Volume 15 - 2010
Editor: Giovanni Torello

 

JuLho de 2010 - Vol.15 - Nº 7

História da Psiquiatria

PSYCHIATRY ON LINE BRASIL 15 ANOS (JULHO DE 1996 A JULHO DE 2010)

Walmor J. Piccinini

A Revista Eletrônica Psychiatry On Line Brasil (polbr) está completando 15 anos neste mês de julho de 2010. Ela já teve vários formatos e inúmeros colaboradores. No formato atual, ela tem um grupo de editores associados que colaboram com seu fundador Giovanni Torello.  No seu primeiro número em 1996 Torello conta os bastidores da iniciativa de criar um jornal eletrônico: Nas minhas andanças a esmo, usando a Psiquiatria como tema de busca, acabei algum dia acessando as páginas de “Psychiatry on Line”. Achei o “site” bem construído, com informações úteis, distribuídas de forma organizada, facilmente utilizável por quem estivesse interessado. Havia também uma peculiaridade nessa revista eletrônica: a existência de secções regionais, na língua de cada País, com informações e artigos originais daquele País.

Já existiam algumas em pleno funcionamento. Movido em grande parte pela curiosidade, sendo Italiano de origem, fui logo me interessando pelo “site” da Psychiatry on Line - Itália.

Comecei a trocar correspondências com o editor da Psyc-on-line-Italia, Dr. Francesco Bollorino e com o seu redator. Dr. Raffaello Biagi. Foram alguns meses de trocas de “e-mails” que acabaram culminando com um emocionante encontro pessoal com o Raffaello no “annual meeting” da APA em New York no começo de Maio de 1996.

Ouvindo sobre a experiência editorial de uma revista eletrônica de psiquiatria, a idéia de uma atuação ativa na Internet, que desde as primeiras navegadas rondava a minha mente, foi amadurecendo.

A internet não é um meio de comunicação passivo, como por exemplo, o Radio ou a TV. Uma das maravilhas da Net é justamente o fato de possibilitar uma troca ativa, rápida e eficiente de informações de toda espécie. Tudo ainda é muito incipiente e o potencial da rede é imenso. A rapidez, com que mudanças substanciais na forma e no conteúdo do material disponível na Internet ocorrem, é espantosa: da ordem de semanas.

E a idéia da secção Brasileira da Psychiatry on Line foi tomando forma. Escrevi para o Dr. Ben Green, editor chefe da revista na Inglaterra e começamos os contatos preliminares que acabaram culminando nesse primeiro número da Psychiatry on Line - Brazil.

Nesse Congresso da APA em 1996, o Dr. Giovanni Torello estava muito ativo em seus contatos e um deles foi comigo. Na ocasião eu participava de uma experiência pioneira do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Michigan em Ann Arbor, o grupo de Psiquiatria Informática. Publiquei na polbr sobre essa experiência: (http://www.polbr.med.br/ano07/wal0207.php)
                  Em rápidas pinceladas vou relatar o desenvolvimento dessa idéia.Em 1955, acompanhei minha esposa no seu pós-doutorado, sobre Neuropatia Diabética, na Universidade de Michigan em Ann Arbor. Freqüentando os “Grand Rounds” do Departamento de Psiquiatria, descobri um novo campo de atividade para psiquiatras, a psiquiatria informática. Norman Alessi, o chefe do departamento de psiquiatria da infância e adolescência, era também o responsável por esse novo campo. Com ele trabalhava Milton Huang, que foi o primeiro “Fellow” da nova especialidade. Mandei um e-mail, marquei uma entrevista e, em seqüência fui convidado a trabalhar com eles. No início de 1995, ainda se discutia a introdução da Internet no Brasil, mas na Universidade de Michigan, podia ficar navegando 24 horas do dia, tanto no hospital com em casa. Foi como trabalhar numa loja de doces. A esse fato, poderia acrescentar um bônus, todos trabalhavam com Macintosh e a mim coube o equipamento baseado em Windows que ninguém utilizava o que me dava ampla liberdade. Naquela época, o serviço recebia para testes muitos softwares que pretendiam entrar no mercado. Prontuário eletrônico, material didático, novos testes diagnósticos e novas formas de administrar a prática psiquiátrica. Dentre esse material, pude testar o ProCite, um indexador bibliográfico desenvolvido por professores de biblioteconomia da Universidade. Testei, gostei e passei a utilizá-lo para montar o Índice Bibliográfico Brasileiro de Psiquiatria. Mais tarde o Procite foi adquirido pela Thompson (http://thomsonresearchsoft.com/products/)  que, hoje, controla os mais populares indexadores, o Endnote, O Reference Manager. Essa mesma companhia é dona do ISI (International Scientific Index). Infelizmente, ela não tem dada à devida atenção ao ProCite e isso tem complicado a vida dos seus usuários.

Era uma época de entusiasmo e cheia de inovações na área. No segundo número colaborei com o artigo “Informática em Psiquiatria”. A idéia era assim expressa: “A prática médica, em geral, está sendo enriquecida pela informática, e, no mínimo, nós psiquiatras teremos que acrescentar esta área do conhecimento ao nosso dia a dia ou ficaremos para trás e iremos depender de terceiros para o desenvolvimento da nossa especialidade. Acho fácil apontar a presença de psicólogos, de psicofarmacologistas , de neuroscientistas em geral, ditando os novos rumos da investigação e da terapêutica psiquiátrica. Parece exagero? Observem a tendência dos guidelines, do uso cada vez maior de algoritmos e da diminuição da importância dos psicoterapeutas. (Agosto de 1996 - Vol.1 - Nº 2 A Informática em Psiquiatria).

Os primeiros colaboradores da polbr eram, na maioria, professores de psiquiatria da UNIFESP. Dentre eles cabe um destaque a Denise Razzouk que, além de escrever era responsável pela colocação da polbr na Internet.

A partir da Psiquiatria On Line, outros desdobramentos foram ocorrendo. O primeiro deles foi à criação de um “mailling list” de psiquiatras, hoje em dia conhecida como lista brasileira de psiquiatria. Houve época que chegou a ter 400 membros, número reduzido para cerca de 150.

A Associação Brasileira de Psiquiatria interessou-se pelo que estava acontecendo nessa área e, por iniciativa da Dra. Fátima Vasconcellos foi criado o Departamento de Informática da ABP e seu primeiro Coordenador, como não podia deixar de ser, foi o Dr. Giovanni Torello. Por essa época foi feita a primeira tentativa de organizar uma página da ABP, mas não houve desdobramento por falta de apoio dentro da própria ABP.

Em Brasília, no Congresso de 1997 apresentei em disquete, o primeiro esboço do Índice Bibliográfico Brasileiro de Psiquiatria, era um banco de dados com umas 800 citações. No Congresso de São Paulo apresentei um livro com nove mil referências e agora este material está on line e apresenta 18.359 referências. (www.biblioserver.com/walpicci).

No Congresso de Fortaleza, em 1999, a Diretoria da ABP me entregou a responsabilidade de administrar o site da Entidade e o fizemos a partir do registro do nome até sua estruturação final. O primeiro problema era que o nome ABP já pertencia a Associação Brasileira de Psicanálise. Conseguimos resolver a situação criando a marca abpbrasil.org.br. Resolvido o problema de registro, lançamos a nova página que serviu a abp alguns anos. Com o crescimento da mesma e sua integração com os Congressos fui ficando preocupado com a responsabilidade e com o trabalho solitário, foi com certo alívio que recebi a notícia que a abp pretendia profissionalizar o Site.

Antes disso criamos um registro da página do Congresso abp e com isso foi mais fácil administrar o volume de informações que passou a transitar pela página. O que era trabalho voluntário e gratuito para a abp, passou a ser pago para uma assessoria profissional.

A psiquiatria on line e a lista brasileira de psiquiatria foram se entrelaçando e, aos poucos, a maioria das colaborações que recebia o era de membros da lista. Houve um momento em que discussões da lista se tornaram material para a polbr. Por ex. Um debate sobre violência  (http://www.polbr.med.br/ano99/violen07.php)

Coordenadora: Irma Ponti
Edição: Walmor J. Piccinini
Participantes: Miguel Londero <
[email protected]>
Claudio Lyra Bastos <
[email protected]>,
Giovanni Torello <
[email protected]>,
”Marcio V. Pinheiro” <
[email protected]>,
”Walmor J. Piccinini” <
[email protected]>,
Silvio Saidemberg <
[email protected]>,
Flavio Vicente <
[email protected]>, [email protected],
”Leonard Taves <
[email protected]>;Luis Carlos Calil” <[email protected]>,
Rubens Rodrigues <
[email protected]>
Geraldo H. Sette” <
[email protected]>

Enviada em: Quinta-feira, 27 de Maio de 1999 01:41
Para:Lista de Psiquiatria Brasileira
Assunto:Violência - uma doença mental? Ajuda, por favor.

Maio de 2002 - Vol.7 - Nº 5

Artigo do mês

Coletânea da Lista Brasileira de Psiquiatria sobre Diagnóstico e Tratamento Valter Daudt

Muitos dos mais antigos colaboradores continuam participando da lista de discussões e enviam seu material para publicação. Um dos primeiros colaboradores foi o Dr. Paulo Negro com artigos interessantes sobre a psiquiatria americana. Quando ele não pode mais colaborar entrou Erick Messias, com destacada presença.

Rubem Alves, Antonio Mourão Cavalcanti, Márcio Pinheiro, Lucio Villaça, deixaram suas marcas. O mais antigo colaborador com uma participação impressionante, é a do Dr. Sérgio Telles que desde 1998 mantém sua coluna de psicanálise na polbr. O grupo da Paulista, o Dr. Carlos Alberto Crespo de Souza e tantos outros marcaram presença com vários artigos na polbr.

Em agosto de 2000 comecei a escrever sobre História da Psiquiatria na polbr e já se passaram 10 anos e mais de cem artigos escritos. Em 2002 convidei o Dr. Fernando Portela Câmara para colaborar e ele o fez admiravelmente com uma Biografia de Nise da Silveira, artigos sobre Psicoterapia na Medicina Brasileira, sobre Transe e Possessão. Sua participação tem sido marcante, desde a coordenação da lista de discussão e desfilando sua erudição em artigos de ponta sobre a psiquiatria moderna.

Desde 2003 o Dr. Eliezer de Hollanda Carneiro vem publicando uma página sobre sua experiência na França. Seu material é sempre bem vindo e muito lido pelos leitores da polbr.

Hilda Morana com sua coluna sobre Forense. O Professor João Romildo Bueno com sua coluna sobre Psicofarmacologia. Braz Werneck com seus interessantes artigos e coordenação da coluna Psicologia Clínica.

Márcia Gonçalves com sua coluna Psiquiatria na Prática médica.

Resolvemos montar um banco de dados com todos os artigos publicados na Psychiatry on Line Brazil. A tarefa se revelou maior do que eu imaginava, estou perto de 800 textos, por enquanto quem tiver interesse e acompanhar os autores da polbr podem a acessar a seção de Arquivos e digitar o assunto ou o autor do seu interesse.

Num resultado inicial e parcial, deixando de fora os atuais colaboradores encontramos alguns autores com inúmeros artigos. O Doutor e escritor Rubem Alves tem 19 artigos. O etnopsiquiatra Antonio Mourão Cavalcante tem 27, Antonio Carlos Lopes 21, Erick Messias 30, Paulo Jacomo Negro Júnior com 17.

Nesses quinze anos, Giovanni Torello vem conseguindo manter a Polbr numa luta anônima e abnegada. Graças ao seu empenho e com a ajuda de colaboradores, todos os meses a primeira revista eletrônica brasileira é colocada no mundo virtual para desfrute de um número expressivo de leitores. Parabéns ao nosso Editor e a todas que colaboraram e colaboram nessa aventura de bem querer.


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