Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Giovanni Torello |
Dezembro de 2014 - Vol.19 - Nº 12 Psiquiatria na Prática Médica TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS EM PEDIATRIA Mariana Novaes* Os transtornos psiquiátricos são cada vez mais estudados, devido ao aumento da prevalência em todas as faixas etárias. Porém merece atenção especial aqueles cujos sintomas iniciam-se na infância e na adolescência, pois além de ser alta a prevalência, refletem diretamente na continuidade homotípica quanto em uma comorbidade sequencial. Mais da metade dos pacientes com transtornos psiquiátricos apresentaram os primeiros sintomas na infância e quase dois terços na adolescência, tendo agravamento do quadro ao longo dos anos quando não tratados adequadamente. Os parâmetros de estudo dessas comorbidades abrangem fatores genéticos, neuropatologia, farmacologia e psicologia. A abordagem inicial seria identificar os componentes comportamentais fundamentais, seguida da integração com os fundamentos da genética, neurobiologia e fatores ambientais, bem como dados como idade, raça, situação de nascimento e características do desenvolvimento neuropsicomotor. Basicamente os transtornos psiquiátricos são divididos em funcionais e orgânicos. A neuropsicologia tem sido fundamental, uma vez que genes e achados neuroanatomicos estejam mais relacionados a unidade fenotípicas mais primarias do que a um transtorno como um todo. E a neuroimagem permite análises anatômicas, funcionais e moleculares do cérebro in vivo, ampliando a possibilidade de esclarecimento dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos. Na infância, os principais distúrbios psiquiátricos são aqueles relacionados a linguagem, disruptivos ou externalizantes, emocionais ou internalizantes e globais de desenvolvimento. Porém serão abordados todos de maneira geral. Transtorno de Linguagem (aprendizagem, habilidades motoras e comunicação): já manifesta sintomas nos primeiros anos de vida Aprendizagem: dificuldade de leitura, matemática ou na escrita, sendo avaliada por idade, quociente de inteligência e grau de escolaridade Habilidades motoras: limitação de atividades diárias, estando abaixo do esperado para a faixa etária Comunicação: vocabulário limitado, erros grosseiro s da língua falada, dificuldade para evocar palavras ou produzir frases, todos condizentes com idade cronológica
Transtornos disruptivos ou externalizantes: inicio dos sintomas geralmente antes dos 9 anos de idade Deficit de atenção/hiperatividade: a forma mais simples é desatenta, que manifesta-se pela diminuição da capacidade de manter o foco da atenção por períodos prolongados; a forma impulsiva, com inquietude motora ou fala em demasia; e a forma combinada, com presença de desatenção, hiperatividade e impulsividade em vários graus Transtorno opositivo desafiador: a criança não obedece regras impostas pelos adultos, mostrando-se hostis ou vingativos, associados a raiva ou irritabilidade e oscilações de humor
Trantornos emocionais ou internalizantes: podem iniciar na infância ou na puberdade Transtorno de ansiedade de separação: a criança apresenta preocupações persistentes, irreais e exageradas com os pais ou consigo mesma, pesadelos, não consegue frequentas escola, dormir sozinha ou em outro ambiente, tem ataques de raiva e choro e constantemente queixa-se de dores psicossomáticas. Fobias simples ou fobias sociais: medo exarcebado, resistencia, antecipação ansiosa ou angustia, que limita a vida social da criança, podendo também estar associada dificuldade de contato com pessoas não-familiares. Transtornos de ansiedade generalizada: preocupação constante sobre comportamentos passados, atuais ou eventos futuros, levando a quadro de insegurança, constante tensão, necessidade de reafirmação e dores psicossomáticas. Quadros depressivos: observa-se recusa em ir para escola, irritabilidade e sintomas físicos como perturbação do sono e falta de apetite. Transtornos Globais do Desenvolvimento: geralmente inicia-se nos primeiros 5 anos de vida, com severas anormalidades nas interações sociais, nos padrões de comunicação e estreitamento dos interesses e atividades das crianças. A forma mais conhecia é o Autismo infantil, onde a criança pode ter alto ou baixo nível de funcionamento, dependendo do QI, capacidade de comunicação, dificuldade de contato visual direto, fracasso em desenvolver relacionamentos com outras crianças, introspecção, uso repetitivo de palavras ou sons, jogos e brincadeiras não compatíveis com a idade, adoção de uma rotina que não pode ser quebrada e preocupação persistente com certos objetos. Uma outra forma muito conhecida e mais branda é a síndrome de Asperger, que também limita comunicação interpessoal porém não limita a vida da criança no geral. E por fim, não se pode deixa de citar as emergências psiquiátricas na infância e as condutas adequadas. Comportamento agressivo, Psicoses: Intoxicações e quadros confusionais, Comportamento suicida, Transtornos ansiosos e somatofomres a abordagem psicofarmacologia dependerá do diagnostico, e poderá ser controlado com uso de neurolepticos com cautela, benzodiazepínicos que devem ser evitados ao máximo e atualmente uso de anti-histaminico esta sendo largamente difundido. *Acadêmica do quinto ano de medicina da UNITAU ** Professora Coordenadora de Psiquiatria da UNITAU Referências : com o autor.
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