Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Setembro de 2015 - Vol.20 - Nº 9 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on
line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão
lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar
traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a
psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões
e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de
sites. Qui sommes- nous ? France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on
line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression
lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des
traductions et des articles en français et en portugais concernant la
psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques
habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et
d’associations, sélection de sites
1.O DIABO NA HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA E DA PSICANÁLISE (PRIMEIRA
PARTE) Referência:
Le Dictionnaire
amoureux du
Diable(O Dicionário amoroso do Diabo) de Alain Rey Alain Rey é
um linguista e lexicográfico francês nascido em
Pont-du-Château (Puy-de-Dôme) em 30 de agosto de 1928. Ele
é o redator chefe das publications das edições Le
Robert. “Nas
relações certificadas entre os seres
humanos e o diabo ou seus representantes, a hipótese de uma anomalia psíquica
foi frequentemente formulada, mesmo nas épocas em que
a crença no demônio era muito forte. Foi notadamente o caso no Século XVI
quando Montaigne,colocado na presença de bruxas, acha
que é melhor tratá-las do que queimá-las vivas.É também o caso dos demonólogos (estudiosos
da natureza e da influência dos demônios),os quais, embora crédulos,
descobrem mentiras, subterfúgios e delírios na evocação do espírito do Mal. Aliás,
um desses demonólogos, Jean Wier,foi
objeto de uma redescoberta pelos psiquiatras franceses da escola de La Salpêtrière, o
hospital onde trabalhava o célebre doutor Charcot,
especialista da histeria. Numa “biblioteca diabólica”, os doutores Axenfeld, Bourneville, Richer et
alguns outros estudam o sabá, editam o processo
judicial da possessão de Françoise Fontaine,e, sobretudo, em 1885, publicam as Histórias[...] das ilusões e imposturas dos
diabos, mágicos infames, bruxas de Jean Wier, na
tradução francesa de 1579. Este autor, especialista dos demônios e dos
possessos, era médico; seus adversários, recusando a anomalia psíquica e
retendo somente a heresia, o blasfêmio e a magia
negra, como foi o caso do célebre Jean Bodin, não
eram médicos. A
leitura dos fenômenos de goétie
(espécie de magia pela qual invocava-se os gênios
maléficos), de feitiçaria, de possessões e obsessões diabólicas pela medicina
do fim da Idade Média e do Renascimento podem nos desconcertar, mas eles introduzem uma parte do natural, do
racional , no sobrenatutal; eles reduzem a parte do
diabo.A idéia consistindo em se apoiar nos testemunhos médicos à luz dos
saberes da psychiatrie – palavra que aparece no início do século XIX e que foi atestada em francês em 1802- se inscrivia ao mesmo tempo na história das crenças
demonológicas relativisadas
e na história da medicina. O
material demoníaco observado pela medicina das doenças mentais no Século XIX, a
começar pelo descrito por Esquirol no seu Traité des maladies mentales (Tratado das doenças mentais) (1838), era mais
rico, por razões psicossociais, do que o material hoje disponível. Os pacientes
delirantes acreditando na ação real do diabo são cada vez menos numerosos, e os
delírios batizados demonomias são menos sistemáticos.
Teríamos dificuldade de encontrar o equivalente desta lavadeira de 57 anos,
melancólica, cujo discurso foi relatado por Esquirol:
“Eu sou a mulher do grande diabo: eu me entendo com ele, ele dorme comigo[...].
Meu corpo é um saco feito com a pele do diabo, ele está cheio de animais
imundos que são diabos[...] o diabo me repete sem cessar de matar[...] em um
minuto, então eu cometo mais crimes do que todos os celerados não podem
executar em cem anos. [...] eu pedi ao
diabo para derrubar aquele que está no alto,de matar Deus e a Virgem” (Maladies
mentales(Doenças mentais), capítulo IX, citado pelo
doutor G. Ferdière , no “Le Diable
et le Psychiatre” (O
Diabo e o Psiquiatra). As
observações de Esquirol e de seus sucessores fornecem
um material relativamente homogêneo com as confissões das bruxas e dos
possessos (séculos XVI e XVII), material porém interpretado
de outra maneira, em consequência do desaparecimento
da crença no diabo pelo médico. Embora esta crença persista em certos doentes,
a própria interpretação depende do estado da psiquiatria, diferente na época de Esquirol,
de Charcot e dos médicos atuais. Dentro
de um quadro definido, por exemplo, na obra de Georges Dumas sobre o “Surnaturel et les Dieux après les maladies
mentales d’” (O Sobrenatural e os Deuses
segundo as doenças mentais) (1946), ou sugerido pelo doutor Jean Vinchon, autor da parte do livro sobre O Diabo também assinado por Maurice Garçon a propósito do aspecto médico dos fenômenos diabólicos,
a releitura dos textos antigos sobre as crenças relativas ao diabo
muda de maneira contínua, mas tende cada vez mais a diminuir a parte do
sobrenatural, do misterioso, do oculto
com relação aos saberes verificáveis (dito de outra maneira falsificáveis, na
epistemologia atual).Mas esses saberes se organizam de
maneira alterada, como podemos ver na história dos termos folia, delírio, neurose, psicose e outros, abandonados ou novos. Mais
ainda, se o psiquiatra é um cristão convicto,não
podendo evacuar uma parte da crença no diabo, nos anjos maus, no espírito do
Mal, ou então se ele está em contacto com o cotidiano do sobrenatural,o que
pode ocorrer nos lugares onde a magia e os chamanismo
perduram, ou ainda se ele é um pouco antropólogo ou historiador,suas
interpretações serão diferentes daquelas de um psiquiatra ateu e racionalista.
A mesma coisa ocorre se considerarmos as relações entre exorcistas e psicoterapeutas,cujas práticas se cruzam, mas cujas
interpretações, normalmente, divergem. Emfin, as relações patogênicas entre
pensamento diabólico e comportamento humano são diferentes, em se tratando de
crianças ou adultos, de mulheres ou de homens, de pessoas de culturas
diferentes. Estas diferenças ajuntadas a tipos de leituras renovadas a cada
estado da psiquiatria, ainda mais com a psicanálise, ou com a medicina
psicossomática, a neuropsiquiatria, etc., fazem com que, diante da grande
estabilidade dos dogmas, em cada teologia, o diabo das ciências psicológicas e
de suas aplicações médicas sejam de uma labilidade
extrema”. 2.
REUNIÕES E COLÓQUIOS SETEMBRO
2015 *BOULOGNE-BILLANCOURT,
les 11 et
12:Psychologie Clinique, Psychopathologie,
Psychanalyse et le COPES organisent un colloque sur
« Violences dans les soins ». Informations et inscriptions :
COPES, 26 boulevard Brune, 75014 Paris-Tél. :01
40 44 12 2701 40 44 12 27 –
Mail : [email protected]
– Site : www.copes.fr *MARSEILLE, les 28 et 29 :La Fédération d’Aide à la Santé Mentale(FASM) organise ses journées
nationales de formations continue sur
« Égalité, citoyenneté
et handicap psychique ». Informations
et inscriptions : FASM Croix Marine, 31 rue d’Amsterdam, 75008 PARIS – Téléphone :
01 45 96 06 36 – Mail : [email protected] Site :www.copes.fr 3.
LIVROS RECENTES *Différences et
variabilités en psychologie Jacques
JUHIEL et Géraldine ROUXEL Rennes : Presses Universitaire-2015- Br.
20,00 Euros *Le
discours vivant : la conception
psychanalytique de l’affect André
GREEN Paris :PUF- 2015-Br.-27,00 Euros *
La perversion ordinaire : vivre ensemble sans autrui Jean-Pierre
LEBRUN Paris :Flamarion-2015-
Br.-12,00 Euros *Revue des collèges
de clinique psychanalytique du champ lacanien. 14, L’inconscient et le corps Sous la direction de François
TERRAL Paris:
Hermann -2015- Br. 25,00 Euros *Revue française de psychanalyse.1(2015)
Mensonge Dossier Michel de MUZAN Paris :PUF- 2015-Br.-31,00 Euros *Prescrire les antipsychotiques ; propriétés et modalités
d’utilisation Nicolas FRANCK, Fabien FROMAGER, Florence THIBAUT Issy-les-Moulineaux : Elsevier Masson-2015-Br. 33,00
Euros *De
l’art-thérapie à la médiation artistique. Quels professionnels pour quelles pratiques ? Martine
COLIGNON Erès- 2015-Br.-14,00
Euros 4.REVISTAS La Lettre
de Psychiatrie Française 5.ASSOCIAÇÕES CIENTIFICAS MEMBROS DA FFP *Association Française de Psychiatrie et
Psychologie Legales ( Afpp ) *Association Française de Thérapie Comportementale et Cognitive (Aftcc)*Association Scientifique des Psychiatres de Secteur (A.S.P.S.)
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