Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Giovanni Torello |
Março de 2012 - Vol.17 - Nº 3 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on
line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão
lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar
traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a
psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões
e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de
sites. Qui sommes- nous ? France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on
line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression
lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des
traductions et des articles en français et en portugais concernant la
psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques
habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et
d’associations, sélection de sites
1) DIAGNOSTICAR OU TRATAR? Eliezer de Hollanda Cordeiro Referência:Doutor Bruno Felissard O que seria mais dificil para o psiquiatra, diagnosticar ou tratar?
Diagnosticar ou elaborar os meios que serão utilizados na cura? O conhecimento de uma doença
pelos seus sintomas e/ou mediante exames
diversos(radiológicos, laboratórios, etc.,) tornou-se mais seguro com as
modernas tecnologias. Porém, como avaliar os sintomas, sabendo-se que a
finalidade principal do diagnóstico é a de definir o tipo de ajuda que o
psiquiatra vai propor ao paciente, ou
seja a mais adequada possivel? Esta questão levou o psiquiatra Bruno Felissard
a fazer o artigo que examinamos e comentamos
hoje. Conhecer a doença não é conhecer o homem-paciente, sua
psicologia profunda, sua vida afetiva, sua vivência, sua vida relacional
ou os múltiplos papéis que ele executa
ou cumpre na sociedade. Daí a dedução de que o mais dificil e complicado para o psiquiatra não é o diagnóstico mas o
tratamento e o acompanhamento. Como dissemos em artigos passados, o léxico dos psiquiatras mudou e vai
continuar mudando, o melhor exemplo sendo as sucessivas edições dos Diagnostic
and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM), e o
número crescente de novas patologias que elas comportam. O sonho destes classificadores obsessivos é o
de encontrar um medicamento para cada diagnóstico, uma perspectiva que os
laboratórios aplaudem e sustentam por todos os meios. Mas será que os novos termos inventados pelos classificadores trazem
mudanças necessárias e inovadoras? Ou só
fazem designar as mesmas enfermidades
que outrora eram indicadas por outros termos? Assim, o Transtorno bipolar pretende substituir a Psicose Maníaco-Depressiva
, o TOC
a Neurose obsessiva, o autismo as psicoses
infantis, sem que se possa notar um
progresso significativo à compreensão dos processos psíquicos O trabalho do psiquiatra se situa na encruzilhada do médico, do
psicológico e do social. Estudos comparativos mostram que, se
considerarmos a noção um tanto vaga de
mal estar psicológico, uma porcentagem
importante de pessoas pode sofrer, num dado momento, de depressão ou
angústia que levam-nas a consultar um especialista.Estudos mostram que muitas
pessoas que vão consultar o psiquiatra
não exprimem nenhuma demanda. Também existem os que apresentam sintomas,
parecem sofrer e que não pedem nada, ou
que não exprimem nenhuma demanda. Se o
psiquiatra se encontrar em situações
semelhantes, é melhor que ele tenha
feito uma análise pessoal para conhecer um pouco mais sua própria subjetividade
e a do paciente. Bruno Felissard mostrou-se lúcido: “ é fundamental trabalhar a relação.O
psiquiatra não pode perder de vista que o paciente deve sair da entrevista
melhor do que entrou. Ele vai buscar sinais, falar
com o paciente e desfazer aos poucos os sintomas. A entrevista se torna terapêutica.’’ 2) OS PAIS PRECISAM REAPRENDER A DIZER NÃO Referência: Claude HALMOS : A jornalista
do Le Monde, Sylvie
Kerviel, fez um
resumo preciso do relatório parlamentar
apresentado por Chantal Jouanno, denunciando
a tendência da publicidade, da moda e da mídia a erotisar os corpos das meninas
e banalisar a pornografia. No
relatório, ela propõe uma campanha de
sensibilisação dos pais e das crianças por intermédio das associações
familiares e das escolas. Assim, ela sugere
o envio duma carta às grandes
marcas e aos distribuidores de moda, afim de
convencê-los a não vender produtos inadaptados e também a não organizar
concursos de misses para meninas. Claude Halmos, psicanalista e autoura do livro ‘’
Dis-moi pourquoi. Parler à hauteur d'enfant’’ (Fayard,
206 p., 18 euros), explica suas reações
a propósito deste relatório. A senhora observou a hipersexualidade
das meninas denunciada por Chantal Jouanno? Claude Halmos : Esta tendência é evidente na
mídia e, como psicanalista clínica, isto
me deixa inquieta. Para uma menina,
calçar sapatos altos, se maquilar, aumentar os seios com
sutiãs estofados,por exemplo,
estimulam-nas a crescer mais
depressa. Ora, dar a ilusão de que a criança
é uma mulher vai perturbar a percepção que ela tem do lugar que ocupa na
família, impedindo-a de se construir.A partir do momento em que a menina é
vestida,penteada e maquilada como a
mamãe, ela terá dificuldades para
compreender que não é ainda uma mamãe e que
seus direitos não são semelhantes aos
dela. E, sobretudo, a consequência mais grave é que a menina será percebida como objeto sexual.
Sabemos o quanto as adolescentes
precisam ser acompanhadas, sobretudo no momento em que percebem seus corpos se transformando e os homens começando a olhá-las de maneira diferente. Então, podemos
avaliar a violência que representa para uma menina o despertar duma sexualidade
precoce. A mesma coisa ocorreria com os adolescentes? Não, porque
os meninos sofrem muito menos
pressões do marketing que as meninas. Transformar
as meninas
em miniaturas de mulheres é muito rentável para o mercado, o que não
acontece com os meninos.Na realidade, há pouca diferença entre os trajes
meninos e os dos adolescentes. Os pais teriam uma parte de responsabilidade neste desvio? Os pais são
atualmente considerados como laxistas, mas penso que eles estão sobretudo desamparados. Vejo
crianças de 3 anos tomando ainda mamadeira durante o café da manhã, outras com
mais de 5 anos indo a escola com uma chupeta na boca, meninas de 7 anos vestindo roupa de mulheres... Tudo
isto é aberrante.Atualmente, todos os pontos de referências da infância estão
vacilando. Notadamente porque os pais têm mais dificuldades do que antes a se
opor aos filhos. Existe a pressão dos outros, do meio em que vivem. Eles
precisam aprender novamente a dizer
"não", explicando aos filhos que eles proibem para ajudá-los a
crescer de maneira conveniente.O
relatório de Chantal Jouanno acusa também a Internete de favorecer a sexualização do meio ambiente
onde as crianças vivem. Entrar na
Internete e nas redes sociais não é nocivo em si mesmo. Mas é necessário
que haja um acompanhamento parental para que as crianças tenham informações
educativas suficientes sobre esta questão,
o que nem sempre é o caso. De um modo
geral, Claude Halmos lembra que a noção de infância está sendo ignorada, o
que é perigoso. Mesmo numa terapia, a tendência é de tratar as crianças como se
fossem adultas. Ao mesmo tempo, a
justiça para menores está sendo destruida e se aproximando da justiça dos
adultos, donde a supressão do Defensor dos menores. A situação é preocupante. 3. REVISTAS LA REVUE FRANÇAISE DE PSYCHIATRIE ET DE
PSYCHOLOGIE MÉDICALE MISSION
NATIONALE D’APPUI EN SANTE MENTALE *ASSOCIATION
FRANÇAISE DE PSYCHIATRIE ET PSYCHOLOGIE LEGALES (AFPP) *ASSOCIATION FRANÇAISE DE MUSICOTHERAPIE (AFM) *ASSOCIATION
FRANÇAISE DE THERAPIE COMPORTEMENTALE ET COGNITIVE (AFTCC) *ASSOCIATION
DE LANGUE FRANÇAISE POUR L’ETUDE DU STRESS ET DU TRAUMA (ALFEST) *ASSOCIATION DE
FORMATION ET DE RECHERCHE DES CELLULES D’URGENCE MEDICO PSYCHOLOGIQUE
(AFORCUMP)
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