Volume 16 - 2011 Editor: Giovanni Torello |
Setembro de 2011 - Vol.16 - Nº 9 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on
line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão
lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar
traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a
psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões
e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de
sites. Qui sommes- nous ? France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on
line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression
lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des
traductions et des articles en français et en portugais concernant la
psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques
habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et
d’associations, sélection de sites 1) JORNADA MUNDIAL DE
LUTA CONTRA A DOENÇA DE ALZHEIMER Resenha e tradução: Eliezer de Hollanda Cordeiro Referências : Jornal Le Monde | 20.09.11 e Rádio FRANCE INFO Hoje é a jornada
mundial da luta contra a doença de Alzheimer. Uma doença que atinge 850.000 pessoas em França, às quais vêm se
ajuntar 250.000 novos pacientes cada ano. Por causa do envelhecimento da população,
o número de casos não cessa de crescer em todos os paises industrializados,
atingindo cerca de 35 milhões de
pessoas no mundo. Esta cifra pode até
mesmo aumentar
consideravelmente e atingir 115 milhões
de individuos daqui a 2050, segundo a
associação Alzheimer's
Disease International (ADI). Mas apesar desses dados
impressionantes, esta doença ainda é
bastante negligenciada, continua causando medo e resta muito dissimulada. Contudo, cientistas estão movimentando-se
na França. Quarta-feira 21 de setembro foi a jornada mundial de luta
contra essa doença, jornada que deu lugar a muitas manifestações e iniciativas.
Assim, um trem de propaganda chamado “Trem Alzheimer” começou a percorrer a França inteira, devendo terminar o seu
percurso em 16 de
Outubro. Pretende-se assim dar
mais informações aos franceses e
mostrar-lhes a situação atual das pesquisas sobre esta gravissima doença
degenerativa do cérebro. As pesquisas
estão avançando? Os medicamentos
existentes no mercado são eficazes? Atualmente, pesquisas
estão sendo feitas no
Inserm e no Instituto da memória e da doença de
Alzheimer (Im2a), sob a
direção do professor Bruno Dubois, neurologista
do hospital da Pitié-Salpêtrière da encefalografia, da ressonância
magnética, da identificação de proteinas especificas no sangue ou no
líquido encefaloraquidiano e as
pesquisas biológicas sobre a predisposição genética no desenvolvimento da doença. ARGUMENTOS CIENTÍFICOS Trabalhos mostram
que o regime mediterrâneo, a atividade física e atividades estimulantes
como a leitura ou mesmo os jogos
eletrônicos de treinamento cerebral,
retardam o declínio cognitivo, disse o neurologista Jean-François Dartigues, pesquisador do Inserm (unidade 897 de
epidemiologia e neuropsicologia do envelhecimento cerebral), também professor
de saúde pública na Université Victor-Segalen Bordeaux2. Para o Professor Dartigues, “nada é melhor do
que ler e explicar o que lemos para
retardarmos o declínio cognitivo.” Outra pesquisa sobre a
doença de Alzheimer, intitulada MAPT (Multi-domain Alzheimer Preventive
Trial), está sendo atualmente realizada em
1 680 pessoas com pelo menos 70
anos de idade. Coordenada pelo professor Bruno Vellas,
geriatra no
CHU de Toulouse ,
também presidente da associação internacional de geriatria e gerontologia, a
pesquisa "multidomínio" tem por objetivo a identificação de fatores
potencialmente capazes de proteger contra o declínio das
performances cognitivas na doença Alzheimer: o modo de vida ,a alimentação, a atividade
fisica e a estimulação da memória. Como disse o professor Emmanuel Hirsch, diretor do Espaço nacional de
reflexão ética sobre a doença de
Alzheimer (Erema) : "Nós não avaliamos suficientemente a solidão dos que cuidam desta
doença, dos doentes ou dos próximos’’. 2) O TRABALHO DOS PAIS
NÃO É COISA NATURAL, ELE SE APRENDE Eliezer de Hollanda
Cordeiro Há anos que a
psicanalista Claude Halmos colabora com a estação de rádio estatal, FRANCE-INFO. O
jornalista que a recebe, lê a carta
enviada à especialista por um ou
uma auditor(a). Imagino Claude Halmos
submetendo-se ao tempo escasso e
apressado desta emissora de informações
contínuas, que funciona de dia e de noite. Hoje, Sábado 7/05/2011, a analista responde à demanda
que lhe foi enviada por uma jovem
de 17 anos, desejosa de saber se seus pais têm razão de se inquietarem tanto por ela: « meus
pais não suportam meu desejo de
independência, de ter mais liberdade, de encontrar rapazes. Como se meus pais não pudessem suportar o fato de que não mais sou uma criança.” Claude Halmos, comenta
a carta durante uns 5 minutos, tempo aparentemente muito curto para dar a
auditora, uma resposta bem detalhada e convincente. Imagino que a conhecida e brilhante analista
não vai improvisar sua resposta, penso que
ela deve ter tido bastante tempo
para prepará-la, consciente de que toda
improvisação e precipitação nestde dominio constitue um risco para a
pessoa que consulta pelas ondas, cujo
situação pode até piorar. A analista não ignora
que a situação é atípica, que sua relação com a auditora é
incomum, até invertida porque
ela deve responder e falar
enquanto a auditora vai somente ouvir! Claude Halmos é uma
analista tarimbada, autora de vários livros, colaboradora de jornais de renome,
por conseguinte ela sabe que não está numa relação de psicoterapia
psicanalítica, evitando por conseguinte, toda e qualquer interpretação. Então
ela responde medindo as palavras, com muita cautela, aconselhando as vezes,
relativisando sempre os problemas ou
situando as dificuldades da auditora
numa perspectiva de relacionamento familiar. Ela pode também levar em
conta as
mudanças sociológicas importantes que abalaram a estrutura familiar
tradicional, o aumento considerável do
número de divórcios, de crianças vivendo somente com um dos pais, do número de familias
recompostas, do trabalho dos pais, a soma desses fatores vindo complicar enormemente o trabalho de qualquer pedopsiquiatra. Claude Hamos sabe tudo
isso. No caso presente, ela respondeu ‘’que são muitos os pais que não suportam ver seus filhos crescerem e
se emanciparem. Sobretudo na fase da adolescência, quando as mudanças físicas,
as transformações do corpo tornam-se perceptíveis, sobretudo quando adquirem um caráter sexual manifesto, às vezes ostensivel, sedutor, provocador(...) Que o
mal estar desses pais, pouco habituados ao processo de autonomização de seus
filhos adolescentes, aumenta ainda mais quando os próprios pais não sabem o que dizer em tais
circunstâncias, nem como abordar
as questões psicológicas e
afetivas nesta fase crítica que é a adolescência. Então, “quando os
filhos se tornam jovens adultos, descobrem o amor e trazem para casa seus amigos, iniciando uma
relação amorosa comportando uma
atividade sexual, os pais podem
se sentir incomodados, ciumentos,
impacientes e agressivos, fontes de
tensões e conflitos no seio da família. É verdade que, para um
pai, “nem sempre é fácil aceitar as primeiras experiências
sexuais de suas filhas, especialmente se eles não tiveram semelhante
liberdade nos tempos de sua adolescência.”
De tudo isso, a
analista tira uma lição: a “profissão de pai não é evidente, não é simples. Ela
se aprende.’’ Minha conclusão é que o psicanalista tem de se transformar
em pedagogo
quando ele intervem pelas ondas, pela televisão, pela internete, pela mídia.E
que Ele só pode ser psicanalista no
recinto adequado, adaptado e sigiloso de
seu gabinete. 3)COLÓQUIOS E
CONGRESSOS
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