Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Junho de 2016 - Vol.21 - Nº 6 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on
line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão
lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar
traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a
psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões
e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de
sites. Qui sommes- nous ? France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on
line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression
lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des
traductions et des articles en français et en portugais concernant la
psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques
habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et
d’associations, sélection de sites 1.
RETORNO AO PENSAMENTO DE PIERRE JANET (Primeira parte) Referência :
Elsa Ribeiro Hawelka Pierre JANET foi um dos maiores psicólogos franceses. Sua obra fundamental, O
Automatismo psicológico, foi publicada em 1889. Depois disso a sua
carreira assinalou-se por estudos igualmente pouco comuns: Neuroses e ideias
fixas, as obsessões e a psicastenia, as medicações psicológicas. Da angústia ao
êxtase, entre outros estudos. Paradoxalmente, após haver escrito essa obra imensa, ele foi quase
esquecido na França. Pouco a pouco seus livros foram escasseando nas livrarias,
seus escritos desaparecendo dos programas universitários, seu pensamento
deixando de ser transmitido. Inversamente, ao passo que Pierre JANET sofria tal declínio na sua
própria pátria, continuou ele, longe de seu país, a usufruir de grande
prestígio. Era conhecido e reverenciado na América Latina (ele esteve em 1934
no Brasil, onde proferiu uma série de conferências). Alguns dos seus textos
foram traduzidos para o português; grande número deles para o espanhol; outros
para o alemão e o inglês. Em Washington, na Biblioteca do Congresso, há até um
exemplar de « Neurose e ideias fixas » traduzidas para o russo. Além das traduções, existem, em diversos países, textos recolhidos por
vários alunos de Janet que foram a Paris a fim de seguir suas aulas e que, de
volta à pátria, expuseram o que haviam aprendido com o Mestre. Citemos duas
obras publicadas na Escandinávia, uma em sueco, outra em inglês. Lembremos que
um médico sul-americano, o Doutor Benjamim Hubert CASO, depois de trabalhar na
França durante um ano ao lado de Pierre Janet, escreveu, ao voltar ao Chile, um
livro sobre A psicologia de
Pierre JANET. Também A Psicologia das emoções, uma das obras
principais do grande psicólogo, que foi traduzida no México (‘’La Psicologia de
las emociones’’). Mencionemos igualmente o trabalho do Doutor Leonhard SCNHARTE, suíço de língua alemã, publicado em
1939, o qual, durante muito tempo, foi à obra mais documentada sobre Pierre
JANET. Mas foi principalmente na parte sul da América de língua inglesa que a
influência de Janet foi muito mais profunda do que se pensa em geral. Janet
está ali integrado na história da psiquiatria, tão conceituado como Philippe Pinel ou Esquirol. Mais ainda: lá o consideram como um
dos representantes da psiquiatria contemporânea antifreudiana, (com ou sem
razão ? veremos mais adiante). Percival BAYLEY, de Chicago, é um dos
norte-americanos que mais profundamente sondaram a obra de Pierre JANET. Ele
escreveu uma síntese muito rica dedicada à Psicologia do comportamento.
Outro autor norte-americano de língua inglesa demonstrou o quanto os pontos de
vista de Janet podiam interessar a psicologia da indústria e do comércio. Convém ainda citar o testemunho do Reverendo Walter ORTON, Professor de
Teologia no Seminário Protestante de Nova Iorque, o qual passou as férias do
ano sabático em Paris, em 1922-1923, precisamente quando JANET professava sobre
a Psicologia das religiões. Esse reverendo tomou notas minuciosas durante todo
o curso e, de volta ao seu país, publicou-as sob a forma de um trabalho que não
chegou a ser conhecido na França. Isso demonstra o lugar que, já em 1922-1923 JANET atribuía a esses problemas de
misticismo. No Canadá, Pierre JANET também conta com admiradores.
Na província do Quebec, por onde JANET viajara, existe um
hospital que traz o seu nome. Mas é preciso citar principalmente o
psiquiatra Henri F.
ELLEMBERGER que, no seu grande livro « The Discovery of
the Inconscious », dedicou oitenta páginas a Pierre JANET, tornando-se o seu
biógrafo mundialmente conhecido. Disse esse psiquiatra: « Há sem
dúvida poucos sábios cujo renome tenha sofrido um eclipse tão estranho como o
de Pierre JANET(…). Mas o que foi que aconteceu, na França, para que tenhamos assim descurado
durante tanto tempo, um dos homens mais notáveis de nosso século ? É preciso ter a coragem de reconhecer uma das principais causas desse
desapego: há anos que estamos sendo influenciados pelo pensamento freudiano. Na
França, FREUD está em toda parte. É certo que existem outros países nos quais a contribuição freudiana
desenvolveu-se com toda razão. Mas entre nós, levando talvez em conta a
dimensão restrita do território e a densidade das correntes intelectuais que lá
se agitam, quando um dogma consegue impor-se, chega algumas vezes a exercer um
verdadeiro fascínio sobre a sociedade. Toda a história da França, a
começar pela Revolução
Francesa, foi marcadas pela onipotência das ideias. Deu-se o mesmo com o
pensamento freudiano que, pode-se dizer, dominou grande parte de nossa
psiquiatria, sem mencionar sua influência sobre os nossos sistemas filosóficos,
pedagógicos e religiosos. Resumindo: na França, à medida em que Freud se elevava, Janet declinava,
e bem cedo sua estátua se cobria de poeira. Foi dito às vezes que a oposição entre os dois baseava-se em raros
mal-entendidos Essa afirmação parece bem discutível. É verdade que JANET e FREUD partiram das mesmas bases: -Estudaram os mesmos doentes: primeiro, os histéricos. E, durante certa
época, tiveram sem dúvida as mesmas ideias a propósito desses doentes. -Utilizaram tanto um como outro, no início de suas carreiras, o mesmo
método, a hipnose. -Ouviram ambos o mesmo Mestre, CHARCOT, na Salpêtrière, em 1889. -Tiveram a mesma inspiração: a descoberta do Inconsciente. Entretanto, de ano para ano, de publicação em publicação, de
congresso em congresso, as divergências entre os dois homens atingiram
paroxismos. Porque tais tensões? Nunca é de bom tom evocar velhas
pendências pessoais. Citemos apenas um texto escrito por Pierre JANET em 1923,
no qual ele deixa transparecer o seu ressentimento:’’O Senhor Doutor Sigmund Freud, de Viena, (…) denominou psicanálise
o que eu denominara análise psicológica; chamou complexos o que eu havia
chamado sistema psicológico, para designar este conjunto de fatos da
consciência e de movimentos, tanto dos membros como das vísceras, que
permanece associado para constituir a recordação traumática; considerou como
recalque o que eu relacionava com um estreitamento da consciência, e batizou
catarse o que eu designava como uma dissociação psicológica ou como uma
desinfecção moral. Mas, principalmente, o transformou uma observação clínica e
um procedimento terapêutico com indicações precisas e limitadas, num enorme
sistema de filosofia médica’’(La Médecine
psychologique, 1923, p. 41). Tal foi o tom da polêmica que opôs os dois homens ao longo dos seus
destinos. -FREUD não assistia no Congresso de Londres em 1913 para responder a
Janet quando este lançou, com excesso, os mais violentos ataques contra a
psicanálise. -JANET não foi recebido por FREUD, em Viena (1937), quando, pela
primeira vez na vida, já no ocaso das longas carreiras de ambos, JANET
pediu-lhe uma entrevista. Finalmente, através desses diálogos de surdos e esses desencontros, os
dois homens jamais se encontraram. Teriam essas divergências fundamentais entre FREUD e JANET podido
atenuar-se e até desaparecer? É possível. Por exemplo, JANET era pouco organicista. Não era nada favorável à
Teoria das Constituições. Estava intensamente convencido da parte conflictual
dos distúrbios psíquicos. Como a de FREUD, sua atitude clínica era um olhar, uma
escuta, uma espera. Portanto, além das divergências teóricas referentes, por exemplo, à
extensão da noção de sexualidade, à dinâmica dos sentimentos ou das pulsões,
aos mecanismos de defesa, ao recalque, aos matizes entre Subinconsciente e Inconsciente, teriam estes dois grandes homens
podido achar pontos de encontro e de entendimento? Isso, com toda certeza. Inversamente, o que os psicanalistas freudianos dificilmente poderiam
perdoar a JANET, era a sua recusa absoluta duma sistematização dogmática da
abordagem terapêutica. 2. SOBRE A HISTÓRIA DA LOUCURA (Primeira parte) Referência: Patrice Gelinet, “2000 Anos de História”,
rádio France Inter, 3/09/2009. Convidado; Claude QUETEL. «Os homens chamaram-me de louco,
mas a ciência ainda não nos ensinou se a loucura é ou não é o sublime da
inteligência. » Os loucos existem desde os tempos mais recuados da história, antes mesmo
de serem assim denominados. A história da loucura não começou com Michel Foucault, ela existe desde os tempos
imemoriais e, de certa maneira, ela não mudou até hoje. O que mudou foi o seu
diagnóstico, seu tratamento e nossa maneira de observá-la. A noção de loucura deu lugar a debates incessantes ao longo da história.
Seria uma doença do corpo ou da alma? Seria a consequência de uma
insuficiência física ou psíquica? De um castigo de Deus ou da obra do
diabo? Ela é ou não é o “sublime da inteligência”, como escreveu Edgard Allan Poe ? A loucura foi tratada de diferentes maneiras e os tratamentos
variavam em função das respostas dadas a essas questões. Os loucos eram
encarcerados, trancados em asilos, internados em hospitais. Mas, como há
2000 anos, esperava-se muitas vezes um milagre. A loucura incomoda, perturba. Eu conheci os idiotas da
aldeia, mas agora há menos tolerância porque essas pessoas são encerradas. Na Bastille, só havia loucos. Mas uma questão
permanece: loucura ou doença mental ? Eu sou um historiador, eu investigo. Será que a loucura existe realmente ou não ? Se existe, desde
quando? Para mim, ela existe desde a antiguidade. Foi o caso dos alucinados. A palavra loucura tem dois sentidos: o do
insensato que não faz nada como os outros, e o da doença. A palavra psiquiatria pode ser datada, ela aparece no
dicionário em 1842, mas ela existia antes. Ela é uma criação, um momento
na história da medicina. Desde o início, a loucura não foi levada em conta, do ponto de vista
financeiro, pelo Estado. Assim, ela não era tratada por causa da ausência
dos cuidados. Os loucos não interessavam ninguém, nenhuma pessoa se preocupava
por eles, e os responsáveis não faziam nada. Mas ela é uma realidade na medida
em que os loucos existem e que pessoas ocupam-se deles. Desde a antiguidade existiu uma nosografia: os delirantes, os maníacos, os
melancólicos, os hidrofóbicos. Foi à Grécia politeísta da antiguidade que mais
refletiu sobre a relação entre a medicina e a filosofia (contribuições
recíprocas através da noção de doença da alma). A teoria sobre a doença
da alma precede a maneira de tratar. O monoteísmo mistura loucura e
pecado. Os deuses da antiguidade parecem com os homens: eles são ciumentos e
vindicativos. A propósito das curas na antiguidade: no início havia meios consistindo
em evacuar os humores ruins, havia a sangria, a ventosa, os vomitivos,
era preciso distrair os doentes, passear com eles. Mas também já existia uma
dimensão relacional! Conversava-se com o doente, davam-lhes conselhos, os
pacientes escutavam músicas. Contudo, havia um lado punitivo, por exemplo,
quando os doentes eram amarrados e suspensos em lençóis. Na realidade, existem
em muitos países uma capacidade de encarar os loucos de outra maneira que
no ocidente. No Século XIX: na Salpêtrière, Esquirol continuou a obra de Pinel, notadamente no que diz respeito ao
tratamento moral. Mas o tratamento não é moral, o que Pinel queria dizer
é que o tratamento não era físico. A cidade do alienado podia se tornar um
instrumento, um agente terapêutico. Se os loucos eram acorrentados da Idade Média, não era por crueldade, mas por causa da
falta de meios e isto para impedir que os loucos não fizessem bobagens em
toda parte. A lei de 1938 é importante. Ela chegou tarde, aliás,
os loucos eram chamados de Alienados e insensatos na época. A Lei que foi enfim
votada, era uma lei de finanças. Os Alienados internados eram
considerados como perigosos para eles mesmos ou para os outros. Eles
perturbavam a ordem pública. Os loucos sempre existiram. A loucura não esperou por Michel Foucault para que falem dela. O que mudou, não foi a loucura mas seu diagnóstico, suas
características e as diferentes maneiras como a percebemos. A loucura seria uma
doença do corpo ou da alma? Existem diversas maneiras de tratar a loucura: pela medicina, pelo
enclausuramento, pelo milagre. Jesus expulsou um demônio furioso na cidade
de Capharnaüm. Em função das crenças num único deus ou em vários, a loucura era tratada de maneira diferente. No Antigo Testamento (L’Ancien Testament ) os deuses eram violentos, vindicativos e tratavam os loucos de maneira muito dura. No Novo Testamento, o Deus único não tinha muito inspiração. Os deuses gregos e latinos toleravam melhor a loucura, e os filósofos gregos fizeram uma reflexão médico-filosófico sobre a noção de doença da alma, 500 anos antes de Cristo.-Informations et inscriptions : www.asm13.org.rubriqueEnseignement /Colloques -informations et inscriptions : Docteur Jean-Jouis
GRIGUER - [email protected] -Informations et inscriptions : AFP- Téléphone 01 42 71
47 11 secretariat@psychiatrie-française.com -Informations et inscriptions : www.aleph-savoirs-et-clinique.org -Informations et inscriptions : AFP- Téléphone 01 42 71
47 11 secretariat@psychiatrie-française.com -Informations et inscriptions : www.arspg.org *Au plus près du mal : une psychologue à la Brigade criminelle Paris :Grasset- 2015- Br.- 17 Euros *Jouer à
La Borde: théâtre en psychiatrie CACHIA Henri Saint-Georges- d’Oléron : Ed. Libertaires-2015-Br.-13 Euros *Corps et symptômes ASSOUN Paul-Laurent Paris ; Anthropos-2015-Br :-28
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risques et chances : petit traité de psycho-gérontologie MONTFORT Jean-Claude Paris : Lavoisier
médecine - 2015- Br.- 49 Euros La Lettre de Psychiatrie Française 6. ASSOCIAÇÕES CIENTÍFICAS
MEMBROS DA FFP *Association Française de Psychiatrie et Psychologie Légales (Afpp) *Association Française de
Thérapie Comportementale et Cognitive (Aftcc)
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