Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Giovanni Torello |
Agosto de 2014 - Vol.19 - Nº 8 Psiquiatria na Prática Médica DISTÚRBIOS PSIQUIÁTRICOS EM OFTALMOLOGIA Gabriella Ramos Pricoli* Analisamos através de revisão
bibliográfica a percepção visual dos
pacientes portadores de esquizofrenia. Introdução: A visão é o sentido do ser humano mais avançado de todos.
Por ser um animal visual a imagem desempenha um papel determinante na percepção
do ser humano.A percepção não depende apenas do
objeto, mas também amplamente do sujeito que o percebe . Ver o mundo “como ele realmente é”, despojado de toda a
mediação imposta pelo nosso aparelho cognitivo, é um sonho perseguido desde a
Antigüidade. A distinção entre “ver” e“ conhecer”,
entre aquilo que recebemos dos nossos sentidos e aquilo que ativamente
acrescentamos a essas sensações,tem ocupado filósofos, cientistas e artistas ao
longo de toda a história. Segundo o médico e físico alemão Hermann von
Helmholtz, nossa percepção é construída por meio de
inferências que inconscientemente fazemos sobre o mundo à nossa volta. Essas inferências são contrastadas com informações que o
organismo colhe do ambiente. Cada vez que essas expectativas não são
correspondidas, ajustamos nossos perceptos, criando
novas inferências e testando novas conjecturas. Aos nossos olhos e para a nossa consciência individual, o
mundo pode parecer uma coleção de figuras em movimento e mudança. A mais importante e poderosa
dimensão de estímulo visual deve ser o movimento: mesmo quando um objeto está
parado, sua imagem na retina pode mover, uma vez que os olhos e a cabeça nunca
permanecem inteiramente parados. Isso quer dizer que o movimento pode ser real
ou aparente; oriundo de algo que se desloca no espaço tridimensional ou de
mecanismos de percepção que se relacionam à visão bidimensional da retina. O
movimento pode também surgir do monitoramento das características físicas dos
eventos pelo próprio sistema visual ou pela maneira como os elementos de uma
imagem estão dispostos espacialmente. A esquizofrenia, um transtorno
neuropsiquiátrico, possui como característica fundamental distorções e/ou
alucinações visuais, o que possivelmente deu origem a estudos tentando
relacionar a esquizofrenia a alterações na percepção e no processamento visual .O padrão dos prejuízos no processamento visual em
pacientes com esquizofrenia sugere uma disfunção nos estágios iniciais do
processamento cortical, além de deterioração no movimento sacadico (rastreamento visual) e detecção de estímulos elementares, além
disso, a concatenação de formas na esquizofrenia resulta em objetos de tamanhos
muito grandes. A esquizofrenia é uma doença que
atinge cerca de 1% de população mundial (OMS, 2000). Dados do Ministério de
Saúde indicam que de 0,7% a 1% da população brasileira já sofreu um surto de Esquizofrenia.Estudos têm sido conduzidos a fim de
identificar diferentes tipos de alterações fisiológicas e cognitivas presentes
antes e durante a erupção da doença. Essas alterações, chamadas de marcadores biológicos,refletem as propriedades hereditárias da doença e
em grande parte são encontradas também nos familiares de primeiro grau .Entre
os marcadores, destaca-se a análise do padrão de movimento ocular em pessoas
com esquizofrenia. A importância desse marcador foi reconhecida pela 15ª
Conferência de Pesquisadores da Organização Mundial de Saúde (OMS), que propôs e
posteriormente executou estudo internacional cujos resultados mostraram que é
possível discriminar, com sensibilidade e especificidade de cerca de 90,0%, os
pacientes esquizofrênicos das outras doenças psiquiátricas e dos sujeitos
normais analisando os movimentos ocular e o
comportamento visual de pacientes esquizofrênicos, com transtorno afetivo e sem
histórico psiquiátrico durante a observação de faces humanas classificadas como
felizes, tristes e neutras. O padrão de exploração visual
limitado possibilita aos esquizofrênicos extrair informações pontuais
suficientes para julgar as expressões emocionais principais, falhando na
identificação e integração das informações sutis para
uma percepção holística da face. Tal percepção é necessária para o julgamento
adequado a respeito da graduação na intensidade das emoções expressas. O julgamento das emoções é um processo cognitivo complexo
que, além da exploração visual ampla, requer recursos atencionais,
vigilância para o estímulo observado e de memória. A dificuldade dos
esquizofrênicos de discriminar as emoções pela expressão facial está
relacionada com a prevalência de sintomas negativos e com o curso da doença. Os
sintomas negativos, tais como embotamento afetivo, falta de vontade e apatia,
diminuem o contato social do paciente e, por conseqüência, levam a menor
necessidade ou experiência em interpretar as emoções sutis nas faces dos
outros. Metodologia:
Revisão bibliográfica de trabalhos envolvendo a percepção visual dos pacientes
portadores de esquizofrenia. Conclusão: A
esquizofrenia causa danos à percepção e processamento visual.E, os
marcadores biológicos, que se baseiam no movimento ocular, são fundamentais,
pois têm sensibilidade e especificidade de 90,0% para diferir a esquizofrenia
de outras doenças psíquicas que possam vir a dificultar o diagnóstico da
doença.Além disso, foi exposto, que os pacientes esquizofrênicos têm
dificuldade em diferenciar as emoções devido aos sintomas negativos típicos da
doença, tais como,apatia e embotamento. Bibliografia 1-Percepção de expressões faciais em
pessoas com esquizofrenia: movimentos oculares, sintomatologia e nível
intelectual-autor: Katerina Lukasova,Elizeu Coutinho de
Macedo,Marcel Chucre Valois,
Gamaliel Coutinho de Macedo,José Salomão Schwartzman Fonte: Psico-USF,
v. 12, n. 1, p. 95-102, jan./jun. 2007 2- ilusões: o olho mágico da percepção. Autor: Baldo, Marcus
Vinícius C e Haddad, Hamilton.Fonte: Rev Bras Psiquiatr
2003;25 (supl II)6-11 3- Percepção de movimento e tempo
subjetivo nas artes visuais.Autor: Nather,
Francisco Carlos . Fonte: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto,
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2006. 4- O uso de pinturas de Dáli como ferrramenta para
avaliação das alterações na percepção de forma e tamanho em pacientes esquizofrênicos.Autor: Simas,
ML de Bustamante Simas;Nogueira Renata MTB; Menezes,
Geórgia M. M; Amaral Viviane F.;
Lacerda, Aline M.; Santos, Natanael A . Fonte: Psicologia USP, 2011 - SciELO Brasil 5- Desenvolvimento de um pupilometro.Autor:
Leal, Gonçalo Nuno de Sousa Macedo.Fonte:http:hdl.handle.net/10362/1775.
Ano:2008 6- A percepção monocular da
profundidade ou relevo na ilusão da máscara côncava na esquizofrenia.Autor:Alves,
Arthur. Fonte: São
João del-Rei- MG PPGPSI- UFSJ 2013. ·
* Interna do curso de Medicina da
UNITAU ·
** Professora coordenadora da
disciplina de psiquiatria UNITAU- email – [email protected]
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