![]() ![]() Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Giovanni Torello |
Abril de 2013 - Vol.18 - Nº 4 COLUNA PSIQUIATRIA CONTEMPORÂNEA NOTAS SOBRE A EVOLUÇÃO DA PSIQUIATRIA CONTEMPORÂNEA Fernando Portela Câmara
Summary – A brief review about the contemporary psychiatry development is presented. The introduction of genetic markers called endophenotypes may help us to define the biological basis of mental illness. Keywords: endophenotypes, psychiatry, Jaspers, Schneider.
O conceito de endofenotipo
Recentemente um novo e importante conceito foi introduzido na psiquiatra, uma noção supostamente unificadora entre a doença mental, comportamento, genética e neurobiologia. Trata-se do conceito de endofenotipo (Gottesman e Gould, 2003; Zobe e Maier, 2004). Um endofenotipo é um “marcador” genético que contribui para o desenvolvimento de uma doença mental, sendo uma característica estável muito pouco influenciada pelo ambiente. Eles servem como pistas para se investigar a biologia dos transtornos mentais. Exemplos de endofenotipos são parâmetros bioquímicos alterados (por exemplo, os altos níveis de colesterol na doença de Alzheimer pela produção da proteína ApoE), alterações em padrões de imagens de ressonância magnética funcional, potenciais evocados alterados (como nas esquizofrenias, juntamente com a lentificação dos movimentos oculares; na dependência de nicotina; na depressão e ansiedade), modificações no EEG (como na dependência ao álcool) ou no ECG, e alterações neuropsicológicas peculiares (déficits cognitivos, déficits de atenção). Hoje está disseminado amplamente o com senso de que a dependência química é um efeitto neurobiológico manifestado por um endofenótipo presente nas doenças mentais (Câmara, 2011). O futuro da psiquiatriaA pesquisa para endofenotipos como “marcadores” procura esclarecer mais acuradamente o diagnóstico psiquiátrico e possibilitar a utilização de modelos animais em pesquisa. A baixa confiabilidade do diagnóstico psiquiátrico e o grande desenvolvimento da neurobiologia em nossa época têm influenciado os psiquiatras na busca de ferramentas neurocientíficas para aprimorar o diagnóstico e fazer luz na compreensão da sua natureza. Isso não influenciará ainda as próximas edições da CID-11 e do DSM-5, e ainda há um longo caminho até que se forme uma base de dados suficientemente confiável para se chegar a um consenso neurobiológico unificador das doenças mentais. Se a hipótese dos endofenotipos for solidamente estabelecida, o diagnóstico psiquiátrico atual será desconstruído e a psiquiatria entrará na era da medicina molecular. Desde Kurt Schneider a psiquiatria não fez nenhum progresso significativo na área do método clínico. As edições da CID e do DSM não são marcas de progresso, mas tentativas de racionalizar o diagnóstico dentro do paradigma tradicional legado por Kraepelin e Schneider. O conceito de endofenotipo é operacional e pode vir a ser um critério unificador entre psicopatologia, neurobiologia e psicofarmacologia, realizando o que Van Praag (1988) preconizou como a evolução da psicopatologia descritiva para uma psicopatologia funcional. Referências
Câmara FP. O que é patologia dual?, Psychiatry On-Line Brazil, vol. 16 (Junho), 2011, disponível em http//:www.polbr.med.br/ano11/cpc0611.php (acessado em 22/01/2013).
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