Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Julho de 2017 - Vol.22 - Nº 7 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a psicologia e a psicanálise. Qui sommes- nous ? FRANCE-BRASIL-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on line” offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des traductions et des articles en français et en portugais concernant la psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse.
1.INCIDÊNCIAS DA
PSICANÁLiSE (segunda parte) OBJETOS DO
FETICHISMO Referência: J.-B. PONTALIS (NOUVELLE REVUE DE
PSYCHANALISE) (1970-1989) Tradução :
Eliezer de Hollanda Cordeiro A noção de
fetichismo circula entre uma teoria das religiões herdada de Auguste Comte e
uma sociologia saída de Marx, entre a etnologia que procura recusá-la e a
Psicopatia Sexual. Que sentido podemos encontrar nesses diversos empregos? Os termos
psicanalíticos criados por Freud - e, em particular, os conceitos de denegação
e clivagem - permitem, se quisermos realmente tirar as
consequências, de não limitar o fetichismo a uma perversão e de não o reduzir a
um tipo de objetos considerados capazes de excitar o desejo sexual. Uma das
hipóteses que propomos é que a função do objeto fetiche no perverso é é
preenchida em toda sociedade por um certo modo de crença. Nesta edição
onde a confrontação entre disciplinas revelou-se particularmente fecunda Nesta publicação
da NOUVELLE REVUE DE PSYCHANALISE, a confrontação entre disciplinas revelou-se
particularmente fecunda e tornou-se uma obra de referêcia. 2.
HIPERATIVIDADE E SUICíDIO NA CRIANÇA Referência :H.J.(Le
Cercle Psy n°25, Julho 2017) O suicídio da criança continua sendo um assunto
tabu, ignorado e pouco diagnosticado. E portanto, segundo um estudo conduzido
pelo serviço de psicopatologia da criança e do adolescente no hospital
parisiense Robert Debré, editado nos Entretiens de Bichat de 2012, este
fenômeno representaria quase 4% das mortes ocorridas na França em crianças de
5-14 anos, enquanto a frequência das tentativas de suicidio seria estimada
entre 0,5 e 0,7%. Mais frequentemente, elas privilegiam sobretudo a intoxicação
medicamentosa (59%), o enforcamento(17%) ou saltar pela janela(14%). Em compensação, conhecemos muito mal os
distúrbios psíquicos que afetam algumas crianças. Até hoje, pensava-se que
muitos deles eram depressivos. Ora, segundo um trabalho norte-americano
recentemente publicado na revista Pedriatics, o TDA/H (Distúrbio deficitário da
atenção com ou sem hiperatividade) seria o distúrbio mais frequentemente
associado ao suicidío na criança antes dos 12 anos. Os autores analisaram uma base de dados nacional
especializada em mortes violentas(National Violent Death Reporting System).
Eles transcreveram os suicídios de crianças entre 5 e 14 anos de idade,
ocorridos entre 2003 e 2012 em 17 Estados. As crianças que se suicidaram eram
sobretudo rapazes mortos por estrangulação em seus domicílios. Um terço das 87 crianças cujos dados foram
recolhidos no quadro deste trabalho sofriam de doenças mentais. Ao contrário
dos adolescentes cujos comportamentos podem levá-los ao suicídio, a
maioria apresentava um TDA/H (59,3%) e não uma depressão(33,3%). Estes
resultados inesperados salientam a importância de estratégias de
prevenção para crianças na escola primária e no início do colégio.
3. FREUD EM JERUSALÉM: TERRA PROMETIDA DA PSICANÁLISE ? Referência :Nathalie
Hamou (Le Cercle Psy n°25, Julho 2017) Não é a primeira
vez que um livro descreve a introdução do freudismo na Palestina britânica,
entre as duas guerras, antes da criação do Estado de Israel. Isto não diminue a
originalidade do Freud em Jerusalém, a psicanálise frente ao sionismo, o
ensaio histórico assinado por Eran Rolnik, psiquiatra, psicanaliste e
historiador. Em
primeiro lugar porque o autor, que ensina na universidade de Tel-Aviv e no
instituto Max Eitingon de psicanálise de Jerusalém, teve acesso aos documentos
inéditos dos arquivos israelianos recentemente classificados. Em seguida por
que, como mostrou o grande escritor israelense Abraham B. Yehoschua no seu
prólogo¸ esta pesquisa’’original e inspirada’’ sobre a história
da psicanálise ‘’ como uma teoria filosófica com ambições
universais centrada no indivíduo, poude trazer uma contribuição
determinante para a compreensão de uma sociedade lutando por sua existência. Dito
de outra maneira, Eran Rolnik não se contenta somente em efetuar um trabalho de
historiador. Seguramente, o autor confronta psicanálise e sionismo, uma ciência
e uma ideologia, todos frutos da Viena do século XIX. Ele restitue a
ambivalência dos sentimentos de Freud defronte o sionismo, ele que fez tudo
para evitar que sua teoria fosse reduzida ‘’ a uma problemática propriamente
judia’’. O
livro examina notadamente a influência da psicanálise no sistema educativo
coletivista dos kibutzim. Daí a afirmar que Israel tornou-se a Terra prometida
da psicanàlise, a distância é grande. A observância de regras, mesmo se ela
goza dum prestígio inegável, ela parece cada vez mais sofrer da concorrência
pelas teorias analíticas centradas no traumatismo. 4. ACOMPANHAR AS
VÍTIMAS DA TORTURA Referência :
Entrevista com Helena D’Elia (Le Cercle Psy n°24, Março, Abril e maio 2017). Há mais de vinte
anos que o Centro Primo Levi abriga pessoas vítimas de tortura e de violências
políticas, propôndo-lhes um acompanhamento social, jurídico e psicológico. UM
ACOMPANHAMENTO PLURiDiSCiPLiNAR Com psicólogos,
médicos, assistentes sociais, e um jurisconsulto, o Centro Primo Levi apoiou-se
desde o início na pluridisciplinaridade. « Isto afim de evitar que cada
espaço profissional não seja invadido por demandas que concernem outros
campos, salienta Helena D’Elia. A entrada se faz por meio médico e psicológico,
mas, desde a primeira entrevista, podemos notar que existe um tal bloqueio da
situação social ou jurídica que, se a pessoa não estiver acompanhada , isto
pode invadir o espaço terapêutico.» Outra
particularidade da intervenção ? « Nesta clínica que acolhe
cotidianamente pessoas violentas, existe o medo que os pacientes nos ataquem ,
explica Helena D’Elia. Aguns querem também verificar se somos capazes de
compreendê-los. A Para evitar isso, os clínicos se reunem cada semana afim de
trabalhar e trocar ideia. Também nos resta tempo para supervisão uma vez por
mês.» Tempos completados por um trabalho de escritura, via revistas e obras
escritas. Essas atividades
nos permitem de restar num questionamento permanente¸ de fazer de uma certa
maneira afim de evitar que nos acostumemos a essa clínica do extremo.
Também criamos um centro de formação para sensibilizar essas problemáticas, é
uma transmissão que oferece um tempo de recuo necessário, que ajuda a voltar de
novo diante do paciente e escutá-lo.
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