Psyquiatry online Brazil
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Volume 22 - Novembro de 2017
Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello

Novembro de 2016 - Vol.21 - Nº 11

France - Brasil- Psy

Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO

Quem somos (qui sommes-nous?)                                  

France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on  line”oferto aos  profissionais do setor da saúde mental de expressão  lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de sites.

Qui sommes- nous ?

France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des traductions et des articles en français et en portugais  concernant la psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et d’associations, sélection  de sites

SOMMAIRE (SUMÁRIO):

 

  • 1. NEUROCIÊNCIAS E PSIQUIATRIA
  • 2. SERIA POSSÍVEL RENOMEAR A ESQUIZOFRENIA?
  • 3. TERAPEUTAS: AS QUATRO FAMÍLIAS
  • 4. MEU PACIENTE É UM ASSASSINO


  • 1. NEUROCIÊNCIAS E PSIQUIATRIA

    Referência: La Lettre de Psychiatrie Française n°242

    Há cerca de cinquenta anos a psiquiatria separou-se da neurologia na França e na União europeia, então limitada a seis membros. Muitos consideram este ato como fundador de nossa disciplina porque  ele contribuiu a liberar dum reducionismo neurológico demasiadamente simplista e levar em conta as realidades clínicas e os determinantes psicossociais dos distúrbios psiquiátricos. Esta separação, de uma maneira geral, foi bem assimilada pelos profissionais da psiquiatria, mesmo se alguns deles chamassem a atenção para o risco consistindo em reforçar uma deriva dualista.  

    O tempo passou e com ele o desenvolvimento espetacular dos métodos científicos de investigação que permitiram obter que as neurociências tomassem como objeto as dimensões fenomenológicas ou psicodinâmicas até então consideradas apanágio dos psiquiatras ou mesmo dos psicanalistas (como por exemplo, os novos campos que representam as neurociências sociais ou a neuropsicanálise.) 

    Ao colocar em causa as linhas de clivagem que se justificavam no passado, essas mudanças tornaram mais complexas as relações entre a psiquiatria e as neurociências, obrigando a precisar  ainda mais seus campos respectivos. 

    É o que fará este colóquio sem desconhecer que, se os progressos realizados no domínio da patologia mental  tenham sido particularmente importantes nestes últimos anos, suas contribuições à prática clínica cotidiana parecem ainda bem limitadas, se reduzindo a justificar, posteriormente, práticas já desenvolvidas a partir de bases quase sempre intuitivas ou de bom senso apoiando-se na observação, na escuta e na experimentação prática. 

    Assim, a distância entre o prático e o pesquisador aumenta de maneira progressiva: questão de método, de objeto ou de relação com o conhecimento? 

    Nosso enfoque será, como sempre, pluridisciplinar a fim de abordar da melhor maneira possível à complexidade da questão.  

    2. SERIA PRECISO RENOMEAR A ESQUIZOFRENIA? 

    Referência:artigo de Jean-François MARMION publicado no Le Journal de toutes les psychologies

    A imagem dos esquizofrênicos é de tal modo negativa para o grande público, e mesmo para os terapeutas, que é urgente renomear a doença. É o que preconiza Anuísses - uma associação holandesa de pacientes psicóticos, como também Jim van Os, , professor de psiquiatria na universidade de Maastricht, aliás membro do grupo de trabalho sobre distúrbios psicóticos na APA (American Psychiatric Association).

    Mas qual seria o nome que se poderia adotar a fim de evitar qualquer estigmatização? Cerca de 326 nomes alternativos foram propostos por internautas a  Anoiksis. Entre as denominações mais sérias que foram propostas, a síndrome de Bleuler, nome do psiquiatra que inventou o termo  esquizofrenia em 1908 para substituir o de demência precoce;  a síndrome  de realidade alterada (altered reality syndrome) ou ainda o distúrbio mental sensitivo (sensitive mind disorder).

    O júri formado por quatro pessoas -compreendendo somente um psiquiatra - optou pela síndrome de percepção disfuncional (dysfunctional perception syndrome), a percepção designando tanto a observação do meio ambiente  como a manipulação das ideias.

    3. TERAPEUTAS: AS QUATRO FAMÍLIAS

    Referência : Artigo de Céline Bagault publicado no Journal de toutes les psychologies le Cercle Psy, n°1.

    Os psiquiatras são médicos especializados no tratamento das doenças mentais. Eles são habilitados a prescrever medicamentos e suas consultas são reembolsadas, na França, pela Segurança social. Eles podem empregar técnicas variadas como as terapias de grupo, as psicoterapias, a psicanálise, etc. para as  quais eles são frequentemente formados. 

    Os psicanalistas  são aqueles que seguiram uma formação teórica num instituto psicanalítico (freudiano, lacaniano, etc.) e que foram eles mesmos analisados e supervisionados para seguirem seus primeiros pacientes. Nenhuma regulamentação enquadra os psicanalistas cujo estatuto não é reconhecido.

    Os psicólogos  são os que seguiram um curso universitário de nível bacharelado + 5 em psicologia. Eles recobrem  diversas correntes como a psicologia clínicaescolarcognitivasocial, etc.

    Os psicoterapeutas, depois do decreto de 2010 relativo ao uso do título, devem ser médicos, psicólogos ou psicanalistas tendo seguido uma formação complementar específica e sendo inscritos num registro nacional. Mas se o título de psicoterapeuta é protegido, o exercício da psicoterapia não é: cada um pode se declarar psicoterapeuta mas somente se não cobrar honorários por ter esse  título. As consultas de psicoterapia não serão reembolsadas pela Segurança social se elas não forem realizadas num centro médico-psicológico ou na casa do psiquiatra. 

    4. MEU PACIENTE É UM ASSASSINO

    Referência: Artigo de Jean-François-Marmion  publicado no Journal de toutes les psychologies le Cercle Psy, n°1.

    Os psicoterapeutas não conhecem a rotina. Não é preciso muita coisa para que uma sessão se torne inesquecível. Por exemplo, imaginemos que um paciente diga ao seu terapeuta que ele já agrediu um  em toda impunidade. Uma situação excepcional? Improvável? Não se enganem: segundo uma pesquisa comportando 162 práticos americanos, 13% deles já enfrentaram um paciente que lhes confessou um homicídio (e às vezes, vários…). Entre esses últimos, um terço já teve um paciente que lhes contou haver cometido  pelo menos uma agressão sexual, e dois terços aos quais  um paciente confessou a agressão dum terapeuta. E só é questão aqui de criminosos e delinquentes que jamais foram processados pelos atos que cometeram…

    Podemos imaginar o embaraço dos terapeutas: que devem fazer em casos semelhantes, como podem avaliar se o paciente é capaz de recidivar ou não é?  Nesta pesquisa, dois terços dos terapeutas estimam  que as formações que receberam foram insuficientes para que pudessem  enfrentar semelhantes circunstâncias.

    Mesmo assim, a metade dos psicoterapeutas afirma que a insuficiência da formação não prejudicou o decurso normal da terapia. Para um quinto, isto prejudicou as sessões. Mas outros disseram que, pelo contrário, isto foi benéfico. Donde o interesse, em tais extremos que o psicoterapeuta possa  se confiar a um supervisor ou a uma comissão  de ética…          

     

     


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