Dezembro de 2013 - Vol.18 - Nº 12 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Dezembro de 2013 - Vol.18 - Nº 12 Artigo do mês
APLICAÇÕES DA REALIDADE VIRTUAL NA DETECÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO DOS NÍVEIS DE ANSIEDADE EM PACIENTES SOB TRATAMENTOS PSICOTERAPÊUTICOS E PSIQUIÁTRICOS
Luís Junqueira 1. Introdução O desenvolvimento da tecnologia
computacional tem permitido a criação de ambientes de simulação cada vez mais
próximos da realidade. São conhecidos como ambientes de Realidade Virtual (RV)
e permitem simular em computador diversas localidades, como o ambiente de uma
casa ou de um hospital, e diversos cenários ou situações às quais se queira
expor o usuário. A aplicação da RV em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
tem sido relatada em diversos estudos associados com o seu uso em pacientes que
sofrem de estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade, dependência
química, e fobias diversas tais como medo de aranhas, medo de voar, agorafobia,
acrofobia, etc. (HERBELIN et al, 2002; GORINI e RIVA, 2008; GERARDI et al,
2010). A exposição de pacientes à cenários de ambientes virtuais para fins de
terapia é conhecida como Terapia de Exposição por Realidade Virtual (CUKOR et
al, 2009). 2. Terapia de Exposição por Realidade
Virtual Para permitir a interação com o
usuário é possível incluir Humanos Virtuais, também conhecidos como Humanóides,
nos ambientes de RV (MAGNENAT-THALMANN & THALMANN, 2005). Humanóides têm
sido amplamente utilizados em simulações, jogos e animações gráficas
computacionais. No Brasil, a utilização do biofeedback e a modelagem e
aplicação de Humanóides para detecção de estados ansiosos tem sido investigada
no Núcleo de Pesquisas Tecnológicas (NPT) do Programa Integrado de
Pós-graduação em Engenharia Biomédica da Universidade de Mogi das Cruzes, e
pode ser apreciada em diversas publicações da área (MARTUCCI et al. 2006, 2008,
2010; SILVA et al. 2007, 2008). Em um dos trabalhos realizados, o
autor desenvolveu um Humanóide capaz de simular a expressão do paciente, ao
passar de um estado relaxado para um estado ansioso, e exibi-la em um ambiente
de Realidade Virtual (MARTUCCI et al. 2008), com o objetivo de conscientizar o
paciente das situações que comprometem a eficácia do seu tratamento. No estudo desenvolvido por Silva
et al (2007), sobre determinação de ansiedade através da detecção
computadorizada de sinais biológicos, verificou-se que, a partir da análise dos
dados da aquisição de sinais biológicos de pacientes voluntários submetidos à
estímulos capazes de eliciar estados ansiosos, houve o aumento dos batimentos
cardíacos, aumento da freqüência respiratória e diminuição da resposta
galvânica da pele (GSR), quando os mesmos se mostravam ansiosos, evidenciando a
relação entre as variações fisiológicas e o estado de ansiedade dos pacientes.
Os autores concluem que “A mensuração dos sinais biológicos realizados neste
trabalho, proporcionou meios de obter dados objetivos e quantitativos sobre a
ansiedade do paciente em sessões de terapia durante tratamento” (SILVA et al,
2007, p. 121). Também no campo da detecção,
quantificação e avaliação do estresse, sistemas computadorizados baseados na medição
de variáveis fisiológicas (JUNQUEIRA, 2013) e protocolos de avaliação baseados
em características de sinais biológicos (GIAKOUMIS et al, 2013) têm sido
propostos em estudos recentes. Já na área de pacientes sob
tratamentos psicoterapêuticos e
psiquiátricos, Martucci et al (2006, p. 4), em seu trabalho de auxílio à
conscientização de dependentes químicos, em relação à sua dependência, relata
que “Percepções positivas obtidas com a abstinência reforçam a perseverança
pela recuperação, e a determinação por melhorias durante o tratamento ocorre
através da conjunção entre a consciência do problema e a vontade de mudar. O
humanóide deste projeto visa auxiliar justamente neste processo de
conscientização do problema”. Os autores desenvolveram um Humanóide capaz de
expressar a variação da respiração, por meio da movimentação torácica
(dilatação e contração), quando a captação do sinal biológico do usuário
evidenciar mudanças na respiração devido à ansiedade (emuladas por um software
de simulação de variação da freqüência respiratória). Efeitos sonoros
acompanham a variação da respiração, em complemento ao apelo visual do
Humanóide, e auxiliam na conscientização do estado ansioso pelo paciente. Os autores consideram que o
Humanóide poderá ser utilizado como biofeedback para pacientes em tratamento,
em que um terapeuta simule exposição às situações de risco para o mesmo,
permitindo ao paciente identificar a alteração de seu nível de ansiedade,
prevenindo-o sobre as possibilidades de recaída e concluem que “O humanóide é
útil como uma ferramenta auxiliar para endossar o diagnóstico subjetivo do
terapeuta, facilitando a aceitação por parte do paciente. E conseqüentemente,
para demonstrar, explicitamente, que algumas situações específicas provocam
alterações em seu estado de ansiedade e que podem comprometer seu tratamento”
(MARTUCCI et al. 2006, p. 4). 3. Dispositivos Móveis Soluções de ambientes de
Realidade Virtual para tratamento de desordens de ansiedade também já são
disponibilizadas para utilização em telefones móveis, conforme Pallavicini et
al (2009). Uma tendência observada no desenvolvimento de novos sistemas de
monitoramento do estresse e da ansiedade é a de utilização de tecnologias que
permitam a criação de dispositivos móveis, que possam ser transportados juntos
com os usuários e transmitir as informações coletadas via sistemas sem fio. Encontramos exemplos do
desenvolvimento dessas soluções em Sanchez et al (2012), com o desenvolvimento
de uma aplicação para uso em celulares, Lu et al (2012), com a utilização dos
Smartphones, em Massot et al (2012), com o desenvolvimento de um dispositivo de
uso ambulatorial com comunicação sem fio, e em Vilarejo et al (2012), com um sensor
de estresse baseado em GSR e controlado por ZigBee, uma interface para
comunicação wireless (sem fio). REFERÊNCIAS CUKOR, J. et al. Emerging Treatments for Post Traumatic Stress Disorder. Clinical Psychology Review, v. 29,
n. 8, p. 715-726, 2009. DUNSTER, C. Treatment
of Anxiety and Stress with Biofeedback. Global Advances in Health and
Medicine, v. 1, n. 4, p. 76-83, 2012. GERARDI, M. et al. Virtual Reality Exposure Therapy for Post-Traumatic Stress Disorder and
other Anxiety Disorders. Current Psychiatry Report, v. 12, n. 4, p.
298-305, 2010. GIAKOUMIS et al. Subject-dependent Biosignal Features for Increased Accuracy in
Psychological Stress Detection. International Journal of. Human-Computer
Studies, 71, p. 425–439, 2013. GORINI, A.; RIVA, G. The Potential of Virtual Reality as Anxiety Management Tool: A
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Anxiety Disorder. Biomed Central Trials, p. 9-25, 2008. HERBELIN, B. et al. Virtual Reality in Cognitive Behavioral Therapy: a Study on Social
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L. Sistema Computadorizado de
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Computing (UbiComp), p. 351-360, September 2012. MAGNENAT-THALMANN, N.; THALMANN, D. Virtual Humans: Thirty Years of Research,
What Next? Visual Computing, v. 21, n. 12, p. 997–1015, 2005. MASSOT, B. et al. EmoSense: An Ambulatory Device for the Assessment of ANS Activity—Application in the Objective Evaluation of Stress With the Blind. IEEE Sensors Journal, v. 12, n. 3, p. 543-551, March 2012. MARTUCCI, H.; SILVA, M.; FRÈRE, A. Modelagem de Humanóide e Simulação da Respiração para Auxiliar a Conscientização de Dependentes Químicos. In: X Congresso Brasileiro de Informática em Saúde, 2006. MARTUCCI, H.; SILVA, M.; FRÈRE, A. Análise de Sinais Fisiológicos para Quantificação da Ansiedade e Auxílio à Reabilitação. In: XXII Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica, 2010. MARTUCCI, H.; SILVA, M.; SLAETS, A. Humanóide Virtual como Biofeedback para Identificação da Ansiedade. In: XXI Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica, 2008. PALLAVICINI, F. et al. Biofeedback, Virtual Reality and Mobile Phones in the Treatment of
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The 14th IEEE International Conference on e-Health Networking, Applications and
Services (Healthcom), p. 411-414, 2012. SILVA, M.; FRERE, A.; MERCADANTE, L. Processamento de Sinais Fisiológicos para Quantificação da Ansiedade. In: XXI Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica, 2008. SILVA, M.; MARTUCCI, H.; DE
SANTI, R.; SLAETS, A. Determinação
Automática da Ansiedade por Detecção Computadorizada de Sinais Biológicos. In: Proceedings of IV Congresso
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ZigBee. Sensors, 12, p. 6075-6101, 2012.
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