Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Fevereiro de 2017 - Vol.22 - Nº 2 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on
line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão
lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar
traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a
psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões
e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de
sites. Qui sommes- nous ? France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on
line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression
lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des
traductions et des articles en français et en portugais concernant la
psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques
habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et
d’associations, sélection de sites 1. A
FABRICAÇÃO DOS NEUROLÉPTICOS (segunda parte) Referência:
Le Cercle Psy: L’histoire de la psychologie en 100 dates, Novembre et Décembre
2016. Naquela época
reinava o otimismo e a esperança de compreender o trabalho dos mecanismos
cerebrais, não somente as ações das moléculas, mas também as próprias bases
capazes de explicar as doenças mentais. O relato
histórico completo dos ensaios e erros em matéria de psicofarmacologia só pode
ser cansativo e repetitivo. Lembremos apenas que em 1987 apareceu, entre outros
medicamentos, a fluoxetina (o Prozac), que pertence a uma nova geração de
antidepressivos capazes de inibir a Serotonina de maneira seletiva (ISRS). Eles
vão fazer parte, durante a década seguinte, dos medicamentos mais receitados no
mundo, ultrapassando até os ansiolíticos como as benzodiazepinas (valium e
librium). Mas a
facilidade com a qual tais medicamentos eram prescritos acarretou problemas, na
medida em que era inútil tomar antidepressivos nos casos de depressão ligeira
ou moderada. Hoje, as pesquisas mostram que, para os distúrbios psíquicos mais
graves, os medicamentos e as psicoterapias não são antagonistas, mas complementares.Assim,um medicamento pode ser prescrito com a
finalidade de tratar os sintomas mais invalidantes, ao mesmo tempo ou antes de
uma psicoterapia. 2. A
ASSOCIAÇÃO FRANCESA DE PSIQUIATRIA (AFP) Foi criada em
1979 pelo Doutor Charles Brisset a fim de instituir, ao lado do Sindicato
Francês dos psiquiatras, um grupo dedicado às questões científicas relacionadas
com a psiquiatria. A associação propõe reflexões e pesquisas relacionadas com o
diagnóstico, a classificação, as causas e o tratamento das doenças mentais. Ela tem
também por objetivo a promoção e a organização da formação profissional médica
em psiquiatria, notadamente a de centralizar, analisar e dar informações sobre
as necessidades neste domínio. Ela organiza
lugares para a confrontação, a troca de opiniões e de experiências, reunindo
atores da psiquiatria que defendem posições teóricas e maneiras de trabalhar
diferentes, permitindo-lhes discutir sobre suas concepções e práticas. A AFP
organiza ainda e planeja a realização de colóquios e diversos encontros
científicos, tanto ao nível nacional quanto ao nível regional, contribuindo de
maneira ativa quando ocorrem encontros internacionais, Ela realiza
cada ano a Semana de Informação sobre a Saúde Mental e também organiza o
Prêmio literário Charles Brisset 3. COLETTE
CHILAND, 1926-2016 Referência:
La Lettre de Psychiatrie Française, N° 245, Janeiro-Fevereiro 2017 Autores:
Jean-Phillipe RAYNAUD, psiquiatra e professor da universidade de Toulouse. Marie-Michèle
BOURRAT, psiquiatra na cidade de Limoges. Colette
Chiland faleceu em 16 de setembro de 2016. Ela foi uma importante psiquiatra e
psicanalista francesa cujo percurso universitário foi excepcional: aos 19 anos
obteve o diploma do Instituto de Psicologia de Paris, aos 24 o diploma de
doutora em medicina, aos 25 foi professora de filosofia e aos 42 anos doutora
em letras. Ao mesmo tempo, ela se tornou psicanalista e membro titular da
Sociedade Psicanalítica de Paris. Colette
Chiland trabalhou no seu consultório como psiquiatra e psicanalista e no Centro
Alfred Binet, em Paris. Ao lado de René Diatkine e de Serge Lébovici, ela
demonstrou uma experiência profissional e humana excepcional que a levou a ser
presidente da Sociedade francesa de psiquiatria para criança e adolescente,
entre 1993 a 1999. Em seguida,
foi professora de psicologia clínica na Universidade Réné Descartes de Paris,
onde trabalhou até 1992. Havendo
compreendido, muito cedo, a importância consistindo em trocar ideias com
colegas do mundo inteiro, ela dedicou-se com muito empenho às atividades
internacionais. Ao mesmo tempo, procurando compreender o que se fazia nos
Estados Unidos, ela tornou-se ‘’Visiting professor’’ no Cornell Medical Center
e na Stanford University. Desde 1973,
Colette Chiland fez parte do grupo internacional de pesquisas, l’IACAP (Associação internacional de psiquiatria para
crianças e adolescentes. Pouco tempo depois, esta associação lhe confiou a codiretoria de seus ‘’Yearbooks’’,
ao lado de James Anthony e de Cyrille Coupernik. Ela também
codirigiu a publicação de 11 livros em inglês e em francês. Alguns deles
marcaram nossa disciplina. Por exemplo : ‘’L’Enfant de six ans et son
avenir: étude psychopathologique’’ (1971),‘’Mon
enfant n’est pas fou’’, ‘’Un
psychiatre d’enfants parle de son expérience
’’(1989), ‘’Homo psychanalyticus ‘’(1990), ‘’Sois sage ô ma douleur, Réflexions sur la condition humaine’’(2007)
e ‘’Changer de sexe". Illusion et réalité’’(2011).
4. AS
RELAÇÕES ENTRE AS NEUROCIÊNCIAS E A PSIQUIATRIA (Tema do
colóquio organizado pela Association Française de Psychiatrie, em Paris, no dia
27 de janeiro de 2017). Há cerca de
50 anos, a psiquiatria separou-se da neurologia na França e na União Europeia.
São muitos os que consideram este ato como fundador de nossa disciplina, na
medida em que ele contribuiu para libertar a psiquiatria duma redução
neurológica demasiadamente simplista para dar conta das realidades clínicas e
dos determinantes psicossociais dos distúrbios psiquiátricos. Esta separação
foi, de uma maneira geral, bem acolhida pelos profissionais da psiquiatria. Com o passar
do tempo, o desenvolvimento espetacular dos métodos de investigação e dos
resultados que eles alcançaram, permitiram obter, muito além de seus laços
privilegiados com a neurologia, que as neurociências tomassem por objeto as
dimensões fenomenológicas ou psicodinâmicas que eram consideradas até então
como apanágio dos psiquiatras ou então dos psicanalistas. Colocando em
causa as linhas de clivagens que outrora se justificavam, essas mudanças
tornaram mais complexas as relações entre psiquiatria e neurociências, donde a
necessidade consistindo em precisar ainda mais seus campos respectivos. É o que
pretende fazer este colóquio, sem desconhecer que, se os progressos realizados
no domínio da patologia mental foram particularmente importantes nestes últimos
anos, suas contribuições para a prática clínica cotidiana parecem ainda bem
limitadas. se reduzindo frequentemente a justificar,
ulteriormente, práticas já desenvolvidas a partir de bases frequentemente
intuitivas ou de bom senso que constituem a observação, a escuta e a
experimentação prática. Mas uma
diferença entre o prático e o pesquisador aumentou progressivamente: questão de
método, de objeto ou de relação ao conhecimento? Nosso enfoque
será, como fazemos regularmente, pluridisciplinar,
afimde abordar da melhor maneira possível a complexidade da questão. 5.
MELANCOLIA DE ESQUERDA Autor
:Enzo Traverso Referência :REVISTA SCIENCES HUMAINES N° 287,
DEZEMBRO 2016 ‘’Segundo
Freud, o melancólico é aquele que não consegue se desatar de seu amor perdido.
Neste ensaio erudito, Enzo Traverso explora a
dimensão melancólica da cultura de esquerda e identifica uma ‘’tradição
escondida’’ associada à lembrança das revoluções abortadas melancólicas, mas
mesmo assim portadoras de esperança. Ela é magnificada
por autores como Auguste Blanqui ou Louise Michel e
pintadas por Gustave Courbet.
No século 20,
esta tradição se perpetua com Rosa Luxemburg e Walter
Benjamin, bem como no cinema de Sergueï Eisenstein ou
de Chris Marker, e enfim na dimensão cristocêntrica das imagens mortuárias de Che Guevara.os anos de 1960, um novo impulso revolucionário
surgiu no mundo: contra o capitalismo no Ocidente, contra a burocracia na
Rússia, contra o imperialismo no terceiro mundo. Mas após o desmoronamento
do socialismo ‘’real’’ e da queda do muro de Berlim, a esperança utópica
desaba, o presente fascina e o passado é cortado ao mesmo tempo do presente e
do futuro. A lembrança
das lutas sociais (contra o fascismo, pelo feminismo, contra o colonialismo,
pela revolução) é substituída pela memória das vítimas e o dever de memória: o
Holocausto no Ocidente, a lembrança do socialismo autoritário na Europa
central, o legado da escravidão no Sul. Desde então, a memória da esquerda, neste novo contexto, tornou-se um objeto de reflexão puramente melancólico, uma patologia que deixou de ser um motor para a ação.
|