![]() ![]() Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Dezembro de 2015 - Vol.20 - Nº 12 France - Brasil- Psy Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO Quem somos (qui
sommes-nous?)
France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on
line”oferto aos profissionais do setor da saúde mental de expressão
lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar
traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a
psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões
e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de
sites. Qui sommes- nous ? France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on
line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression
lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des
traductions et des articles en français et en portugais concernant la
psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques
habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et
d’associations, sélection de sites
1. DANIEL WIDLÖCHER , 60 ANOS DE PSYCANÁLYSE (Primeira parte)
ENTREVISTA DADA A JEAN-FRANÇOIS MARMION EM 2011 Tradução : Eliezer de Hollanda Cordeiro Embora eles preconizem a introspecção , os psicanalistas publicam pouco suas Memórias. Quando Daniel Widlöcher volta a falar de sua carreira no seu livro Comment on devient psychanalyste… et comment on le reste (Como se tornar psicanalista… e como continuar sendo), publicado pela editora Odile Jacob em 2010, trata-se de um acontecimento : de Lacan a Lagache, de Anna Freud às neurociências, de maio de 1968 aos segredos dos ministérios, ele volta a falar de seu percurso e das críticas que ele continua fazendo á psicanálise.
*JEAN-FRANÇOIS MARMION : NO INÍCIO DE VOSSO LIVRO, FICAMOS SURPRESOS PELA CONSTATAÇÃO QUE O SENHOR FAZ SOBRE A PSICANÁLISE FRANCESA DEPOIS DA LIBERAÇÃO.ERA VERGONHOSO CONFESSAR SEU INTERESSE POR FREUD !
* DANIEL WIDLÖCHER : Antes da guerra, a psicanálise quase não existia. Ela se reduzia sobretudo a um pequeno núcleo de médicos de Sainte-Anne que falavam de sexualidade. Mangava-se desta seita um tanto extravagante… Depois da guerra, havia somente cerca de meia dúzia de psicanalistas em Paris. Imaginem se essas pessoas tivessem sido analisadas dez anos antes e que a guerra tivesse sido declarada: elas não eram conhecidas como analistas. Lacan, por exemplo, era o único um pouco conhecido, sobretudo porque ele havia frequentado Salvador Dali… Quando eu comecei minha análise em 1952, nossa geração de jovens psiquiatras se interessava pela psicanálise porque ela vinha da América e da Ingleterra. Em particular pelos trabalhos com os bebês, as carências dos cuidados no seio de famílias, as clínicas de Spitz, Bowlby, Anna Freud… Eu recebia com Jenny Roudinesco, em Ambroise-Paré e depois em Bichat, crianças separadas de suas mães, completamente atônicas, as quais tentávamos revigorar por meio de tratamentos humanos. Eu quis me tornar psicanalista por causa do aspecto concreto desses problemas. Foi por isso que eu lí Spitz antes de Freud, este tendo sido muito pouco traduzido até então. Também lí Marie Bonaparte, que não me havia entusiasmado... Quando entrei na Salpêtrière como interno, meus colegas advertiram-me : « Sobretudo, não diga que você está fazendo uma psicanálise! Você vai ser triturado! » Um belo dia, meu patrão, Michaux, me disse : « O Senhor está fazendo uma psicanálise, Widlöcher ? » Eu respondi que sim, eu não tinha nenhuma razão de mentir. « Isto não me surpreende! me disse de súbito. O Senhor tem razão, deve ser interessante tentar compreender o que se passa na cabeça dos outros » Ele não mangava de mim : a partir do momento em que os psicanalistas são pessoas sensatas e bons clínicos ao mesmo tempo , não é possivel mandá-los embora.
*JEAN-FRANÇOIS MARMION :O SENHOR FOI ANALISADO POR JACQUES LACAN, QUE O SENHOR CONSIDERA DE MANEIRA MUITO AMBIVALENTE DANIEL WIDLÖCHER : Foi Jenny Roudinesco que me recomendou.Eu fiquei muito emocionado ao pensar que ele aceitou de me analisar, embora eu me diga hoje que ele não recusava quase ninguém. Diziam que a análise com Lacan não durava muito tempo… Pura invenção ! Minha análise durou sete anos. Durante quatro ou cinco anos, eu admirei seus seminários. Eu chegava com minha cultura do bebê, mas também para compreender as teorias do espírito, e Lacan nos dava suas reflexões pessoais, fenomenológicas, nutridas pelo estruturalismo dos intelectuais daquela época. Os outros psicanalistas eram mais acanhados com suas teorias : estado oral, estado anal… Com Lacan, trocamos este catechismo um tanto simplista por uma reflexão humana aberta sobre a linguagem, a linguística. Ele era um homem prodigiosamente culto, que havia lido tudo, conhecia tudo, mas tirava todas as coisas para ele: ao lermos enfim Freud, os colegas da minha geração se deram conta que Lacan ficava muito à vontade com ele. E eu nem quero falar de outros autores, como por exemplo Winnicott. Quand eu ouço dizer que foi Lacan quem divulgou Freud na França, eu fico sorrindo! Lacan se entronizava, só aceitava aqueles cujas idéias correspondiam às dele. Eu terminei descobrindo nele uma preocupação de dominar as pessoas mais do que um espírito de abertura. Ele queria muito que fôssemos dependentes. Em 1958, ofereceram-me um cargo em Dacar. Eu hesitava por não querer interromper minha análise, mas Lacan me incitava a aceitar o cargo: « Não se preocupe com isso, o Senhor pode vir todos os quinze dias! » Eu seria assim para ele uma garantia no Senegal. Ele pretendia nos dar muito, mas ele nos explorava. Seu objetivo final era o de ser um novo Freud, de assegurar a reforma moderna do pensamento freudiano, através da linguística e de toda contribuição das ciências do Homem. Ele almejava ser o chefe da escola francesa para dar uma vassourada nos incapazes que o cercavam. Creio que ele se identificava mesmo a Freud ao ponto de expulsar os maus alunos que não acreditavam nele. O que Freud havia feito, ele refez sessenta anos depois.
*JEAN-FRANÇOIS MARMION :A OUTRA GRANDE FIGURA DE VOSSO LIVRO É DANIEL LAGACHE.
* DANIEL WIDLÖCHER : Eu encontrei-o quando me candidatei para ser admitido como didata. Ele me pareceu ser um homem sério. Durante meus últimos anos de análise com Lacan, no momento em que me tornei chefe de clínica, eu encontrei cada vez mais Lagache, escrevendo até uma tese sob a sua direção.Ele nunca me encorajou a me distanciar de Lacan, mas pela sua presença e sua maneira de refletir, ele me ajudou a ver outra coisa. Eu apreciava sua visão interdisciplinar, onde a psicanálise era um ramo da psicologia e das ciências do Homem. Ele se preocupava em sintetizar, compreender, estabelecer relações coms os outros.Enquanto que, para Lacan, só a psicanálise contava.Lacan detestava a psicologia! E Lagache ensinava a psicologia na Sorbonne. Mas Lacan lastimava não poder se inscrever no aparelho acadêmico. Ele não tranquilizava os universitários, sobretudo por causa do seu lado um pouco arrogante. Tenho certeza de que ele desejava um posto no Collège de France, mas ele não fazia nada para arranjar as coisas.. Em 1963, fui eu quem foi designado para significar a Lacan que nosso grupo de dissidentes, reunidos em torno de Lagache, decidira de romper com ele e ao mesmo tempo deixava a Société française de psychanalyse, uma decisão apoiada pela IPA(Associação Internacional de Psicanálise). Nós não queríamos mais ficar ao serviço do Mestre. Ele me disse: « os senhores vão me deixar no momento em que eu vou me tornar célebre ! ». Então lhe respondí : « Eu tive com o senhor uma experiência que considero como fundamental na minha vida.» Nunca neguei o trabalho que ele me permitiu realizar. Contudo, não era assim que eu concebia a análise. Eu a via muito mais livre e respeitosa do analisando. Eu nunca me arrependi desta ruptura, mas eu não posso dizer que não sonhava que eu viria novamente Lacan. Porque eu nunca mais o reví durante uns trinta anos, também ví muito pouco seus fiéis, aos quais ele havia provavelmente pedido de cessar de falar comigo. Há dois anos passados, em Chicago, eu tinha sido convidado por analistas que me perguntaram de repente, durante um jantar: « Daniel Widlöcher, o senhor pode nos dizer porque deixou de ser lacaniano? » Cincoenta anos depois!
*JEAN-FRANÇOIS MARMION : LACAN E LAGACHE FORAM DUAS PERSONALIDADES MUITO IMPORTANTES PARA O SENHOR.PORQUE O SENHOR NÃO DISSE NADA QUANDO ELES MORRERAM ? Efetivamente, mas por razões diferentes. Eu soube que Lacan havia morrido somente por uma notícia publicada na imprensa, que não me tocou muito porque há décadas que eu não o havia revisto. Quanto a Lagache, eu fui um dos raros a acompanhá-lo durante seus últimos anos de vida. Ele sofria de uma alteração cerebral consecutiva a uma doença cardíaca, ele tomava medicamentos e estava muito alcoolizado. Jantamos juntos numa ocasião em que ele estava passando por momentos dificeis. Ele me contava suas lembranças sobre a história da psicanálise. Eu era seu sucessor intelectual : ele me chamava Daniel II. Sua morte foi triste, mas não me surpreendeu. Eu posso até dizer que Lagache me marcou muito mais do que Lacan, no que diz respeito à construção do meu espírito.. Mas eu percebo bem, quando retomo minhas Memórias, como tantas coisas estão relacionadas com Lacan.
*JEAN-FRANÇOIS MARMION : O SENHOR TAMBEM TRABALHOU , NOTADAMENTE COM ANNA FREUD. J.-B. Pontalis me havia pedido para traduzir suas obras em francês. . Anna Freud me propôs morar um ano um ano em Londres, porém sendo casado e com duas crianças, sendo também assistente dos hospitais, éra-me impossivel. Anna Freud não ficou irritada comigo. Encontrei-a frequentemente durante o período em que eu fazia a tradução , e em seguida pessoalmente . Ela gostava de mim , eu fazia parte da família. Quero dizer com isto que ela tinha uma concepção da análise incluindo os bons e os ruins.Os bons fiéis com relação ao seu seu pai. Paradoxalmente, eles podiam se autorizar pesquisa e inovações , porque a psicanálise não era fechada sobre ela mesma e devia evoluir, mas somente até um certo limite. Anna Freud considerava que os que tinham pontos de vistas demasiadamente originais, os reformadores, Lacan em primeiro lugar, não gostavam de seu pai. Ora, era preciso gostar de Freud! Ela era paradoxal, ao conjugar desta forma fidelidade ancestral e pesquisas futuras. Isto era muito ambíguo.
2.REUNIÕES E COLÓQUIOS JANEIRO 2016 * PARIS, dia 10 : Grande journée nationale Copelfi : « Autour de la pensée de Bernard Golse et des soins de la petite enfance » à l’hôpital Necker de 9 h à 17 heures avec évidemment Bernard Golse mais aussi Sylvain Missonier, Alain Vanier, Ouriel Rosemblum, Michel Warawzyniak, Miri Keren, Geneviève Appel, Hana Rotman,Abram Coen, Miriam Rasse et de nombreux autres invités. Informations et inscriptions : www.copeli.fr – Téléphone : 01 48 54 39 97 * MONTÉLÉGER, dia 9: Dans le cadre du Séminaire de phénoménologie clinique, l’Association Française de Psychiatrie et le Pôle Centre de Psychiatrie générale organisent un séminaire sur le thème : Temporalité et psychopathologie phénoménologique « Temps et narrativité ». -Informations et inscriptions : SFDPS- Madame CARLIER- 10 quai rue de l’Orge – 9110 -Informations et inscriptions : Docteur Jean-Louis GRIGUER- [email protected] *PARIS, dia29 : l’Association Française de Psychiatrie organise un colloque sur «Présentation de la classification française des troubles mentaux (CTM R-2015) ». -Informations et inscriptions : AFP – Téléphone 01 42 71 41 11 , secré[email protected]çaise.com , www.psychiatrie-française.com *AIX-EN-PROVENCE, dia 30 : l’Association Française de Psychiatrie organise un DPC sur « le Harcèlement moral au travail et le Burnout du médecin ». -Informations et inscriptions : AFP – Téléphone 01 42 71 41 11 , secré[email protected]çaise.com ,
3. LIVROS RECENTES *L’esprit de résistance : textes inédits,1943-1983 JANKELEVITCH Vladimir PARIS : Albin Michel - 2015- Br.- 22 Euros *Mes leçons d’antan : Platon, Plotin et le néoplatonisme JERPHAGNON Lucien PARIS : Pluriel - 2015- Br.- 8 Euros *Portraits de l’Antiquité : Platon, Plotin, Saint Augustin et les autres JERPHAGNON Lucien PARIS : Flammarion - 2015- Br.- 9 Euros *Qui a peur de la maladie mentale ? 10 bonnes raisons de se méfier de DMS-5 CORCOS Maurice PARIS :Dunod - 2015- Br.- 14,90 Euros *Nous ne sommes pas seuls au monde : les enjeux de l’ethno-psychiatrie NATHAN Tobie PARIS : Points - 2015- Br.- 9,10 Euros *L’expérience dépressive PRIGENT Yves PARIS :Desclée De Brower - 2015- Br.- 9,50 Euros *Devenir humains COPPENS Yves Paris : Autrement-2015- Br.- 19,00 Euros
4.REVISTAS La Lettre de Psychiatrie Française
5.ASSOCIAÇÕES CIENTIFICAS MEMBROS DA FFP *Association Française de Psychiatrie et Psychologie Legales (Afpp) *Association Française de Thérapie Comportementale et Cognitive (Aftcc) ![]()
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