Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Janeiro de 2015 - Vol.20 - Nº 1 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on
line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão
lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar
traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a
psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões
e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de
sites. Qui sommes- nous ? France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on
line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression
lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des
traductions et des articles en français et en portugais concernant la
psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques
habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et
d’associations, sélection de sites 1)HOMENAGEM A BERNARD MARIS Dr.Eliezer
de Hollanda Cordeiro 7 janvier 2015. – 12 mortos, 4 pessoas em estado crítico e cerca de vinte feridos: esta foi a consequência provisória do ataque perpetrado contra o jornal satírico Charlie Hebdo. Entre as vítimas mortas, citemos os cartunistas Cabu, Wolinski, Tignous, Honoré e Charb bem como os cronistas Bernard Maris e Elsa Cayat, uma psiquiatra e psicanalista francesa.O jornal, que já estava sob proteção policial após haver sido incendiado em novembro 2011, foi o alvo de uma atentado assassino perpetrado por duas pessoas armadas que invadiram os locais do jornal. Os assaltantes fugiram num carro preto, gritando « vingamos o profeta » e « Allah Akbar Deus é grande ». Bernard Maris também ensinou no Instituto de estudos europeus da universidade Paris-VIII bem como micro-economia na universidade de Iowa (Estados-Unidos) e no banco central do Peru.Na edição de France-Brasil-Psy, datada de abril 2010, volume 15, escrevi um artigo intitulado: O filósofo Michel Onfray ataca Freud
e a psicanálise. E também publiquei a resposta escrita por Bernard Maris. Foi então que decidi
novamente editar esta discussão para dar uma idéia aos leitores da maneira como
Bernard Maris criticou, com argumentos
convicentes, o artigo do polêmico filósofo francês. 2) O FILÓSOFO MICHEL ONFRAY ATACA FREUD E A PSICANÁLISE Cinco anos após os ataques dirigidos contra
Freud e suas teorias pelo ‘’Livre noir
de la psychanalyse’’, o filósofo francês Michel Onfray acaba de publicar um livro colocando em
causa o grande médico de Viena. Intitulado ‘’Le Crépuscule
d’une idole. L’affabulation
freudienne’’(O
Crepúsculo de um ídolo. A fabulação freudiana), este imponente
volume de 600 páginas tornou-se um dos livros mais vendidos na categoria ensaios,
publicada na revista L’Express. François Busnel, cronista literário da mesma revista e responsável pelo
programa de televisão intitulado La
Grande librairie , havia organizado um debate sobre a psicanálise,
convidando para tanto os psicanalistas Alain de Mijolla e Anne Millet, o filósofo americano Mikkel Borch-Jacobsen e o psicólogo belga
Jacques Van Rillaer. E, naturalmente, Michel Onfray. Todos vieram falar da
publicação de seus respectivos livros sobre a psicanálise, mas, na realidade, o debate se focalizou no livro
de Michel Onfray. AS INTENÇÕES DE
MICHEL ONFRAY ? ‘’Fazer uma psicobiografia de Sigmund Freud, apoiando-se
numa vasta documentação e numa correspondência até então conservada
secretamente pelos freudianos”. A partir
daí, Michel Onfray comentou que “Freud leu
muito, citou pouco, queimou os seus jornais íntimos, destruiu sua
correspondência e mentiu sobre os resultados terapêuticos dos quais falou
nas famosas Cinq psychanalyses (Cinco psicanáliss). Ele concluiu que a teoria do inconsciente
não é uma ciência, que a psicanálise cura como faz um placebo e que
se ela é válida para as próprias neuroses de Freud, ela não é
universal’’.Como era de se esperar, as teses e as demonstrações do
filósofo suscitaram reações de psicanalistas como Elisabeth Roudinesco, e Roland GORI (Roland Gori
exprime ce qu’il pense
de Michel Onfray), entre outros, mas também de filósofos e escritores. Então, o que significa tais ataques?
Eles são justos? Para responder a estas questões e dar a palavra
aos defensores de Freud e da psicanálise na França, traduzi um artigo de
Bernard Maris,economista francês de renome que
escrevia para jornais, blogs, revistas e fazia crônicas cotidianas para a
estação de rádio France-Inter. Bernard Maris costuma empregar noções psicanalíticas em seus escritos,
afim de melhor compreender o mundo da economia e das finanças. Traduzi também trechos de uma entrevista dada
por Roland Gori, psiquiatra,psicanalista e intelectual
engajado. 3.RESPOSTA DO ECONOMISTA BERNARD MARIS: ONFRAY
MOI PEUR (ONFRAY EU MEDO) Tradução:Eliezer de Hollanda Cordeiro ‘’A priori um rapaz que publicou um
« Traité d’athéologie »(Tratado contra a Teologia), criou uma
universidade popular de filosofia, preconizou o retorno dos jardins familiaux (jardins para trabalhadores), escreveu no Siné-hebdo e divulgou filosofia em vez de prospectos publicitários, é uma
pessoa simpática.Sosseguemos, não tenho a intenção de defender a
misoginia de Freud ou
a avidez de Lacan, mas sempre me senti profundamente perturbado por uma coisa: a necessidade
de viver o que se diz . Então faça o que você diz,Onfray.Você
se diz revolucionário ? Enverede pelas estradas, encontre a Mère Teresa ou os
surrealistas, defenda os clandestinos e empunhe armas
contra Total. Você que ama os bons restaurantes e os bons vinhos, as
belas casas e as belas pinturas, você que defende a populaça e detesta os
burgueses, porque não toma o metrô nas horas de afluência
? . De uma certa
maneira, a questão que Michel Onfray coloca no jornal Libération é a da
covardia e da ‘’colaboração’’ de Freud –de maneira acessória a da nulidade da
psicanálise.Ora, se alguém prefere pagar 450 euros por uma sessão de
psicanálise (a tarifa praticada por Freud, segundo Onfray) em vez de
comprar um carro esporte, que mal há nisso? Mesmo se a
psicanálise é um placebo, ela produz menos CO2. Incomoda-me ler setenta e cinco anos mais tarde
no livro de Onfray, a lição que ele dá a Freud sobre a coragem
política. Freud disse em maio de 1933, quando os seus livros foram
queimados ao mesmo tempo do que os escritos por Einstein: « Pelo menos queimo bem acompanhado’’. Um ano antes, escrevera
com o mesmo Einstein o “Porque a guerra ?”
Freud deveria ter ido quebrar a cara dos incendiários ? Ele colaborou com o Institut Göring ? Sustentou Dolfuss, como pretende Onfray ? Das cinco irmãs de
Freud, quatro morreram em campos de concentração ( talvez
que isto satisfizesse sua « misoginia»...). Freud escreveu em 1934: “O mundo se torna uma
prisão, sua pior célula é a Alemanha”. Quem pode negar que Hitler perseguiu os psicanalistas ? Doente, sofrendo de um câncer, Freud permaneceu
na Áustria até 1938. Antes de partir para Londres, a Gestapo pediu-lhe
para assinar uma carta reconhecendo que havia sido bem tratado.Freud
assinou-a e acrescentou: “Recomendo de bom grado a Gestapo para
todos.” Riamos um pouco com os anti-semitas.’’ 4.COMENTARIOS DO PSICANALISTA ROLAND GORI Numa entrevista dada Ao jornalista Gibert
CHARLES da Revista L’Express, Roland GORI lembrou que ‘’as críticas sobre a vida
pessoal de FREUD e suas teorias começaram há mais de um
século. E sempre foram as mesmas, que podem ser assim resumidas: o que é novidade na sua obra é mentira, o
que é verdadeiro não é novidade. Michel Onfray quer apagar o nome de um dos fundadores
da cultura européia. Seus ataques surgem numa sociedade que não quer mais falar
do homem trágico, do indivíduo lutando contra sua
angústia, sua culpabilidade,seus desejos, seus
conflitos’’. ‘’A medicina, a psiquiatria, a psicologia não
são apenas saberes, são também práticas sociais.(...)
A psicanálise, como a psiquiatria humanista, estima que devemos levar em conta
o afeto,o relacional da personalidade’’. ‘’Hoje em dia, o sistema da economia liberal
parte do princípio que o comportamento humano é racional e que é possivel
prever as ações dos indivíduos em função dos interesses que podem obter.
O humano tornou-se um simples segmento técnico da produção’’. A psicanálise seria
obsoleta? ‘’Freud era médico ,
adepto de um positivismo
puro e duro, voltado para a neurologia e as ciências naturais, mas ele
descobriu que a razão é solapada
por forças obscuras que se encontram dentro dela, pelo inconsciente e os
afetos. E que a pretensão a governar o humano pela racionalidade leva a
um beco sem saída. Freud inventou um método onde o saber não vem do
especialista: é o próprio doente que possui um saber que o terapeuta vai ajudar
a decifrar.A psicanálise faz parte desta herança
que defende a idéia de que a humanidade do homem não se situa somente na
razão’’. E sobre a relação da
psicanálise com a nova concepção da saúde mental? ‘’A psiquiatria do comportamento e da biologia deixou de se interessar
pelo sofrimento do sujeito, ela descobre as
anomalias do comportamento. A questão não é de saber o que levou alguem a
mergulhar na obsessão, na depressão, na loucura, mas como suprimir o sintoma o
mais rápido possivel.As patologias não
mais se definem em função do sofrimento do paciente, mas como
disfuncionamentos neuro-cognitivos conduzindo a uma alteração comportamental .O
discurso psicanalítico incomoda porque opõe-se à formatação
comportamental e aos valores dominantes duma sociedade onde tudo deve ser
previsivel, programado, dirigido.Os ataques que visam a psicanálise mostram
mais uma vez que ele está viva, mais atual e que é necessária para
se resistir a esta sociedade do espetáculo e da mercadoria.’’ 5)
LIVROS RECENTES * Le développement psychique précoce: de
la conception au langage Sous la direction de Bernard GOLSE e de Marie Rose MORO Paris: Elsevier Masson-2014-Br.-32,00
Euros *Cerveau,
psyché et développement Sous la direction de Colette CHILAND et
de Jean-Philippe RAYNAUD Paris: Éditions O. Jacob-2014-Br-25,90
Euros *Troubles
de l’apprentissage chez l’enfant Coordonné
par Évelyne LENOBLE et Dominique DURAZZI Collection
Cahiers de Saint Anne Éditions
Lavoisier -2014 *ARS, mode d’emploi : travailler
dans et avec les agences régionales de santé ARNOULD Hervé, BEAUCHET Olivier,
BENEVISE Jean-François Paris :Dunod -2014- Br.27,00 Euros *Faut-il brûler les institutions ?
: dangers et confusions de l’idéologie marchande dans le monde médico-social CHAMBRIER
Guy, PATURET Jean-Bernard Rennes : Presse de
l’EHESP-2014-Br-19,00 Euros *Écrits : l’histoire de
l’élaboration d’une clinique t d’une éthique du soin CHASSAGNY
Claude Paris :
Éditions du Cygne - 2014-Br-24,00 Euros *Sigmund
Freud en son temps et dans le nôtre ROUDINESCO
Élisabeth Paris :
Seuil-2014-Br-25,00 Euros *La
famille suffisamment bonne WINNICOTT Donald Woods Bruxelles:De Boeck-Br.-25,00
Euros Paris : Payot-2014-Br-7,00 Euros * La nature humaine
WINNICOTT Donald Woods Paris :
Éditions Gallimard-2014-Br-8,50 Euros *Le
travail du psychothérapeute d’enfant ANZIEU
Annie Paris :Dunod -2014- Br.26,00 Euros *Formes
de transfert et schizophrénie CHAPEROT
Christophe Toulouse :
Erès- 2014- Br.26,00 Euros *Psychiatrie
et psychopathologie Michel
de BOUCAUD Paris :L’Harmatan-
2011 6) REVISTAS *Association
Française De Psychiatrie Et Psychologie Legales (Afpp) *Association Française
De Therapie Comportementale Et Cognitive
(Aftcc) *Association
De Langue Française Pour L’etude Du Stress Et Du Traumatisme (Alfest) *Association Pour La Fondation Henri Ey *Association Scientifique des Psychiatres de Secteur ASPS
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