Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Giovanni Torello |
Março de 2012 - Vol.17 - Nº 3 Psiquiatria na Prática Médica CONDIÇÕES MÉDICAS ASSOCIADAS AO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS Prof. Dra. Márcia Gonçalves
Pesquisas têm revelado alta prevalência de transtornos mentais entre
dependentes de drogas psicoativas. Vamos enumerar as diversas associações entre o uso de drogas psicoativas
(cocaína, crack, álcool, tabaco, maconha etc), e o
impacto sobre o organismo, como
patologias clinicas associadas diretamente com o uso ou adquiridas com o uso no
decorrer do tempo de diversas drogas. 1-
NICOTINA – Uso do tabaco e
outros: Sobre as alterações clinicas associadas ao uso do tabaco podemos resumir: A Nicotina também
considerada uma droga de adição apresenta alterações clínicas importantes e que
sobrecarregam os serviços públicos. A Organização
Mundial da Saúde – OMS, aponta uma relação
causal direta entre o cigarro e doenças
graves como câncer de pulmão (90% dos casos), enfisema pulmonar (80%), infarto
do miocárdio (25%),bronquite crônica , AVC (40%). Outros quadros graves como doença respiratória obstrutiva crônica
(bronquite crônica e enfisema pulmonar), recém nascidos de baixo peso,
complicações relacionadas ao parto e às primeiras semanas pós nascimento,
carcinomas de garganta, mamas e de pâncreas, úlceras gastroduodenais etc. também
são descritas. O Tabagismo está associado ao dobro de ocorrência de demência pela doença
de Alzheimer e associado a outros tipos de demências As Substâncias TÓXICAS do cigarro comum
incluem nitrosaminas, monóxido de carbono,
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, benzopirenos,
polônio emissor de radiação têm um impacto deletério sobre o organismo. Estas
substâncias são causadores de doenças degenerativas e câncer. Sobre os danos
sobre a pele, Morita afirma que as células de pele humana são produtoras de
colágeno ( tecido conjuntivo e representam
quase 80 por cento da pele normal) . Para poder fabricar nova pele agem
enzimas especiais - matrix-metaloproteinas, ou MMPs. Para destruir as fibras formadoras do colágeno. Dr. Adi Gazdara "Journal of the National
Cancer Institute " em
setembro de 1997. Em um estudo, após das células de pele ficarem expostas à solução de fumo
por um dia, os cientistas testaram os níveis de MMP e colágeno novo. As células
produziram muito mais MMP que as células normais de pele, mas cerca de 40 por
cento a menos de colágeno novo. A rápida destruição de colágeno e o déficit na formação do novo colágeno
poderia causar o envelhecimento
prematuro dos fumantes. Parece que menos colágeno significa mais formação de
rugas". As pessoas que trabalham com folhas de tabaco também são alvo de estudos.
Os sintomas clínicos observados nos funcionários que trabalham diretamente com
a folha do tabaco foram rastreados na Green Tobacco Sickness" ou GTS. Nesta empresa 10% dos
trabalhadores colhem e manipulam folhas
de tabaco nos EUA. Foram detectados nos trabalhadores: Fraqueza, cefaléias, náusea, vômito, tonturas, cólicas abdominais,
respiração dificultosa, temperatura anormal, palidez, diarréia, calafrios,
flutuações na pressão sangüínea ou do ritmo cardíaco e aumento da salivação e
da perspiração.
2-Associação direta do uso da Cocaina, Crack, álcool,
maconha, e outras substâncias psicoativas e efeitos
do uso crónico. 1-
Efeitos tóxicos das substâncias:
a-Hepatopatia alcoólica, , a cirrose biliar
primária, a colangite, má absorção dos nutrientes devido aos seus efeitos tóxicos sobre o intestino e o
pâncreas, cirrose na Dependência de Álcool. b-Valores baixos de ácido fólico Anemia, defeitos congénitos. Valores
baixos de niacina - Pelagra (lesões cutâneas, diarreia, depressão), esofagite),
pancreatite, baixos valores de açúcar no sangue, Ritmos cardíacos anormais
(arritmia), insuficiência cardíaca. c- Efeitos sobre os vasos
sanguíneos - Hipertensão arterial, arteriosclerose, acidentes vasculares
cerebrais, d-Confusão, coordenação reduzida, memória de curto prazo limitada
(recordações escassas dos acontecimentos recentes), psicose e- Deterioração dos nervos que controlam os
movimentos nos braços e nas pernas (diminuição da capacidade de andar). 2- O uso de agulhas contaminadas pode causar infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), hepatite, tétano,
vasculite, septicemia, endocardite bacteriana subaguda, fenômenos de embolia e
malária. 3- A desnutrição advinda da dieta e higiene pessoal inadequadas alteram o
sistema imunológico e determina o
aparecimento de infecções secundárias, com pneumonias, infecções
bacterianas diversas de difícil recuperação. 4- Os materiais usados para o “corte” (mistura) de certas substâncias
podem produzir reações tóxicas ou alérgicas com dermatites, infecções bacterianas.
5- O uso intranasal de substâncias (“cheirar”)
pode causar erosão do septo nasal. 6- O uso de estimulantes pode levar à morte súbita por arritmias cardíacas, infarto
do miocárdio, AVC ou parada respiratória. 7- Violência: O uso de substâncias pode estar associado com um
comportamento violento ou agressivo, que pode manifestar-se por lutas corporais
ou atividade criminosa e resultar em ferimentos ao usuário da substância ou a
outras pessoas. 8- Acidentes automobilísticos, domésticos e industriais são uma
importante complicação da Intoxicação com Substância, constituindo uma
apreciável taxa de morbidade e mortalidade. Dados epidemiológicos registram que aproximadamente
50% das mortes em acidentes de trânsito envolve um motorista ou um pedestre
intoxicado. Aproximadamente 10% dos indivíduos com Dependência química cometem
o suicídio. 9- Na gravidez- A maioria das substâncias psicoativas cruzam a placenta,
e podem ter efeitos adversos sobre o feto em desenvolvimento (por ex., síndrome
alcoólica fetal). Praticamente todas as drogas que podem gerar abuso exercem
direta ou indiretamente, efeitos cerebrais profundos. A via neurológica nas dependências
é o Sistema mesolímbico de recompensa. Fetos expostos
podem nascer também dependentes da droga, com baixo peso, prematuros ou já
nascerem com lesões e deficiências mentais e físicas, dificuldades
de aprendizagem. Dependendo da quantidade de cacaína no sangue
da mãe, pode resultar em descolamento prévio da placenta. O aumento da
mortalidade pré-natal em adolescentes viciadas, pode ser atribuída em grande
parte, ao uso da cocaína. 10- Drogas e a Hepatite C - A Hepatite Viral C (HVC) é uma doença infecto-contagiosa que causa inflamação
no fígado com evolução aguda ou crônica, podendo levar o paciente a hepatocarcinoma (câncer no fígado), ou uma cirrose do
fígado. A infecção é transmitida pelo
contato com o sangue de um indivíduo infectado pelo vírus. Não existe vacina contra o vírus
HVC. A Hepatite C atualmente é
considerada a maior causa de cirrose hepática
e transplantes de fígado no mundo. Os grupos de risco, são aqueles indivíduos que têm uma tendência maior de
contato com o vírus, e contraírem a infecção. São eles: Usuários de drogas injetáveis, principalmente
os que compartilham agulhas e seringas. Alcoolistas, indivíduos que estão
presos ou estiveram presos e mantiveram relações sexuais dentro do presídio com
outros presos. Pessoas que se submeteram
a realização de tatuagens sem cuidados de assepsia adequados. Pessoas que
usam piercing.
Indivíduos que fazem sexo sem proteção e/ou com vários (as) parceiros
(as). Pessoas que participam de orgias sexuais, sem camisinha, notadamente 9
semanas depois que a pessoa entrou em contato com o vírus. Quando se detecta os anticorpos para o vírus, através do exame sorológico a pessoa é considerada
soropositivo. As pessoas soro-positivo podem não apresentar sintomas de infecção e
permanecer muitos anos sem volver a doença. No entanto, são portadoras do vírus
e por isso devem tomar medidas de precaução, tanto para não transmitirem a
doença a outras pessoas quanto para se protegerem serem novamente infectadas.
Nesse sentido, como não se sabe quem é portador do vírus e sempre devem ser
usados preservativos em todos os relacionamentos sexuais. 11- A AIDS (síndrome de imunodeficiência
adquirida) é uma doença infecto-contagiosa
transmitida pelo HIV (vírus da imunodeficiência
humana). Foi primeiramente identificada nos
Estados Unidos em 1981 e desde então vem se alastrando na forma de epidemia
pelo mundo todo. HIV - O uso de drogas é
considerado um comportamento de alto risco para a infecção pelo HIV. Os
usuários de drogas injetáveis podem se infectar quando usam a mesma seringas com
outros. Mesmo as pessoas que não se injetam drogas, mas as consomem de outras
maneira podem se infectar por meio de relações sexuais sem preservativos. Diversos estudos têm mostrado que
pessoas sob o efeito do álcool frequentemente se envolvem em relacionamentos
sexuais sem proteção. Homens que têm contatos sexuais, com mulheres durante a
menstruação. As principais vias de transmissão do vírus são: Relacionamentos sexuais sem uso de preservativos; seringas contaminadas,
no consumo de drogas injetáveis; pela amamentação quando a mãe está infectada.
Muitas pessoas, a partir do contato com o vírus, desenvolvem anticorpos
detectáveis em testes sanguíneos (anti-HIV), a partir de aproximadamente 9
semanas depois que a pessoa entrou em contato com o vírus. Quando o teste detecta os anticorpos para o
vírus, a pessoa é considerada soropositivo. As pessoas soro-positivos
podem não apresentar sintomas de infecção e permanecer muitos anos sem
desenvolver a doença. No entanto, são portadoras do vírus e por isso devem
tomar medidas de precaução, tanto para não transmitirem a doença a outras
pessoas quanto para se protegerem de serem novamente infectadas. Nesse sentido,
como não se sabe quem é portador do vírus, sempre devem ser usados
preservativos em todos os relacionamentos sexuais. O uso de drogas é considerado um
comportamento de alto risco para a infecção pelo HIV. Os usuários de drogas
injetáveis podem se infectar quando usam a mesma seringa com outros. Mesmo as
pessoas que não se injetam drogas, mas as consomem de outra maneira podem se
infectar por meio de relações sexuais sem preservativos. Diversos estudos têm mostrado que
pessoas sob efeito do álcool freqüentemente se envolvem em relacionamentos
sexuais sem proteção. 12- Alterações cerebrais - O cérebro do drogadicto
é diferente do cérebro do não-drogadicto. As alterações estão principalmente: Na
disponibilidade de receptores, na expressão dos genes, na capacidade de
resposta a estímulos ambientais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ballone GJ - Aspectos
Cerebrais da Dependência - in. PsiqWeb, Internet,
disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2005. http://www.mccorreia.com/drogas/conceito.htm.DSM-IV
- Manual de Diagnóstico e Estatística dosTranstornos
Mentais - Quarta Edição, American Psychiatric Association (APA), 1994.- Organização Mundial de Saúde (OMS) - Bensley
LS, Spieker SJ, Van Eenwyk
J, Schoder J. Self reported abuse history and
adolescent problem behaviors.II. Alcohol and drug
use. J Adolesc Health 1999 Mar; 24(3):173-80Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul v.25 supl.1 Porto Alegre abr. 2003 doi: 10.1590/S0101-81082003000400005 Ballone GJ - Adicção, Drogadicção, Drogadicto - in. PsiqWeb,
Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 200531-
psicoativas.ufcspa.edu.br/AULA%20TRATAM%20FESBE.ppt., www.
uniad.org.br/images/stories/arquivos/13_princpios_NIDA.pdf 1- Prof. Dra. Marcia Gonçalves - Coordenadora da
disciplina de psiquiatria da UNITAU. [email protected]
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