Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Giovanni Torello |
Dezembro de 2012 - Vol.17 - Nº 12 Artigo do mês
ANTIDEPRESSIVOS NA GASTROENTEROLOGIA - Parte 1
Carlos Alberto Crespo de Souza “Como atender às necessidades múltiplas dos pacientes
com lesões do aparelho digestivo, mas principalmente às dos pacientes
gastroenterológicos só com sintomas e sem lesões, ou seja, aqueles
´doentes sem doenças`?” Abramovich, Milton. 1 1.
Introdução - Dificuldades
psicossociais podem gerar repercussões somáticas, notadamente nos aparelhos
cárdio e gastroenterológicos. Nas palavras de Abramovich, eminente clínico
gaúcho já falecido e que se preocupou sobremaneira com as influências
psicológicas das ocorrências gastroenterológicas, os acometidos nessas
condições são aqueles “doentes sem doenças”.
Difícil
a qualquer pessoa comum é entender tal situação, como alguém pode ser um doente
sem ter uma doença. Porém, é o que costuma acontecer na clínica médica, notadamente
nas especialidades acima mencionadas. O
presente capítulo tem por objetivo estudar os transtornos das síndromes gastroenterológicas
funcionais, o emprego de antidepressivos no tratamento desses casos, suas
correlações com os medicamentos usualmente utilizados na gastro para essas
disfunções e os paraefeitos causados por eles sobre o aparelho digestivo. O
capítulo também aborda as influências psicológicas na sintomatologia dos
transtornos gastrointestinais entendidos como não funcionais, tais como ocorrem
nas doenças inflamatórias intestinais, notadamente nas retocolites ulcerativas
e na doença de Crohn. É estudado, igualmente, o emprego de antidepressivos
conjuntamente com medicamentos utilizados no tratamento da hepatite C e a
indicação ou contraindicação de que pacientes depressivos nessa circunstância
possam ser medicados, uma situação polêmica e que ainda necessita de maiores
esclarecimentos. Além
disso, o capítulo discute outros temas relevantes, tais como antidepressivos e
sangramento digestivo alto quando empregados com anti-inflamatórios não
esteroides, uso de antidepressivos na vigência de patologia hepática,
paraefeitos dos antidepressivos sobre o aparelho digestivo, interações
medicamentosas com agentes utilizados com frequência na gastroenterologia e
predição de descontinuação de antidepressivos nos transtornos
gastroenterológicos. 2.
As síndromes funcionais gastroenterológicas
(SFG) – Os
transtornos funcionais gastroenterológicos são considerados como a mais
frequente condição clínica encontrada na prática médica. Esses transtornos
estão associados com significativo absenteísmo ao trabalho, impacto na
qualidade de vida e aumento nos custos da saúde. 2,3 Ao mesmo tempo
são considerados como um grupo de transtornos que, com frequência, causam
grandes problemas aos pacientes que os experenciam, aos clínicos para diagnosticá-los
e tratá-los e aos pesquisadores para estudá-los. 4 De
acordo com Whitehead, os pacientes com os transtornos
mais comuns de motilidade, síndrome do intestino irritável (SII) e dispepsia
referem experimentar mais estresse em eventos da vida, e os pacientes com SII
parecem mostrar um aumento maior dos sintomas gastrointestinais quando expostos
a fatores estressantes. 5 Outra
característica desses pacientes, segundo o mesmo autor, é que por ocasião de
suas consultas com gastroenterologistas manifestem inúmeras queixas somáticas,
incluindo muitas gastrointestinais, e consumo exagerado de recursos médicos.
Este padrão de conduta é referido como um comportamento de somatização ou de
doença anormal, o qual pode ter-se originado no aprendizado social de crianças
quando (1): os pais provêm presentes
ou privilégios especiais à criança que manifesta alguma queixa somática, ou (2): os próprios pais servem como
modelos desse comportamento. Ibid Número
expressivo de autores registra que os transtornos gastroenterológicos
funcionais estão fortemente associados a estressores psicológicos, traumas na
infância e fatores estressantes ambientais, e que esses transtornos resultam de
uma complexa interação entre fatores biológicos, psicológicos e sociais, os
quais só podem ser devidamente tratados quando todos esses fatores forem
considerados. 2,6,7,8,9 Segundo
North e cols. os transtornos gastrointestinais funcionais (TGF) são tipicamente
complicados por problemas psiquiátricos, sintomas inexplicáveis e síndromes
funcionais em outros órgãos ou sistemas. Grande parte dos padecentes de TGF
possuem múltiplas queixas sem causas demonstráveis, e esses sintomas podem
envolver outros sistemas do que os intestinais, tais como ossos e articulações
(fibromialgia, síndrome da junção temporomandibular), cardíaca (dor peitoral),
vascular (síndrome pós-menopausa) e cerebral (ansiedade e depressão). A maioria
desses padecentes não possui doenças psiquiátricas per se, mas um amplo número
de sintomas psicossomáticos (queixas somáticas na ausência de transtornos
psiquiátricos) que se fazem presentes em suas queixas somatoformes (sintomas
físicos na ausência de transtornos médicos). 9 A
terceira edição do The Functional Gastrointestinal
Disorders (Transtornos Gastroenterológicos Funcionais), publicado em setembro
de 2006, contemplou, em seus 17 capítulos, as mais recentes informações sobre
epidemiologia, patofisiologia, diagnóstico e tratamento das síndromes
gastrointestinais funcionais, fruto do trabalho e consenso de 82 especialistas
internacionais reunidos em Roma, Itália, no ano de 2004. 4 Como
resultado, o livro aborda a revisão de alguns critérios diagnósticos, aponta os
sinais e sintomas “bandeira vermelha” que necessitam de avaliação diagnóstica
posterior e inclui sugestões de quando realizar ou indicar referência a um
serviço de saúde mental. Outros capítulos descrevem importantes matérias, tais
como farmacologia e farmacocinética, perspectivas socioculturais relacionadas
com gênero, idade, impacto cultural, SFG na infância e na adolescência. Há
ainda um capítulo devotado ao desenvolvimento e validação de um questionário
chamado de “Rome III Diagnostic Questionnaire”.
Ibid É
importante assinalar, à guisa de conhecimento, que esse trabalho chamado de
Roma III sucedeu a dois encontros anteriores (Roma I e II) desenvolvidos na
mesma cidade (Roma), sendo o primeiro em 1991 e o segundo em 1998. 10
As edições do The Functional Gastrointestinal
Disorders I e II foram compilações dos documentos extraídos mediante o consenso
dos participantes desses encontros internacionais. O primeiro número foi
publicado em 1994 (First Edition) e o segundo no ano de 2000 (Second Edition). 4 Os
aspectos mais notáveis do Roma III dizem respeito aos seguintes transtornos
mais frequentes (ao todo seriam 21): classificação da dispepsia funcional,
síndrome do intestino irritável e transtornos funcionais da vesícula biliar e
do esfíncter de Oddi. Os dois primeiros são os mais prevalentes e, o terceiro,
embora menos prevalente, constitui-se num grupo desafiador à investigação
diagnóstica e ao tratamento. Ibid León-Barúa e Berendson-Seminario,
preocupando-se mais com os transtornos funcionais gastrointestinais mais
prevalentes, afirmam que eles podem ser divididos quanto a sua localização
anatômica em síndromes do aparelho digestivo alto e baixo. A dispepsia e a
síndrome do vômito cíclico corresponderiam à disfunção no aparelho digestivo
alto, a diarreia e a síndrome do intestino irritável corresponderiam às
disfunções no aparelho digestivo baixo. 10 A
síndrome da flatulência, que guarda relação com gases no trato digestivo, na
maior parte das vezes apresenta-se associada à dispepsia ou à síndrome do
intestino irritável ou a ambas. Segundo esses autores, ela merece ser
considerada por seu papel coadjuvante na produção de sintomas gastrointestinais
funcionais. 11 A
síndrome do vômito cíclico, caracterizada por episódios recorrentes de náuseas
e de vômitos com períodos assintomáticos, pelo fato de ocorrer na área
digestiva ou gastrointestinal, também merece ser apreciada no entendimento de
alguns autores. 12, 13, 14 Cada
uma dessas síndromes será estudada logo a seguir de maneira mais pormenorizada,
iniciando nesta parte primeira pela dispepsia funcional. 2.1. - Dispepsia Funcional
(DF) - Dispepsia
significa, etimologicamente, dis = alterada,
difícil, dolorosa e pepsis = digestão. Então, digestão alterada,
difícil ou dolorosa é o somatório dos significados. Ela pertence às disfunções
do trato intestinal. Sua prevalência é estimada acima de 25% da população
adulta nos países ocidentais e, ao contrário da síndrome do intestino
irritável, é levemente mais frequente no homem do que na mulher. 15 No
entendimento de Olafsdottir e cols., do Departamento
de Gastroenterologia do Hospital da Universidade de Landspitali,
Reykjavik, a dispepsia funcional é um transtorno
comum, porém a informação sobre sua história natural ainda é limitada. Por
isto, procuraram, num estudo realizado em duas etapas (1996 e 2006), colocar
luz nessa história. Para tanto, estudaram uma população-base através de um
questionário enviado por correspondência a pessoas entre as idades de 18-75
anos. A dispepsia funcional foi estimada pelo questionário Functional
Dyspepsia Score List e por quatro
subgrupos de dispepsia caracterizados como: 1) dor abdominal alta frequente, 2) relacionada à comida, 3)
náuseas ou vômitos, e 4) uma
combinação desses grupos. Em seus resultados observaram uma significativa
diferença a maior para mulheres em relação aos do sexo masculino, os subgrupos
de dispepsia foram mais prevalentes do que os que preencheram os critérios
convencionais de dispepsia e houve expressiva relação entre dispepsia
funcional, síndrome do intestino irritável e azia. Encontraram ainda que
elevada proporção de pessoas que procuraram atendimento médico possuíam
dispepsia funcional. 16. Em
suas conclusões apontaram que a dispepsia funcional manteve-se estável durante
o período de dez anos, porém houve mudanças nos sintomas e aumento de
intensidade e na frequência da dor gastrointestinal. Os critérios para os
subgrupos de dispepsia mostraram alta prevalência em relação aos critérios
convencionais, os quais foram mais frequentes em jovens e mulheres. Finalmente,
registraram que a dispepsia funcional ocupa uma pesada carga no sistema de
cuidados de saúde. Ibid De acordo com León-Barúa
e Berendson-Seminario, as reuniões internacionais
realizadas pelo Grupo de Trabalho Roma (Rome Working Group), nos anos de 1991
e 1998, chegaram ao consenso de que dispepsia é toda a dor ou mal-estar
persistente ou recorrente localizado na parte alta do abdômen. 10 Entretanto,
segundo os mesmos autores, caso aceita essa definição, uma dor recorrente por
insuficiência coronariana localizada no epigástrio seria também dispepsia. Por
isso, na última reunião realizada em Roma, no ano de 2004 (Consenso Roma III),
foi estabelecido que sintomas de dispepsia para serem qualificados como tal
devem originar-se na região gastroduodenal. Ibid Ainda
segundo esses autores, nas reuniões de consenso anteriormente mencionadas, foi
considerado que os sintomas cardeais da dispepsia são: dor localizada na parte
alta do abdômen, sensação de plenitude gástrica ou distensão epigástrica
pós-prandial, náuseas e vômitos. Os sintomas do refluxo esofágico, como a
pirose ou vinagreira e regurgitações foram excluídos da síndrome dispéptica. Mesmo
com a superposição ou coexistência de sintomas de refluxo gastroesofágico com
sintomas aceitos como dispépticos, amplamente discutidos no Consenso Roma III, a
separação classificatória foi mantida. Considerando
que os sintomas de refluxo gastroesofágico se originam no esôfago, esses
sintomas foram separados dos da dispepsia.
Porém,
essa separação é difícil de ser aceita caso considerarmos, segundo León-Barúa e Berendson-Seminario,
1) que os sintomas de refluxo
raramente aparecem desacompanhados dos de dispepsia; 2) que o refluxo, igual como na dispepsia, é com frequência
precipitado pelo consumo de tabaco, café, bebidas gasosas, condimentos, excesso
de gordura ou açúcar, chocolate, suco de laranja, etc.; 3) que o retardo na evacuação gástrica e o refluxo duodeno-gástrico
de bílis e suco pancreático podem induzir refluxo gastroesofágico; 4) que, em última instância, o dano que
o ácido clorídrico, a pepsina e os sais biliares produzem no esôfago depende,
como no caso das lesões gastroduodenais, da ruptura do equilíbrio entre fatores
agressivos e fatores defensivos locais. A etiopatogenia do dano esofágico
resultaria, pois, como algo similar ao que ocorre na enfermidade ulcerosa
péptica duodenal ou gástrica. 10 Outro
aspecto importante a ser considerado diz respeito à classificação da dispepsia.
Nos Consensos Roma I e II a dispepsia foi classificada em dois tipos: orgânica
e funcional. Por sua vez, na Roma III a dispepsia funcional foi subdividida em:
a) similar à ulcerosa (“ulcer-like”), quando o
sintoma predominante é a dor; b) similar
à falta de motilidade (“dismotility-like”), quando
predomina mal-estar, e c) inespecífica,
quando não se pode precisar a sintomatologia com exatidão. 10,15,17.
Os
próprios membros do Grupo de Trabalho Roma reconhecem que a classificação está
baseada principalmente no que os pacientes relatam, não havendo, até agora, uma
sustentação fisiológica ou de resposta a tratamento para explicar a
sintomatologia. Muitas técnicas até agora foram empregadas de maneira a se
compreender o que realmente acontece nessas situações, como medição da
evacuação gástrica de alimentos sólidos digeríveis marcados,
eletrogastrografia, ultrassonografia da digestão gástrica, etc., porém sem
resultados convincentes. Esta
classificação se mostra frágil e discutível, embora a fragilidade seja
reconhecida e proposta exatamente pela ausência de dados mais esclarecedores. Por
exemplo, o sintoma dor nem sempre é
igual, pois às vezes se apresenta com o estômago vazio e se alivia com a
ingestão de alimentos e, outras vezes, é precipitada pela ingestão de
alimentos. A
dor que se apresenta com o estômago vazio é comumente chamada de dor de fome (“hunger
pain”) ou (“dolor de hambre”), a qual já foi chamada correntemente de dor do
tipo ulceroso. A denominação de dor de
fome foi cunhada por Moynihan e Hurst em 1909,
quando não existiam estudos radiológicos precisos do trato digestivo e menos
ainda endoscopia. Esses autores verificaram que nem sempre que operavam
pacientes com esse tipo de dor era encontrada lesão ulcerosa. Estudos atuais
confirmam essa experiência, pois somente 12% de pacientes submetidos à
endoscopia mostram a existência de úlcera. 10 Segundo
o entendimento atual, a dor epigástrica pós-prandial é precipitada pela
ingestão de alimento, surgindo, costumeiramente, depois de uma hora da
alimentação. Nessas ocasiões os pacientes não conseguem precisar as
características da dor, seja porque elas se apresentam de maneira indefinida ou
porque não conseguiram dar-lhes a devida atenção. Moser
ressalta a importância de que as queixas desses pacientes sejam definidas como
um transtorno biopsicossocial e não apenas como uma doença médica. Adverte que
os médicos devem ficar atentos na observância desses aspectos de maneira que
possam preparar os pacientes ao tratamento de um especialista em medicina
psicossomática ou encaminhamento a um psicoterapeuta, quando poderão enfrentar
as causas de seus dissabores. 2 Tratamento - Na
Dispepsia Funcional os seguintes tratamentos são empregados de um modo geral:
dietas, fármacos antisecretórios, procinéticos, erradicação da Helicobacter
pylori (H pylori), antidepressivos e psicoterapia. 15 Embora
o papel da H pylori na DF continue a ser motivo de debate, autores como Buzás, da Hungria, e Mönkemüller
e Malfertheiner, da Alemanha, registram que dados
recentes estão a indicar que há modestos, porém claros benefícios de sua
erradicação, mormente pelo fato de que seja indutora de úlcera péptica e carcinogênica
para o estômago. 17,18 Ambos concordam que sua eliminação, com
frequência, não altera os sintomas da DF. Esses
autores evidenciam que embora inexistam dietas específicas para os pacientes
com DF, pode ser producente guiá-los a exercícios e hábitos alimentares
saudáveis. Ibid Artigos
publicados e pesquisas sobre o emprego de antidepressivos na DF abordam
inúmeras facetas, resultados por vezes contraditórios e pouco definidores a
respeito da escolha do fármaco a ser utilizado. Há registros de que os
antidepressivos, em doses mais baixas do que as utilizadas nos quadros
depressivos, são prescritos desde sua introdução na década de 50 para pacientes
com transtornos gastrointestinais funcionais. 19,20 Porém, segundo Choung e cols., o efeito dos tricíclicos na saciedade e
esvaziamento gástrico permanece obscuro, o mesmo ocorrendo com os tetracíclicos.
21 Para
Bixquert-Jiménez e Bixquert-Pla,
o emprego de antidepressivos, por muitos anos, está baseado na frequente
associação entre ansiedade e depressão e as queixas de padecentes de
transtornos gastrointestinais funcionais que procuram por ajuda médica em serviços
de saúde, aliado a eficácia desses compostos em aliviar a dor crônica. Para
eles, os antidepressivos, mesmo em doses mais baixas do que as habituais, são antinociceptivos (drogas capazes de
reduzir a capacidade de perceber os estímulos dolorosos) devido ao seu efeito
neuromodulatório central e periférico, o qual é completamente independente dos
efeitos anticolinérgicos, espasmolíticos ou antidepressivos. 20 Experimentos
objetivando verificar ou esclarecer o efeito dos antidepressivos na função sensoriomotora
gástrica e efeitos pós-prandiais em pessoas normais têm sido realizados. Bouras e cols. verificaram os efeitos da amitriptilina
nessas funções num estudo randomizado, duplo-cego e placebo-controlado. Os
resultados apontaram que esse fármaco mostrou pobre esvaziamento gástrico de
sólidos e nenhum efeito sobre o volume gástrico ou saciedade. Por outro lado, a
amitriptilina reduziu as náuseas depois de provocação com altas cargas de
líquidos calóricos. 22 Buzás refere que o tratamento da DF induz a
resultados equivocados e o alto número de respostas a placebo torna difícil
qualquer interpretação. Porém, ressalta que o emprego de inibidores da bomba de
prótons e os bloqueadores dos receptores de histamina H2 têm se mostrado
superiores a placebo em pesquisas mais recentes. 17 Sobre o emprego
de antidepressivos comparados com placebo, van Kerkhoven
e cols., pesquisando o efeito da venlafaxina na DF, em estudo multicêntrico,
randomizado, duplo-cego e placebo-controle, chegaram à conclusão de que esse
antidepressivo não é mais efetivo do que placebo em padecentes de DF. 23 Saps e cols., em estudo semelhante, diferentemente
pelo fato de que foi realizado em crianças no tratamento de dor predominante em
transtorno gastrointestinal funcional e utilizando a amitriptilina, igualmente
concluíram que não houve significativas diferenças entre esse fármaco e placebo
depois de quatro semanas de tratamento, e que ambos estiveram associados com
excelente resposta terapêutica. 24 É
importante assinalar que, de acordo com North e cols., os medicamentos usualmente
empregados para promover a melhora na depressão e ansiedade não são
uniformemente úteis nas queixas dos pacientes com transtornos gastrointestinais
funcionais. Isto ocorre porque os sintomas psicossomáticos que parecem
similares àqueles encontrados nos transtornos psiquiátricos podem não ter o
mesmo significado. 9 Segundo
Camilleri, a eficácia terapêutica inconsistente tem
sido atribuída à heterogeneidade dos pacientes e a contribuição de múltiplos
mecanismos para o desenvolvimento dos sintomas. 25 A
seguir, outros textos, em sequência, complementarão o assunto. Referências - 1. Abramovich MP. O
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management of patients. Gastroenterol Clin North Am. 2007 Sep; 36(3): 649-64. *Parte
1 – extrato de estudo sobre “Antidepressivos
na gastroenterologia”. O texto, em sua íntegra, poderá ser encontrado no
livro “O uso de antidepressivos na
clínica médica”. Porto Alegre: Sulina, 406 p., Coordenado por Crespo de
Souza. Endereço para correspondência: [email protected]
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