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Volume 22 - Novembro de 2017
Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello

Maio de 2017 - Vol.22 - Nº 5

Artigo do mês

TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS NA GESTAÇÃO DE NO PUERPÉRIO

Bruna Andrade Aleixo*
Profª: Dra. Márcia Gonçalves**


INTRODUÇÃO:

 

          A gestação e o puerpério são períodos da vida da mulher que precisam ser avaliados com especial atenção, pois envolvem inúmeras alteres físicas, hormonais, psíquicas e de inserção social, que podem refletir diretamente na saúde mental dessas pacientes.

          A gestação é um período de transição que faz parte do desenvolvimento humano. Há transformações no organismo da mulher e no seu bem-estar, alterando seu psiquismo e o seu papel sóciofamiliar, podendo assim, ser um período em que se observam aumentos de sintomatologias, ou mesmo, o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos. Transtornos mentais comuns (TMC) incluem sintomas depressivos não-psicóticos, ansiedade e queixas somáticas que afetam o desempenho das atividades diárias. Os sintomas dessa categoria são: dificuldade de concentração e de esquecimento, insônia, fadiga, irritabilidade, sensação de inutilidade, e queixas somáticas, entre outros. [6,7]

          Nos últimos tempos, tem-se dado atenção aos fatores específicos responsáveis pela mortalidade materna, tais como, a baixa escolaridade, a multiparidade, o estado prévio de saúde da mulher, particularmente desnutrição e anemias, a gestação na adolescência e a falta de um planejamento familiar que oriente as mulheres nos casos de gravidez de risco. Atualmente a busca de estratégias para oferecer melhor assistência, e na preocupação em pesquisar os temas voltados para a saúde da mulher. [3]

          A detecção destes quadros tem importância prática, pois, sabe-se que: a morbimortalidade clínica está aumentada em indivíduos com sintomas depressivos; o tratamento da depressão instalada é prolongado, em certos casos exigindo a internação da paciente; a adesão ao tratamento é baixa. As psicoses puerperais constituem-se no mais grave distúrbio mental da maternidade.

          Estudos revelam que os transtornos psiquiátricos subdiagnosticados e não tratados adequadamente em gestantes pode levar a graves consequências materno-fetais, até mesmo durante o trabalho de parto. [5]

          A maioria das depressões pós-parto dos três a seis meses após o nascimento do conceito. Os três primeiros meses após o parto onde a mulher apresenta a maior taxa de risco, em relação a qualquer outra etapa de sua vida, de vir a sofrer uma internação decorrente de um transtorno psiquiátrico. Sendo que, cerca de 70% das mulheres com tais distúrbios, não possuem história prévia de doença mental.

          Muitas vezes, a ajuda limita-se a atendimento não especializado com prescrições de benzodiazepínicos ou doses insuficientes de antidepressivos, levando a não resolutividade do problema.

          A pratica assistencial da gestante tem enfatizado a atenção para aspecto físico, para as mudanças fisiológicas, dando pouca atenção a outras alterações psico-sociais tais como as novas responsabilidades, e as perdas e ganhos advindos do fato de estar grávida. Fatores esses, também importantes e predisponentes a um distúrbio mental, que no seu inicio pode passar desapercebido pela família e profissionais, pois estes, via de regra, carecem de conhecimento específico para a identificação precoce dos sintomas.

 

Etiologia:

         

          Na gestação, os níveis de estdrógenos e progesterona são superiores aqueles vistos nas mulheres fora do período gestacional e esse fator pode estar envolvido nas alterações do humor que ocorrem nessa fase. A queda brusca desses hormônios no pós-parto estaria envolvida na etiologia da depressão puerperal. Não se constatou relação genética diferente daquela já esperada em quadros não puerperais. Algumas mulheres seriam mais sensíveis a variações hormonais em qualquer momento de suas vidas, incluindo-se período pré-menstrual, monarca, gestação, puerpério, menopausa e até mesmo durante o uso de anticoncepcionais.

 

OBJETIVO:

         

          Analisar os possíveis transtornos psiquiátricos que podem surgir no período da gestação e no puerpério, apresentando os principais aspectos de diagnostico e tratamento, os quais geram consequências quando não recebem a atenção/ tratamento adequado.

 

METODOLOGIA:

         

          Trata-se de uma revisão bibliográfica que se propõe à abordar questões relativas aos distúrbios psiquiátricos no período da gravidez e do puerpério de uma forma geral, realizada através de pesquisas de artigos científicos relacionados ao tema.

 

 

DISCUSSÃO:

         

          Há grande ocorrência de distúrbios do humor, sejam psicóticos ou não. Mesmo quando é diagnosticado o quadro psicótico, apenas em dois casos é registrada a presença de sintoma depressivo e persecutoriedade, respectivamente. Situação diversa é observada quando o sintoma gerador do distúrbio é a ansiedade, a qual aparece registrada com o diagnóstico psiquiátrico e clínico.

          Os dados vêm favorecer a hipótese de que as psicoses purpurais não se constituem numa entidade semiológica especafica, embora as diversas classificações propostas para esses distúrbios psiquiátricos, tenham como eixo esturrados as perturbações afetivas. Revela um grupo que apresentou reações depressivas seguidas na grande maioria, de tentativa de suicídio, portanto, toda e qualquer alteração do humor merece ser acompanhada pela equipe de saúde próxima, inclusive no período pós-parto; fase de adaptação onde o acompanhamento é necessário no sentido de observar a persistência ou acentuação de sintomas cognitivos-afetivos alterados (tristeza, culpa, desanimo, perda de energia de interesse em atividades usuais, dentre outros). [7,8]

          Os resultados desta pesquisa também mostraram dois grupos de gestantes que demandam maiores precauções, divido à possibilidade de reagudização de um problema latente ou que já existia antes da gravidez. É o caso das pacientes com diagnósticos de esquizofrenia e oligofrenia. Estas últimas, acumulando às vezes problemas neurológicos.

          As características que sugerem vulnerabilidade social para a vida da gestante, como o baixo nível de escolaridade, menor classificação socio- econômica e pouco apoio familiar estão associadas à maior probabilidade da mulher apresentar TMC durante a gestação.

          Conclui-se que houve uma significativa asso- ciação entre maior prevalência de TMC e menor auto-estima, evidenciando o impacto dos trans- tornos mentais sobre as competências maternas e a qualidade na interação mãe/bebê

 

 

CONCLUSÃO:

         

          Os transtornos da gravidez, parto e puerpério são uma condição patológica complexa, que  inclui desde quadros transitórios benignos até situações graves que podem culminar em prejuízos irreparáveis para a gestante (tratabalho de parto), o feto (desenvolvimento e saúde) e às vezes, até o companheiro. [1,2]

          Ressalta-se, a importância de uma assistência que envolva elementos da família e as equipes de saúde, com o estabelecimento de vinculo facilitador da verbalização das preocupações e sentimentos da paciente. É fundamental que os serviços de saúde sejam compostos de equipes multidisciplinares, capacitadas a lidar e manejar tanto quadros orgânicos quanto psíquicos que podem ocorrer durante a gravidez, ou logo após o parto, facilitando assim a verbalização das preocupações e sentimentos da paciente.

 

 

 

 

REFERÊNCIAS:

 

1.     LUIS, M.A.V.; OLIVERIA, E.R. Transtornos mentais na gravidez, parto e puerpério, na região de Ribeirão Preto-SP. Brasil. Rev.Esc.Enf.USP, v.32, n.4, p. 314-24, Dez. 1998

2.     CAMACHO, R.S.; CANTINELLI, F.S.; RIBEIRO, C.S. et.al Psychiatry disorders in pregnancy and puerperium: classification, diagnosis and treatment. Rev.Psiq.Clín. 33 (2); 92-102, 2006.

3.     BECK, C.T.; A checklist to identify women at risk for developing postpartum depression. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs 27 (1): 39-46, 2001.

4.     BROCKINSTON, I.F.; CORNICK, K.F.; SCHOFIELD, E.M. et al. Puerperal psychosis: phenomena and diagnosis. Arch.Gen.Psychiatry. v38, p. 29-37, 2009.  

5.     JABLENSKY, A.V. et al. Pregnancy, delivery, and neonatal complication in a population cohort of women with schizophrenia and major affective disorders. Am J Psychiatry.165 (1): 79-91, 2005.

6.     SILVA, R.A.; ORES, L.C; MONDIN, T.C. et al. Common mental disorders and self-esteem in pregnancy: prevalence and associated factors. Cad. Saudi Pública, Rio de Janeiro, 26 (9): 1832-1838, set, 2010.

7.     Faisal-Cury, A; Menezes, P; Araya, R; Zugaib, M; Common mental disorders during pregnancy: prevalence and associated factors among low-income women in São Paulo, Brazil: depression and anxi-ety during pregnancy. Arch Womens Ment Health 2009; 12:335-43.

8.     Ludermir, A.B.; Araújo, T.V; Valongueiro, S.A.; Lewis, G; Common mental disorders in late pregnancy in women who wanted or attempted an abortion. Psychol Med 2009; 26:1-7.

9.     www.vidamental.com.br (Transtornos mentais na gravidez e puerpério);

10.  ROCHA, D.D.; Problemas psiquiátricos na gestação. Rev. Psiquiatria & Cotidiano, 2014.

11.  www.febrasgo.org.br (Gestação e transtornos mentais);

 

* - Interna dep. Medicina UNITAU

** Coordenadora da disciplina de psiquiatria – UNITAU

 

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