MARIE BONAPARTE, MECENA E AMIGA DA
PSICANÁLISE .(primeira parte)
Referência: Rémy Amouroux
Tradução: Eliezer de Hollanda Cordeiro
Paciente e amiga de Freud, Marie Bonaparte desempenhou um papel
essencial na difusão da psicanálise na França.
COMO ERA A VIDA DE MARIE BONAPARTE ANTES DE SEU ENCONTRO COM
FREUD ?
Bisneta de Napoléon Ier
, ela tornou-se princesa da Grécia e da
Dinamarca através de seu casamento. Nascida em 1882, ela passou sua infância
relativamente reclusa, cercada de preceptores. Sua avó proibiu-lhe passar
o bacharelado, temendo que ela fosse recusada por ser uma Bonaparte. Graças a
seu pai, um apaixonado pela geografia e a antropologia, ela encontrou Gustave Le Bon,
cientista diletante, porém muito cultivado, que se interessava também
pela equitação, pela teoria da relatividade, pela antropologia,
bem como pelos trabalhos sobre a sexualidade. Ela tornou-se sua
aluna e até o criticou, mas foi marcada por ele durante a vida inteira. Graças
a Gustavo Le Bon, Marie Bonaparte conheceu médicos e científicos, entre
os quais alguns se tornarão seus amantes. Gustave Le Bon aconselhou-a
também a escrever seu primeiro livro, ‘’Guerras militares e guerras
sociais’’, em 1920, retomando
cada capítulo quase de maneira literal. Mesmo assim, ela não foi
considerada como uma intelectual. Os jornais falaram de seu livro porque ela
era uma Bonaparte e porque o livro fora editado numa coleção muito
famosa de Flammarion, A biblioteca de filosofia
científica, aliás, dirigida pelo próprio Le Bon. O livro teve um grande sucesso, embora não fosse nem
literário nem científico.
PORQUE ELA COMEÇOU A SE INTERESSAR POR FREUD, NOS
MEADOS DE 1920, AOS 40 ANOS?
Sofrendo de diversas doenças, Marie Bonaparte foi consultar
médicos franceses pioneiros da psicanálise, mas ela decide, rapidamente, de
consultar o próprio mestre. Freud, após haver hesitado, findou seduzido por
esta princesa descendente do Imperador. Ela transportou várias vezes os móveis que possuía para um hotel
vienense e isto em função do número de sessões hebdomadárias que tinha (entre
três e cinco sessões). Assim, ela findou obtendo uma entrevista com Freud.
SUA ANÁLISE PODE SER CONSIDERADA COMO UM SUCESSO ?
A questão é delicada! Quais são os critérios permitindo dizer que uma
análise foi bem sucedida? Em todo o caso, a análise lhe deu certa
serenidade, um bem-estar, sem que ela se tornasse verdadeiramente equilibrada.
Foi nesta época que ela se submeteu a um número surpreendente de intervenções
cirúrgicas, que muitas pessoas qualificaram de « bárbaras », de tal
maneira elas se aparentavam a uma mutilação. De fato, foi preciso
reaproximar o clitóris do meato urinário para vencer a sua frigidez. Marie
Bonaparte, com seu cirurgião teorizou ela mesma este princípio. Ela teria
discutido sobre vários casos similares ao seu, notadamente num artigo que
assinou com outro nome. Porém, a realidade de tudo isto é difícil de ser
estabelecida.
Ela escreveu ter observado a mesma coisa em centenas de mulheres,
sem demonstrar a realidade do que disse. Contudo, Marie Bonaparte manteve uma
correspondência sobre esta questão com Marthe Francillon-Lobre
, uma das primeiras mulheres que se tornou
interna dos hospitais de Paris.
ELA TAMBÉM ANALISOU ALGUNS CONTEMPORÂNEOS...
Seu primeiro paciente, Valerio Jahier, jornalista, escritor e colaborador
da revista Esprit, amigo do crítico de cinema Ítalo
Svevo, estava muito doente queria se matar o que, sem dúvida, muito influenciou
Marie Bonaparte. Ele também analisou sua futura secretária, Anne Berman, que se
tornará a tradutora de Freud. Marie Bonaparte publicou um belo
texto de Edgar Allan Poe, em três volumes, constituindo a psicanálise exaustiva
do seu trabalho. O texto é caricaturado em alguns aspectos, muito rígida, mas
ambicioso. A marca tem idade, mas vale a pena ler.
ELE CRIOU NA FRANCE A SOCIÉTÉ PSYCHANALYTIQE DE PARIS EM 1926, LA REVUE
DE LA
PSYCHANALYSE EM 1927, L’INSTITUT DE PSYCHANALYSE DE PARIS EM 1934 ...
SERA QUE, EM
SEGUIDA, ELA SUPEROU SUA REPUTAÇÃO DE DILETANTE?
Novamente, é difícil dar uma opinião definitiva. Ela era uma mulher sem
formação acadêmica era até contra isso. Mas era uma amiga de Freud
também muito rica. Além disso, foi autora de trabalhos psicanalíticos
hoje esquecidos. Tudo parece indicar que, para seus contemporâneos, suas
teorias muito biologizantes da psicanálise são consideradas originais e
interessantes.
Foi ela quem insistiu para Freud fosse se exilar em Londres, em
1938, após salvar sua correspondência ...
Ela ajudou Freud a pagar o montante necessário para ele sair da Áustria,
depois que esta foi invadida por Hitler e, como ela conhecia a vasta
correspondência de Freud, ela comprou cartas de Freud dirigidas a seu amigo Wilhelm
Fliess. Contra a opinião de Freud, ela preservou e
participou da distribuição dessas cartas...
Além da correspondência com Fliess, Marie Bonaparte conseguiu obter
a correspondência de Freud com os dois médicos oncologistas que tratavam
o câncer dele . Ela pediu também aos médicos para dar-lhe as informações
sobre a saúde de Freud, importante para os historiadores. Após a Segunda Guerra
Mundial e seu exílio na África do Sul, ela será percebida como uma
relíquia dos primórdios da psicanálise.
ELA FUNDOU E FINANCIOU A SOCIEDADE
PSICANALÍTICA DE PARIS EM 1926, A REVISTA FRANCESA DE PSICANÁLISE EM 1927, O
INSTITUTO PSICANALÍTICO DE PARIS EM 1934… SERÁ QUE ELA
CONSEGUIU SUPERAR SUA REPUTAÇÃO DE DILETANTE ?
Mais uma vez, é difícil adotar uma opinião definitiva sobre esta questão.
Ela é uma mulher, não teve formação universitária mas foi uma íntima de Freud ,
sem esquecer que era também muito rica Além disso, foi autora duma obra
psicanalítica hoje um tanto esquecida.Tudo parece indicar que, para seus
contemporâneos , suas teorias muito biologizantes da psicanálise foram
consideradas ao mesmo tempo originais e interessantes.
FOI ELA QUEM INSISTIU PARA QUE FREUD FOSSE SE
EXILAR EM LONDRES EM 1938 , SALVANDO AO MESMO TEMPO
SUA CORRESPONDÊNCIA ...
Ela emprestou a
Freud à quantia necessária para que ele pudesse deixar a Áustria anexada, e, como Marie Bonaparte deu muita atenção à correspondência que
trocaram, ela comprou as de Freud enviadas a seu amigo Wilhelm
Fliess. Contra a opinião de Freud, ela conservou-as e foi
promover sua divulgação, porém suprimindo os escritos problemáticos,
irreverentes, inoportunos, o que lhe valeu muitas críticas. Além das cartas
trocadas com Fliess, ela foi procurar a correspondência integral de Freud,
principalmente com teóricos, mas também com os cancerologistas que
cuidavam dele. Aliás, ela pediu a esses últimos para conservarem todas as
informações relativas à saúde de Freud, informações indispensáveis para
os historiadores. Depois da Segunda
Guerra Mundial e de um exílio
na África do
Sul, ela passou a ser vista como uma imagem datando dos
primórdios da psicanálise.
MARIE BONAPARTE E ANNA
FREUD, A FILHA DE FREUD FORAM MUITO
LIGADAS, AO PONTO DE ANALISAREM RECIPROCAMENTE
SEUS PRÓPIOS SONHOS. EXISTIRIAM INDÍCIOS DE SEUS SONHOS
RESPECTIVOS E DAS SUAS INTERPRETAÇÕES?
Muito poucos
porque a correspondência entre elas havia sido reservada para uma
comunicação em Paris. Algumas cartas, preservados em Washington, mostram que elas abordam
frequentemente esta questão.
MARIE BONAPARTE E JACQUES
LACAN SE DETESTAVAM,
EM PARTE PORQUE ELA QUERIA ATRELAR A PSICANÁLISE A BIOLOGIA, ENQUANTO ELE
DESEJAVA UMA APROXIMAÇÃO COM AS CIÊNCIAS
HUMANAS.
Marie Bonaparte e Jacques Lacan tinham pontos de vistas diferentes, ela
queria vincular a psicanálise à biologia, enquanto ele queria uma reconciliação
com as ciências humanas...
Naquela época, Lacan era um jovem psiquiatra pouco conhecido, mas que
havia mostrando qualidades intelectuais inegáveis. Marie Bonaparte não tinha
esta opinião, ao contrário, ela achava Lacan pedante, arrogante, mas nas
cartas que trocaram, ele se mostra portuguesa: atencioso.Eles tentaram
evitar a divisão de 1953, a qual levou Lacan a criar o seu próprio grupo.
NOS ANOS DE 1950, MULHERES PSICANALISTAS FORAM ACUSADAS DE EXERCÍCIO
ILEGAL DA MEDICINA. O QUE MARIE BONAPARTE PENSOU SOBRE ISTO, NAQUELE
MOMENTO EM QUE FREUD ACONSELHOU-A A SE TORNAR MÉDICA?
Freud desaconselhou Marie Bonaparte porque ele queria autonomear sua
disciplina, o que implicava escrever um projeto político e estratégico
inteligente. De uma maneira geral, Marie Bonaparte tinha um respeito profundo
pela corporação médica, porém ela era, paradoxalmente, sensível à causa
daquelas que não eram médicas: ela apoiou financeiramente e intelectualmente as
mulheres piscanalistas que sofriam ameaças jurídicas,
enviou-lhes seu advogado e pediu aos seus amigos médicos para atestarem,
no tribunal, a legitimidade de uma prática psicanalítica sob controle médico,
combatendo assim a decisões da Ordem dos médicos.
POR QUE ELA COMEÇOU A SE INTERESSAR POR FREUD EM MEADOS DOS ANOS DE
1920, 40 ANOS ATRÁS?
Sofrendo de várias doenças, ela pediu para ver médicos franceses pioneiros
da psicanálise, mas depois preferiu contatar Freud. Ela conseguiu obter uma
entrevista com ele, o qual, depois de hesitar, ficou seduzido por esta princesa
descendente do Imperador. Ela mudou várias vezes de hotel em Viena, em
função do número de sessões que ela tinha com Freud (três, quatro, ou cinco
sessões semanais).
2. FREUD CONFRONTADO AO NAZISMO NA ALEMANHA
Referência: revista Psychanalyse à l’Université, Janeiro de 1986.
Autor do artigo: Philippe SOULEZ
Apesar das reservas que podemos fazer quanto à concepção deste livro
(textos excessivos, muito variados, insuficientemente apresentados), nós
estimamos que o livro de J.L. Evard merece ser lido. Lembremos o
contexto: pela primeira vez depois de 1945, um congresso Internacional de
Psicanálise vai ocorrer na Alemanha (em 1985).Será que a questão do nazismo vai
ser abordada ou não vai ser ? Esta é uma questão delicada que ultrapassa de
maneira evidente, a indelicadeza real ou suposta que existiria no caso em
que certos acontecimentos viessem a ser abordados. O mérito deste livro é
precisamente de tratar desta questão e resgatar a amnésia dos leitores não
francófonos.
Mais além da conjuntura, o propósito explícito de J.L. Evard é de
tentar novamente estabelecer uma relação entre a questão judia e a psicanálise,
a partir do problema institucional resultando do arianismo do Instituto de
psicanálise de Berlin e da Sociedade psicanalítica alemã (D.P.G).
Em 17 de abril de 1933 Erwin Bohm vai a Viena para
informar Freud das intenções do governo nazista, precisando que
‘’uma mudança da presidência do (D.P.G) não mudaria a decisão do governo
consistindo em proibir a psicanálise’’. O leitor atual não pode deixar de se
perguntar por que tal questão foi colocada naquele momento.
Haveria uma razão para continuar a discutir sobre esta questão? Teria sido
possível tentar salvar qualquer coisa?Käte Dräger, parece pensar que isto teria sido possível quando ela
escreveu : ‘’nós os candidatos e auditores, sentíamos que o Instituto
(durante o período 1933-1937), mesmo extremamente reduzido, como se fosse um
oásis no meio do deserto espiritual da época, e nossa coesão, nos davam o
sentimento de trabalhar nas catacumbas ‘’ (pg.52). Talvez, mas qual seria o
preço que devíamos pagar ao manter este oásis provisório? Não seria
melhor optar imediatamente pelas catacumbas? Ou constatar que nenhuma sociedade
analítica ou que nenhuma prática analítica seriam possíveis num tal contexto?
Esta questão
permaneceu até a visita de Erwin Bohm a Viena em 1937. Freud
interrompeu uma longa exposição de Boehm (três horas…) para deixar a reunião:
‘’Já não suporto mais’’, teria dito, nós os judeus temos sofrido durante
séculos por causa de nossas convicções, agora é a vez dos colegas cristãos de
se habituarem a sofrer pelas suas convicções’’. Sem dúvida,
percebemos nesta declaração
de Freud a razão profunda de sua atitude. Ele teria pensado que o nazismo seria a
generalização da perseguição tradicional contra os judeus, ajuntando em
seguida um comentário um tanto amargo e ao mesmo tempo engraçado: agora é
a vez de vocês, os ‘’cristãos’’. A generalização da perseguição transformou,
contudo, profundamente os dados do problema. Com o nazismo, a perseguição se
tornou totalitária. As fórmulas tradicionais da resistência judaica estavam
mais fracas, porém persistia a convicção da necessidade de preservar, de
concessão em concessão, alguma coisa ao mesmo tempo essencial e transcendente. Tais
fórmulas não serão provavelmente mais possíveis, tanto mais que o objetivo a
preservar não era a ‘’mensagem’’ religiosa, mas a psicanálise.
Dito de outra
modo, Freud parece fazer de repente a concessão que ele não devia fazer:
o abandono do seu próprio nome. René Major, notou que as posições de Freud são
contemporâneas da elaboração de Moisés e o Monoteísmo. Freud, que
questiona neste livro e tenta mesmo de destruir a reputação do ‘’grande
homem’’, não queria se encontrar diante do nazismo na posição de ser ele mesmo
um ‘’grande homem’’. Contudo, foi o que aconteceu. Ele era visto desta maneira
pelos seus discípulos. Ele é a referência dum grupo. Freud não podia então, em
função de uma moral que leva em conta a sociabilidade, assumir esta posição?
Podem objetar-me, com razão, que semelhante posição não é analítica.
Estamos próximos do fundo do problema. Sem querer escrever coisas sobre um dos
pontos mais fundamentais da articulação da psicanálise e do social, nossa
resposta pessoal seria que a socialidade
‘’analítica’’ não existe. Nenhuma forma de sociabilidade constituída em torno
da psicanálise (‘’escola’’, associação, ‘’internacional’’, ‘’sindicato’’)
escapa dos problemas habituais da sociabilidade. O nome de Freud,
o‘’Freud disse’’ não podia de maneira legítima numa tal conjuntura, servir de
proteção. Freud podia impor uma decisão em sua qualidade de chefe ; ou
ainda - o que não é a mesma coisa- tomar posição contra o nazismo em sua
qualidade de ‘’intelectual ‘’-segundo a definição deste termo dado num artigo
recente de Maurice Blanchot (1).Notemos
contudo que Blanchot relaciona também a
questão do intelectual com a questão dos judeus. Não era o momento ideal
para Freud, que havia acompanhado apaixonadamente na sua juventude, os
desenvolvimentos do processo de Dreyfus para adotar uma
posição de intelectual ‘’refratário’’ ? Não se pode dizer que Freud não
impunha nada dentro do movimento psicanalítico: ele impunha pontos doutrinais
que lhe pareciam fundamentais, aliás talvez até sem medir que, forçando
desta maneira suas próprias descobertas às pessoas que não haviam percorrido a
mesma trajetória que a dele, ele só lhes deixava a possibilidade de escolher
entre a dissidência ou a submissão.Como é que uma pessoa poderia suportar que
se lhe impusesse um saber sobre a sua verdade pelo desvio exterior da adesão a
um grupo e mesmo à condição de aderir ao mesmo?
Nós
acrescentaremos ainda uma questão sobre a atitude de Freud diante do arianismo do grupo de
Berlim. Esta atitude de Freud, a nosso ver pouco satisfatória, se explica em
parte pelas relações que Freud tinha com a Alemanha. O fato de haver sido
reconhecido-enfim- pela ciência ‘’alemã’’ nos anos de 1920, contou muito para
ele. A anulação deste reconhecimento teria sido muito penoso para Freud. Ao contrário, a atitude dele em
Viena após o Anchluss foi muito menos hesitante. Um simples pedido de opinião aos amigos que
estavam ao seu lado foi suficiente para que Freud tomasse a decisão de
cessar suas atividades. Ele está em Viena na sua terra. Neste caso o parâmetro
vienense parece ter sido muito importante.
Acabamos de insistir sobre o aspecto mais marcante de sua obra. Freud faz
referência a outros desafios. Aprenderemos com muito interesse sobre os relatos
clínicos do traumatismo dos anos sombrios, concluídos pela derrota sangrante da
Alemanha. Também podemos interrogar as relações entre as ‘’ciências da
memória’’ e a psicanálise. ‘’A interpretação (Análise) do dizer dos pacientes
coresponde, na ciência histórica, à escolha dos documentos’’, escreveu R.
Lockot (p.32) , mas isto implica aventurar-me um pouco. Queremos apenas
constatar que o quadro teórico efetivamente utilizado neste livro
é, no fundo, aquele dos Estudos sobre a histeria: traumatismo, amnésia,
sintoma, etc. ‘’Tudo se passa como se despojássemos arquivos guardados numa
ordem quase perfeita’’, escreveu Freud a propósito dos sintomas do histérico. O
trabalho de J.L.Evard consistiu em arrumar a totalidade dos arquivos dispersos
e cuidadosamente encadeados. Isto não é insignificante.
* J.L. Evard:’’Les années brunes.La psychanalyse sous les IIIème Reich’’, textos
traduzidos em francês e apresentados por J.L. Evard, Paris,
Confrontation.
3. REUNIÕES E COLÓQUIOS
MAIO 2016
* à Lyon, les13 et 14: La Société française de psychopathologie
de l’expression et d’art-thérapie organisa sés journées de printemps sur le thème:
‘’Désir et amour’’.
-Informations et inscriptions: [email protected] Téléphone 06 10 07 25 69
*à MONTÉLÉGER,
Le 27 : dans le cadre du
Séminaire de phénoménologie
clinique, l’Association Française
de Psychiatrie et le Pôle Centre de Psychiatrie générale propose un séminaire
sur le thème Temporalité et psychopathologie phénoménologique
‘’Anticipation et psychopathologie’’.
-Informations
et inscriptions : Docteur
Jean-Louis GRIGUER – [email protected]
4. LIVROS
RECENTES
*L’esprit de résistance : textes inédits,1943-1983
JANKELEVITCH Vladimir
PARIS : Albin Michel - 2015- Br.-
22 Euros
*Mes leçons d’antan : Platon, Plotin et le néoplatonisme
JERPHAGNON
Lucien
PARIS : Pluriel - 2015- Br.-
8 Euros
*Portraits de l’Antiquité :
Platon, Plotin, Saint Augustin et les autres
JERPHAGNON
Lucien
PARIS : Flammarion - 2015-
Br.- 9 Euros
*Qui a peur de la maladie mentale ?
10 bonnes raisons de se méfier de DMS-5
CORCOS
Maurice
PARIS :Dunod - 2015- Br.-
14,90 Euros
*Nous ne sommes pas seuls
au monde : les enjeux de l’ethno-psychiatrie
NATHAN Tobie
PARIS : Points - 2015- Br.- 9,10 Euros
*L’expérience dépressive
PRIGENT Yves
PARIS :Desclée De Brower - 2015- Br.- 9,50 Euros
*Devenir humains
COPPENS Yves
Paris : Autrement-2015- Br.- 19,00
Euros
5.REVISTAS
L’Evolution pychiatrique
L’Information psychiatrique
La Lettre de Psychiatrie Française
6.ASSOCIAÇÕES CIENTIFICAS
*Association Française de Psychiatrie et Psychologie Legales (Afpp)
*Association Française de Thérapie Comportementale et Cognitive (Aftcc)
*Association Francophone se Formation et de Recherche en Thérapie Comportementale et Cognitive (Afforthecc)
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