Psyquiatry online Brazil
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Volume 22 - Novembro de 2017
Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello

Novembro de 2015 - Vol.20 - Nº 11

Psiquiatria na Infância e Adolescência

Histórico da Lista de Psiquiatria da Infância e Adolescência no Brasil - PIA-Brasil

Ana Hounie


No dia 17 de maio de 2014 foi criado o grupo de discussão PIA Brasil, com uns poucos membros que resgatei de uma lista anterior, coordenada por Tatiana Moya e que havia sido recém-desativada.  A ideia era criar um espaço que congregasse o maior número possível de profissionais que atuam na área da psiquiatria da infância e adolescência para discutir casos clínicos, divulgar eventos, debater sobre as políticas de saúde mental na área, etc. Não sabemos quantos psiquiatras infantis há exercendo a especialidade no Brasil. Muitos psiquiatras de adultos atendem crianças e adolescentes, em especial nas regiões mais carentes, visto que os “PIA” (psiquiatras da infância e adolescência) concentram-se em sua maioria nas regiões sul e sudeste e na maior parte, nas capitais e em grandes centros urbanos. Estima-se que haja em torno de 500 PIA no Brasil. No entanto, os que exercem essa função, incluindo neuropediatras, neurologistas e neurocirurgiões, provavelmente superam em número os psiquiatras especialistas em PIA.  

Uma consulta ao site da ABP nos indica que no Brasil temos somente 148 portadores de Título de Certificação em PIA.  O Estado recordista é São Paulo com 49 PIA´s, seguido de Rio Grande do Sul (24 ), Rio de Janeiro e Minas Gerais (12 em cada),  Paraná (10) e Santa Catarina com 8. No Nordeste, temos um em Alagoas, dois na Bahia, dois em Sergipe e dois na Paraíba. No Norte, um no Acre, um em Manaus e um no Pará.  No  Centro Oeste temos Mato Grosso com 4, Mato Grosso do Sul com 3, Goiás com 8 e em Brasília, 4.   No Espírito Santo há 4 PIA´s com título de especialista. Ou seja, dos PIA´s atualmente sócios da ABP, 70% dos que possuem o título de especialista da ABP/AMB estão  no Sul e Sudeste. Embora o número de psiquiatras com TEPIA não reflita necessariamente a qualidade da assistência na infância e adolescência, nem a quantidade de pessoas atuando na área, esse resultado nos dá a dimensão da escassez de assistência à saúde mental na infância e adolescência no Brasil.  

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 20% das crianças e adolescentes apresente pelo menos uma perturbação mental antes de atingir os 18 anos de idade (8). Uma em cada cinco crianças apresenta evidência de problemas mentais e destas, cerca de metade tem uma perturbação psiquiátrica. Em um país de 200 milhões de habitantes, com 50% de indivíduos abaixo dos 29 anos de idade (24% menores de 14 anos), estimamos que em torno de 10 milhões de  crianças e adolescentes  venham a precisar de atenção psiquiátrica ou psicológica.

Kessler e colaboradores, numa revisão dos vários estudos de saúde mental realizados pela OMS, concluíram que cerca de 50% das patologias psiquiátricas persistentes começavam antes dos 14 anos e 75% antes dos 24 anos.  

Em relação às Residências em PIA, são poucas ainda no Brasil. Temos apenas nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia, Distrito Federal e Rio de Janeiro.  

Fica clara a importância dos especialistas na saúde mental dessa população ter um lugar democrático para debaterem o s assuntos concernentes à área.  Sendo assim, a Lista PIA Brasil se propõe a discutir este panorama e paralelamente levar informação de qualidade aos recônditos desassistidos por meio dos colegas inscritos na Lista. Atualmente, depois de um ano e meio de sua criação, temos 205 membros inscritos. Muitos são jovens que acabaram de concluir sua residência médica em PIA. Mas temos também professores e colegas das primeiras gerações de PIAs. Esperamos que a Lista cresça. Nosso objetivo é congregar a maior parte dos colegas da área, de todas as partes do Brasil, de modo a criar uma rede de troca de informações que seja ampla, variada e construtiva. Somos uma associação virtual, sem custos, e podemos inclusive ter força política. Basta nos manifestarmos perante a sociedade e os órgãos competentes.

Finalmente, é com satisfação que estreamos a nova Coluna De Psiquiatria da Infância e da Adolescência. Aqui, receberemos artigos, opiniões, relatos, enfim quaisquer manifestações que possam acrescentar ao nosso conhecimento na área. A coluna será mensal e os interessados em publicar podem me enviar seus textos que eu discutirei com o Editor da Revista. Todos estão convidados a contribuir. A POLBR é gratuita, online, de acesso livre. Espero que todos desfrutem e valorizem esta oportunidade.             

Referências Bibliográficas

WHO (2000). World Health Report. Genebra: World Health Organization.

Kessler, R., Amminger, P., Aguilar-Gaxiola, S., Jordi, A., Sing Lee, U.T. (2007). Age of onset of mental disorders: A review of recent literature. Current Opinion in Psychiatry 29(4), 359-364.

IBGE, Censo demográfico 2010.  

http://www.abp.org.br/residencia/residencias.pdf

 


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