Psyquiatry online Brazil
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Volume 22 - Novembro de 2017
Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello

Março de 2016 - Vol.21 - Nº 3

France - Brasil- Psy

Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO

Quem somos (qui sommes-nous?)                                  

France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on  line”oferto aos  profissionais do setor da saúde mental de expressão  lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de sites.

Qui sommes- nous ?

France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des traductions et des articles en français et en portugais  concernant la psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et d’associations, sélection  de sites

SOMMAIRE (SUMÁRIO):

 

  • 1. MARIE BONAPARTE, MECENA E AMIGA DA PSICANÁLISE (primeira parte)
  • 2. FREUD CONFRONTADO AO NAZISMO NA ALEMANHA
  • 3. REUNIÕES E COLÓQUIOS
  • 4. LIVROS RECENTES
  • 5. REVISTAS
  • 6. ASSOCIAÇÕES CIENTIFICAS MEMBROS DA FFP


  • MARIE BONAPARTE, MECENA E AMIGA DA PSICANÁLISE .(primeira parte)

     

    Referência: Rémy Amouroux

    Tradução: Eliezer de Hollanda  Cordeiro

     

    Paciente e amiga de Freud, Marie Bonaparte desempenhou um papel essencial  na difusão da psicanálise na França.

    COMO ERA A VIDA DE MARIE BONAPARTE ANTES DE SEU ENCONTRO COM FREUD ?

                   

    Bisneta de Napoléon Ier

    , ela tornou-se princesa da Grécia e da Dinamarca através de seu casamento. Nascida em 1882, ela passou sua infância relativamente reclusa, cercada de preceptores. Sua avó proibiu-lhe  passar o bacharelado, temendo que ela fosse recusada por ser uma Bonaparte. Graças a seu pai, um apaixonado pela geografia e a antropologia, ela encontrou Gustave Le Bon, cientista diletante, porém  muito cultivado, que se interessava também pela  equitação, pela teoria da relatividade, pela antropologia, bem como  pelos trabalhos sobre a  sexualidade. Ela tornou-se sua aluna e até o criticou, mas foi marcada por ele durante a vida inteira. Graças a Gustavo Le Bon, Marie Bonaparte conheceu médicos e científicos, entre os  quais alguns se tornarão seus amantes. Gustave Le Bon aconselhou-a também  a escrever seu primeiro livro, ‘’Guerras militares e guerras sociais’’, em 1920, retomando cada  capítulo quase de maneira literal. Mesmo assim, ela não foi  considerada como uma intelectual. Os jornais falaram de seu livro porque ela era uma Bonaparte e porque o livro fora editado numa  coleção  muito famosa de Flammarion, A biblioteca de filosofia científica, aliás, dirigida pelo próprio Le Bon. O livro teve um grande sucesso, embora não fosse nem literário nem científico.

     

    PORQUE  ELA COMEÇOU A SE INTERESSAR POR  FREUD, NOS MEADOS  DE 1920, AOS 40 ANOS? 

     

    Sofrendo  de diversas doenças, Marie Bonaparte foi consultar médicos franceses pioneiros da psicanálise, mas ela decide, rapidamente, de consultar o próprio mestre. Freud, após haver hesitado, findou seduzido por esta princesa descendente do Imperador. Ela transportou várias vezes os móveis que possuía para um hotel vienense e isto em função do número de sessões hebdomadárias que tinha (entre três e cinco sessões). Assim, ela findou obtendo uma entrevista com Freud.

     

    SUA ANÁLISE PODE SER CONSIDERADA COMO UM  SUCESSO ?

     

    A questão é delicada! Quais são os critérios permitindo dizer que uma análise foi bem sucedida? Em todo o caso, a análise lhe deu certa serenidade, um bem-estar, sem que ela se tornasse verdadeiramente equilibrada. Foi nesta época que ela se submeteu a um número surpreendente de intervenções cirúrgicas, que muitas pessoas qualificaram de « bárbaras », de tal maneira elas se aparentavam a uma  mutilação. De fato, foi preciso reaproximar o clitóris do meato urinário para vencer a sua frigidez. Marie Bonaparte, com  seu cirurgião teorizou ela mesma este princípio. Ela teria discutido sobre vários casos similares ao seu, notadamente num artigo que  assinou com outro nome. Porém, a realidade de tudo isto é difícil de ser estabelecida.

    Ela escreveu  ter observado a mesma coisa em centenas de mulheres, sem demonstrar a realidade do que disse. Contudo, Marie Bonaparte manteve uma correspondência sobre esta questão com Marthe Francillon-Lobre

    , uma das primeiras mulheres que se tornou interna dos hospitais de Paris.

     

    ELA TAMBÉM  ANALISOU ALGUNS  CONTEMPORÂNEOS...

     

    Seu primeiro paciente, Valerio Jahier, jornalista, escritor e colaborador da revista Esprit, amigo do crítico de cinema Ítalo Svevo, estava muito doente queria se matar o que, sem dúvida, muito influenciou Marie Bonaparte. Ele também analisou sua futura secretária, Anne Berman, que se tornará a tradutora de Freud. Marie Bonaparte  publicou  um belo texto de Edgar Allan Poe, em três volumes, constituindo a psicanálise exaustiva do seu trabalho. O texto é caricaturado em alguns aspectos, muito rígida, mas ambicioso. A marca tem idade, mas vale a pena ler.

    ELE CRIOU NA FRANCE A SOCIÉTÉ PSYCHANALYTIQE DE PARIS EM 1926, LA REVUE DE LA

    PSYCHANALYSE EM 1927, L’INSTITUT DE PSYCHANALYSE DE PARIS EM 1934 ... SERA QUE,  EM

    SEGUIDA, ELA SUPEROU SUA REPUTAÇÃO DE DILETANTE?

     

    Novamente, é difícil dar uma opinião definitiva. Ela era uma mulher sem formação acadêmica era até  contra isso. Mas era uma amiga de Freud também  muito rica. Além disso, foi autora de trabalhos psicanalíticos hoje esquecidos. Tudo parece indicar que, para seus contemporâneos, suas teorias muito biologizantes da psicanálise são consideradas originais e interessantes.

    Foi ela quem insistiu para  Freud fosse se exilar em Londres, em 1938, após  salvar sua correspondência ...

    Ela ajudou Freud a pagar o montante necessário para ele sair da Áustria, depois que esta foi invadida por Hitler e, como ela conhecia a vasta correspondência de Freud, ela comprou cartas de Freud dirigidas a seu amigo Wilhelm Fliess. Contra a opinião de Freud, ela preservou e participou  da distribuição dessas cartas...

    Além da correspondência com Fliess, Marie Bonaparte conseguiu obter a  correspondência de Freud com os dois médicos oncologistas que tratavam o câncer dele . Ela pediu também aos médicos  para dar-lhe as informações sobre a saúde de Freud, importante para os historiadores. Após a Segunda Guerra Mundial e seu exílio na África do Sul, ela será percebida  como uma relíquia  dos primórdios da psicanálise.

     

    ELA  FUNDOU E FINANCIOU A SOCIEDADE PSICANALÍTICA DE PARIS EM 1926,  A REVISTA FRANCESA DE PSICANÁLISE EM 1927, O INSTITUTO PSICANALÍTICO DE PARIS EM 1934… SERÁ QUE ELA CONSEGUIU SUPERAR SUA REPUTAÇÃO DE DILETANTE ?

     

    Mais uma vez, é difícil adotar uma opinião definitiva sobre esta questão. Ela é uma mulher, não teve formação universitária mas foi uma íntima de Freud , sem esquecer que era também muito rica Além disso, foi autora duma obra psicanalítica hoje um tanto esquecida.Tudo parece indicar que, para seus contemporâneos , suas teorias muito biologizantes da psicanálise foram consideradas ao mesmo tempo originais e interessantes.

     

    FOI ELA QUEM  INSISTIU PARA QUE  FREUD  FOSSE  SE EXILAR  EM LONDRES  EM  1938 , SALVANDO AO MESMO TEMPO  SUA CORRESPONDÊNCIA ...

     

    Ela emprestou a Freud à quantia necessária para que ele pudesse deixar a Áustria anexada, e, como Marie Bonaparte deu muita atenção à correspondência que trocaram, ela comprou as de Freud enviadas a seu amigo Wilhelm Fliess. Contra a opinião de Freud, ela conservou-as e foi  promover  sua divulgação, porém suprimindo os escritos problemáticos, irreverentes, inoportunos, o que lhe valeu muitas críticas. Além das cartas trocadas com Fliess, ela foi procurar a correspondência integral de Freud, principalmente com teóricos, mas também com os  cancerologistas que cuidavam dele. Aliás, ela pediu a esses últimos para conservarem todas as informações  relativas à saúde de Freud, informações indispensáveis para os historiadores. Depois da Segunda Guerra Mundial e de um exílio na África do Sul, ela passou a ser vista como uma imagem datando dos primórdios da psicanálise.

     

    MARIE  BONAPARTE E ANNA  FREUD, A FILHA  DE  FREUD FORAM  MUITO  LIGADAS, AO  PONTO  DE ANALISAREM  RECIPROCAMENTE  SEUS  PRÓPIOS  SONHOS. EXISTIRIAM  INDÍCIOS DE SEUS SONHOS RESPECTIVOS E DAS SUAS INTERPRETAÇÕES?

     

    Muito poucos porque a correspondência entre elas havia sido  reservada para uma comunicação em Paris. Algumas cartas, preservados em Washington, mostram que elas abordam frequentemente esta questão.

     

    MARIE BONAPARTE E JACQUES LACAN SE DETESTAVAM, EM PARTE  PORQUE ELA QUERIA ATRELAR A PSICANÁLISE A BIOLOGIA, ENQUANTO ELE DESEJAVA UMA APROXIMAÇÃO COM AS CIÊNCIAS HUMANAS.

     

    Marie Bonaparte e Jacques Lacan tinham pontos de vistas diferentes, ela queria vincular a psicanálise à biologia, enquanto ele queria uma reconciliação com as ciências humanas...

    Naquela época, Lacan era um jovem psiquiatra pouco conhecido, mas que havia mostrando qualidades intelectuais inegáveis. Marie Bonaparte não tinha esta opinião, ao contrário,  ela achava Lacan pedante, arrogante, mas nas cartas que trocaram, ele se mostra portuguesa: atencioso.Eles tentaram  evitar a divisão de 1953, a qual levou Lacan a criar o seu próprio grupo.

     

    NOS ANOS DE 1950, MULHERES PSICANALISTAS FORAM ACUSADAS DE EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA. O QUE MARIE BONAPARTE PENSOU SOBRE ISTO, NAQUELE MOMENTO  EM  QUE FREUD ACONSELHOU-A A SE TORNAR MÉDICA?

     

    Freud desaconselhou Marie Bonaparte porque ele queria autonomear sua disciplina, o que implicava escrever  um projeto político e estratégico inteligente. De uma maneira geral, Marie Bonaparte tinha um respeito profundo pela corporação médica, porém ela era, paradoxalmente, sensível à causa daquelas que não eram médicas: ela apoiou financeiramente e intelectualmente as mulheres piscanalistas que sofriam ameaças jurídicas, enviou-lhes seu  advogado e pediu aos seus amigos médicos para atestarem, no tribunal, a legitimidade de uma prática psicanalítica sob controle médico, combatendo assim a decisões da  Ordem dos médicos.

     

    POR QUE ELA COMEÇOU A SE INTERESSAR POR FREUD  EM MEADOS DOS ANOS DE 1920, 40 ANOS ATRÁS?

     

    Sofrendo de várias doenças, ela pediu para ver médicos franceses pioneiros da psicanálise, mas depois preferiu contatar Freud. Ela conseguiu obter uma entrevista com ele, o qual, depois de hesitar, ficou seduzido por esta princesa descendente do Imperador. Ela mudou várias vezes de  hotel em Viena, em função do número de sessões que ela tinha com Freud (três, quatro, ou cinco sessões semanais).

     

     

    2. FREUD  CONFRONTADO AO NAZISMO NA ALEMANHA

    Referência: revista  Psychanalyse à l’Université, Janeiro de  1986.

    Autor do artigo: Philippe SOULEZ

     

    Apesar das reservas que podemos fazer quanto à concepção deste livro (textos excessivos, muito variados, insuficientemente apresentados), nós estimamos que o livro de  J.L. Evard merece ser lido. Lembremos o contexto: pela primeira vez depois de 1945, um congresso Internacional de Psicanálise vai ocorrer na Alemanha (em 1985).Será que a questão do nazismo vai ser abordada ou não vai ser ? Esta é uma questão delicada que ultrapassa de maneira evidente, a indelicadeza real ou suposta que existiria  no caso em que certos acontecimentos viessem a ser abordados. O mérito deste livro é precisamente de tratar desta questão e resgatar a amnésia dos leitores não francófonos.

    Mais além da conjuntura, o propósito explícito de  J.L. Evard é de tentar novamente estabelecer uma relação entre a questão judia e a psicanálise, a partir do problema institucional resultando do arianismo do Instituto de psicanálise de Berlin e da  Sociedade psicanalítica alemã (D.P.G).

    Em 17 de abril de 1933 Erwin Bohm vai a Viena para informar  Freud das intenções do governo nazista, precisando  que ‘’uma mudança da presidência do (D.P.G) não mudaria a decisão do governo consistindo em proibir a psicanálise’’. O leitor atual não pode deixar de se perguntar por que tal questão  foi colocada  naquele momento. Haveria uma razão para continuar a discutir sobre esta questão? Teria sido possível tentar salvar qualquer coisa?Käte Dräger, parece pensar que isto teria sido possível quando ela escreveu : ‘’nós os candidatos e auditores, sentíamos que o Instituto (durante o período 1933-1937), mesmo extremamente reduzido, como se fosse um oásis no meio do deserto espiritual da época, e nossa coesão, nos davam o sentimento de trabalhar nas catacumbas ‘’ (pg.52). Talvez, mas qual seria o preço que devíamos  pagar ao manter este oásis provisório?  Não seria melhor optar imediatamente pelas catacumbas? Ou constatar que nenhuma sociedade analítica ou que nenhuma prática analítica seriam possíveis num tal contexto?

    Esta questão permaneceu até a visita de Erwin Bohm  a Viena em 1937. Freud interrompeu uma longa exposição de Boehm (três horas…) para deixar a reunião: ‘’Já não suporto mais’’, teria dito, nós os judeus temos sofrido durante séculos por causa de nossas convicções, agora é a vez dos colegas cristãos de se habituarem  a sofrer pelas suas convicções’’. Sem dúvida,  percebemos nesta declaração de Freud a razão profunda de sua atitude. Ele teria pensado que o nazismo seria  a generalização da perseguição tradicional  contra os judeus, ajuntando em seguida um comentário um tanto amargo e ao mesmo tempo engraçado: agora é a vez de vocês, os ‘’cristãos’’. A generalização da perseguição transformou, contudo, profundamente os dados do problema. Com o nazismo, a perseguição se tornou totalitária. As fórmulas tradicionais da resistência judaica estavam mais fracas, porém persistia a convicção da necessidade de preservar, de concessão em concessão, alguma coisa ao mesmo tempo essencial e transcendente. Tais fórmulas não serão provavelmente mais possíveis, tanto mais que o objetivo a preservar não era a ‘’mensagem’’ religiosa, mas a psicanálise.

    Dito de outra modo, Freud parece fazer de repente  a concessão que ele não devia fazer: o abandono do seu  próprio nome. René  Major, notou que as posições de Freud são contemporâneas da elaboração de Moisés e o Monoteísmo. Freud, que questiona neste livro e tenta mesmo de destruir a reputação do ‘’grande homem’’, não queria se encontrar diante do nazismo na posição de ser ele mesmo um ‘’grande homem’’. Contudo, foi o que aconteceu. Ele era visto desta maneira pelos seus discípulos. Ele é a referência dum grupo. Freud não podia então, em função de uma moral que leva em conta a sociabilidade, assumir esta posição?

    Podem objetar-me, com razão, que semelhante posição não é analítica. Estamos próximos do fundo do problema. Sem querer escrever coisas sobre um dos pontos mais fundamentais da articulação da psicanálise e do social, nossa resposta pessoal seria que a socialidade ‘’analítica’’ não existe. Nenhuma forma de sociabilidade constituída em torno da psicanálise (‘’escola’’, associação, ‘’internacional’’, ‘’sindicato’’) escapa dos problemas habituais  da sociabilidade. O nome de Freud,  o‘’Freud disse’’ não podia de maneira legítima numa tal conjuntura, servir de proteção. Freud podia impor uma decisão em sua qualidade de chefe ; ou ainda - o que não é a mesma coisa- tomar posição contra o nazismo em sua qualidade de ‘’intelectual ‘’-segundo a definição deste termo dado num artigo recente de Maurice Blanchot (1).Notemos contudo que Blanchot  relaciona também a questão do intelectual com a questão dos judeus.  Não era o momento ideal para Freud, que havia acompanhado apaixonadamente na sua juventude, os desenvolvimentos do processo de Dreyfus para adotar uma posição de intelectual ‘’refratário’’ ? Não se pode dizer que Freud não impunha nada dentro do movimento psicanalítico: ele impunha pontos doutrinais que lhe pareciam fundamentais, aliás  talvez até sem medir que, forçando desta maneira suas próprias descobertas às pessoas que não haviam percorrido a mesma trajetória que a dele, ele só lhes deixava a possibilidade de escolher entre a dissidência ou a submissão.Como é que uma pessoa poderia suportar que se lhe impusesse um saber sobre a sua verdade pelo desvio exterior da adesão a um grupo e mesmo à condição de aderir ao mesmo?

    Nós acrescentaremos ainda uma questão sobre a atitude de Freud diante do arianismo do grupo de Berlim. Esta atitude de Freud, a nosso ver pouco satisfatória, se explica em parte pelas relações  que Freud tinha com a Alemanha. O fato de haver sido reconhecido-enfim- pela ciência ‘’alemã’’ nos anos de 1920, contou muito para ele. A anulação deste reconhecimento teria sido muito penoso  para Freud. Ao contrário, a atitude dele em Viena ap­ós o Anchluss foi muito menos hesitante. Um simples pedido de opinião aos amigos que estavam ao seu lado foi suficiente para que Freud  tomasse a decisão de cessar suas atividades. Ele está em Viena na sua terra. Neste caso o parâmetro vienense parece ter sido muito importante.

    Acabamos de insistir sobre o aspecto mais marcante de sua obra. Freud faz referência a outros desafios. Aprenderemos com muito interesse sobre os relatos clínicos do traumatismo dos anos sombrios, concluídos pela derrota sangrante da Alemanha. Também podemos interrogar as relações  entre as ‘’ciências da memória’’ e a psicanálise. ‘’A interpretação (Análise) do dizer dos pacientes coresponde, na ciência histórica, à escolha dos documentos’’, escreveu  R. Lockot (p.32) ,  mas isto implica aventurar-me um pouco. Queremos apenas constatar  que o quadro teórico efetivamente utilizado neste livro é,  no fundo, aquele dos Estudos sobre a histeria: traumatismo, amnésia, sintoma, etc. ‘’Tudo se passa como se despojássemos arquivos guardados numa ordem quase perfeita’’, escreveu Freud a propósito dos sintomas do histérico. O trabalho de J.L.Evard consistiu em arrumar a totalidade dos arquivos dispersos e cuidadosamente  encadeados. Isto não é insignificante.  

     

    * J.L. Evard:’’Les années brunes.La psychanalyse sous les IIIème Reich’’, textos traduzidos em francês  e apresentados por J.L. Evard, Paris, Confrontation.

    3. REUNIÕES E COLÓQUIOS

    MAIO 2016

    * à Lyon, les13 et 14: La Société française de psychopathologie  de l’expression et d’art-thérapie organisa sés journées de printemps sur le thème: ‘’Désir et amour’’.

    -Informations et inscriptions: [email protected] Téléphone 06 10 07 25 69

     

    *à MONTÉLÉGER, Le 27 : dans le cadre du Séminaire de phénoménologie clinique, l’Association Française de Psychiatrie et le Pôle Centre de Psychiatrie générale propose un séminaire sur le thème Temporalité et psychopathologie phénoménologique ‘’Anticipation et psychopathologie’’.    

    -Informations et inscriptions : Docteur Jean-Louis GRIGUER – [email protected]

     4. LIVROS  RECENTES

    *L’esprit de résistance : textes inédits,1943-1983

    JANKELEVITCH  Vladimir

    PARIS : Albin Michel - 2015- Br.- 22 Euros

    *Mes leçons d’antan : Platon, Plotin et le néoplatonisme

    JERPHAGNON Lucien

    PARIS : Pluriel  - 2015- Br.- 8 Euros

    *Portraits de l’Antiquité : Platon, Plotin, Saint Augustin et les autres

    JERPHAGNON Lucien

    PARIS : Flammarion  - 2015- Br.- 9 Euros

    *Qui a peur de la maladie mentale ?

    10 bonnes raisons de se méfier de DMS-5

    CORCOS  Maurice

    PARIS :Dunod - 2015- Br.- 14,90 Euros

    *Nous ne sommes pas seuls au monde : les enjeux  de l’ethno-psychiatrie

    NATHAN  Tobie

    PARIS : Points  - 2015- Br.- 9,10 Euros

    *L’expérience dépressive

    PRIGENT Yves

    PARIS :Desclée De Brower  - 2015- Br.- 9,50 Euros

    *Devenir  humains

    COPPENS Yves

    Paris : Autrement-2015- Br.- 19,00 Euros

    5.REVISTAS

    L’Evolution pychiatrique

    L’Information psychiatrique

    La Lettre de Psychiatrie Française

    6.ASSOCIAÇÕES  CIENTIFICAS

     *Association Française de Psychiatrie et Psychologie Legales (Afpp)

    *Association Française de Thérapie Comportementale et Cognitive (Aftcc)

    *Association Francophone se Formation et de Recherche en Thérapie Comportementale et Cognitive  (Afforthecc)

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