Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Setembro de 2017 - Vol.22 - Nº 9 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a psicologia e a psicanálise. Qui sommes- nous ? FRANCE-BRASIL-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on line” offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des traductions et des articles en français et en portugais concernant la psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse.
1. BISEXUALIDADE E DIFERENÇA DE SEXOS Referência : NOUVELLE REVUE DE PSYCHANALYSE (CATALOGUE-1970-1989),Gallimard (Revista dirigida por J.B.PONTALIS) J.B.PONTALIS:
Duas contribuições essenciais da psicanálise: a existência em todo humano
duma bissexualidade psíquica e as consequências psicológicas, culturais das
diferenças anatômicas dos sexos. Como pensar o ser duplo e a ‘’pequena
diferença’’? É o que tenta fazer esta compilação que, partindo
do mito platônico do andrógino e da figura antiga do hermafrodita, explora as
formas da ambiguidade sexual e do ‘’gênero neutro’’, mostrando como
opera tanto na teoria freudiana como na clínica a oposição masculino-feminino : bipartição dissimétrica e não
complementar. 2. PODERES Referência: NOUVELLE REVUE DE
PSYCHANALYSE(CATALOGUE-1970-1989), Gallimard (Revista dirigida por
J.B.PONTALIS) Depois de algum tempo tornou-se possível
colocar em evidência a difusão do ‘’psicanalismo’’,
esta influência crescente dos ‘’psy’’
na sociedade atual através de mediadores interpostos ( Escola, Justiça,
Saúde mental). Os próprios psicanalistas, sobretudo depois dos
acontecimentos em Maio de 1968, colocaram em causa a função de
suas instituições que geram e reproduzem a psicanálise. Todo um movimento de crítica e de contestação
desenvolveu-se neste sentido, mas sem que sejam compreendidas as raízes
do poder na própria análise: poder da interpretação, poder da
transferência e do amor, da sedução e da sugestão, poder do
silêncio. A questão, talvez demasiadamente presente hoje em
dia, do poder dissimulado, merece ser abordada neste lugar,
aparentemente fora do palco social que é o gabinete do analista. 3. A BELA VITALIDADE DAS LÍNGUAS ROMANAS Referência : REVISTA SCIENCES
HUMAINES (MAIO2017) Artigo escrito por Anna Quéré Tradução : Eliezer de
Hollanda Cordeiro Bonjour, buenos dias, buono
giorno, bom dia…francês, espanhol,italiano,
português e mesmo o romano : um bilhão de locutores falam essas línguas
oriundas do latim. Um número consequente que revela uma
vitalidade das línguas romanas que foram
durante muito tempo ignoradas, vitalidade que interessaram os
pesquisadores da revista Hermès numa edição
coordenada por Louis-Jean Calvet e Michaël Oustinoff. Os números são eloquentes: se classificarmos as
línguas do mundo segundo o número de países onde elas são oficiais, o inglês
ocupa sem surpresa o primeiro lugar, seguido de perto pelo espanhol e o português.
Mas, se hierarquizarmos as línguas segundo o número de locutores que as
praticam, é o mandarim que ocupa a primeira posição, seguido pelo
espanhol e o inglês. Contudo, se o inglês foi a língua mais
utilizada no WEB há 10 anos, porém esta porcentagem
desceu rapidamente para atingir, hoje, 30%. O inglês teria deixado de ser a
referência mais importante da comunicação mundial ?
Mesmo o British Council
ficou emocionado e começou a favorecer muitos estudos sobre a questão.
O constato é irrevocável: se o inglês continua sendo uma língua bastante
centralizada, muitas são atualmente as que se desenvolveram, a começar
pelas línguas romanas porque estas beneficiam dum precioso instrumento: a
compreensão recíproca, sobretudo pela escritura. Este potencial já alertou os
anglófilos. Partilhar o inglês como língua oficial aumenta de 144% os
intercâmbios comerciais, enquanto que falar o espanhol constitui um
crescimento de 389%, salienta um estudo do British Council e do Instituto Cervantes em 2011. Aliás, esta vitalidade acarreta escolhas
geopolíticas de grande envergadura: Nigéria, o maior país anglófono da
África, estimula atualmente o aprendizado do francês de maneira intensiva afim de desenvolver suas relações comerciais com os países
francófonos vizinhos. No que diz respeito ao espanhol, seu futuro
depende dos Estados Unidos, que será a primeira nação hispanófona do mundo em
2050. Contudo, não se trata de revolução, o inglês continuará sendo uma
lingua dominante no mundo. Em compensação, o que
parece ser uma solução obsoleta é o… inglês (…) ,
escreveu Michaël Oustinoff.
Persistir em promovê-lo é não obter uma modernidade avançada mas uma modernidade atrazada. 4. FREUD E JUNG: A RUPTURA (2) Referência: Le Cercle Psy: L’histoire de la psychologie en 100 dates (A história da psicologia em 100 datas) 1913, VIENA A psicanálise conheceu inícios complicados,
mas depois, foi grande a expansão. Em 1902, a Sociedade psicológica que se reunia na
quarta-feira,organizada pelo sexologista de Viena, Wilhelm Stekel (1868-1940),
tinha cinco membros. Em 1906, ano no qual Otto Rank (1884-1939)
tornou-se o secretário, havia 17. Em 1908, ela se transformou em Sociedade
psicanalítica, e Jung, que fez o possível para alargar o
campo da psicanálise não somente às neuroses mas também às
psicoses, tomou a iniciativa da organização do primeiro Congresso Internacional
em Salzbourg. Dois anos depois, ele presidiu a Associação
psicanalítica internacional. Em 1913, para evitar que sua teoria lhe
escapasse, Freud criou um ‘’comité secreto’’ restrito com seis membros,
um movimento dentro do movimento. Jung não faz parte do comité. Suas relações
com Freud, inicialmente calorosas por meio das cartas que trocavam, começaram
a se complicar mais ainda quando os dois se encontraram para discussões sobre
as teorias. Considerado como o sucessor de Freud e depois como um traidor,
Jung se sentiu rejeitado e deixou o movimento. A PSICOLOGIA ANALÍTICA É difícil reconstituir o movimento e a
cronologia exata da ruptura entre os dois. O principal motivo: a importância
da sexualidade. Nosso inconsciente, nossos sonhos, nosso desenvolvimento
pessoal, tudo isso é libido, diz Freud. Não, replica Jung, nossa energia
vital é muito mais rica. A ruptura tornou-se irremediável quando, de
maneira simbólica, em 20 de abril de 1914, Jung demitiu-se da presidência
da Associação psicanalítica internacional. Ele começou, 20 anos
depois de Freud, porém de maneira mais sistemática e arriscada ao mesmo
tempo, uma sorte de autoanálise da qual sairá com as premissas de
sua ‘’psicologia analítica’’. Sua exposição dos ‘’Tipos psicológicos’’ (1921)
é cheia de conceitos que não têm nada a ver com os de Freud, mas que são
frutíferos, como, por exemplo, o de
‘’Persona’’ , a máscara com a qual aparecemos no
teatro social ; e a ‘’Sombra’’, o que esconde o nosso inconsciente. Este
último não é um desembaraço nem uma lixeira para fantasmas e pulsões
imemoráveis, mas um profundo labirinto duma desmedida extensão, que só pede
para crescer, se realizar individualmente, mas também culturalmente: o inconsciente coletivo está
cheio de arquétipos cujos mitos são as interfaces. ESTILO BRILHANTE E ACIDENTE FUNESTO Jung, mais do que ninguém, encarnou a psicologia
de todos os paradoxos. Com hábitos muito liberais, durante quarenta anos
conservou intacto sua relação com a família. Ele
também foi apaixonado mesmo na velhice, mas mergulhado numa aventura
interior onde predominavam o misticismo e o ocultismo, ficou muitíssimo
perto da loucura. Aparentemente muito próximo da direita porque era
presidente, nos anos de 1930, duma Sociedade médica geral internacional
de psicoterapia gangrenada pelo nazismo, mas protegendo
secretamente médicos judeus e entrando nos serviços secretos
americanos durante a guerra. Quando Freud deixou a Alemanha em 1938, os
trabalhos de Yung estavam nas bagagens que levava. 5. A SAÚDE MENTAL DOS FRANCÊSES(1) Referência: Artigo escrito por Jean-François Dortier na revista ‘’Le journal
de toutes les
psychologies’’. Estresse, toxicodependência,depressão, suicidio no
trabalho…A atualidade focaliza regularmente seus projetores sobre o mal-estar
dos Franceses. Afim de conhecer exatamente os
sofrimentos psíquicos da população, a antiga secretária do Estado Nathalie Kosciusko-Morizet
havia encomendado, em 2009, um relatório sobre a saúde mental dos Franceses
ao Centro de análise estratégica. Esta pesquisa muito rica possui dados às
vezes surpreendentes. ALGUMAS TENDÊNCIAS SUICIDIO. Está diminuindo e representa atualmente
menos de 2% das mortes. DEPRESSãO. A porcentagem
da depressão é estável (3% da população). DISTÚRBIO ANSIOSO. A aflição psicológica está, ao
contrário, aumentando muito. Ela triplicou em vinte anos e atinge um quinto
dos franceses. Os mais vulneráveis são os jovens (15-2O anos), os
ativos e as mulheres. DISPARIDADES HOMENS /MULHERES As mulheres desenvolvem muito mais frequentemente
sintomas de mal-estar psicológico, estresse e ideias de suicídio. Elas
são duas vezes mais numerosas do que os homens a tomar medicamentos
psicotrópicos ( 24,3% entre os 18-75 anos)- enquanto nos homens esta
porcentagem atinge somente 13,8%, talvez porque eles
traduzem muito mais o estresse do que as mulheres). OPINIÕES COMUNS O relatório mostra igualmente algumas
opiniões ordinárias sobre a saúde dos Franceses: *Opinião n°1: ‘’ Ter uma boa saúde mental, é não
ter uma doença mental.’’ Errado. A saúde mental não se limita à ausência
de distúrbio psíquico. Se a angústia psicológica não é forçosamente
patológica, ela é mesmo assim um sofrimento verdadeiro. Ainda mais, a
boa saúde mental não se limita à ausência de distúrbio. Ela deve leva rem
conta elementos positivos como a autoestima ou o sentimento de governar sua
vida.
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