8,9

Para a formação de bons adultos, os pais deveriam assumir uma postura na qual o carinho e o afeto deveriam estar ausentes, visto que representavam um comportamento contraproducente para a educação das crianças. Amamentar, era função de amas de leite.

Embora essa prática fosse mais comum nas famílias aristocráticas, no século XVIII ela fez parte de todas as camadas da sociedade urbana.

Não estragar o corpo, desinteresse pela criança para não se perder tempo, para não diminuir o desejo do marido pela esposa, entre outras.

A taxa de mortalidade infantil era bem alta, principalmente entre os bebês aleitados por amas, e a morte de uma criança não era razão para tanto sofrimento. 6,7,8

Philippe Ariès foi um historiador da estrutura familiar a partir do século XVIII. Em “A História Social da criança e da família” (1981) que o sentimento de infância era inexistente. As crianças eram representadas como pequenos adultos, e assim também eram educadas.

Ao contrário da mentalidade dos séculos anteriores, Rousseau via a criança com outros olhos:  Ela era boa, frágil e deveria ser preparada com cuidados essenciais para viver em sociedade. Porém, a educação de meninos e meninas deveria ser diferente.

Enquanto o menino deveria ser educado para os saberes científicos, a menina seria destinada ao casamento e à maternidade.8

Como mostra Forna (1999), foi Rousseau quem estabeleceu a ligação da maternidade com a moralidade. 8

Para os etólogos, apenas pelo contato e pelos cuidados da mãe com o bebê estabelecer-se-á o vínculo entre os dois (Cardoso & Sabatini, 2002).

A maternidade se transformou num processo rígido, carregado de normas, governado por dogmas produzidos por supostos especialistas, cuja visão é sempre formulada em termos do que é melhor para o bebê, situando-os acima de polêmicas (FORNA, 1999). 9, 10

Joan Luby, em um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e publicado pela BBC, descobriu que o amor de mãe ajuda no desenvolvimento do cérebro de uma criança.

A área do cérebro cresce duas vezes mais rápido em crianças que recebem demonstração explícita de afeto e apoio emocional, comparado ao cérebro de crianças cujas mães são mais distantes.11

As imagens do cérebro mostram que o afeto dado até os seis anos de idade da criança não pode ser compensado em demonstrações afetuosas tardias. Isso ocorre porque existe um momento crucial para o cérebro responder mais ativamente ao apoio materno, devido à grande plasticidade cerebral das crianças mais novas.

A pesquisa foi realizada com 127 crianças expostas a exames periódicos de ressonância magnética no cérebro da infância à adolescência.

Para identificar um tipo de mãe, os pesquisadores gravaram situações em que as mães eram expostas a situações de estresse para realizar tarefas na presença dos filhos.11

Às mães foi pedido que concluíssem tarefas enquanto aos filhos era dado um pacote atraente, que não podia ser aberto imediatamente.

Esses testes demonstraram que tais situações, enfrentadas diariamente pelas mães, são desafios às suas habilidades maternas.10

As mães mais afetuosas foram aquelas que conseguiram manter autocontrole na realização da tarefa ao mesmo tempo em que davam algum tipo de suporte emocional ao filho. .10,11

Aquelas que ignoraram as crianças ou agiram de forma punitiva receberam notas menores no mesmo quesito.

O que as ressonâncias magnéticas mostraram foi o impacto dessa diferença de comportamento entre as mães no cérebro das crianças, em uma região responsável por habilidades de memória, aprendizado e controle emocional. “Pequenas mudanças no apoio emocional geram grandes diferenças no resultado. 11

A grande plasticidade cérebro das crianças menores fazer com que responda de modo mais ativo ao apoio materno.

Podemos afirmar que o carinho maternal é fundamental para o desenvolvimento do cérebro do seu filho desde os primeiros dias de vida e essa importância prolonga-se por toda a primeira infância.10,11

Publicada no “Proceedings of the National Academy of Sciences”, a investigação, realizada em 127 crianças, seguiu-as regularmente ao longo de anos e monitorizou a sua atividade cerebral através de ressonâncias magnéticas.

Os principais resultados e conclusões da investigação do estudo conclui que o amor da mãe pode ajudar no desenvolvimento cérebro da criança.

as ressonâncias magnéticas o impacto dessa diferença de comportamento materno no hipocampo responsável por atividades como a memória, a aprendizagem e o controlo das emoções.10,11

“Pequenas mudanças no apoio emocional geram grandes diferenças no resultado final.

A relação entre uma criança e a mãe durante o período pré-escolar é vital, e ainda mais importante do que quando a criança é mais velha”, afirmou a investigadora ao site especializado em ciência Science Daily.11

De acordo com Joan Luby, os resultados da pesquisa sugerem que talvez seja possível ajudar as crianças a melhorar o desempenho escolar, a lidar melhor com a vida adulta e a desenvolverem-se de modo saudável se os pais forem ajudados a aprender a oferecer mais apoio e afeto nos primeiros anos dos filhos. Os cuidados desde a gravidez alteram o desenvolvimento cerebral de bebês.12

Os laços emocionais influenciam tanto a capacidade de memória, aprendizagem, reflexão, mas também habilidades interpessoais, emoções, sentimentos. 12

Os laços emocionais modificam a secreção de moléculas do cérebro, e o desenvolvimento dos neurônios.

Eles também alteram a regulação do estresse, e até mesmo a capacidade de agir em determinados genes. 12

O psiquiatra John Bowlby, que morreu em 1990, já postulou que a necessidade de apego era vital para a criança; neurociência têm confirmado ao longo da última década. 12

O cérebro de bebês e crianças por ser um pouco imaturo, seu intelecto é incapaz de processar longos discursos adultos. Quando uma criança de 18 meses rola no chão, não é para manipular seus pais, atingir os seus fins. Ele vive uma tempestade emocional e não consegue superar sozinho.

O correto seria os pais se manterem ao lado da criança e colocar em palavras para que ele se senta seguro, confortá-lo. Sem ceder aos seus desejos quando eles não são justificados.

Catherine Gueguen é uma médica do hospital Instituto Franco-Britânica de Levallois-Perret, é autora de uma infância feliz. Ela afirma que crianças criadas em ambientes caóticos e desorganizados, desenvolvem maiores vulnerabilidades emocionais, o que resulta em uma infância e, adolescência mais problemática, também interferem de maneira pontual no crescimento das redes neuronais do cérebro infantil. 13

Utilizando o modelo animal, uma nova pesquisa se debruçou exatamente sobre esses aspectos. 13

Descobriu-se que cuidados maternos inconsistente ou fragmentada à prole decorrente dos ambientes mais estressados aumentam exponencialmente a probabilidade desses filhotes desenvolverem comportamentos de risco. 13

Pode-se dizer com confiança que o ambiente psicossocial tem um impacto significativo sobre a forma como o cérebro humano se desenvolve, e isso coloca um peso muito forte por trás da ideia de que carinho precoce de crianças afeta positivamente o seu desenvolvimento. 13

Avanços na neurociência do desenvolvimento biológico humano, identificando pontos capitais. Naturalmente o estímulo durante o desenvolvimento biológico pode ser de qualidade ou deletério.14

No primeiro trimestre do desenvolvimento embrionário o feto é particularmente afetado por neurotoxinas como fumo, chumbo, alumínio e mercúrio, já a estimulação proveniente de um lar violento, afetado pelo consumo descabido de bebidas alcoólicas, agressões e intimidações, gera sequelas no desenvolvimento cerebral das crianças. 14

A síndrome alcoólica fetal, entre outros danos, “queima” neurônios, e provoca déficits comportamentais e de função cognitiva. Por sua vez, a subnutrição da gestante gera crianças com cérebro menor. 14

Especificamente a carência de ferro na alimentação produz profundos efeitos nas funções motoras e cognitivas. O ion Fe++ indiretamente participa da síntese de neurotransmissores, mielinização das fibras nervosas e dos processos de codificação da memória no hipocampo. 14

Era amplamente aceito que a cito arquitetura do cérebro estava estabelecida no nascimento, em decorrência das características herdadas dos pais.

Sabe-se atualmente, que ocorre substancial parcela de desenvolvimento cerebral no período entre a concepção do novo ser e o primeiro ano de vida.

A visão é processada pelo lobo occipital, sendo a audição, aspectos de memória e o “eu” processados pelos lobos temporais. Os lobos parietais abrigam o córtex sensorial e motor. O cerebelo controla os movimentos. Os lobos frontais (área pré-frontal) estão envolvidos com antecipação, planejamento, pensamento ético e religioso.15

Há uma intensa interação entre a estimulação precoce, via órgãos dos sentidos e a carga genética.

Desta forma podemos afirmar que Estímulos adequados durante a Primeira Infância influenciam o funcionamento, e a própria arquitetura do cérebro, o que pode contribuir para sua maior eficiência e o mesmo ocorre do lado negativo: A FALTA DE ESTÍMULOS, ESTÍMULOS PERNICIOSOS OU INADEQUADOS trarão efeitos negativos para a arquitetura, a estrutura e o funcionamento cerebral.16

 

  • Professora da Universidade de Taubaté.

Referências com o autor: [email protected]

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