Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Giovanni Torello |
Outubro de 2014 - Vol.19 - Nº 10 Psiquiatria na Prática Médica ALTERAÇÕES OFTALMOLÓGICAS DOS FÁRMACOS UTILIZADOS EM PSIQUIATRIA Gabriel de Almeida Ferreira* 1.
RESUMO Patologias abordadas na Psiquiatria
necessitam de diversos medicamentos, desde anticonvulsivantes, neurolépticos, antidepressivos e medicamentos que agem na
ansiedade como os benzodiazepínicos. Contudo, pouco se atenta para os possíveis
efeitos colaterais de tais medicações, especialmente as alterações
oftalmológicas. Estes efeitos colaterais podem ser de difícil reconhecimento nesses
pacientes devido às patologias psiquiátricas de base, podendo até mesmo as
agravar. 2.
MÉTODO Foi realizada pesquisa bibliográfica em
fontes indexadas pelo SciELO e PubMed, utilizando
termos em português e inglês (Doenças Psiquiátricas, Alterações Oftalmológicas,
Psicofármacos, Antidepressivos, Neurolépticos, Anticonvulsivantes, Topiramato,
Clorpromazina, entre outros). Vamos citar alguns medicamentos que estão sendo
amplamente utilizados na clínica psiquiátrica e que podem estar associados com
efeitos colaterais oftalmológicos.
INTRODUÇÃO Dentre os fármacos muito utilizados na
Psiquiatria atualmente, temos o Topiramato,
que é um anticonvulsivante de amplo espectro, e também utilizado nos
transtornos depressivos e dependência alcoólica. Entre seus efeitos adversos
sistêmicos temos anorexia, perturbações do humor, nefrolitíase, acidose
metabólica e redução da função hepática. Os achados oftalmológicos, apesar de
incomuns, englobam uma síndrome composta por glaucoma secundário de ângulo
fechado e miopia aguda. O
mecanismo de fisiopatológico a total elucidação destes efeitos oftlamológicos do topiramato
não é totalmente conhecido. Alguns
autores acreditam que o processo acontece por efusão uveal devido ao edema do
corpo ciliar, com consequente anteriorização do diafragma irido-cristaliniano,
levando à diminuição da profundidade da câmara anterior e fechamento do seio camerular,
sem bloqueio pupilar. A
miopia aguda também tem sido associada ao uso de diversas drogas derivadas da
sulfa (por exemplo: acetazolamida, sulfametoxazol-trimetoprim, espironolactona,
etc.). No caso do topiramato, o estreitamento do ângulo iridocristalino poderia
advir como consequência da diminuição da câmara ocular anterior, ocasionada
pela efusão uveal, que teria como consequência tanto o deslocamento anterior do
diafragma iridocristalino, quanto o espessamento do próprio cristalino. 1, 2 Outra
classe de medicamento usada na Psiquiatria é a dos antidepressivos. Um estudo
canadense de 2010 verificou que o uso de Inibidores Seletivos da Recaptação de
Serotonina, em especial a Fluvoxamina e a Venlafaxina, estavam relacionadas com
maior risco para desenvolvimento de Catarata, apesar de mais estudos serem
necessários para confirmar tal hipótese.3 Os
antidepressivos tricíclicos também podem causar diversos efeitos oculares, a maioria
se apresentando no início do tratamento. O mais comum é a ocorrência de
midríase e ciclopegia, podendo acarretar em visão embaçada e dificuldade de
visão para perto, causados pela paralisia do músculo ciliar, além do efeito anticolinérgico
destes fármacos. 4 DISCUSSÃO. Além
destes muitos outros medicamentos podem estar associados com efeitos colaterais
oftalmológicos, e existe a necessidade de um cuidado neste sentido para que os
pacientes possam ser orientados a buscar o médico que os assiste, caso estes
apareçam, pois diversos fármacos utilizados na prática psiquiátrica podem
causar alterações oculares, sendo fundamental a vigilância médica para o
diagnóstico precoce e manejo adequado. 3.
REFERENCIAS 3. Etminan M, Mikelberg FS, Brophy JM. Selective Serotonin Reuptake
Inhibitors and the Risk of Cataracts: A Nested Case-Control Study.
Ophthalmology. 2010;117(6):1251-5. 4. Richa S, Yazbek JC. Ocular adverse
effects of common psychotropic agents: a review. CNS Drugs.
2010;24(6):501-26. * Interno de medicina da Universidade de Taubaté. ** Coordenadora da disicplina de psiquiatria da Universidade de Taubaté
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