Volume 2 - 1997 Editor: Giovanni Torello |
Julho de 1997 - Vol.2 - Nº 7 Metanálise e Psiquiatria Ana
C. Chaves*,
Karla
V.S.Soares**
Denise
Razzouk***
Jair
de Jesus Mari**** A Metanálise ou Revisão Sistemática da Literatrura tem sido utilizada para avaliar os resultados de estudos originais sobre um determinado tema. Consiste em um método mais avançado do que o tradicional artigo de revisão, porque além de resumir os resultados de vários estudos de uma área de pesquisa e de propôr recomendações com implicações clínicas, a metanálise permite, também, minimizar os vieses das revisões, através de critérios padronizados para a seleção, avaliação e análise dos estudos. A Metanálise avalia mais objteivamente uma dada questão clínica e a sua relação com o tratamento, causalidade e acurácia de um teste diagnóstico. O termo Metanálise foi introduzido em 1976 por Gene Glass da Universidade do Arizona. Em Psiquiatria, porém, as Revisões Sistemáticas de Literatura apresentam maior notoriedade a partir da década de 90, com alguns estudos sobre a eficácia das intervenções terapêuticas como os trabalhos de Mari &Streiner (1994) e Bollini (1994). Os princípios em que se apóia a Metanálise são os seguintes:
A Metanálise se processa em duas fases: uma qualitativa e outra quantitativa. fase qualitativa: elaboração de um protocolo com as principais questões do estudo, critérios de inclusão, técnicas de análise estatística). Pesquisar em dois ou mais bancos de dados (MEDLINE, PsychoInfo, Excerpta Médica, Science Citation Index) é muito importante porque a relação de artigos varia muito de acordo com a fonte pesquisada. Um outro aspecto fundamental é a investigação dos resultados negativos (quando a hipótese de nulidade não for rejeitada). Além disso, é importante a inclusão de um segundo revisor para testar a aplicabilidade dos critérios adotados. fase quantitativa: é a análise estatística dos estudos selecionados. São usados vários testes estatísticos para se avaliar a homogeneidade entre os estudos, isto é, verificar se os estudos são suficientemente semelhantes para serem agrupados, e caracterizá-los de forma detalhada segundo as variáveis estudadas (sociodemograficas, gravidade de condição clínica) e a análise estatística propriamente dita. As limitações da Metanálise estão relacionadas à comparação entre estudos que diferem quanto às medidas e às definições das variáveis que podem comprometer a validade do estudo. A inclusão de estudos metodologicamente inadequados constitui um ponto importante na avaliação dos estudos. E finalmente, o viés de publicação, isto é, o favorecimento de estudos com resultados postivos é uma outra limitação. As Metanálises têm sido desenvolvidas em colaboração com os Centros Colaborativos do Cochrane (1992). Estes centros, em colaboração com 13 países (Inglaterra, Canadá, Austrália, França,etc) se direcionam para promover o desenvolvimento de metanálises e disseminar Revisões Sistemáticas de ensaios clínicos randomizados controlados em cuidados de saúde. Contribuem, também, para a melhora da qualidade das metanálises desenvolvidas. A difusão do banco de dados do Cochrane (Cochrane Library) é feita através da Web e de CD-ROM. O Brasil tem o seu primeiro centro do Cochrane (São Paulo) desde 1996 e na área de Saúde Mental, o Grupo de Revisão sobre Esquizofrenia* tem realizado diversos trabalhos. A Metanálise representa atualmente uma disciplina científica voltada para a análise de resultados de estudos inconclusivos, conflitantes e não definitivos. Desta forma, a Metanálise constitui um instrumento importante na síntese e análise criteriosa e científica do conhecimento atual. Links
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