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Volume 22 - Novembro de 2017
Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello

Junho de 2016 - Vol.21 - Nº 06

Artigo do mês

ATITUDES DE PORTADORES DE HIV/AIDS EM RELAÇÃO À ADESÃO AO TRATAMENTO ANTIRRETROVIRAL

Vanessa Oliveira Mesquita1
Claudio Herbert Nina-e-Silva2

(1) Laboratório de Avaliação Psicológica, Faculdade de Psicologia, Universidade de Rio Verde (UniRV). Mestre em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Professora Substituta de Psicologia Social, Faculdade de Psicologia, Universidade de Rio Verde;
(2) Professor Adjunto, Laboratório de Psicologia Anomalística e Neurociências, LAPAN-UniRV. Grupo de Estudo de Neurociências e Saúde, Faculdade de Medicina, UniRV.

Resumo: O presente trabalho objetivou avaliar a relação entre as atitudes de portadores de HIV/AIDS e a adesão à Terapia Antirretroviral (TARV). A coleta de dados foi através de três questionários estruturados aplicados a 32 pessoas que estavam em tratamento no Serviço de Atendimento Especializado, Unidade de Rio Verde, sudoeste do Estado de Goiás. Os pacientes consistiram em uma amostra homogênea, com elevada frequência de adesão ao TARV. Concluiu-se que, para prever comportamentos de adesão a TARV, deve-se, principalmente, ser por atitudes de base emocional. Além disso, aspectos depressores devem ser focados como fatores de risco, assim como eventos sociais e trabalho.

 

Palavras–chave: Atitudes; pacientes HIV/AIDS; terapia antirretroviral.

 

Introdução

A Terapia Antirretroviral (TARV) é considerada o tratamento mais eficaz para portadores de HIV/AIDS atualmente disponível (OLDENBURG et al., 2016; BOLSEWICZ et al., 2015). A TARV se baseia na baixa de carga viral do organismo, ocasionando assim uma melhora na qualidade de vida do paciente (HUDELSON & CLUVER, 2015).

Segundo os dados do Boletim Epidemiológico AIDS/ DSTS (BRASIL, 2015), ao final de 2014, havia 781 mil portadores de HIV/AIDAS no Brasil. Desse total, 405 mil estavam em TARV. Após seis meses do início da TARV, 365 mil pacientes apresentaram supressão viral.

          Há evidências de que a TARV tem permitido ao paciente portador de AIDS uma maior sobrevida (HUDELSON & CLUVER, 2015; BRASIL, 2009). Em casos diagnosticados entre 1995 e 1996, havia uma expectativa de 58 meses (BRASIL, 2009). Após a introdução da TARV, em relação aos diagnósticos em 1998 e 1999, a sobrevida já chega a 108 meses BRASIL, 2009).

Segundo o Ministério da Saúde (2009), estima-se que haja no Brasil 630.000 casos de diagnóstico para AIDS entre pessoas de 15 e 49 anos. A adesão dos portadores de HIV/AIDS à TARV se apresenta como um desafio para a rede pública de saúde no Brasil e no mundo (OLDENBURG et al., 2016; BOLSEWICZ et al., 2015; VANDORMAEL et al., 2014; BAIN-BRICKLEY et al., 2011; BONOLO et al. 2007; TEIXEIRA et al., 2000). De acordo com Remor et al. (2007), para que a TARV tenha eficácia é necessário que o paciente esteja aderindo a 95% das doses estabelecidas.

A percepção social e a atitude do indivíduo em relação ao tratamento são fatores relevantes na eventual adesão à TARV por parte do paciente (BOLSEWICZ et al., 2015). Aronson (2002) define atitude como a forma de avaliar outros objetos e pessoas e até mesmo ideias, influenciando o comportamento. Desse modo, a atitude em relação a algo é conceituada como um conjunto das reações (convicções, sentimentos, e disposições para agir) que se tem ao avaliar alguma coisa (ARONSON, 2002).

Além disso, a atitude é uma forma eficiente de ver o mundo para poder orientar as ações que o indivíduo tem de forma pensada e pré-planejada (MICHENER et al., 2000). Há a ênfase da atitude como a forma de avaliar outros objetos, pessoas e até mesmo ideias (ARONSON, 2002; RUTTER & QUINE, 2002).

As atitudes só vão predizer um comportamento em três situações: 1) se minimizarem as influências externas; 2) quando a atitude é importante para o comportamento em si, e; 3) por fim, quanto mais potente é a atitude. Essas nem sempre predizem o comportamento devido às influências externas, pois outras influências sociais afetam tanto as atitudes expressas quanto o comportamento que será emitido (MICHENER et al., 2000).

Quando se diz que a atitude é conjunto de ações, cognições e emoções do indivíduo em relação a algo se deve diferenciar as atitudes expressas e as reais. Ou seja, as primeiras são aquelas que o indivíduo expressa ter para ser aceito no meio em que vive pelos iguais. Já as atitudes reais são as que o indivíduo realmente acredita.

As atitudes preveem o comportamento quando ligadas ao comportamento em si, e não de forma genérica, ou seja, quando a atitude é pertinente a uma prática específica. Desse modo, para mudar hábitos na área da saúde, são necessárias campanhas que, através da persuasão, devem relacionar as atitudes das pessoas ao próprio comportamento que deve ser alterado (MICHENER et al., 2000).

Isso decorreria do fato de, quanto mais forte as atitudes, maior a probabilidade de eles predizerem um comportamento (MICHENER et al., 2000; ARONSON, 2002). Há dois componentes principais que definem a força da atitude: o quanto ela é acessível à memória, e que esse grau de força é proporcional à resistência à mudança (ARONSON, 2002; RUTTER & QUINE, 2002).

As atitudes podem ser formadas por meio do processo de aprendizagem e da experiência. (ARONSON, 2002). Ao adquirir conhecimentos sobre o mundo, o indivíduo está tendo um aprendizado. Além disso, o fator aprendido será melhor fixado se houver uma maior conotação emocional, usar mais de um canal sensorial, e se tiver caráter de novidade associado a fatores previamente aprendidos (CHENIOUX, 2003).

Desse modo, o objetivo do presente trabalho foi levantar a atitude e a percepção social de pacientes portadores de HIV/ AIDS em relação à adesão ao tratamento farmacológico antirretroviral.

 

Material e Método

A realização do presente estudo foi autorizada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Rio Verde (Parecer: 005/2011/CEP-UniRV, com registro nº072/2010/CEP-UniRV).

Este estudo foi realizado no Serviço de Atendimento Especializado em DST/AIDS- SAE unidade de Rio Verde, cidade localizado no sudoeste do estado de Goiás. Este serviço é integrante do Programa Municipal de DST/AIDS. A partir de um universo de 247 pacientes em atendimento no SAE, obteve-se uma amostra por conveniência de 32 pacientes voluntários que tinham um diagnóstico positivo para HIV/AIDS cadastrados no Serviço de Assistência Especializado em DSTS/AIDS de Rio Verde-GO. Todos os participantes tinham idades entre 18 e 60 anos de idade, alfabetizados, do sexo feminino e masculino.

O procedimento de seleção dos participantes para compor a amostra se iniciou a partir da afixação de dois cartazes (um na recepção e outro na entrada do consultório médico) convidando os usuários do SAE a contribuírem com a pesquisa. Os usuários que manifestavam interesse eram os encaminhados para uma sala fechada, bem arejada e iluminada. Nessa sala, eles receberam um envelope com o material da pesquisa. O envelope continha o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), os respectivos formulários de pesquisa e o formulário de encaminhamento de atendimento psicológico.

Depois de terem assinado o TCLE, cada um dos participantes voluntários respondeu, individualmente, aos três instrumentos seguintes: Questionário de avaliação da Adesão ao Tratamento Antirretroviral, Escala de Auto-eficácia para adesão ao tratamento anti-retroviral.

Ressalta-se que os participantes que sentiram qualquer desconforto puderam preencher o formulário de encaminhamento para receber atendimento psicológico especializado na própria instituição. Os participantes puderam abandonar a pesquisa se sentissem vontade sem que isso acarretasse qualquer prejuízo a eles.

 

Resultados e Discussão

A frequência de aderência alegada pelos participantes na amostra estudada foi alta, 81,3%, contrapondo-se aos estudos de Leite et al. (2002), os quais encontraram uma frequência de 49% (Figura 1).

Por outro lado, 15,6% da amostra deixaram de tomar a medicação pelo menos uma vez quando se sentiram melhor. Da mesma forma, 31,2% da amostra não aderiram ao tratamento por terem se sentido tristes (r = 0, 563, p<0,001). Além disso, 31,3 % dos participantes deixaram de tomar a medicação porque se sentiram piores depois que iniciaram o tratamento (Figura 1).

Os presentes resultados evidenciaram que o componente emocional é o mais mobilizado para que o paciente tenha a atitude de optar por tomar a medicação (Figura 2). Isso corrobora estudos recentes sobre adesão à TARV (BOLSEWICZ et al., 2015; BAIN-BRICKLEY et al., 2011) e os estudos de Aronson (2002) que evidenciaram que as atitudes são fortemente ligadas a valores pessoais.

Ao prever comportamentos futuros, 47,5% dos participantes relataram não tomar a medicação se estiverem fazendo coisas fora da própria rotina. E 31,2% dos participantes relataram que não fariam o uso do medicamento como deveriam se tivessem de tomar muitos comprimidos por dia.

 

FIGURA 1 - Frequência de aderência a Terapia Antirretroviral (Questionário de adesão a Terapia Antirretroviral)

FIGURA 2 - Frequência de Atitudes em relação a toma dos remédios (Questionário de adesão a Terapia Antirretroviral)

 

O sentimento atribuído ao tratamento por parte do usuário teve uma correlação direta com o componente comportamental (r = 0, 532) e cognitivo (r = 0, 498). Por outro lado, observou-se total ausência de correlação com o componente emocional (r = 0).

            Observou-se que a possibilidade de o paciente deixar de tomar a medicação quando se sente pior, aumenta quando diminui a possibilidade de tomar os remédios se estiver ocupado ou se divertindo (r = -0, 511); se o remédio for difícil de engolir (r = -0, 487); se o remédio tiver gosto ruim ou cheiro forte (r = -0, 438); se tiver de tomar muitos comprimidos (r = -0, 413); e se mudar muito o médico que atende o paciente (r = -0, 407).

Os resultados evidenciaram que a chance de o paciente deixar de tomar a medicação quando se sente triste ou deprimido aumenta quando diminui a chance de ter que tomar os remédios perto de pessoas estranhas (r = -0, 632); se tiver com alguém que não quer que saiba que é portador do vírus da AIDS (r = -0, 566); se tiver ocupado ou divertindo (r = -0, 524); se estiver bem de saúde (r = -0, 512); se for feriado ou final de semana (r = -0, 501).

A literatura afirma que, quanto mais forte é uma a atitude, mais ela permitirá a predição de comportamentos (ARONSON, 2002; MICHENER et al., 2000). Por sua vez, Aronson (2002) define força das atitudes a partir de dois componentes: quanto à acessibilidade à memória, e a resistência à mudança. No presente estudo, verificou-se que a atitude mais forte foi de base emocional, seguida pela atitude de base comportamental e, por fim, cognitiva. Esses resultados estão em desacordo com a literatura, segundo a qual a ordem de importância para predição dos comportamentos seria a cognitiva, emocional e comportamental (MICHENER et al., 2000).

Corroborando a noção de que sentimentos e pensamentos determinam comportamentos (KRÜGER, 1986), O presente estudo manteve a noção de que o componente emocional prediz comportamentos futuros. Dessa forma, os resultados do presente estudo permitem a sugestão de que para se predizer um comportamento de adesão ao tratamento, a intervenção necessária deve conter conteúdos emocionais (MICHENER et al., 2000).

Observou-se, a partir da análise dos resultados (Figura 2), que o fato de o indivíduo saber racionalmente a importância que o medicamento traz a ele, não fará com que tenha adesão ao tratamento. Esses dados refutaram a ideia de que o pensamento que o indivíduo tem predirá comportamentos futuros (; RUTTER & QUINE, 2002; MICHENER et al., 2000).

A mudança de atitudes acontece em reação às influências sociais (ARONSON, 2000). Um conteúdo é mais bem fixado na memória quando há uma conotação emocional associada a ele (CHENIOUX, 2003). A amostra demonstrou ter dificuldade para tomar a medicação se for discriminada ou rejeitada. Corroborando a literatura (BOLSEWICZ et al., 2015; BAIN-BRICKLEY et al., 2011), o presentes resultados evidenciaram que o fato de o paciente ser discriminado nas relações sociais que mantém envolve forte conteúdo emocional, afetando a mudança de atitude em relação à adesão à TARV.

Durante a avaliação do sentimento do paciente disposto ao tratamento, verificou-se uma forte correlação com a atitude de base comportamental, comprovando, assim, os estudos citados anteriormente, segundo os quais, se a atitude é pertinente a uma prática específica, ela predirá o comportamento (ARONSON, 2002; RUTTER & QUINE, 2002; MICHENER et al., 2000). Por exemplo, segundo o relato de um dos participantes deste estudo: “Eu sinto que engolir os comprimidos no horário correto não será um empecilho”.

No presente estudo, foi confirmada a ideia de que influências externas desviam a conduta dos pacientes quando os indivíduos estão com o humor rebaixado (MICHENER et al., 2000). Os pacientes relataram deixar de tomar a medicação quando estão tristes e deprimidos, quando estão perto de pessoas estranhas, quando estão com alguém que não querem que saiba que é portador do vírus da AIDS, se estiverem ocupados ou se divertindo. Esses resultados corroboram achados prévios (FIGUEIREDO et al., 2001; CHESNEY et al., 2000; TEIXEIRA et al., 2000; BELZER et al., 1999).

Nos relatos dos pacientes, houve uma correlação alta entre o sentimento geral do tratamento e a tomada dos remédios como explica a receita mesmo se estiver em viagem de trabalho ou a passeio, se estiver com alguém que nega o valor de tomar a medicação, se for feriado ou final de semana, se estiver com alguém que não quer que saiba que é portador do vírus da AIDS, se estiver bem de saúde. Desse modo, observou-se que o paciente que se sentia satisfeito com o tratamento, ou seja, tinha uma atitude real perante o tratamento, sofria menos influências do meio externo. E assim, tinha atitudes expressas condizentes com as atitudes reais.

Esses dados estão de acordo com a literatura, de acordo com os quais as atitudes expressas são aquelas que o indivíduo demonstra ter para ser aceito pelas pessoas no meio em que vive (ARONSON, 2002; MICHENER et al., 2000). Por outro lado, atitudes reais são aquelas nas quais o indivíduo realmente acredita. Portando, confirmando essas ideias, os resultados do presente estudo evidenciaram a necessidade de indivíduo manter a coerência entre as atitudes expressas e as atitudes reais (MICHENER et al., 2000).

As atitudes prevêem o comportamento quando ligadas ao comportamento em si, e não de forma genérica. Confirmando esse ponto de vista, a presente pesquisa demonstrou que, ao serem correlacionadas às situações específicas do cotidiano com o comportamento de deixar de tomar a medicação, observaram-se valores de correlação diferentes para cada contexto (Tabelas 1, 2)7.

Os presentes resultados evidenciaram que o componente emocional é o mais mobilizado para que o paciente tenha a atitude de optar por tomar a medicação (Figura 2). Isso corrobora os estudos, os quais enfatizam que as atitudes são fortemente ligadas a valores pessoais (ARONSON, 2002; RUTTER & QUINE, 2002) e os estudos que investigaram os principais fatores associados à adesão à TARV (BOLSEWICZ et al., 2015; BAIN-BRICKLEY et al., 2011; TEIXEIRA & SILVA, 2008; FIGUEIREDO et al., 2001; CHESNEY et al., 2000; TEIXEIRA et al., 2000; BELZER et al., 1999).

De acordo com Aronson (2002), o componente comportamental das atitudes não possui outras explicações plausíveis pelo indivíduo. O mesmo apenas sabe que o emite, mas não sabe defini-lo, sendo que o comportamento por si só já seria autoexplicativo. Todavia, no presente estudo, a autoavaliação que os pacientes fizeram de si mesmos em relação à tomada da medicação possuiu como componente principal o comportamental. Desse modo, esses resultados não estão de acordo com Aronson (2002), visto que o componente que os pacientes melhor souberam definir em si próprio foi o comportamental.

A tomada da medicação no horário correto apresentou alta correlação com as atitudes de base cognitiva, um fator de suma importância para que o tratamento surta efeitos satisfatórios. Esses resultados encontram suporte na literatura (ARONSON, 2002; RUTTER & QUINE, 2002), segundo a qual as atitudes de base cognitiva estão relacionadas à avaliação das próprias crenças do indivíduo.

Os presentes resultados evidenciaram que a relação com o médico contribui muito para adesão ao tratamento, corroborando estudos anteriores (TEIXEIRA & SILVA, 2008; GORDILLO et al., 1999). No presente estudo, foi confirmada a alta correlação entre a adesão ao tratamento e a importância de o médico fazer um acompanhamento adequado e utilizar os bons resultados dos exames para dar ânimo no seguimento do tratamento.

Quase a metade dos participantes do presente estudo afirmou que se estivessem fazendo coisas fora da própria rotina, acreditavam que não seguiriam o tratamento como prescrito. Reafirmando a literatura, que também descreve que, em atividades não rotineiras, os pacientes não aderem ao tratamento (COLOMBRINI et al., 2006). O relato de sentir-se melhor leva alguns participantes deixarem de seguir o tratamento, demonstrando a necessidade de intervenção não apenas com pacientes que não estão se sentindo bem, mas também com aqueles que acreditam estar melhores com o tratamento como verificado neste estudo e na literatura (COLOMBRINI et al., 2006).

          O suporte social do serviço de saúde é um fator que pode vir a ser de risco a não-adesão ao tratamento se não for satisfatório (REMOR et al., 2007; COLOMBRINI et al. 2006). Na amostra analisada, a importância desse suporte social, por parte do serviço, fica evidenciado na alta correlação observada entre a manutenção de uma boa relação com o médico, e a percepção satisfatória do tratamento.

          O ato de pensar recorrentemente em ser portador de HIV/AIDS está diretamente relacionado à depressão, e que isso produz efeitos no corpo (NEVES & GIR, 2007). O fato se confirma, pois o componente cognitivo da atitude pode criar crenças errôneas e, dessa forma, predizer um comportamento de risco em relação ao tratamento antirretroviral (RUTTER & QUINE, 2002). No presente estudo, os pacientes que tiveram uma alta adesão ao tratamento demonstraram uma taxa moderada de predição de atitude de base cognitiva, podendo gerar crença errônea e provocar comportamentos de risco. Porém, contrapondo-se à literatura (RUTTER & QUINE, 2002), os resultados revelaram que o componente que mais predisse os comportamentos de adesão foi o emocional.

A partir da análise dos resultados e da discussão a luz da literatura contemporânea, verificou-se que, para o paciente ter atitudes reais na hora em que for tomar a medicação, devem-se elaborar estratégias que utilizam a conotação emocional. Além disso, seria concernente usar mais de um canal sensorial no momento de passar as informações ao usuário. Dessa forma, deve ser feita uma intervenção específica com pacientes que estão satisfeitos com o tratamento, focando a continuação do mesmo.

 

Agradecimentos

Agradecemos aos usuários e a toda a equipe do Serviço de Assistência Especializado em DST/AIDS, Unidade de Rio Verde por terem colaborado com a realização deste estudo.

 

Referências bibliográficas

 

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