Psyquiatry online Brazil
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Volume 22 - Novembro de 2017
Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello

Setembro de 2016 - Vol.21 - Nº 9

France - Brasil- Psy

Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO

Quem somos (qui sommes-nous?)                                  

France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on  line”oferto aos  profissionais do setor da saúde mental de expressão  lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de sites.

Qui sommes- nous ?

France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des traductions et des articles en français et en portugais  concernant la psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et d’associations, sélection  de sites

SOMMAIRE (SUMÁRIO):

 

  • 1. O PARTIDO COMUNISTA FRANCÊS E O INCONSCIENTE
  • 2. SERIA POSSIVEL TRATAR PEDÓFILOS?
  • 3. SOBRE A ORDEM NACIONAL DOS MÉDICOS DA FRANÇA
  • 4. QUANDO OS AVÓS SE TORNAM INDISPENSÁVEIS


  • 1. O PARTIDO COMUNISTA FRANCÊS E O INCONSCIENTE

     

    Referência: Jornal Le Monde

     

    *Entre 1933 e 1964, a psicanálise é combatida  pelo  P. C.F.  O  texto publicado em 1949 na Nouvelle Critique parece marcar o auge desta batalha ideológica; na realidade, ele não introduziu uma nova ruptura. As relações entre o P.C.F. e a psicanálise são mais ambivalentes do que podemos ler  nos textos oficiais.


    *Dezembro 1964. Uma pequena revolução  surgiu  nos intelectuais comunistas: A Nouvelle Critique (revista ideológica do P.C.F.),  publicou um artigo de 
    Louis Althusser : Freud e Lacan. Em algumas páginas, ele  descreveu a epopeia  da psicanálise, marcada, segundo o mesmo, pelas taras médicas e psicológicas  dos epígonos freudianos; e, sobretudo, ele descreveu a radicalidade inaugurada pelo trabalho da leitura de Freud por Lacan, uma verdadeira crítica ideológica e de elucidação epistemológica da psicanálise.

     

    • Novembro 1939. Publicação do terceiro número de  La Pensée (revista dos intelectuais próximos ou membros do P.C.F.),  e do último artigo de Georges Politzer sobre a morte de S. Freud: « La fin de la psychanalyse »(O fim da psicanálise), sob o pseudônimo T.W. Morris.  Georges Politzer  descreveu uma psicanálise em crise, dominada pelos  modelos mecanicistas, uma teoria eclética e heteróclita, embora segundo ele: « Freud tenha se aproximado dum  domínio de importância capital e que as teorias  inspiradas  pelo materialismo mecanicista eram incapazes de  abordar de maneira útil ».

    Judeu húngaro, vindo de Budapeste para Paris em 1920, e, após haver começado uma análise, G. Politzer tornou-se membro do P.C.F. em 1928,  ano em que publicou  seu primeiro livro: ‘’La critique des fondements de la psychologie’’ (A crítica dos fundamentos da psicologia), obra  crítica da psicologia clássica.  Pouco conhecido, este livro foi, para uma geração inteira, um guia que facilitou a leitura de Freud naquela época.

     

    Em 1924, G. Politzer  havia fundado ‘’Les cahiers de psychologie concrète’’ (Cadernos de psicologia concreta) que só teve dois números publicados. Desde que  aderiu ao P.C.F. dedicou-se  exclusivamente à sua atividade política de militante no domínio das ideias (ele participou, em 1933, da  fundação da ‘’universidade popular’’, sem perder de vista a psicanálise).

     

    •Em 1933,  ‘’Commune’’(Comuna), revista cujo diretor era Louis Aragon, publicou um artigo de G. Politzer atacando os burgueses surrealistas freudianos marxistas de serem contrarrevolucionários. 

     

    Podemos dificilmente compreender o interesse do P.C.F. pela psicanálise  se não levarmos em conta a influência de G. Politzer, aliás  uma influência que se estendia muito mais além dos círculos comunistas. A homenagem de  Jacques Lacan em 1946 nos ‘’Propos sur la causalité psychique’’(Propósitos sobre a causalidade psíquica)’’  não é nem formal nem fortuita.« O pensamento de Politzer renunciou à expressão teórica-que lhe teria permitido deixar uma marca inefável- para se dedicar a uma ação capaz de nos encantar definitivamente».  Ao exigir depois dele que uma  psicologia concreta se constituisse em ciência, devemos reconhecer que estamos somente nas fases das  postulações formais, isto é que ainda não fomos capazes de inventar uma mínima lei suscetível de avaliar nossa eficiência».Procurar o que os matemas devem à psicolo­gia concreta, seria um exercício provavelmente cativante. Mas nós ainda não atingimos este objetivo ».

     

    • 1939-1964. Entre estas datas, duas guerras, a verdadeira e a fria, o estalinismo e a dessalinização; Jdanov e Togliatti, a revolução húngara de 1956, o mesmo secre­tário geral do P.C.F.  Maurice Thorez  e uma nova geração de intelectuais comunistas vindos da Resis­tência, como  G. Politzer, que fugiu por causa dos nazistas em 1942, e que nunca soube da morte nas purgas de 1936/37 dos psicanalistas soviéticos,  entre os quais  Véra Schmidt  e  Sabina Spielren.

    • 1945. O inconsciente não está na ordem do dia, a guerra terminou, os comunistas  entraram no  Governo e em alguns outros  ministérios do Estado, notadamente o Ministério da Saúde.

    No hospital Sainte-Anne, jovens comunistas estudantes de psicologia,  protestaram  publicamente  contra  a maneira como Jean Delay e seus alunos tratavam os doentes nas apresentações. Alguns  desses estudantes haviam saído dos campos de concentração.

    A psiquiatria francesa organizou-se em torno de algumas personalidades notáveis cujos únicos pontos comuns eram a Resistência e o horror do asilo no qual viram morrer de fome milhares de doentes. 

     

    TRES CORRENTES PRINCIPAIS SÃO REPRESENTADAS:

     

    - os clínicos com Henry Ey, adepto de Philippe Pétain em 1941 e de Charles de Gaulle em 1942 : ele mudou de tal  maneira que se tornou um médico responsável  dos grupos de resistentes  d’Eure-et-Loir no período precedendo a Libertação. Organo-dinamista reinando no território de Bonneval, ele representava  o ecumenismo da teoria ;

     

    - aqueles que não eram comunistas mas queriam  mudar o asilo, cuja figura mais importante, Georges Daumezon, compreendeu a importância das relações institucionais nos escoteiros protestantes das Cévennes, que conservavam uma forte impregnação camisarde ; médico-diretor do hospital psiquiátrico de  Fleury­-les-Aubrais, ele escondia e tratava resistentes, entre os quais o Dr Pierre -Rouquès, trazido por Lucien Bonnafé em 1942  por causa de um súbito acesso delirante quando tentara atravessar a linha de demarcação.

     

    Louis Le Guillant, antigo resistente bretão, fazia parte do ministério ; ele tentou recuperar as instituições  para crianças inadaptadas que os padres haviam criado. Ele tornou-se simpatizante do partido comunista em 1947, reagindo à declaração da guerra fria; Lucien Bonnafé, um comunista de tendência  libertária-surrealista, neto do alienista contestatário, amigo de  Paul Eluard. Com  Julien de Ajurriaguerra, ele contribue para a fundação do movimento  Batia.

     

    2. SERIA POSSIVEL TRATAR OS PEDÓFILOS ?

     

    Documentário de Liz Wieskerstrauch ( televisão Franco-Alemã ARTE)

    Análise de Hélène Marzoff,  Jornalista de Télérama (edição  7/09/2016) 

    Tradução : Eliezer de Hollanda Cordeiro

     

    Na Alemanha, aproximadamente 15 mil agressões de menores são recenseadas cada ano. Como o filme mostra desde o início, os responsáveis desses atos não apresentam todos o mesmo perfil: predadores, carrascos, os pedófilos são também considerados como doentes, vítimas de pulsões desviantes que eles penam a refrear, ao contrário dos psicopatas que atacam sem remorsos as crianças.

     

    De um centro de terapia ao gabinete dum psiquiatra, depois de passar pelos institutos de pesquisa, a realizadora tenta compreender o funcionamento e as causas da pedofilia. Esta perversão seria apenas o produto de uma história pessoal ou existiriam explicações genéticas?

     

    A questão continua sendo objeto de debate. Se é possível isolar pontos de convergência (ambiente familiar instável, perfil depressivo), o que leva os homens -ou as mulheres- a sentir uma atração pelos corpos que ainda não atingiram a puberdade continua sendo um mistério.

    No que diz respeito aos tratamentos, eles dependem das circunstâncias, mesmo se as terapias permitem  um melhor controle das pulsões.

     

    Ao convidar pedófilos a testemunhar, a realizadora libera a palavra -tabu- de individuos que sofrem igualmente de culpabilidade. E ela também insiste sobre o fato de que interpretar o mal estar daqueles que são considerados como monstros é o melhor meio de proteger as vítimas e a sociedade.    

     

    3. SOBRE A ORDEM NACIONAL DOS MÉDICOS DA FRANÇA

     

    Referência : Le bulletin de l’Ordre national des médecins, www.conceil-national.medeci.fr

    A razão de ser da Ordem consiste em ficar à disposição dos médicos no interesse dos pacientes. Organismo de direito privado encarregado de uma missão de serviço público, a Ordem defende a honra e a independência da profissão médica  que ela representa junto à totalidade da sociedade francesa (poderes públicos, cidadãos…). Ela é a única  instituição  francesa que reúne e federa a totalidade dos médicos, qualquer que seja os estatutos deles, as idades, os modos de exercício e suas especialidades. 

    A Ordem dos médicos é encarregada, pela lei, de velar  por uma  permanência dos princípios de moralidade, de probidade, de competência e devotamento indispensáveis ao exercício da medicina. E pelo  respeito, por todos os médicos, dos princípios do código de deontologia médica.
     

    A Ordem dos médicos  garante a qualidade  dos  cuidados oferecidos à população. Em virtude disso, o médico é o interlocutor privilegiado dos pacientes. Ele trabalha, no cotidiano, afim de  preservar a qualidade  e a singularidade  da relação  médico-paciente, um dos elementos fundadores  de nosso sistema de saúde. 

     

    4. QUANDO OS AVÓS SE TORNAM INDISPENSÁVEIS

    Referência: Sciences Humaines n°44, 

    Existem cerca de 13 milhões de avós na França e eles são diferentes daqueles das gerações  passadas: eles têm uma saúde melhor, praticam mais esportes  e têm uma esperança de vida mais longa. Sendo ainda relativamente jovens, eles  são mais numerosos a exercer uma atividade: 30%  dos  50-59 anos  são ao mesmo tempo avós e empregados.

     

    Dois quintos dos avós franceses tomam conta de seus netos cada semana. Os avós atuais capitalizam assim um número não negligenciável de horas  de guarda dos seus netos. 23 milhões de horas por semana, ou seja, quase tanto quanto o volume de horas de trabalho  das assistentes maternais.


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