Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Giovanni Torello |
Novembro de 2014 - Vol.19 - Nº 11 História da Psiquiatria REVISITANDO RUBIM DE PINHO Walmor J.Piccinini O Professor Álvaro Rubim de Pinho foi alvo de
dois artigos e inúmeras citações no Psychiatry on line Brazil. O primeiro
artigo foi uma rápida biografia publicada em fevereiro de 2004 e que pode ser
encontrada em www.polbr.med.br/ano04/wal0204.php O segundo artigo, de autoria de
Solange Rubim de Pinho, publicado em outubro de 2007 http://www.polbr.med.br/ano07/wal1007.php Quando organizava o material para escrever sobre Rubim
de Pinho recebi uma história em versos escritos por sua filha. Achei que seria
interessante publicá-la e espero que os admiradores de Rubim de Pinho e os
interessados na história da psiquiatria brasileira gostem. Rubim de
Pinho foi pioneiro na Psiquiatria Transcultural. Foi um dos responsáveis pelo
renascimento da psiquiatria forense no Brasil. Foi presidente da Associação
Brasileira de Psiquiatria nos seus primórdios e dentre inúmeras afirmações que
podem ser descobertas nas publicações da Psychiatry on line Brazil escolhi este
trecho de uma entrevista publicado por S. Pinho. ”Para o Mestre Rubim de Pinho, o
compromisso social da Psiquiatria: 1. Pressupõe o esforço para
discriminar, na teoria, quanto há de ideológico e quanto há de autenticamente
científico, sem o que o profissional fique sujeito a incorrer em graves
equívocos; 2. Pressupõe o combate aos abusos que
têm sido apontados na prática da própria Psiquiatria. Abuso
nas práticas psicofarmacológicas, psicoterapêuticas, hospitalizações
prolongadas e em condições inadequadas.” ÁLVARO
RUBIM DE PINHO- O Homem e o Mestre Solange Rubim de Pinho Manaus,
Amazonas, anos 20 Rica
natureza Cidade
decorada por grandes monumentos do passado. Encerrado
o ciclo da borracha. Ambiente
harmonioso e sereno Rua
Joaquim Nabuco 20. 22
de fevereiro de 1922. Nasce
Álvaro Rubim de Pinho. Último
filho do casal: Álvaro
Madureira de Pinho e Mercedes
Rubim de Pinho. Traz
consigo uma estrela De
amor e inteligência Menino
estudioso. Cresce
admirando o modelo dopai. Médico
baiano, diplomado em 1904, Transmitia
aos filhos A
saudade das cousas da Bahia. O
encantamento com a Faculdade do Terreiro. Une-se
ao prestígio da Medicina Bahiana. E
o jovem partiu rumo à Bahia... Aqui
muitas emoções se seguiram: Despedida
de Manaus. Encontro
com o mar, Chegada
ao Porto de Salvador. Terreiro
de Jesus, Mouraria, Ladeira
dos Aflitos, Belas
sacadas! Contato
com os parentes da Bahia. Nova
vida... Dois
anos de curso Pré-Médico no Col. Maristas Vestibular
em 1940. Início
do Curso de Graduação em Medicina. Frequentou
o Hospital Santa Isabel, Clínica
Neurológica. Sanatório
São Paulo. Enquanto
acadêmico, Manteve
em sua mente, Os
nomes dos médicos Que
se dedicaram a carreira universitária Consolidando-se,
assim, A
motivação e o interesse pelo ensino. Surge,
neste momento, Um
vínculo amoroso, Com
aquela que será sua esposa. Berenice
Sampaio Tavares. Aprofunda-se,
então, A
sua ligação com a Bahia. Para
Jorge Amado “Baiano
quer dizer: Um
estado de espírito, concepção de vida, Quase
filosofia”. Por
isso ele se incluiu. Em
45, Salvador foi Palco De
grandes movimentos estudantis. Segunda
Guerra Mundial. O
jovem amazonense é o 1º. Prsidente da UEB, Mostrando,
desde aí, Liderança,
dignidade, grandeza. Em
1945, ocorreu a formatura No
Salão Nobre da Faculdade de medicina-Ba. Espaço
das suas maiores emoções. Amplas
Bancadas, Preciosos
lustres, Mesa
colorida por arranjos de flores. Grandiosas
fotos dos mestres Que
lhe antecederam... Homem
Bom, Dedicado
Clínico e Professor. Pesquisador
interessado. Ativo
na vida associativa. Estudioso
de assuntos forenses e antropológicos. Modelo
de entrega ao próximo. Livre
Docente da Clínica Psiquiátrica 1955. Prof. Adjunto da Clínica Psiquiátrica 1954-1956, Prof. Catedrático da Clínica Psiquiátrica 1966, Ocupou
Cadeira 17, Academia de Medicina. Foi
presidente. Academia de Medicina - Ba 1987. Aposentado
como Titular 1989. Prof. Emérito da Faculdade de Medicina 1993. Título
mais elevado que atinge um docente na nossa Escola. Cada
concurso um degrau, Uma
luta, uma busca... Consciente
da sua força, Olhos
abertos para a realidade De
que o mundo é uma escola, Não
desperdiçava energia no desnecessário. Perseverança,
assiduidade e responsabilidade. Garantiram
sucesso em cada uma de suas batalhas. Ocupou
vários cargos na ABM, Tendo
sido seu presidente em 1960. Presidente
da ABP em 1968. Dirigiu
com habilidade o CREMEB em 1969 Membro
do Conselho Penitenciário, A
partir de 1979- Tornou-se
presidente do Conselho em 1986. Nesta
função tinha a humildade dos sábios Acreditando
sempre na capacidade de recuperação do Homem. Lutou
pelo treinamento e atualização dos Médicos, Ensinando
mais pelo exemplo do que pela palavra. Procurou
resgatar o caráter científico E
a importância do médico no nosso meio. Fez
a Psiquiatria da Bahia tomar maior dimensão. Presença
no Currículo médico, Preparo
de especialistas, Pesquisas
e programas de extensão. No
HPES, o Serviço passou a ter áreas próprias. Ampliou
a Graduação, Criou
a Disciplina Psicologia Médica! Iniciou
o regime de Residência em Psiquiatria, Introduziu
disciplinas afins no Mestrado De Saúde
Comunitária. Estimulou
pesquisas em psiquiatria Biologia, Epidemiologia e
Transcultural. Criou
uma Geração de especialistas, Com
formação clínica definida E
interesses distintos. Examinou
Concursos em todo país Representando
a nossa Psiquiatria em encontros Internacionais. Dizia-se
satisfeito e realizado, Grato
à esposa, filhas,
netos, genros, colegas, parentes e
pacientes. Todos
que trouxeram sentido à sua vida. Na
manhãdo dia 09.11.1994, Ocorreu
seu vôo final. Agora
órfãos dos afetos, das lições. Dos exemplos, das convivências... Olhos
cerrados. Corpo
pálido. Voz
calculada. Alma
livre. Último
encontro. Lágrimas
caem em todos os olhos, Preces
chegam até ele. Lembranças
tomam nossas mentes. (O
Homem e o Mestre por Solange Rubim de Pinho) Solange Tavares Rubim de Pinho
|