Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Setembro de 2015 - Vol.20 - Nº 9 Psicanálise em debate REFLETINDO SOBRE GRUPOS E MASSAS A PARTIR DO FILME “A ONDA” (DIE WELLE, 2008), DE DENIS GANSEL (*)
Sérgio
Telles O filme “A Onda” (Die Welle, 2008), de Denis Gansel, trata da experiência realizada por um professor com
o intuito de mostrar a seus alunos de segundo grau o quão equivocados estavam
em supor que um regime totalitário não teria condições de se instalar na Alemanha
de hoje. Para tanto, criou um “movimento” que comandava com mão de ferro,
impondo leis rígidas e severas punições para os que a ele se opusessem. Dessa
maneira mobilizou um forte sentimento de pertencimento grupal e a participação
entusiasmada dos jovens logo envolveu outras classes,
criando situações imprevistas e perigosas, forçando a interrupção do projeto.
Pagando um alto preço, o professor demonstrou como é fácil manipular as massas
num clima totalitário. O enredo do filme se
inspira no experimento do professor Ron Jones, realizado numa escola
californiana em 1967, visando explicar para seus alunos o surgimento e ascensão
do nazismo. Surpreso com a força que o experimento havia
tomado e temendo que ele fugisse inteiramente ao controle, Jones o encerrou
depois de apenas cinco dias, o que dá uma ideia da
rapidez com que ideias e comportamentos de
massa podem se propagar. Em 1976, Jones publicou um
livro baseado nesse experimento, “The Third Wave”, que logo depois foi
filmado e exibido na televisão com grande aceitação do público norte-americano,
o que fez com que fosse utilizado para fins educativos, dando origem a inúmeras
peças e grupos de estudos. Uma experiência semelhante
à de Ron Jones, foi realizada pela professora Jane Elliot em 1970. Impactada
com o assassinato de Martin Luther King, Jane Elliot organizou em suas classes
com crianças do curso primário situações que as fizessem entender diretamente a
violência do racismo. A experiência teve um registro cinematográfico “The Eye of
the Storm”, realizado em
1970. Em 1985, Elliot realizou “A class divided”, registro de um
encontro com os antigos alunos do primeiro exercício, 15 anos depois. Suas
experiências tiveram grande repercussão e despertaram muita controvérsia. Desde então, Elliot organiza workshops para
adultos sobre diversidade e preconceito, nos quais, por exemplo, coloca brancos
no lugar de negros por um dia, para que sintam na própria pele o sofrimento. Em
1996 produziu um vídeo, “Blue Eyed”,
disponível no YouTube,
mostrando um desses grupos em funcionamento.
O filme “A Onda” e o vídeo
“Blue Eyed” ilustram bem
como a figura de um chefe autoritário e intimidador que impõe passividade e
submissão a um grupo facilmente desencadeia os mecanismos da psicologia de
massas. Se em “A Onda” a situação se dá entre adolescentes, reconhecidamente
mais vulneráveis do ponto de vista emocional, as experiências de Jane Elliot
são ainda mais surpreendentes, pois
envolvem adultos que, de forma voluntária,
acorrem a um grupo de estudo e, diante de uma autoridade agressiva,
assume uma postura regressiva infantil. Em “Blue
Eyed” também ficam evidentes alguns manobras usadas
pela autoridade para manipular o grupo. Ao lado da constante intimidação, a
emissão de instruções arbitrárias e contraditórias, que deixam o grupo confuso
e incapacitado de reagir. Essa intimidação por parte
de um chefe sádico remete às situações de bullying, fenômeno da psicologia de grupo ou de massas
que tem sido objeto de atenção ultimamente. Descrito especialmente nas escolas,
entre crianças e adolescentes, ele pode acontecer em qualquer faixa etária,
pois consiste na escolha de um bode expiatório no qual o grupo projeta seus
próprios aspectos inaceitáveis e nele procura destruí-los. O evidente sofrimento do bode expiatório não desperta a compaixão do grupo. Pelo
contrário, ao constatar sua impossibilidade de reação, a violência recrudesce e
pode chegar a extremos, como mostra o filme “Depois de Lucia” (2012), do
mexicano Michel Franco. As situações de bullying são circunscritas e suas vítimas sabem que podem
recorrer às instancias superiores ao grupo, que não compartilham de suas
motivações e podem puni-lo por suas arbitrariedades, o que não ocorre quando
toda a sociedade pratica o bullying, como aconteceu
com o nazismo. Nessas circunstancias, a possibilidade de reagir é praticamente
nula. Para sobreviver nessas situações extremas, são
acionadas poderosas defesas como identificação com o agressor, negação maciça
da realidade ou posições masoquistas, como as que vemos nas cenas finais do
filme de Pasolini, “Saló ou Os 120 dias de Sodoma”
(1976). Freud, em “Psicologia de
grupo e a análise do ego” mostra como o
comportamento da massa se caracteriza pela dissolução da identidade de
cada sujeito, ocorrida pela identificação horizontal realizada entre seus
participantes e uma identificação vertical com
o líder, cuja figura é introjetada, ocupando o
lugar do ideal do ego e do superego de cada um dos componentes da massa. A massa age como uma unidade viva, seguindo dócil o líder, vivenciado
como uma figura paterna idealizada. Como mostram os exemplos
acima, o quadro descrito por Freud continua válido e foi ampliado por Kernberg, que descreveu a psicologia dos pequenos grupos,
grandes grupos, multidões e movimentos de massa a partir dos referenciais kleinianos e bionianos. Para ele,
além da figura do líder enquanto pai autoritário e poderoso, própria do modelo
freudiano, pode-se encontrar a imagem do líder como uma mãe promotora de uma
relação indiscriminada e fusional, instalando na
massa uma situação muito mais regressiva. Nestas circunstâncias, a agressão
primitiva e os mecanismos de defesa contra ela não estão devidamente
integrados, como ocorre nos laços sociais habituais e nas relações diádicas e triádicas familiares
e, por isso, tendem a fugir do controle. Ocorrem então desenvolvimentos
narcisistas e paranóides em resposta à liberação da
agressividade. Os primeiros se caracterizam pelo gozo estático de regressão no
grupo, os segundos correspondem à liberação da violência e supressão das
inibições morais, descritas por Freud. Kernberg
detecta também nos grupos os pressupostos básicos de Bion -
ataque e fuga, dependência e acasalamento -, bem como as diversas
modalidades de fusão passíveis na clínica dos borderlines. Diluído no meio da massa, o
individuo tem seu comportamento habitual modificado, decorrente da perda
transitória de sua identidade. Com isso, ele fica privado dos parâmetros
internos que estabelecem a forma como vê a si mesmo, aos outros e a realidade
externa. Desta forma, ele se isenta da responsabilidade pessoal, delegando as
decisões ao grupo ou a seu líder, um representante da figura paterna ou materna
a quem segue sem restrições. Nesse estado regressivo, podem ser liberados
impulsos agressivos e sexuais que jamais seriam veiculados se o sujeito
estivesse sozinho. Freud e Kernberg
descrevem os movimentos de massa como observadores externos. Canetti, pelo
contrário, aborda a questão como um membro da massa,
relatando a inebriante sensação de poder e liberdade que sente o individuo
no meio da multidão, bem como suas atitudes paranoides
e destrutivas. Esses fenômenos psicológicos próprios da massa mostram a
plasticidade e fluidez do aparelho psíquico, que é capaz de transitar do
funcionamento mais estruturado e organizado que possibilita o exercício do
pensamento racional e objetivo para posições comandadas por uma afetividade
mais arcaica. Por darem vazão a
incontornáveis desejos humanos, as massas tendem a se formar espontaneamente e
estão presentes tanto nos regimes totalitários como nos democráticos. Nos regimes autoritários, o poder as
incentiva, pois elas facilitam a doutrinação ideológica e o controle social.
Nas democracias mais avançadas o clima político não propicia sua formação e sim
a organização de grupos de trabalhos constituídos por indivíduos atuantes e
conscientes. Mas Kernberg
mostra que os meios de comunicação tornam mais complexa
essa equação, pois para que se instalem os pressupostos da psicologia das
massas, com seus movimentos de submissão acrítica a um líder, não é necessária
a presença física de participantes numa grande multidão. Os meios de comunicação,
especialmente a televisão, organizam multidões virtuais muito maiores que as
reais, possibilitando sub-repticiamente a instalação dos fenômenos regressivos
típicos da psicologia das massas. Vendo televisão na
privacidade de seu lar, o expectador não tem plena consciência de fazer parte
naquele exato momento de uma grande massa e, como parte dela, reagir sem
crítica aos ditames que lhe são impostos. Nos países autoritários, ele recebe
passiva e diretamente sua quota de doutrinação.
Nos países democráticos, lhe é fornecido o “entretenimento”, essa proteica produção que, com o objetivo explicito de divertir
e distrair o espectador, sub-repticiamente veicula sem cessar conteúdos
ideológicos e modelos de comportamento voltados para o consumo, que são
seguidos da mesma forma como a multidão real, presencial segue o líder
totalitário. Fazer essa constatação não
significa ignorar as diferenças e confundir o autoritarismo totalitário com a
democracia. O que está em jogo é o reconhecimento da importância dos elementos
psicológicos no comportamento das massas, a compreensão de que elas
inconscientemente desejam o controle autoritário, a obediência a pais poderosos
que as isentem do peso inerente à independência, à liberdade e
responsabilidade. Essa questão tão importante
fica mais evidente quando contrapomos os dois textos canônicos nos quais Freud
estuda comportamentos de massa. Vemos então que “Psicologia de grupo e análise
do ego” representa o lado oposto da problemática mostrada em “Totem e Tabu”. Em
“Totem e Tabu”, está a revolta dos filhos contra o pai
da horda primitiva, o desejo de independência e autonomia, a vontade de
destruí-lo e tomar o seu poder para usufruir dos bens que lhe eram negados,
especialmente o gozo das mulheres. Sabemos das grandes consequências
provocadas pelo assassinato do pai, fato mítico que nos tirou da natureza e nos
fez ingressar na cultura, com a introjeção da lei e
o estabelecendo das regras que
permitiram a constituição da sociedade humana.
Em “A psicologia de grupo e análise do ego”, Freud mostra o desejo
oposto, o desejo de se submeter ao pai poderoso e implacável, a abdicação da
liberdade e da autonomia, a escolha da servidão voluntária que garantiria sua
proteção. Erich Fromm, em “O medo a
liberdade” desenvolve essa questão, mostrando como o homem prefere fugir à
liberdade do que arcar com seus custos. Freud e Fromm descreveram
essa fuga da liberdade e a procura regressiva de pais protetores tendo em mente
os grandes eventos totalitários do século passado. Mas essa dicotomia persiste
nos regimes democráticos, pois ela reflete a conflitiva
inconsciente individual, na qual oscilamos entre o desejo de autonomia e
independência e o anseio pela proteção paterna, mesmo que isso implique a
servidão. Penso que além da
sublevação assassina (posteriormente controlada pela introjeção
da lei e pelo pacto entre os irmãos de não tomar diretamente o lugar do pai) ou
submissão como garantia de proteção, há uma terceira forma de lidar com a
figura do pai tal como mostrada em “Totem e Tabu”. Seria a
identificação direta com o pai tal como ele era antes de ser morto –
exercendo o poder de forma autocrática, sem nenhuma limitação. Os efeitos na participação
política dessas três possibilidades - autonomia regrada pela introjeção da lei, regressão infantil em busca da proteção,
identificação com a onipotência do pai primevo - não
poderiam ser mais relevantes. Isso significa
que, para se fortalecer, a democracia teria que batalhar em duas frentes. A
mais óbvia, lutando contra aqueles que, por estarem identificados com o pai da
horda primitiva, querem se apossar do poder para exercê-lo de forma onipotente
(autocrática ou totalitariamente ), como o fazem os ditadores de variados
calibres. Outra, talvez mais insidiosa e difícil, criando defesas contra o
anseio regressivo das massas por um líder autoritário, com características
paternas ou maternas. Essa é uma questão muito difícil de ser resolvida, pois
remete à própria constituição psíquica do sujeito, algo que se processa na
intimidade mais recôndita da vida privada do cidadão, área onde o estado não
pode intervir e mesmo que o fizesse não poderia ter sucesso. Retornando à esfera do
público, poder-se-ia perguntar: se há um líder onipotente que quer o poder e
massas infantis que desejam ser por ele comandadas, porque não deixar que isso
aconteça? A experiência do nazismo talvez seja a resposta mais cabal a essa questão.
Atender aos anseios regressivos de ambas as partes é dar livre curso à
irracionalidade psicótica mais desagregadora e destrutiva. Para superar esses perigos,
a democracia deveria evitar as circunstâncias que proporcionem a formação de
massas, quer seja na prática política, quer seja como efeito dos meios de
comunicação. As massas dependentes deveriam ser substituídas por coletividades
compostas por cidadãos autônomos e críticos, que não abram mão de seus direitos
e responsabilidades e que exijam o mesmo de seus representantes. No que diz respeito aos
meios de comunicação, o exercício da crítica por parte da sociedade permitiria
a necessária discriminação entre os apelos da ideologia (política ou do
consumo) e o inestimável valor da liberdade de circulação de ideias e notícias. Talvez não haja novidade
nesse programa. Seria apenas uma versão atualizada do clássico embate entre
demagogia e democracia. Há muito se sabe da
infantilização das populações mais carentes, sempre a mercê dos espertalhões e
populistas. O que se expõe agora é algo mais grave. A regressão das massas, que
as deixam vulneráveis às manipulações de líderes inescrupulosos, não depende de
fatores econômicos, sociais, educacionais. É algo mais profundo, que atende a
fantasias inconscientes que se manifestam na psicologia dos grupos. Essas são questões que não
podem ser ignoradas no aprimoramento dos dispositivos da democracia. A transformação das massas
em agrupamentos de cidadãos autônomos, críticos e conscientes de seus direitos
e deveres talvez seja facilitada pelas redes sociais
criadas pela internet. Nas incipientes multidões
arregimentadas pelas redes não há a figura de um chefe, um líder, sobre quem é
projetado o ideal do ego e o superego ou que seja visto como um pai poderoso ou
uma mãe que seduz com um apelo fusional. As pessoas
são convocadas em nome de um determinado ideário, ao qual consciente e
voluntariamente aderem. O conceito de flash
mob, introduzido pela internet, se refere a essa
possibilidade de convocar uma multidão para fins pontuais específicos, que vão
desde brincadeiras inconsequentes até grandes
manifestações políticas, como ocorreu nas “primaveras” árabes e aqui mesmo nas
manifestações de junho de 2013. Esse uso das redes sociais
estabelece uma grande diferença entre a televisão e a internet. Enquanto a
televisão tem um poder de controle mesmerizante, controlando o telespectador passivo, que se
deixa comandar como um membro da massa guiada por um líder, a
internet convida à participação, à interação, à atividade – quer seja nas salas
de bate-papo, nos comentários aos noticiários, nos inúmeros fóruns de debates
e, o que é mais importante, na organização de grandes manifestações de rua. Ao contrário da televisão,
que organiza massas virtuais ocupando ela mesma o papel de líder a ser seguido, a internet age de forma diversa, proporcionando a
formação desse tipo de agrupamento de características opostas à massa, desde
que imbuídas de forte sentimento de autonomia e individualidade. Uma multidão que se junta
assim estaria mais consciente e lúcida, não se deixaria manobrar por
oportunistas, como se constatou no repúdio aos grupos e partidos políticos que
tentaram manipular as manifestações de junho de 2013 e mais recentemente, e que
foram escorraçados. Mas também mostra uma fragilidade. Na medida em que não há
uma centralização ou organização estável que a alimente, tende a se manifestar
em ondas, abalos sísmicos, de problemática continuidade, como vimos acontecer
no refluxo daquele movimento. Dessa maneira, a internet
poderia estar criando instrumentos inéditos para reforçar a democracia,
possibilitando uma diferente forma de manifestação da vontade popular. A dimensão e profundidade
das mudanças trazidas pelas novas tecnologias da informática na prática
política ainda não estão muito claras para todos nós. Elas se manifestam não só
na capacidade de formar as flash mobs que acabamos de mencionar, como também nas questões
ligadas à anulação da privacidade e a possibilidade de controle social. O extraordinário domínio do
estado sobre o cidadão que assim se afigura fica contrabalançado pela possível
resistência exercida por aqueles que praticam a desobediência civil. Eles põem a nu a fragilidade e a vulnerabilidade de sistemas de poder
aparentemente inexpugnáveis, apesar de pagarem um preço altíssimo por essa
ousadia. O ativismo político de Julian Assange e
Edward Snowden são bons
exemplos dessa questão. Muito se sem falado sobre a
largamente difundida descrença nos políticos. Penso que a crise de
representatividade dos políticos nas democracias avançadas é bem diferente da
que ocorre entre nós. A nossa não se dá pela exaustão do modelo e sim por sua
crônica inoperância. Nossos políticos quase nunca foram efetivamente
representantes da coisa pública (res publica) e sim
prepostos de grupos que de há muito se apoderaram do poder. Nossa crise de
representatividade é motivada pelo despreparo, pela inépcia, pela incompetência,
irresponsabilidade, compadrio, nepotismo, roubalheiras. Muitas de nossas
características socioculturais derivam de nossa formação histórica, entre elas
o peso da formação ibérica, mais atrasada do que aquela vigente em outros
países libertados por Lutero e Calvino do jugo da Igreja Católica, como se
depreende das elucubrações de Fromm no livro citado. A própria forma de exercer
o poder parece ser diferente no Brasil. Quando os romanos diziam “À mulher de
César não basta ser honesta, deve parecer honesta”, intuitivamente sabiam da
importância da identificação, do modelo a ser seguido, dos padrões nos quais a
sociedade se mira. Cabe às autoridades dar o bom exemplo para o povo, ao homem
público compete manter a compostura. Pelo contrário e com as
honrosas exceções de praxe, nossos políticos se vangloriam da esperteza, das
negociatas, do evidente e escandaloso enriquecimento ilícito. Parecem competir
na desfaçatez e na exibição de seus desmandos, oscilam entre a safadeza
pornográfica e o palavrório oco, pomposo, ridículo, numa patética exibição para
uma imensa plateia de ingênuos mantidos
propositadamente na ignorância. O que acontece quando a
elite que ocupa o poder dá mostras diárias de roubos e falcatruas, de não
obedecer a lei, de viver em permanentes conchavos
escusos visando exclusivamente seus próprios interesses? O que ocorre no Brasil é da
maior gravidade porque os modelos públicos de identificação dão um exemplo
deplorável e a lei que deveria reger o contrato social é enxovalhada
ininterruptamente, mostrando suas garras apenas contra os mais pobres e
indefesos estratos da sociedade. O modo escabroso com que se
comportam as figuras paternas encarnadas nos políticos e a impunidade que gozam
não estariam propagando em larga escala a
criminalidade e a delinquência? A brutalidade cada vez mais desmedida e
desarrazoada que se constata na crônica policial de nossas cidades não seriam sintomas de tudo isso? (*) Publicado na revista
“Jornal do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de
São Paulo”, vol. 48/no. 88 – jan. a jun. 2015
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