Volume 10 - 2005
Editor: Giovanni Torello

 

Março de 2005 - Vol.10 - Nº 3

Psicanálise em debate

The Edukators (Die Fetten Jahre sind vorbei) de Hans Weingartner

Sérgio Telles
psicanalista e escritor

Neste interessante filme alemão vemos um pequeno grupo de jovens que se auto-intitulam “Os Educadores†e que exercem sua militância política fazendo uma espécie de terrorismo light: invadem mansões cujos donos estão viajando, desorganizam a disposição dos móveis e objetos da casa, deixando bilhetes do tipo “vocês têm dinheiro demaisâ€. Sua idéia é criar uma insegurança nos ricos moradores e pedagogicamente provocar-lhes a conscientização das diferenças sociais. Essa prática ingênua toma rumos inesperados quando, ao invadirem uma determinada casa, são surpreendidos pelo proprietário. Sem alternativas, seqüestram-no, levando-o para a casa de campo do parente de um deles.

A convivência do seqüestrado com os seqüestradores (dois rapazes e uma moça num triângulo amoroso que sofre uma penosa acomodação, lembrando o filme “Jules et Jim†de Truffaut -1962) segue um curioso desdobramento, onde se confrontam os revolucionários de hoje com os revolucionários de ontem; a juventude e seus sonhos idealistas e a idade madura, com seu ceticismo e pragmatismo. A proximidade entre eles termina por estabelecer algo que ficou denominado como “Síndrome de Estocolmo†- a defensiva identificação do seqüestrado com os seqüestradores, decorrente das fortes angústias desencadeadas pela situação. O final tem reviravoltas instigantes mas coerentes com o enredo e a evolução da “Síndrome de Estocolmoâ€: não é possível uma reconciliação entre seqüestrado e seqüestradores, que retomam a suas posições iniciais, confundidas que estavam pela forte experiência emocional vivida em comum.

O texto completo deste artigo está no livro "O psicanalista vai ao cinema II", da Editora Casa do Psicólogo, São Paulo, 2008.


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