Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Março de 2016 - Vol.21 - Nº 3 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on
line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão
lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar
traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a
psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões
e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de
sites. Qui sommes- nous ? France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on
line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression
lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des
traductions et des articles en français et en portugais concernant la
psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques
habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et
d’associations, sélection de sites 1.PROPÓSITOS
SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE PSICANÁLISE E LITERATURA NA FRANÇA (SEGUNDA
PARTE) Bernard Pingaud abordou a questão das relações entre
psicanálise e literatura num importante artigo intitulado Les contrabandiers
de l’écriture (Os contrabandistas da escritura), publicado em 1979.
Percebemos então que,por trás desse fascínio aparente dos surrealistas pela
psicanálise, existia também uma resistência disfarçada, uma ambiguidade.
Assim, a utilização de André Breton e de seus discípulos tinha também a
finalidade de justificar as idéias desse movimento literário e artístico que se
desenvolveu na França após a Primeira Guerra Mundial. Freud percebeu o mal-entendido e notou o
conhecimento sumário de sua obra pelos surrealistas, as conclusões precipitadas
que tiraram da Interpretação dos sonhos, a fim de justificar, como diz Bernard Pingaud, « a escritura automática, a
maneira de conceber a imagem, a primazia dada aos valores oníricos e ao
discurso espontâneo(…) o incentivo às produções dos doentes mentais, inclusive
até mesmo o delírio » (idem pg. 145). Assim, escrevendo a Stefan Zweig, Freud (1979) tratou os surrealistas de loucos,
antes de modificar a sua opinião após um encontro com Salvador Dali. Por sua vez, o pintor espanhol descreveu
esse encontro : ‘’ Fui visitar Freud com Stefan Zweig. Antes de
despedir-me, quis oferecer-lhe um exemplar de uma revista que havia publicado
um artigo de minha autoria sobre a paranóia. Freud não cessava de me olhar de maneira fixa, sem
prestar a mínima atenção ao que eu lhe mostrava. Ao mesmo tempo em que ele me
observava, como se quizesse penetrar-me a realidade psicológica com a
totalidade de seu ser,ele voltou-se para Zweig e lhe disse :« Nunca
ví um espanhol tão fanático (Idem pg.299) !’’ Freud escreveu
também que os casos descritos nos ‘’ Estudos sobre a histeria ’’ podiam ser lidos como se fossem romances.Aliás,
não somente os Estudos, como lembrou-nos J.B.Pontalis (1977), mas também o ‘’Projeto para uma
psicologia científica’’,
escrito ‘’como um poema por um Freud movido por uma febre criadora um
tanto louca’’; a análise de Freud com Fliess, feita ‘’através das cartas que trocaram’’; a
narração dos sonhos na ‘’Interpretação dos
sonhos’’ e sua
dimensão romanesca... Pontalis também cita algumas das contribuições de obras
literárias à psicanálise: O Complexo de Édipo, ‘’tragédia antes de virar complexo", Hamlet e a Gradiva, que evoca a ‘’identificação de Freud a Goethe- em Poesia e verdade – e também a Moisés-As Tábuas da Lei’’.Notemos igualmente esses
monumentos da literatura psicanalítica que são ‘’Totem e Tabou’’, ‘’O Mal-estar na
Civilização’’ , ‘’O futuro de uma ilusão’’, ’’Inquietante
extranheza’’, etc.,
obras, portanto, consideradas como fazendo parte da psicanálise dita aplicada,
termo que Jean Laplanche recusa, preferindo falar de psicanálise
exportada ou fora dos muros (1987). Os
comentaristas de Freud salientaram há muito tempo o parentesco do enfoque
analítico, fundado na anamnese do paciente, com a narração, relação
que Freud atribuiu à natureza mesmo do objeto da psicanálise. ‘’Para Freud,o
que acontece na análise e na sua narração é o resultado de uma combinação
frágil, instável, da inteligência e da poesia, cujo modelo é o romance’’, notou
Bernard Pingaud (1979). Donde o inevitável caráter
ficcionista da literatura psicanalítica, qualquer que seja o gênero
adotado : narração de casos,autobiografia,psicobiografia, psicanálise
aplicada… Lembremos também que
psicanalistas importantes reconhecem o quanto devem às intuições e à
sensibilidade dos escritores, colocando-se numa verdadeira postura de
filiação.Outros evocam a admiração, o encanto, as impressões profundas que lhes
suscitaram a leitura de certas obras, ajudando-os a clarificar dimensões
psicopatológicas e clínicas. Enfim, notemos
aqueles que, se arrojando à leitura de certos escritores, reconheceram haverem
desenvolvido capacidades criadoras, ou encontrado a confirmação de suas
próprias descobertas psicanalíticas. Estes exemplos testemunham dessa
imbricação, simbiose, encaixamento, interpenetração entre literatura e
psicanálise. MOMENTOS DE UMA
DISJUNÇÃO Foi assim que, num
clima marcado pela literatura, a psicanálise findou sendo acolhida na França,
desenvolvêndo-se após a Segunda Guerra Mundial, notadamente sob a
influência de Jacques Lacan, que frequentara os meios surrealistas, o que
transparece numa passagen dos Écrits(Escritos), a propósito do seu seminário sobre a
metáfora nas psicoses : ‘’A poesia moderna e a escola surrealista
conduziram-me a dar aqui um grande passo, ao demonstrar que a conjunção de dois
significantes seria suficiente para constitur uma metáfora, se a condição do
disparate das imagens significadas não fosse exigida para a produção da
faísca poética, isto é, para que a criação metafórica existisse’’. (Lacan,
1966). A influência de
Jacques Lacan desenvolveu-se sobretudo após a publicação de seu famoso Relatório
do Congresso de Roma : ‘’Função e campo da palavra e da linguagem
em psicanálise’’(idem). A célebre fórmula de Lacan o ‘’Inconsciente é
estruturado como uma linguagem’’, sua denúncia da psicanálise americana
considerada como adaptativa, o papel preponderante que ele atribuiu ao
significante, seu famoso programa conclamando o ‘’retorno a Freud’’, a
importância da linguística em suas teorias, a criação de uma escola para
desenvolver suas idéias, influenciaram inúmeros psicanalistas e escritores,
transformando inclusive a formação clássica, em obediência ao preceito
segundo o qual « o analista se autoriza a si mesmo ». Desde então a
psicanálise francesa começou a adotar ainda mais uma forma de escritura
literária e uma multiplicação de termos mistos – ‘’nem observações apresentadas
para defender proposições teóricas ou clínicas, nem ficções desligadas de todo
contexto analítico, mas algo situado entre as duas’’, como escreveu Bernard Pingaud (1977).O resultado foi o emprego de um gênero
híbrido meio literário, meio psicanalítico, que muitos utilizam como cartão de
visita para se distinguir, sem que o resultado obtido corresponda às
ambições desejadas. Distinguir-se deve ser entendido no sentido de adotar um
estilo complicado, obscuro, ininteligivel, que nos deixa a sensação clivada de
termos lido algo profundo, mas sem compreendermos nada. Esses escritos
ambíguos, bastardos, suscitam a desconfiança de escritores que se recusam
a considerar seus autores como intelectuais.’’A psicoliteratura , mesmo
sedutora, não parece poder alcançar o estatuto de obra literária’’, como disse Bernard Pingaud, que enumera autores cujos estilos nos
surpreenderam pela elegância exibicionista , a preciosidade, a complacência
narcísica, navegando entre autobiografia e auto-ficção(…) correndo assim
o risco de confundir exposição, expressão e exibição’’ (idem, página 154). A criatividade,
a inspiração, o processo de criação literária continuam enigmáticos para os
próprios criadores e, naturalemnte, para os psicanalistas. Freud, em seus
estudos sobre a arte e a literatura, concluiu que o talento fundamental
do artista escapa à compreensão do psicanalista. Ele insistiu também sobre o
talento não analisável de Fiodor Dostoïevski, descartando a explicação unívoca segundo a
qual a criação artística resulta do processo sublimatório. Freud disse ao
grande escritor austríaco Arthur Schnitzler, em carta datada de 1906 : ‘’Há anos que
me dei conta da profunda semelhança de nossas concepções sobre diversos
problemas psicológicos e eróticos. Sempre perguntei, com muita admiração, como
o senhor obtinha o conhecimento de tal ou tal coisa recalcada, enquanto eu só
podia obtê-lo após um trabalho de investigação. Cheguei antão até a
apreciar o escritor que eu já admirava’’( Freud, 1966). Estamos agora em 1920
e Freud escreve a Stefan Zweig, o grande escritor austríaco que se refugiou
anos depois no Brasil para escapar às perseguições nazistas, mas suicidou-se em
Petrópolis no ano de 1942. Freud agradeceu o livro que
recebeu de presente : ‘’Tres mestres:Balzac, Dickens, Fiodor Dostoïevski, e aproveitou a ocasião para dizer a Zweig que ‘’ele havia perfeitamente
dominado o assunto’’, ao escrever sobre Balzac e Dickens, mas que havia muitas
lacunas no caso de Dostoievski. Apoiando-se na psicopatologia, Freud
ajuntou que ‘’o problema de Dostoievski não era a epilepsia- como escrevera Zweig- mas a histeria(…) e que todos os grandes homens considerados
como epilépticos eram, na realidade, histéricos’’. Em seguida, após
evocar o masoquismo, a necessidade de ser punido e a ambivalência do grande
escritor russo, Freud arrematou que os ‘’sofrimentos do escritor estavam
relacionados com uma punição muito grave que ele sofrera na sua infância,
infligida pelo pai (…) e que sua obra inteira poderia ter sido construida
a partir de sua histeria’’. Mas Freud logo completou, no fim da carta, que ‘’ao
realçar o aspecto patológico, ele não quis diminuir nem explicar o esplendor do
poder criativo de Dostoievski’’. A prudência de
Freud a propósito do processo de criação nem sempre foi adotada pelos
analistas, ao contrário, muitos se lançaram de maneira afoita em análises
críticas da capacidade criadora, segundo moldes interpretativos
freudiano, kleiniano e lacanianao. Donde a constatação de que muitos analistas
agem como leitores todo-poderosos, tomando a obra e o autor como objeto a
interpretar, como faria um hermeneuta diante de um texto sagrado. A partir
de moldes não estabelecidos, até mesmo de ‘’chaves’’, promessas são feitas aos
leitores de que poderão mais facilmente compreender a complexidade de uma
obra. CONCLUSÃO ABERTA Num diálogo com Michel de M’Uzan, J.B. Pontalis denunciou ‘’ O
pressuposto do analista leitor que se instala na posição de um leitor
soberano e que vai nos dizer o que a obra quer dizer’’. (…) Tal
pressuposto constitui o momento em que a psicanálise abordou a literatura como objeto
(…) submetendo-a aos seus próprios poderes de investigação(…) De certa maneira,
a psicanálise separou-se da literatura a partir do momento em que ela quís ser
mais científica, mais metódica (…) tornando-se também pedante’’.(Pontalis,
1977) Pontalis preferiu, ao
contrário, defender a idéia de que ‘’a obra literária (…) coloca o leitor em
posição de analisando (…), põe-lhe em questão e em movimento’’. Antes de
arrematar : ‘’Quando lemos, mergulhamos na leitura, esquecemos o
tempo real, as vezes nos deitamos na cama ou no solo, regredimos, nos
identificamos, não somente às personagens, mas também ao mundo imaginário
da obra. O espaço literário se torna próximo do espaço analítico’’ (
idem). Pontalis abordou
ainda no seu livro Traversée des
ombres(‘’Travessia das
sombras’’),(2003), p.179-181), as analogias que percebia entre a psicanálise
e a escritura dita literária. ‘’Embora as duas fossem muito diferentes
pelos seus procedimentos, exigências e finalidade, creio que são, quero que
sejam próximas. É que eu vejo agir nelas uma palavra em movimento, avançando
para o desconhecido, uma palavra sonhante que tenta livrar-se de tudo o
que constrange no discurso’’. É isso mesmo, ‘’ a
obra literária de Pontalis é indissociável de sua obra psicanalítica(…) mas
ele nunca perdeu de vista a experiência clínica’’, como notou Claude Janin(1997). Uma das razões,
talvez a principal, que levou Pontalis a separar- se de Jacques Lacan –
aliás com quem fez uma análise- foi a questão da importância da linguagem em
psicanálise. Pontalis acreditava sobretudo na escritura e desconfiava muito da
linguagem, da palavra falaciosa, dos conceitos. Sua formação de filósofo
explicaria sua confiança naqueles que diziam procurar a verdade e não nos que
pretendiam havê-la encontrada ? ‘’Precisamos
dos conceitos, (…) sem eles não seria possivel chamarmos a mesa de mesa, o
cachorro de carrocho, nem nos identificar a um ser humano, (…) não poderíamos
julgar, nem sem dúvida perceber formas, talvez nem mesmo amar. Mas devemos, sem
cessar, desprendermo-nos da dominação dos conceitos. Eu desconfio dos conceitos
quando eles pretendem tudo elucidar, [tornando-se então] produtos de um
pensamento desencarnado, assexuado. (…) Os conceitos são nossos
instrumentos diurnos, nada mais. Eles ignoram a sombra, recusam a noite…’’
(Pontalis, 2003, p. 179-181). Há muitos anos foi
organizado na França ‘’Le séminaire Babel’’ (O seminário Babel), no qual
psicanalistas conhecidos, escritores e outros convidados vinham falar de suas
experiências e das obras que mais o encantaram, mas igualmente que mais
esclareceramas dimensões psicopatológicas e clínicas(…) suscetíveis de
servir na prática cotidiana,’’ (Corcos M. 2003). Então porque não introduzir o estudo de textos
literários na formação de futuros psiquiatras, psicólogos e psicanalistas
? Tres exemplos podem
apoiar essa idéia : 1) Lêmbro-me de Daniel Widlochër falando da melancolia no hospital da Salpêtrière e referindo-se a Albertina, personagem de
Proust no famoso ‘’A la recherche du temps perdu’’( Em busca do tempo perdido).
Ele ilustrou a questão da perda do objeto a partir de Marcel Proust. 2) Encontrei na
Internet uma conferência da psiquiatra francesa Claire Gekière, intitulada ‘’A paixão
classificatória em psiquiatria : uma doença contemporänea ?’’ A
autora lêmbranos a paixão de tantos psiquiatras para ‘’selecionar’’, contar,
classificar[…], donde a produção massiça de diagnósticos em psiquiatria e
seus efeitos concretos na prática cotidiana dos cuidados(…) expressão de uma
adesão a um teoria causalista e redutora da complexidade do problema’’ (…) Ora,
na perspectiva sistêmica, ‘’o diagnóstico torna-se um elemento do problema.’’ 3) No artigo, ela
lembra que já foram publicadas 6 versões consecutivas do DSM (Manual
Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais).Tive então a grata surpresa
de ver a referência que a autora fez ao livro de Machado de Assis , ‘’O Alienista’’, em sua tradução francesa.
Como sabemos, o livro foi escrito em 1881 e conta a história de um alienista
que internou em sua casa dos loucos, a quarta parte da população de sua
cidade, em seguida inverteu a sua teoria, libertou os internados e internou as
pessoas que ele estimava sem defeitos. No final, o alienista decidiu
internar-se em nome de suas teorias científicas sucessivas, resumiu Claire Gekière. Relí ‘’O
Cimitério dos vivos’’ de Lima Barreto (Editoras Brasiliense, São Paulo, 1956) o retrato que
ele fez dos psiquiatras(inclusive Antônio Austregésilo), e suas finas descrições do comportamento de
certos pacientes e da psicologia do alienista, me parecem instrutivas e
interessantes. De fato, a capacidade
de identificação dos escritores às personagens que eles criam, permite-lhes
descrever, às vezes de maneira admirável, o Inconsciente, essas forças obscuras mas tão presentes nos
mistérios e na singularidade de nossa vida onírica. *Corcos M. et collaborateurs (2003),
Babel, Psychanalyse et littérature,http://www.carnetpsy.com/Parutions/fiche.asp ?Iid=26&rId=7&archives=Vrai. *Janin C.( 1997).J.B.
Pontalis, In: C. Janin,
« Psychanalystes d’aujourd’hui »,
Paris,PUF. *Lacan J.(1966).Écrits,Paris, Seuil. *Laplanche J.(1967).
Nouveaux fondements pour la psychanalyse,
Paris,PUF. *Mannoni O.(1969).
« Clés pour l’Imaginaire »
ou l’Autre Scène,Paris, Seuil. 16
(pg.5-25),Paris : Gallimard. *Pontalis J.B. (2003) : « Traversée des ombres »,
Paris, Gallimard. *Roudinesco. E.
(1986) « Histoire
de la Psychanalyse en France », tome1,
Paris, Seuil. * PARIS, du 23 au
25 : l’Association de Recherche et de soutien de Soins en Psychiatrie
Générale organise son 14ème congrès annuel sur le thème :
‘’Vers un renouveau de la clinique en psychiatrie- apports des neurosciences et
des technologies’’ -Informations et inscriptions : www.arspg.org * CHOLET, le
25 : l’Association Française de Psychiatrie organise un DPC sur le thème
‘’Dépistage de le maltraitance invantile’’. -Informations et inscriptions ::
AFP – téléphone 01 42 71 41 11- secretariat@psychiatrie-française.com www.psychiatriefrançaise.com AVRIL 2016 -informations
et inscriptions : Docteur Jean-Jouis GRIGUER - [email protected] -Informations
et inscriptions : AFP- Téléphone 01 42 71 47 11 secretariat@psychiatrie-française.com -Informations
et inscriptions : www.aleph-savoirs-et-clinique.org -Informations
et inscriptions : AFP- Téléphone 01 42 71 47 11 secretariat@psychiatrie-française.com -Informations et inscriptions : www.arspg.org *Annuel de L’APF, 2016 Guy Rosolato :
passeur critique de Lacan Association
psychanalytique de France Paris :P.U.F. - 2016- Br.- 25
Euros *Revue française de
psychanalyse. 5(2015), Le sexuel infantile
et ses destins : spécial congrès Congrès des
psychanalystes de langue française(75 :2015, Lyon) Paris :P.U.F. - 2016- Br.- 31 Euros *L’attachement :
approche théorique : le bébé et la personne âgée GUEDENEY Nicole,
GUEDENEY Antoine Issy-les-Moulineaux :
Elsevier Masson, 2016- Br.- 33,50 Euros *Classification française des troubles mentaux
R-2015 : correspondance et transcodage CIM 10 Sous la direction de
Jean GARRABÉ, François KAMMERER, préface Jean-François ALLILAIRE Rennes : Presses
de l’EHESP – 2015-Br.- 37 Euros *Psychopathologie du
travail DEJOURS Christophe,
GERNET Isabelle Issy-les-Moulineaux :
Elsevier Masson, 2016- Br.- 27,90 Euros *Du délire au
désir : les dix propriétés de la clinique analytique FREYMANN
Jean-Richard, PATRIS Michel Toulouse : Érès
- 2016- Br.- 18,00 Euros *La personnalité
narcissique KERNBERG Otto.
F. Paris : Dunod -
2016- Br.- 24,00 Euros *Les troubles limites
de la personnalité KERNBERG Otto.
F. Paris : Dunod -
2016- Br.- 29,00 Euros La Lettre de Psychiatrie Française 5. ASSOCIAÇÕES
CIENTÍFICAS MEMBROS DA FFP *Association Française de
Psychiatrie et Psychologie Légales (Afpp) *Association Française de
Thérapie Comportementale et Cognitive (Aftcc)
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