Volume 16 - 2011 Editor: Giovanni Torello |
Janeiro de 2011 - Vol.16 - Nº 1 Artigo do mês
O IMPACTO DO DIAGNÓSTICO DE AUTISMO NOS PAIS E A IMPORTÂNCIA DA INCERSÃO PRECOCE NO TRATAMENTO DA CRIANÇA AUTISTA
*Orientadora: Profª Drª. Janete Vieira de Moura Freitas RESUMO Este estudo teve como objetivo, identificar
as dificuldades encontradas pelas mães ao descobrirem que seus filhos foram
diagnosticados como autistas. Optamos pela pesquisa descritiva com abordagem
fenomenológica por permitir nos aprofundarmos o estudo através da experiência
vivida pelas mães dos autistas. Foram realizadas entrevista com 10 mães de
crianças autistas, cuja idade das mesmas no momento da entrevista variaram
entre 30 e > 71anos em escola especializada para crianças autistas na cidade
de Cotia, Estado de SP. Utilizamos questões norteadoras para desvelar a
essência dos fenômenos como: Quando você
percebeu que algo com seu filho não estava certo? Quanto tempo demorou
para o médico fechar o diagnóstico? Ao escutar o diagnóstico qual foi seu 1º
pensamento? Como você e sua família enfrentaram a sociedade? Os discursos foram
analisados seguindo a fenomenologia de Edmund Husserl e desta análise emergiram
4 categorias: Rejeição, Frustração, Déficit de Auto estima, Risco de vínculo
pais/filhos prejudicados. Essa situação relacionada aos que esses pais escutam
dos médicos, como “vocês estão ansiosos no desenvolvimento dele mas nenhuma criança desenvolve igual a
outra”, a falta de preparo dos profissionais para fechar o diagnóstico, o
desconhecimento com a falta de divulgação dos locais disponíveis para este
atendimento. Com as mães que participaram desta pesquisa foram respeitados
todos os aspectos éticos e como instrumento de coleta de dados foi desenvolvido
um questionário elaborado pelas autoras e tendo como base a percepção das
diferenças dos filhos e como ouvir o diagnóstico de autismo após tanto tempo em
busca de inúmeros médicos. Palavras Chave: Autismo, Desenvolvimento, Fenomenologia ABSTRACT This study
aimed to identify the difficulties faced by mothers to discover that their
children were diagnosed as autistic. The authors chose the descriptive
phenomenological approach to allow us to further study through the lived
experience of mothers of autistic children. An interview with 10 mothers of
autistic children, whose ages at the same time of the interview varied between
30 and> 71years old, in school for autistic children in the city of Cotia, São Paulo state. We use leading questions to uncover
the essence of phenomena such as: When did you realize that something was not
sure his son? How long did the doctor make the diagnosis? Upon hearing the
diagnosis which was your 1st thought? As you and your family faced the society?
The speeches were analyzed by the phenomenology of Edmund Husserl and this
analysis emerged four categories: Rejection, Frustration, Self-esteem deficit,
risk link parents and children suffer. This situation related to these parents
listen to the doctors, like "you are eager to develop it but no child
develops the same as another”, the lack of staff training to make the
diagnosis, the lack of disclosure about the lack of sites available for this
service. With mothers who participated in this study were all respected and ethical
aspects as data collection instrument was developed a questionnaire designed by
the authors and based on the different perception of their children and how to
hear the diagnosis of autism after so long in search of numerous doctors. Key Words: Autism, Development, Phenomenology Introdução O estudo sobre o autismo acentuou que trata-se de uma das poucas doenças que mais mobiliza o
ser humano, tendo em vista, que ter uma criança normalmente sem lesões
aparentes e bonita torna-se fácil cuidar e amar. O difícil é acolher, amar e
ajudar a desenvolver os potenciais de uma criança especial que requer tempo,
paciência e interesse. O papel da enfermagem é o cuidar, contudo nesse caso o foco não deve ser
voltado à síndrome em si, mas em que ela representa para a mãe quando esta
procura atendimento médico por algum outro motivo como uma gripe, o olhar da
enfermeira deve ser empático, se colocar no lugar dela, e tentar minimizar o
medo do preconceito e de sentimentos de inferioridade[21]. Falar sobre a enunciação de qualquer doença ou síndrome, demanda falar
necessariamente da sua evolução histórica.
Ao estudar a definição do autismo torna imperativo saber o que se
conjecturou sobre as várias definições, causas, etiologia e tratamentos dessa
síndrome, uma vez que as primeiras tentativas de delimitar um saber sobre esse
distúrbio, aconteceram no início do século passado. O termo autismo foi inserido na literatura psiquiátrica por Plouller em
1906, ao descrever a demência precoce
(atual esquizofrenia) de alguns pacientes em processos psicóticos e alienados
de tudo a sua volta. Em 1911 foi definido como perda do contato com a realidade
causada pela grande dificuldade ou impossibilidade de comunicação interpessoal. O primeiro trabalho sobre o autismo sob o
tema “Alterações autísticas do contato afetivo”, foi
escrito por Léo Kanner em 1943 após examinar 11
crianças americanas de classe média e gravemente inacessíveis ao contato, sendo
essa a característica mais marcante entre essas crianças. Os critérios
definidos por ele foram: a solidão e obssessão
pela infância e rotina, Kanner concluiu; “essas
crianças vieram ao mundo com incapacidade inata para formar os laços normais de
origem biológica, de contato afetivo com
outra pessoa”, segundo ele estas
crianças respondiam ao ambiente com movimentos esteriotipados,
resistência a mudanças e insistência na monotonia, inversão de pronomes, ecopraxia e ecolalia, diferenciando assim o autismo de
outros diagnósticos como os de psicose infantil. Em 1978, iniciou-se na literatura psicanalítica que o autismo sugeria
uma autocontenção de certos indivíduos autistas,
sendo eles autosuficientes e que o ambiente tinha
grande impacto sobre os portadores, e os resultados do estudo psicanalítico
foram a afirmação da inaptidão para brincar em grupo ou para desenvolver laços
de amizade, não participarem de jogos cooperativos, não demonstram emoção,
simpatia nem empatia[3]. Em 1989, foram denominados “flappings” os
movimentos corporais esteriotipados como andar na
ponta dos pés, balançar a cabeça ou o corpo, inquietação dos dedos, o bater de
palmas, saltos e rodopios acontecendo nos autistas com funcionamento global mais baixo onde está
presente também o comportamento automutilador como
arrancar cabelos, se arranharem, se morderem, bater a cabeça na parede mesmo
quando já está machucada. Isso ocorre porque o autista possue
alto limiar de dor nas periferias devido o aumento da serotonina
nessas regiões, anulando para ele a sensação de dor, podendo ocorrer por isso
graves acidentes. Há também momentos em que alguns autistas utilizam do farejamento como
conduta particular de tentar a aproximação das pessoas, alimentos ou
objetos[9]. As habilidades pré lingüísticas são
prejudicadas porque o autista não desenvolve a imitação social que é imprecindível no desenvolvimento da linguagem, como dar
tchau, jogar beijo, utilizar os brinquedos para satisfazer o campo da imaginação(o faz de conta), não fazem mímicas e gestos no
intuito de comunicarem-se, sendo a ecolalia definida como a repetição não
significativa da fala de outras pessoas, sem intenção comunicativa, de qualquer
forma esse é um dos aspectos mais mencionados em discussões sobre a linguagem
do autista[23]. Na questão da linguagem do autista, o intuito não é exprimir seu afeto,
nem perceber emoções ou sentimentos alheios, é o desenvolvimento de uma
linguagem unilateral e indecifrável. Nas alterações sociais de interação recíproca o autista não entende o
que se quer dele, nos âmbitos da comunicação e comportamental [22]. Foi acrescentado no estudo do diagnóstico precoce a percepção aos
distúrbios alimentares (falta de sucção, recuso do seio ou mamadeira, vômitos
repetidos e anorexia) que dão início no 1º semestre de vida, como os diferentes
modos de controle esfincteriano (enurese e encoprese) intermitentes ou ritmados por fases anciosas como também notando que a criança cria hábitos
sanitários precocemente, estados de insônia onde bebês mantem
os olhos abertos no escuro, sem dormir e sem reclamar a ausência da mãe,
agitação, gritaria e acessos de raiva imotivados e difícil de parar, podem
ocorrer durante horas e todas as noites, incluindo o humor cíclico e
imprevisível passando do riso a terríveis crises de choro[14]. Hoje o autismo está inserido na categoria dos TIDs
para diagnósticos e é definido sinteticamente como; uma condição que se
caracteriza por prejuízos nas áreas da comunicação, interação social e
comportamento, em graus muito variáveis de severidade, e ao ter fechado o
diagnóstico de autismo o caminho a percorrer no sentido de buscar alguma
possível outra condição também é real[8]. Os TIDs até
hoje são influenciados pela descrição fenomenológica e o reconhecimento da
patologia “autismo”, sendo denominada anteriormente como Síndrome de Kanner[2]. Muitas características percebidas no autismo não são exclusivas e podem
ser vistas em outras transtornos do desenvolvimento, como deficiência mental,
transtornos de aprendizagem e transtornos da linguagem, indo também até em
outras condições psiquiátricas como o TOC e a personalidade esquizóide. Em
crianças consideradas normais algumas características autísticas
são percebidas e até em nós mesmos, o que difere do autismo em si são: 1-
O número; 2-
A gravidade; 3-
A combinação; 4-
A interação dos problemas que resultam em deficiências
funcionais importantes[6]. 70% dos autistas tem algum grau de deficiência mental, nos 30% que resta
na condição de autista encontramos uma inteligência de média para bem
inteligentes porém sua inteligência é focada em algo específico e esses
interesses são restritos, podendo tornarem-se especialistas em determinados
assuntos como p.ex:astronomia, línguas mortas, animais pré históricos,
engenharia, etc; podendo ser considerado gênio ou
superdotado porém nas ABVDs não tem nenhum sucesso pois
não sabem interagir, vivem fechados naquele mundo onde somente os seus
interesses são reais à eles, muitos desses “gênios” não conseguem ir ao
banheiro sozinho, nem calçar uma meia, podem nunca falar, ou podem falar mas
será por repetição de uma música, de uma conversa e essa linguagem não é no
intuito de se comunicar com ninguém[8,6]. Os autistas considerados de alto funcionamento global, são conhecidos
como portadores da Síndrome de Asperger (SA), possuem
domínio verbal podendo aprender outras línguas com exatidão, mas mantém as
conversas com assuntos restritos não sendo capazes de distinguir se o ouvinte
está ou não pronto para lhe ouvir, não conseguem manter um diálogo, parecendo
robotizados e fala peculiar. Partindo
dessas características comportamentais o autismo não pode simplesmente ser
definido como algum tipo de retardo mental mesmo tendo na maioria dos
portadores um QI baixo[22]. Etiologicamente o autismo aponta para
componente genético, sendo condicionado por mecanismo multifatorial, na qual diferentes
combinações de alterações genéticas associadas à presença de fatores ambientais
predisponentes podem desencadear o aparecimento do distúrbio[4].
As causas conhecidas de fato são a síndrome do X frágil, síndrome da
rubéola congênita, esclerose tuberosa, PKU, anormalidades estruturais
cerebrais, inflamação no SNC do feto, incluindo 90% de indicações de danos
cerebrais nos bebês em que mães desenvolveram no período pré natal
(toxoplasmose, sífilis, varicela, caxumba, citomegalovírus,
no período pós natal o herpes simples e a herança genética, nesse caso, sendo
perceptível o traço autístico em membros da
família[16]. As toxinas existentes no meio ambiente tem capacidade de causar lesões
ao cérebro em desenvolvimento do feto, podendo produzir distúrbios neurológicos
como a indução do autismo após o nascimento por metais em crianças com pré
disposição genética para reter metais pesados como chumbo, mercúrio, alumínio e
cobre[12].
A partir de 2001 nos EUA as vacinas não tem o thimerosal
(mercúrio na forma inorgânica) como conservante, pois as vacinas infantis com
esse conservante foram acusadas de causar autismo pois o mercúrio permanece
circulante no sangue durante 6 meses após o contato permanecendo oculto no
cérebro infantil e esse acúmulo causa a degeneração neuronal de forma
irreversível.
Quando há suspeita
no comportamento da criança em casa e na escola.
Sinais que os pais acabam percebendo nos filhos, mas não sabem se devem
suspeitar de autismo, são importantes na consulta aos médicos, pois há um
gráfico universal de crescimento físico, emocional e cognitivo que deve ser
seguido e respeitado, portanto qualquer atitude ou atraso evolutivo deve ser
investigado a fundo pelo médico que recebeu a criança e a mãe com suas queixas
e angústias. É fácil identificar se a criança aceita ou não as mudanças na sua
rotina ou no ambiente em que ele vive, no autismo as novas mudanças não são bem
vindas inicialmente, portanto se o autista contar com um auxílio que o deixe
seguro ele irá formar hábitos de autossuficiência que
lhe permitam participar ativamente do ambiente em que ele vive. Atitudes
educacionais dos cuidadores podem favorecer a
aquisição de habilidades nas atividade de rotina e autocuidado,
assim como podem retardá-la devido aos cuidados excessivos pela falta de
orientação. O fundamental objetivo dos pais deve ser incentivar e trabalhar
junto com a criança para que se torne cada vez mais independente e elimine a
necessidade da ajuda constante e direta de uma outra pessoa.
Cabe aos cuidadores dessas crianças as
protegerem de ser importunada ou bulida em grupos mais velhos e tentar educar
os colegas sobre a criança com SA ou API, lhes explicando que existe nessas
crianças uma severa dificuldade social, descrevendo seus problemas sociais como
uma dificuldade autêntica, incentivar a socialização e criar meios de integrar
a criança no meio escolar ou na roda onde houver crianças para brincar. Um meio
de alcançar tais objetivos é elogiar os colegas quando o tratam com jeito, e
assim prevenir a exclusão pelos outros e
ao mesmo tempo que promove empatia e tolerância nas outras crianças;
deve-se enfatizar as habilidades
acadêmicas da criança com SA, criando situações cooperativas onde suas
habilidades vocabulário de leitura, memória e outras, sejam vistas como
vantajosas pelos colegas, aumentando dessa forma sua aceitação.
A maioria das crianças com SA desejam ter amigos, mas simplesmente não
sabem como interagir, por isso a importância de lhes auxiliá-las, as ensinando
como reagir em diferentes situações sociais e criar um repertório de respostas
para essas situações e o modo como devem responder aos coleguinhas. A
dificuldade de entender as emoções dos outros dificulta a criação dos laços de
amizade, mas elas podem aprender a forma correta de reagir e reconhecerá que
com as mudanças em suas atitudes geram mais pessoas por perto e interessadas em
as ouvir. A sensibilidade do professor
em perceber um colega sensível e hábil fará a diferença pois pode colocá-lo
sentado próximo a criança com AS, com isso esse colega será um aliado, podendo
desenvolver a função de cuidador da criança no ônibus
escolar, no recreio e incluí-lo nas atividades escolares como as brincadeiras
de pega-pega, esconde-esconde e piqueniques[12]. O primeiro vínculo afetivo no desenvolvimento é estabelecido com o cuidador, será o guia da criança em seu conhecimento de
mundo e a lhe ensinar a vocalização inicialmente não verbal. A troca afetiva
ocorre durante a interação cuidador-criança em
relação a um objeto ou evento e isso será a base para a comunicação não verbal.
Tal papel adquire maior importância com o desenvolvimento da habilidade do cuidador em perceber o desejo da criança em se comunicar,
sendo usado meios como gestos ou alternância de olhares[25].
Atividades básica e
práticas da vida diária da pessoa autista (ABVDs). ABVDs incluem despir-se, vestir-se, escovação
dental, pentear os cabelos, entre outras, tendo o foco na comunicação,
alimentação, higiene pessoal e vestuário. As “Atividades práticas da vida
diária (ABVPs)”, abrangem as atividades voltadas ao
que se chama de cuidados domésticos como arrumar uma mesa, lavar a louça,
varrer, fazer seu suco, cozinhar, arrumar a cama, etc.A autonomia e
independência para executar as ABVDs contribuem para
o desenvolvimento da pessoa portadora de autismo, trazendo-do-lhe
melhoria na qualidade de vida para si mesmo e familiares. Seguindo esse
pensamento é que o ensino dessas atividades devem ser intensificados na escola
e em casa para que no futuro quando essa pessoa for adulta possa não ser tão
dependente de cuidadores, sendo essa uma das maiores
preocupações dos pais. As ABVDs abrangem as rotinas
de necessidades básicas do dia a dia voltadas ao autocuidado,
que segundo a Teoria de Oren (1991), que julga que autocuidado despaterniza o indivíduo e é inato do homem para cuidar de
si mesmo, quando esse indivíduo sofre de limitações, então deve contar com
auxílio de cuidadores ou equipe de saúde, na sua
visão as pessoas têm direito e responsabilidade de se cuidarem fazendo sua
própria manutenção visando seu bem estar e autonomia, o que significa que mesmo
impossibilitado e necessitando de ajuda o paciente tem que ser motivado a
contribuir de alguma maneira com seu cuidado, pois isso elevará sua segurança, auto
estima e auto imagem, preservando o gerenciamento da sua saúde e a sua
independência[12]. O objetivo ao final do treino é o aluno ser capaz de realizar a
atividade de vida diária para a qual foi preparado, com o mínimo de ajuda,
compatível com suas necessidades. Esse treino pode ser feito em escolas especializadas que se utilizem do
método TEACCH, e isso é ensinado aos pais como desenvolver a hierarquia
seqüencial de imagens para auxiliar e treinar seu filho. Cada treino deve
contar com uma folha de registro e o material específico como por exemplo: ao
ensinar tomar banho, deve-se ter acesso ao sabonete, toalha, esponja, chuveiro
manual, xampu. Atualmente há indícios que muitas condições patológicas como a
epilepsia, transtornos específicos das habilidades escolares, deficiência
mental e o AI , ocorrem em maior
incidência em meninos cogitando como
possível explicação dessa predominância em meninos a presença de
elevados níveis de testosterona presente durante a formação do cérebro nos
homens. Seguindo essa teoria a presença de níveis elevados deste hormônio
formataria o SNC de tal modo a deixá-lo mais suscetível a condições dessas
naturezas, como um exemplo disso o índice de homens com gagueira é
infinitamente maior do que em mulheres[23]. Objetivo Geral • Identificar as dificuldades encontradas pelas mães ao descobrirem que
seus filhos foram diagnosticados como autistas. Objetivos
específicos • Levantar através de entrevistas individual as mães de pacientes
autistas os problemas relacionados ao impacto do diagnóstico. • Verificar através de um grupo de mães de pacientes autistas a evolução
da participação das mães no tratamento destas crianças. • Apresentar a nova visão do autismo na comunidade médica. Material e
Metodologia Trata-se de estudo descritivo desenvolvido Resultados Levantamos através dos relatos das
mães as necessidades que foram sentidas por estas, caracterizando seus
sentimentos ao receberem o diagnóstico de autismo nos seus filhos, levantamos
os progressos obtidos com os tratamentos realizados e salientamos a importância
da busca precoce de ajuda quando a família percebe que a criança não está tendo
o desenvolvimento o comportamento e o cognitivo esperados para a idade, ou se a
criança retrocedeu no que já realizava sem explicação aceitável. Foram extraídas das entrevistas as unidades de registro referentes ao
fenômeno investigado. Para a compreensão das dificuldades vivenciadas por essas
mães percorremos os pensamentos que segue a idéia de que o isolamento da
criança autista e a indiferença às pessoas ao seu redor causam outro impacto
aos pais, porque o adulto tende a necessitar de respostas para poder ofertar
amor, para confortar, acolher e satisfazer os filhos. Se esse ciclo é quebrado
e os pais não tem tais respostas a
comunicação com a criança vai se
fechando cada vez mais, e é a partir daí que surge o momento que o tipo de
linguagem da criança autista tem que ser
traduzido aos pais para poderem corresponder e manter aberto um canal
comunicativo[25]. As autoras buscaram nas idéias de Milher que
trata da comunicação verbal e não verbal, do vínculo das crianças com os
familiares em especial com as mães e quando esse vínculo é quebrado, as
conseqüências são arrasadoras para o binômio (mãe e bebê)[17]. Mesmo as pessoas com AS podem precisar de estrutura para se organizar.
Cada pessoa com autismo é diferente e por isso é necessário entender em qual
etapa deve-se iniciar a usar a ajuda visual e qual é a ajuda que essa criança
precisa[24]. O sistema de comunicação por figuras com seis fases seqüenciais e
sistemáticas, ilustra sentimentos e vontades da criança, como mostra a figura
abaixo. O TEACCH para muitos utilizadores
não é somente um método, mas sim um serviço estadual implicando um projeto que
tenta responder às necessidades individuais da pessoa com autismo se valendo
das melhores abordagens, técnicas, estratégias e métodos disponíveis para
educá-los e lhes oferecer o nível máximo de autonomia e inserção social que
eles possam conseguir[17]. O diagnóstico é mais rápido se uma equipe multidisciplinar trabalhar em
conjunto, pediatra com informações do gráfico de crescimento e desenvolvimento,
idade e natureza do início dos sintomas, história médica e familiar, avaliação
médica com possíveis condições associadas como infecções ou genéticas, teste auditivo,
teste genético sendo em comum o trabalho com um geneticista; psicólogo com
escala de estimativa de nível intelectual, determinação das habilidades verbais
e não verbais; psiquiatra atuando com a criança e avaliando a ação da criança
durante os relacionamentos sociais. Torna-se eficaz devido à presença constante da comunicação visual como
as dicas visuais, que lhes informa o que deve ser feito, quando termina e o que
vem a seguir. Conclusão Ser mãe é um dom, uma dádiva que muitas mulheres dão o real valor ao que
significa gerar outro ser que dependerá de você por um certo tempo, porém ser
mãe de um autista vai além da superação, elas ficam em outro patamar e
tornam-se também especiais, pois acabam vendo o mundo pelos olhos do filho, e
sabem que eles dependerão muito mais tempo delas, às vezes toda a sua vida. As vimos de maneira singular e individual, entramos em um mundo pessoal
difícil de ser relembrado que foi o dia do diagnóstico, porque dúvidas que
haviam comportamentos estranhos elas tinham, temiam por alguma síndrome, mas ao
ouvir “seu filho tem autismo” para todas elas foi sem dúvida o momento mais
difícil de encontrar palavras, ou aquelas que camuflam para se mostrarem fortes
para a família. Dizemos que todas ao longo de suas vidas vividas em nome de outro ser
humano para elas foi da superação ao previlégio. Seguindo esse contexto as autoras concluiram
que a dedicação integral dessas mães culmina em um fechamento das mesmas para
outras vivências, mudando de forma geral toda a família que acaba acarretando
um prejuízo emocional com a situação de conviver com um membro autista.
Vendo-se lançadas num mundo em que elas não tem para onde fugir, abrem as
portas para sentimentos de inutilidade e buscam em diferentes caminhos uma
resposta, com fé que provém de suas crenças pessoais que minimizam a dor de
achar que nada podem fazer. Nas entrevistas nenhuma mãe mostrou-se infeliz por ter aberto mão de
qualquer outro tipo de vida que haviam sonhado, mas é nítido o sofrimento
diário de sentirem-se responsáveis pelo bem estar, segurança e cuidado de seus
filhos. Foi percebido por elas que ser mãe de um autista muitas vezes significa
ter de exercer dedicação total à criança, com isso a mãe vai se despersonificando, perdendo características próprias do
seu cotidiano e assumindo o cotidiano do
filho, fechando em um ciclo único para qualquer outra possibilidade que a vida
possa lhe oferecer. O que escutamos de algumas mães foi que a não aceitação diagnosticada
pelos seus maridos , a negação do problema causaram menor contato afetivo com
os filhos e com a esposa, sendo eles mais ausentes nas rotinas dos filhos, e há
os que se revoltam até hoje com os comportamentos dos filhos, por mais que a
esposa lhe explique. Do trabalho realizado com todas as entrevistas separadamente e da
análise em conjunto foi possível resgatar as categorias: Rejeição, Frustração e Déficit de Auto
Estima; Risco de vínculo pais/filhos prejudicados, sendo então validadas pela
orientadora. Considerações
finais
Num terço dos casos os pais não notaram qualquer alteração durante a
maior parte da primeira infância, cujo desenvolvimento foi aparentemente normal
até surgir a mudança gradual ou súbita. Nestes casos, o indício da
sintomatologia pode ter sido precedido por algum acontecimento bem definido
como uma infecção, um acidente, ou nascimento de um irmão.
Os marcos do desenvolvimento motor são normais ou pouco atrasados,
exceto quando há alterações neurológicas relevantes, mas algumas crianças
autistas só conseguem gatinhar ou andar se forem ensinadas e bem estimuladas. O que esses pais escutam dos médicos que procuram no início são “que estão anciosos
quanto ao desenvolvimento dos seus filhos e que nenhuma criança se desenvolve
igual a outra”. Ainda enfatiza que tais profissionais não estão preparados
para dar esse diagnóstico. Deve-se entender que os pais são os maiores
observadores da criança e são a base do histórico na hipótese diagnóstica. As mães demonstraram concordar mais com os métodos terapêuticos oferecidos
por profissionais que estão atendendo a criança do que os pais que costumam
discordar mais dos profissionais quanto à interação social e comportamentos esteriotipados. Creio que esse fato deve-se porque as mães
sempre estão mais presentes no acompanhamento dos seus filhos autistas nas
diversas instituições e serviços que procuraram até chegarem a essa escola onde
todas demonstraram total satisfação e referem que os seus filhos na questão do
convívio social atingiu um nível aceitável. Discussão e finalização
das idéias O bebê normal inicia seu diálogo com a mãe inicialmente na amamentação,
após isso eles interagem brincando e o bebê gorjeia e ela responde com outra
brincadeira, ele sorri, sendo esse o caminho inicial da comunicação, é uma
conversa não falada que posteriormente será transformada em vocalização[15]. No autista esse processo é diferente, pois ele passa a mensagem de
maneira vagarosa dando impressão de total desinteresse pelas pessoas e
principalmente a mãe sente-se desprezada, sendo natural o sentimento inicial
por parte dela. O que acontece quando a mãe fala ou brinca e o bebê não
responde é que ela não percebeu que sua ansiedade para preencher o vazio da
interação, ela começa enviando mais estímulo e fala mais ainda com seu bebê, e
esse bombardeio vocacional o deixa ainda mais inibido¸e
ele simplesmente desiste de tentar se comunicar como sabe[1]. O Programa Hanen,
criado em 1998 prega a Observação, espera e escuta, ao invés de bombardeios
constantes na criança com nossa fala. Ao observar seus filhos os pais aprendem
o modo e motivo que seus filhos se comunicam e isso traz uma sensibilidade
maior aos esforços da criança tentar se comunicar. O Esperar dos pais dará a
criança o tempo que ela necessita para expressar-se e o Ouvir mostra a criança
que os pais estão com atenção voltada só para ela e isso cria encorajamento na
criança para iniciar ou continuar uma conversação[21]. O exame do estado mental representa uma parte da vida psicológica do
paciente, somando observações e impressões no primeiro momento. Quando falamos
que o paciente é autista, a mãe já sente-se insegura e a enfermagem tem o papel
fundamental de acolher essa mãe, a acalmar e direcionar o atendimento para um
ambiente calmo, onde o paciente possa focar na sua ação, ou seja, em qualquer
instituição um paciente com doença mental
sempre terá que realizar exames de rotina ou outros procedimentos que
torna imperativo o conhecimento sobre suas reações, seus medos e como abordar
esse paciente, que para o profissional deve sempre usar de empatia em qualquer
situação[20]. Referências Bibliográficas 1
KLIN, Ami and
MERCADANTE, Marcos T. Autismo e transtornos invasivos do desenvolvimento. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2006, vol.28,
suppl.1, pp. s1-s2. ISSN 1516-4446. doi: 10.1590/S1516-44462006000500001. 2 KANNER, L. (1997). Autismo
- Parte I. Harvard Mental Health Letter, 13, 1-4. 3
JUSTIN,F. Estados autísticos em crianças, 1ª ed, Ed. Imago, 1984. 4 LEWIS,M .Tratado de Psiquiatria da Infância
e Adolescência, Melvin Lewis, Ed. Artes médicas, 1995. 5
Associação Americana de Psiquiatria (1994). Manual de diagnóstico e
estatística de distúrbios mentais: DSM-IV (a ed.). São Paulo: Ed. Manole. 6 KUPFER, M. C. M,
(2000). Notes on the Diagnostic
Diffe. 7
BETWWN. Psychosis and Autism in Childhood. Psicologia USP, 11 (1), 85-105. 8 HOUGHTON, K- artigo “Research Supporting
The Son-Rise Program”, publicado no site do The
Autism Treatment Center of America em <www.autismtreatmentcenter.org>. 1975. 9
FRITH, Uta - Autism: Explaining
the Enigma (desenvolvimento cognitivo), Ed. Blackwell, 2ªed., 2003, USA. 10
PETTERES, T. Autismo: Entendimento Teórico e Intervenção Educacional. Rio de
Janeiro: Cultura Médica, 1998.
12
WATSON, S - "HowStuffWorks - Como funciona o
autismo". Publicado em 24 de abril de 2007 (atualizado em
08 de dezembro de 2008). Acessado em 22 de outubro de 2010. 13
BAUN, William M, Compreender o Behaviorismo, 2ª ed,
Ed. Atheneu. 14 MARCELLI, Daniel - Manual de
Psicopatologia da Infância de Ajuriaguerra, 5ª
ed, Ed. Climepsi. 15 SCHOPLER,E.
Introduction : convergence of parent and professional perspectives.In:,
Parent survival manual. 16 STEFFENBURG,S.;Gillberg,C.;Holmgren,L. A twin study of autism in
17
MIILHER, Liliane Perroud and
FERNANDES, Fernanda Dreux Miranda. Análise das
funções comunicativas expressas por terapeutas e pacientes do espectro autístico. Pró-Fono R. Atual.
Cient. [online]. 2006, vol.18, n.3, pp. 239-248. ISSN 0104-5687. doi: 10.1590/S0104-56872006000300003. 18
Bardin, L: Análise de conteúdo. 70ªed, Ed. Coleção, 2009. 19
ASSUMPÇÃO, Jr.FB Autismo Infantil:um algoritmo clínico. São Paulo: Faculdade de
Medicina da USP, 1993. 20
BARTHELÉMY, J et all. As
escalas de avaliação no autismo da criança. Aspectos metodológicos e aplicações
clínicas. In: Mazet P, Lebovici
S. Autismo e psicoses na criança. Porto Alegre:
Ed. Artes Médicas; 1991. P.1-10. 21 PRIZANT, B,M, Rydell PJ. Analysis of Functions of
Delayed Echolalia in Autistic Children. J of Speech and Hear Res.
1984;Jun(27):183-92. 22
LARAIA et all.Enfermagem
Psiquiátrica, 4ª ed. Ed Reichmann & Affonso. Rio
de Janeiro: 2002. 23
SCHWARTZAN, J.S. Autismo Infantil, 1ª ed. Ed Memnon.
São Paulo: 2003. 24
LIMA et al. Instrumento de Vigilância precoce do
autismo – Manual e Vídeo- 2008, 1ª ed, Ed. Loyola,
Rio de Janeiro, 2008. 25
PISANI,E,L. Pais Educativos, 1ªed, Ed. Eliane
P.Leite, São Paulo,2008. 26 HENSE, D. S. S.; PFEIFFET, S. A. A família
do paciente crônico: iniciando a reflexão sobre a assistência e o papel do
enfermeiro. Revista Ciência Saúde, v.12, n.1, p.76-86, 1993.
|