Fevereiro de 2013 - Vol.18 - Nº 2 Editor: Walmor J. Piccinini - Fundador: Giovanni Torello |
Fevereiro de 2013 - Vol.18 - Nº 2 Artigo do mês
ANTIDEPRESSIVOS NA GASTROENTEROLOGIA - Parte 3 (Final)
Carlos Alberto Crespo de Souza 1.
Introdução. Dando sequência ao tema dos antidepressivos na
gastroenterologia, cuja Parte 2 foi publicada na POLB de janeiro/2013
reportando-se a síndromes funcionais mais prevalentes, o presente artigo
considerará outros tópicos de importância clínica quanto ao emprego desses
fármacos. Neste artigo, sempre sob a ótica dos antidepressivos,
serão estudadas as doenças inflamatórias do intestino, hepatite C e depressão,
correlações dessas drogas com medicamentos utilizados usualmente na clínica
gastroenterológica, seu uso na patologia hepática e paraefeitos sobre o
aparelho gastrointestinal e, finalmente, um tópico a respeito de sua
descontinuação prematura nos transtornos funcionais. 2.
Doenças inflamatórias do intestino (DII). Duas são
as principais doenças inflamatórias do intestino: a colite ulcerativa (CU) e a
doença de Crohn (DC). A colite ulcerativa é uma doença que causa inflamação e
feridas, chamadas úlceras, tanto no reto quanto colo (entre o íleo e reto). A
formação de úlceras inflamadas matam as células que usualmente estão alinhadas
no colo e, então, sangram e produzem pus. Além disso, a inflamação no colo causa
frequente esvaziamento, com diarreia. Quando a inflamação ocorre no reto e na
parte baixa do colo é chamada de proctite ulcerativa; se o colo por inteiro é
afetado a denominação é pancolite. Se apenas o lado esquerdo do colo é
comprometido denominar-se-á colite limitada ou distal. 1 Segundo o National Institute of Diabetes
and Digestive and Kidney Diseases (NIDDK), órgão do Instituto Nacional de Saúde dos
Estados Unidos, a CU pode ser difícil de diagnosticar porque seus sintomas são
similares a outro transtorno intestinal chamado de doença de Crohn. Esta doença
difere da CU porque ela causa inflamação mais profunda dentro da parede
intestinal e pode ocorrer em outras partes do sistema digestivo, incluindo o
intestino delgado, boca, esôfago e estômago. Ibid A CU
trata-se de uma doença que pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, porém
inicia usualmente entre as idades de Os
sintomas da CU mais proeminentes são a dor abdominal e a diarreia
sanguinolenta. Os pacientes podem ainda experienciar anemia, fadiga, perda de
peso e do apetite, sangramento retal, perda de fluidos corporais e nutritivos,
lesões de pele, dores articulares e falhas no crescimento (especialmente em
crianças). Ibid Sintomas
de transtornos gastroenterológicos funcionais associados com transtornos do
humor, tais como depressão e ansiedade, ocorrem em alguns pacientes com doença
inflamatória do intestino inativas e podem causar mudanças na motilidade
intestinal, hipersensibilidade visceral ou disfunção psicológica. Goodhand e cols., embora
reconhecendo o aumento de evidências de que fatores estressantes e transtornos
do humor estejam associados com manifestações da doença inflamatória do
intestino, e possam afetar negativamente seu curso, registraram que estratégias
de manejo dessa associação não foram ainda estabelecidas pelas pesquisas e que
não existem dados comprobatórios de como o tratamento psicológico beneficiará
seus padecentes. 2 De acordo
com Graff e cols., houve grande especulação durante
anos sobre a importância dos fatores emocionais na doença inflamatória do intestino, porém apenas na última década os
estudos, com desenhos qualificados, foram capazes de clarificar a natureza
dessa relação. Segundo
esses autores, evidências recentes demonstram a prevalência da ansiedade e
depressão nessa síndrome, o papel desses transtornos como um fator de risco
para seu desenvolvimento, grau com o qual afetam seu curso e a contribuição do
tratamento com corticosteroide para o início dos sintomas psiquiátricos, porém
sem que se constituam em sua gênese. 3 Farrokhyar e cols., da Divisão de
Gastroenterologia da Universidade de Toronto, Canadá, acessaram a prevalência
de sintomas funcionais gastrointestinais e transtornos do humor em 361
pacientes ambulatoriais com doença inflamatória inativa e examinaram seu
impacto na qualidade de vida saúde-relatada (Health-related
quality of life – HRQOL) e
uso de recursos de saúde. Dos
361pacientes da pesquisa 149 possuíam colite ulcerativa e 105 com doença de
Crohn, todos com manifestações inativas por mais de doze meses. Em seus
resultados os autores apontaram que muitos desses pacientes apresentavam
sintomas compatíveis com transtornos gastroenterológicos funcionais. Concluíram,
também, que tanto os sintomas funcionais como os depressivos estiveram
associados com impacto na qualidade de vida saúde-relatada como no aumento por
recursos de saúde. 4 Enfatizaram
os autores, ainda, que o reconhecimento e o tratamento dos sintomas
gastroenterológicos funcionais e os depressivos são capazes de melhorar o
funcionamento diário dos pacientes com doenças inflamatórias do intestino. Ibid Pesquisa semelhante foi realizada por Vidal e
cols., reunindo profissionais dos Departamentos de Psicologia,
Gastroenterologia e Psiquiatria do Hospital Clínico de Barcelona, Espanha. Sua
amostra constou de 147 pacientes ambulatoriais com doença intestinal
inflamatória. Eles visaram com esse estudo estabelecer se fatores psicológicos,
especificamente psicopatológicos e personalidade, ambos com fatores
sociodemográficos, poderiam ser preditores independentes de qualidade de vida (QoL) em pacientes com essa doença intestinal. Em seus
resultados, os autores identificaram, igualmente como os autores do estudo
anterior, que a presença de aflições psicológicas em pacientes com doença intestinal
inflamatória contribui à piora da qualidade de vida e prolonga sua atividade
clínica. A personalidade da pessoa envolvida não desempenha papel significativo
nesse processo. Os autores
dessa pesquisa também reforçaram a necessidade de que o controle e a
minimização dos sintomas da doença passam pela identificação e tratamento das
psicopatologias existentes, as quais podem se tornar aspectos integrais para
melhorar a qualidade de vida desses pacientes. 5 Fuller-Thomson e Sulman,
por seu turno, relataram os resultados de estudos representativos realizados em
duas pesquisas nacionais canadenses. Um deles, entre os anos de 1996-1997, e
outro entre 2.000 - 2.001, ambos efetuados entre a população do Canadá. O
primeiro foi composto por 1438 pessoas que responderam a um questionário
visando determinar a prevalência e a correlação da depressão em pessoas com doença
intestinal inflamatória ou transtorno intestinal similar. O segundo estudo teve
3.076 respondentes. De acordo
com esses autores, os resultados evidenciaram que os níveis de depressão foram
elevados entre respondentes femininas, entre aqueles sem companheiros, jovens e
aqueles que relataram dor significativa. Chama a atenção nesse estudo que 17%
daqueles com depressão responderam que consideraram cometer o suicídio nos
últimos doze meses; em acréscimo, 30% pensaram em se suicidar nos primeiros
tempos da doença. Chamativo, também, foi outro dado encontrado: apenas 40% das
pessoas envolvidas estavam usando antidepressivos. 6 Os autores
desses estudos relevantes chamam a atenção dos clínicos que indivíduos com
doença inflamatória intestinal ou transtornos similares experimentam níveis de
depressão que são três vezes mais frequentes do que na população Karwowski e cols., da Divisão de
Gastroenterologia do Children`s Hospital de
Pittsburgh, USA, enfatizam que a DII, constituída pela doença de Crohn e colite
ulcerativa, é uma condição crônica e debilitante, com curso imprevisível e
tratamento complicado. Eles mostram que quando essa patologia é diagnosticada durante
a adolescência, um período crítico no desenvolvimento, a transição para a vida
adulta pode ser bem mais turbulenta. 7 Como
qualquer doença crônica na infância, os pacientes com DII estão em risco de
sofrer depressão, ansiedade, isolamento social e alteração na autoimagem, as
quais podem afetar negativamente a qualidade de vida. Ibid Szigethy e cols., do Departamento de Psiquiatria da
Universidade de Pittsburgh e do mesmo hospital acima referido, afirmam que a
DII está associada a sequelas psicossociais em crianças e adolescentes, que
possui significativa morbidade médica e em muitas pessoas jovens estão
associadas a desafios psicológicos e psicossociais. Referem ainda que a
depressão e a ansiedade são particularmente prevalentes e possuem etiologia multifacetada,
incluindo fatores DII relacionados, tais como citocinas e esteroides usados em
seu tratamento. 8 Tratamento
Os
fármacos usualmente empregados para o tratamento da colite ulcerativa incluem: ·
Aminosalicilatos: drogas que contêm ácido 5-aminosaliciclic
(5-ASA). Incluem a sulfasalazina, sulfapiridina, olsalazina, mesalamina e
balsalazida. ·
Corticosteroides: prednisona, metilprednisona e hidrocortisona. ·
Imunomoduladores: azathioprina e 6-mercapto-purina (6-MP). Reações
adversas:
a sulfapiridina pode provocar
paraefeitos tais como: náuseas, vômitos, azia, diarreia e cefaleia. Os corticosteroides podem causar ganho de
peso, acne, cabelo facial, hipertensão, diabetes, mudança no humor, perda de
massa óssea e aumento do risco para infecções. Por isto não são recomendados em
uso prolongado. Os imunomoduladores
são capazes de provocar pancreatite, hepatite, redução na contagem de glóbulos
brancos e risco aumentado para infecções. Por isto devem ser monitorados
frequentemente. 1 Kozuch e Hanauer,
da Divisão de Gastroenterologia e Hepatologia do Departamento de Medicina do Hospital
Universitário Thomas Jefferson de Filadélfia, USA, realizaram uma revisão sobre
tratamentos empregados nas DIIs. Observaram que enquanto sua cura permaneça
indefinível ou difícil de compreender, ambas as doenças podem ser tratadas com
medicações que introduzem e mantêm a remissão. Além dos fármacos acima
assinalados, mencionam que o metotrexate também pode ser usado tanto na introdução
como na manutenção da DC. 9 Os autores
descrevem que com o recente advento de terapias que inibem o fator alfa da
necrose tumoral (Anti-TNF), a justaposição nas
terapias médicas para a colite ulcerativa (CU) e doença de Crohn (DC)
tornaram-se mais eficazes. Ibid As novas
drogas tais como a infliximab, adalimumab, certolizumab e natalizumab, de
acordo com vários autores, podem ser efetivas quando as doenças inflamatórias
do intestino sejam refratárias às medicações convencionais (corticosteroides,
imunosupressivas e aminosalicilatos). Inúmeros estudos têm comprovado a
utilidade desses compostos, sendo que a infliximab e a adalimumab já foram
aprovadas nos Estados Unidos e Europa para a DC, enquanto que a infliximab foi
também aprovada para a CU. 9,10,11,12,13,14 Para Peyrin-Biroulet, do Departamento de Hepato-Gastroenterologia
da Universidade de Nancy, França, muitas perguntas ainda necessitam ser
respondidas sobre o emprego desses agentes: 14 ·
Pode
o uso indiscriminado modificar o curso natural da doença? ·
Pode
o restabelecimento de a mucosa ser utilizado na prática clínica? ·
A
terapia com os Anti-TNF é capaz de ser usada sozinha
ou em combinação com imunomoduladores em longo prazo? Quanto ao
emprego de antidepressivos nas doenças inflamatórias do intestino, Mikocka-Walus e cols., da Universidade de Adelaide,
Austrália, mencionam que um número sugestivo de estudos tem sugerido uma
ligação entre o estado psicológico dos pacientes e o curso dessa doença. Embora
a farmacoterapia com antidepressivos não tenha sido amplamente explorada,
alguns investigadores propuseram que tratar as comorbidades psíquicas com esses
fármacos podem ajudar a controlar a atividade da doença. 15 Esses
autores, num estudo, pesquisaram as bases de dados eletrônicas a partir de
1990, sem qualquer restrição de língua, com o objetivo de avaliar a eficácia de
antidepressivos para controlar os sintomas somáticos em pacientes com DII. Como
resultado, encontraram doze publicações relevantes, em estudos não
randomizados. Os antidepressivos mencionados nessas publicações incluíram a paroxetina,
bupropiona, amitriptilina, fenelzina e mirtazapina. Em dez artigos, a
paroxetina, bupropiona e fenelzina foram sugestivas de serem efetivas para
tratar tanto os sintomas psíquicos como somáticos dos pacientes com DII. A
amitriptilina foi observada como ineficaz no tratamento dos sintomas somáticos,
e a mirtazapina não foi recomendada para esse tipo de paciente. Ibid Em outro
estudo, os mesmos autores conduziram uma entrevista semiestruturada com 18
gastroenterologistas associados a hospitais de ensino metropolitanos (Adelaide,
Austrália). Uma análise qualitativa foi usada para examinar suas respostas. Em
seus resultados encontraram que 78% desses especialistas trataram pacientes com
DII com antidepressivos para dor, depressão e/ou ansiedade, e insônia. Todos
concordaram que os antidepressivos foram úteis para a depressão, DII e várias
síndromes dolorosas. Eles empregaram, com frequência, antidepressivos em
pessoas cronicamente doentes em razão da alta prevalência de depressão nesse
grupo. Também registraram que esses fármacos não devem ser usados na terapia
primária dos com DII, porém são muito úteis em terapias conjugadas. 16 Arroll e cols. realizaram uma
pesquisa em bases de dados eletrônicos com o objetivo de determinar a eficácia
e a tolerabilidade de antidepressivos em pacientes com depressão, idade abaixo
de 65 anos, em atendimento primário. Os estudos foram selecionados de acordo
com ensaios clínicos controlados, randomizados, com a utilização de
antidepressivos tricíclicos (AT) ou com inibidores de recaptura da serotonina
(ISRS) versus placebo. Os resultados mostraram que tanto os AT como os ISRS
foram efetivos no tratamento para a depressão nos cuidados primários de saúde e
superiores ao placebo. Entre os AT e os ISRS, os últimos se mostraram mais
toleráveis. 17 Estudos semelhantes foram feitos por Gill e Hatcher, Rayner e cols.,
evidenciando a superioridade dos antidepressivos em relação ao placebo no
tratamento da depressão em doenças físicas, que os AT são mais efetivos que os
ISRS, porém mais capazes de promover sua retirada em razão de seus paraefeitos
desagradáveis. 18,19 Mesmo com
essas evidências clinicas, enquanto a maioria dos especialistas venha tratando
pacientes com DII com antidepressivos, segundo Mikocka-Walus
e cols., há um considerável ceticismo em relação à eficácia da terapia
antidepressiva na recuperação desses pacientes. 16 Rayner e cols. admitem que seja provável que as publicações
e registros possuam tendências a exagerar o tamanho dos efeitos obtidos. Por
isto, afirmam que pesquisas posteriores necessitam ser realizadas para
determinar a eficácia e a aceitabilidade comparativas de antidepressivos
específicos nessa população. 19 Gill e Hatcher,
por sua vez, supõem que há a possibilidade de ensaios negativos indetectáveis.
Apesar de tudo, mencionam que a revisão abrangente realizada por eles provê
evidências de que o uso de antidepressivos deva ser ao menos considerado
naqueles tanto com depressão e com doença física. 18 3. Hepatite C e
depressão. Segundo a
Secretaria de Vigilância em Saúde, do Departamento de Vigilância Epidemiológica
do Ministério da Saúde, o vírus da hepatite C (HCV) foi identificado por Choo e cols. em 1989 nos Estados Unidos. O HCV é o
principal agente etiológico da hepatite crônica anteriormente denominada
hepatite Não-A-Não-B. Sua transmissão ocorre principalmente por via parenteral,
e num percentual significativo de casos não é possível identificar a via de
infecção. 20 São
consideradas populações de risco as pessoas que receberam transfusões de sangue
e/ou hemoderivados antes de 1993, usuários de drogas injetáveis (cocaína,
anabolizantes e complexos vitamínicos), inaláveis (cocaína) ou pipadas (crack)
que compartilham os equipamentos de uso, pessoas com tatuagens, piercings ou
que apresentam outras formas de exposição percutânea (p.exs., consultórios
odontológicos, podólogos, manicures, etc., que não obedecem às normas de
biossegurança). Ibid A
prevalência do vírus da hepatite C no Canadá é estimada em torno de 1% e a
expectativa é de que aumente durante a próxima década. Transtorno mental,
particularmente depressão, é comum entre os pacientes infectados e permanece
como um obstáculo ao tratamento com interferon-alpha (IFN-alpha). 21
De acordo com Hauser e cols., as evidências sugerem
que a maior parte dos pacientes com o vírus do HCV e que possuem transtornos
psiquiátricos e de uso de substâncias psicoativas historicamente tem sido
excluída do tratamento com terapia antiviral, 22 mormente pelo
entendimento de que não tolerariam sua combinação, 23 aderência
pobre e descontinuação no tratamento. 24 Nos Estados Unidos, muitos
veteranos de guerra portadores do vírus HCV não puderam ser candidatos ao
tratamento em razão dessas contraindicações. 25 Como a
hepatite C representa um grande desafio à saúde pública decorrente de sua
evolução crônica e graves complicações (tumores de fígado e cirrose hepática), 24
em 2002 o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, em conferência de
consenso, recomendou que tanto clínicos como pesquisadores não medissem
esforços no sentido de aumentar a possibilidade de que pacientes previamente
inelegíveis por causa de seus transtornos comórbidos de depressão e de uso de
substâncias psicoativas fossem tratados. 26 As
respostas à recomendação, segundo Nelligan e cols.,
demoraram a chegar, pois poucas pesquisas entre pacientes com HCV e depressão
comórbida foram concluídas ou que servissem de informação e de guia ao
tratamento conjunto. Ibid Os mesmos
autores, entretanto, contribuíram através de pesquisa junto a uma amostra de
881 veteranos de guerra portadores do vírus da hepatite C. Eles responderam a
um questionário que buscava informações sobre seus registros médicos,
diagnósticos e medicamentos prescritos, além de responder ao Inventário de
Depressão de Beck. Os resultados mostraram que 34% dos pacientes relataram
sofrer de depressão com sintomas moderados ou graves e, destes, 37% utilizaram
medicamentos antidepressivos, porém 48% dos que receberam esse tipo de
medicação continuaram a se sentir deprimidos com os mesmos sintomas iniciais. Outra
constatação importante foi a de que um número expressivo apresentou sintomas
depressivos, porém somente 56% foram tratados com antidepressivos. Ibid No ano de
2003, Lang, Meuer e Doffoel,
ao avaliarem 39 pacientes com o vírus da hepatite C, já propunham que o
acompanhamento psiquiátrico especializado, numa rede de trabalho
multidisciplinar coerente, seria capaz de prover benefícios a pacientes em
termos de aderência e autocuidados (mesmo numa população considerada como tendo
alto risco), embora não fosse possível definir, de maneira correta, a
influência da prescrição preventiva de antidepressivos (os quais não seriam
prejudiciais de forma alguma). 24 Estudos
mais recentes já estão a demonstrar que o tratamento conjunto de pessoas infectadas
com o vírus HCV e com estados depressivos ou com transtornos de uso de
substâncias psicoativas pode ser realizado. Dizem Sockalingam
e Abbey: “ tanto o pré-tratamento quanto
o tratamento sintomático com antidepressivos são estratégias viáveis para tratar os comprometidos. É
necessário promover os efeitos e identificar precocemente sinais de depressão em
pacientes com o vírus HCV durante seu tratamento, o qual pode ser alcançado
buscando integrar serviços médicos e
de saúde mental”. 21 As mesmas
colocações fazem Hauser e cols,
Dollarhide e cols., mostrando em seus estudos que “pacientes com depressão maior podem ser tratados com terapia antiviral de forma
efetiva e segura”, 22 e que “pacientes
com diagnósticos de depressão e uso de drogas em seu histórico não são
preditores de má conclusão ou aderência ao tratamento com compostos de terapia
antiviral, desde que sejam providos de suportes multidisciplinares”. 23 Mesmo com essas conclusões, o tema é
controvertido, pois as barreiras ao tratamento conjugado de portadores do vírus
HCV e padecentes de depressão ou de uso de substâncias psicoativas ainda
permanece. Possivelmente, o principal fator dessa controvérsia é o fato de que a
terapia com o interferon-alpha é capaz de potencializar ou exacerbar sintomas
neuropsiquiátricos, particularmente os depressivos. Em acréscimo, as síndromes
psicopatológicas que ocorrem durante o tratamento com o interferon-alpha
frequentemente possuem aspectos atípicos que podem complicar seu reconhecimento
utilizando os critérios diagnósticos comuns. Os paraefeitos
neuropsiquiátricos descritos com o emprego de determinadas citocinas, tais como
o interferon-alfa e a interleucina-2, são: depressão, ansiedade, psicose,
ideação suicida, hipomania, mania e prejuízos cognitivos. Tomando
por base esse conhecimento, Quelhas e Lopes, Crone e cols. recomendam que a psiquiatria de interconsulta
e ligação tornem-se familiarizadas com o espectro clínico das apresentações
associadas à infecção pelo HCV, e que mais estudos são necessários para definir
as síndromes que podem ser induzidas pelo interferon-alpha e clarificar as
melhores opções de investigação e de procedimentos terapêuticos para essa condição.
30,31 Bourgeois e cols., numa avaliação
de dez pacientes com transplante de fígado em decorrência de hepatite C
crônica, mostraram que sintomas depressivos estavam presentes tanto durante o
tratamento como em seu seguimento pós-cirúrgico. Seus resultados foram
sugestivos de que, com doses cuidadosas, tratamento conjunto, monitoração
médica e psiquiátrica, pacientes nessa condição, que sofrem prejuízos mentais e
físicos são capazes de tolerar e preencher os rigorosos protocolos de
tratamento com o interferon/ribaverin, mesmo que alguns deles tivessem
significativos sintomas depressivos a despeito do uso de antidepressivos de
primeira linha. 32 A gênese
da indução de sintomas e manifestações neuropsiquiátricas consequente do uso de
antivirais na hepatite C ainda permanece obscura, embora já existam hipóteses
sobre essa ocorrência. Segundo Vignau e cols., um
melhor entendimento sobre os mecanismos patofisiológicos subjacentes aos
paraefeitos psiquiátricos desses compostos é essencial para ampliar o acesso ao
tratamento de algumas categorias de pacientes que ainda permanecem excluídos
dos protocolos de tratamento. De acordo com eles, um melhor manejo desses
efeitos psiquiátricos adversos poderá ajudar os clínicos a não rejeitar
pacientes de risco, isto é, aqueles com depressão, adição de drogas ou de
álcool. Concluem os autores: “Tratá-los
de uma forma pragmática e cuidadosa é um grande objetivo, desde que essa
população representa uma alta percentagem de candidatos potenciais à interferon-terapia”.
33 Em outro
artigo, o mesmo Vignau e alguns colaboradores
diferentes, indicaram que o metabolismo do triptofano pode ser um caminho a ser
explorado pelas pesquisas no sentido de esclarecer o entendimento da
vulnerabilidade de algumas pessoas ao tratamento com o interferon-alfa na
indução de efeitos psiquiátricos adversos. 34 Tratamento ·
Há
a recomendação de que tanto o pré-tratamento como o tratamento sintomático são
estratégias viáveis em pacientes com interferon-alfa indutores de depressão.
Refinar o resultado dos tratamentos e identificar precocemente a depressão
durante o tratamento do vírus da hepatite C podem ser medidas concluídas com
êxito mediante uma abordagem médica e de saúde mental integradas. 21 ·
Um
acompanhamento psiquiátrico especializado dentro de um contexto muldisciplinar
é capaz de prover um maior benefício aos pacientes em termos de aderência e
segurança (mesmo à população considerada como de alto risco), embora não seja
possível definir precisamente a influência da prescrição de um antidepressivo
preventivo (o qual não é prejudicial de forma alguma). 24 ·
Uma
história prévia de transtorno depressivo não deve ser considerada como uma
contraindicação, mas deverá implicar num acompanhamento psiquiátrico específico
especialmente quando alcoolismo, histórico de tentativas de suicídio prévio e
quebra ou interrupções de tratamento tenham sido registradas. Ibid ·
É
necessário ter bem presente que embora os antidepressivos sejam os medicamentos
psicotrópicos mais comumente prescritos, muitos pacientes que os utilizam
seguem a experimentar elevado nível de sintomas depressivos. 26 ·
Há
a recomendação de que sejam criados programas de avaliação psicoeducacionais
para todos os pacientes com HCV crônicos, mesmo àqueles com baixo de risco de
complicações, de maneira a promover aderência à terapia e aperfeiçoar sua
qualidade de vida. 30 ·
Na vigência de um quadro psicótico interferon-induzido é
necessário lembrar que, a despeito de tratamento com vários neurolépticos, esse
quadro somente será resolvido quando o interferon/ribaverin for descontinuado. 29 ·
Importante
lembrar, também, que os fármacos antidepressivos ISRS (como o citalopram) podem
precipitar quadros maníacos em pacientes com interferon-indutores de depressão.
28 4. Antidepressivos e
sangramento intestinal alto na combinação com anti-inflamatórios não
esteroides. Alguns estudos
recentes têm mostrado que a prescrição simultânea de antidepressivos inibidores
seletivos de recaptação da serotonina (ISRS) com anti-inflamatórios não esteroides
(AINEs) aumenta o risco de sangramento intestinal
alto. Outros estudos, no entanto, refutam esses achados. Por
exemplo, Loke e cols., na tentativa de avaliar essa
possibilidade, realizaram uma meta-análise consultando várias fontes de dados
na WEB. Em seus resultados chegaram à conclusão de que os ISRS usados
unicamente ou em combinação com os AINEs aumentam
substancialmente o risco de hemorragia gastrointestinal alta. 35 Em
outra pesquisa semelhante, igualmente em fontes de dados na WEB, Mort e cols. chegaram às mesmas conclusões e sugeriram que
os clínicos necessitam estar atentos para evitar essas situações negativas mediante
alteração de uso concomitante ou pela introdução de drogas protetoras de
úlceras (inibidores da bomba de prótons). 36 De Abajo
e García-Rodrigues concluíram pelo aumento do risco de sangramento alto por
essa associação e, igualmente como os autores citados anteriormente, que o uso
de agentes supressores de ácido limita esse surgimento. 37 Lewis e cols, ao examinarem 359 casos de pessoas hospitalizadas por
sangramento gastrointestinal alto, recrutados entre 28 hospitais americanos,
concluíram, também, que a associação entre os ISRS e os AINEs aumenta o risco
de hospitalização por toxicidade gastrointestinal. 38 Outros
autores, como Targownik e cols., Barbui
e cols., com base em seus estudos, sugerem que os ISRS, quando utilizados
conjuntamente com os AINEs, estão apenas modestamente implicados com o risco de
sangramento alto (úlceras). Por precaução, indicam que esse risco pode ser
reduzido substancialmente através do emprego concomitante com os inibidores da
bomba de prótons. 39,40 Por outro
lado, em relação às essas evidências, Tata e cols., Vidal e cols. demonstram,
em suas pesquisas, que o risco de sangramento gastrointestinal não está
substancialmente aumentado quando anti-inflamatórios não-esteróides e
inibidores seletivos de recaptação de serotonina sejam prescritos conjuntamente
e comparados com emprego único. 41,42 Vidal e
cols., considerando as disparidades entre os achados das pesquisas nessa área,
entendem que estudos ou pesquisas adicionais devam ser realizados de maneira a
unificar o entendimento sobre essa associação, sobremaneira entre subgrupos
etários mais vulneráveis, como os idosos. 42 5. O uso de
antidepressivos e patologia hepática. Na existência
de patologia hepática (hepatites, cirrose, etc.), a escolha do antidepressivo a
ser usado deve recair preferencialmente sobre aqueles com menor inibição sobre
as enzimas do Citocromo P450. Cautela em relação às doses também necessita ser
considerada, sendo recomendado o emprego de doses menores que as habituais. 43
Cabe
registrar que a paroxetina já foi mencionada na literatura como capaz de
determinar grave lesão colestática e hepatocelular, provavelmente devido a uma
reação de hipersensibilidade imunológica. Os casos relatados mencionam grave
disfunção hepática, com elevação acentuada dos níveis de transaminases. 44
6. Paraefeitos dos
antidepressivos sobre o aparelho gastroenterológico. Os paraefeitos
dos antidepressivos sobre o aparelho digestivo são extremamente comuns e
relacionados ao receptor de serotonina 5HT3. Os mais frequentes são: náuseas,
diarreia, anorexia, vômitos, flatulência e dispepsia. 45 Portanto,
são capazes de promover situações clínicas muito semelhantes àquelas que se pretende
tratar, confundindo os resultados de seu emprego. A
experiência de uso tem mostrado que a sertralina e a fluvoxamina produzem os
efeitos mais intensos sobre o trato gastrointestinal. A paroxetina, por seu
efeito anticolinérgico, costuma causar constipação de modo bastante comum.
Algumas vezes, flatulência e diarreia persistem, especialmente com a
sertralina. Anorexia inicial pode também ocorrer e é mais comum com a
fluoxetina, tendendo a melhorar com o tempo de uso. 46,47 Os ISRS
costumam reduzir o apetite durante as primeiras semanas, com até perda de peso
por essa redução. Entretanto, depois dessas semanas iniciais podem determinar
aumento do apetite e consequente aumento de peso, especialmente com a
fluoxetina e a paroxetina. As mulheres jovens estão mais propensas a esse
fenômeno, o qual muitas vezes é resistente a dietas e atividades físicas. Por outro
lado, segundo Thiwan e cols., pacientes com
transtornos funcionais gastrointestinais tratados com antidepressivos
tricíclicos algumas vezes registram sintomas não gastrointestinais, tais como
tonturas, boca seca/sede, ideias delirantes, sentimentos de inquietude,
tremores e vermelhidão (fogachos). Para os autores, de acordo com estudo
realizado por eles, nem sempre esses sintomas são decorrentes da medicação
utilizada e estão associados a situações psicológicas prévias. 48 7. Interações
medicamentosas de agentes utilizados com frequência na gastroenterologia. 7.1. – Metoclopramida.
Este
fármaco é metabolizado por 2D6 e é inibidor potente de 2D6. A 2D6, localizada
no retículo endoplasmático, está envolvida no metabolismo da Fase I dos
compostos exógenos e endógenos. Através do metabolismo oxidativo, ela
hidroxila, desmetila ou dealquila estes compostos e a real reação oxidativa
depende do composto. Exemplos das diversas reações oxidativas catalisadas pela
2D6 incluem hidroxilação dos antidepressivos tricíclicos, desmetilação de
fluoxetina para norfluoxetina e N-dealquilação de metoclopramida. A 2D6
desempenha seu papel primariamente no fígado, embora constitua apenas 1,5 % do
total do conteúdo de P450 nesse órgão, a menor percentagem com relação às
principais enzimas P450 metabolizadoras de droga no homem. Porém, a 2D6 é um
participante ativo primário ou secundário no metabolismo de muitas drogas. Como
a 2D6 é polimórfica, com mais de 30 alelos humanos, há variações genotípicas,
sendo identificados metabolizadores extensivos ou normais, fracos e
ultrarrápidos, resultando em diferentes comportamentos metabólicos (risco de
aumento dos efeitos colaterais, ineficácia da medicação, internações
hospitalares mais longas e caras). 7.2. – Bloqueadores
do receptor da histamina subtipo 2 (H2). A
cimetidina está envolvida em numerosas interações medicamentosas em múltiplos
sítios enzimáticos. Foi documentado que a cimetidina causa diminuição da
depuração, efeitos colaterais indesejáveis e níveis tóxicos com drogas
anti-inflamatórias não-esteróides, varfarina, teofilina, olanzapina,
propranolol, outros betabloqueadores e antidepressivos tricíclicos. Segundo Cozza e cols., vários relatos de casos indicaram que a
cimetidina aumenta os níveis dos tricíclicos (meia-vida da imipramina de 10,8
para 22,7 horas) e os níveis séricos de paroxetina em 50%. Como este
medicamento pode ser adquirido livremente, sem prescrição médica, os clínicos
devem perguntar aos pacientes sobre o uso de cimetidina antes de prescrever
qualquer droga com janela terapêutica estreita ou quando possam avaliar um
potencial evento adverso. 43 A
ranitidina não está associada com quase nenhuma destas interações, embora haja
relatos de interações com a fenitoína. 7.3. – Inibidores
da bomba de prótons. Os
inibidores da bomba de prótons inibem enzimas na superfície apical das células
parietais no estômago, evitando a secreção do ácido clorídrico. Todos os
inibidores desta classe são extensivamente metabolizados via 2C19 e 3A4 e a
variação no potencial para interações medicamentosas baseia-se nas diferenças
na inibição e indução da enzima. Autores,
num estudo de fluvoxamina em baixas doses administradas com omeprazol,
encontraram inibição acentuada do metabolismo do omeprazol em 2C19 pela
fluvoxamina. 43 Outros
estudos já realizados, como exemplo, demonstraram que pacientes com gastrite
por Helicobacter pylori que eram Metabolizadores Fracos (MF) em 2C19
responderam melhor ao tratamento com inibidor da bomba de prótons (omeprazol)
em relação à melhora dos sintomas e erradicação da bactéria. Os Metabolizadores
Extensivos ou Normais apresentaram resultados piores em todas as faixas de doses.
Tal resultado é creditado ao fato de que haja maior exposição ao omeprazol
sérico nos MF. Ibid A análise
desses resultados aponta que esse teste genético pode ajudar na determinação da
duração ótima do tratamento com os inibidores da bomba de prótons assim como
das doses a serem empregadas. Com o
objetivo de reduzir o número de terapias ineficientes e resultados perigosos
devido às interações 2D6, a detecção dos metabolizadores fracos em 2D6 pode,
segundo Cozza e cols., em breve, tornar-se parte
rotineira da prática médica. 43 No
quadro abaixo um pequeno demonstrativo dos agentes gastrointestinais, locais de
metabolismo, enzimas inibidas e induzidas. Droga Local (is) de metabolismo Enzima(s) inibidas(s) Enzima (s) induzida(s) ________________________________________________________________________ Bloqueadores do receptor H2 Cimetidina Nenhum conhecido 3A4, 2D6, 1A2, 2C9 Nenhuma conhecida Famotidina “ Nenhuma conhecida “ Metoclopramida 2D6 2D6a “ Nizatidina Nenhum
conhecido Nenhuma conhecida “ Ranitidina “ 1A2, 2C9, 2C19b
“ Inibidores da bomba de prótons Esomeprazol 3A4, 2C19 Nenhuma conhecida Nenhuma conhecida Lanzoprazol 3A4, 2C19 “ 1A2c Omeprazol 3A4, 2C19 2C19 1A2 Pantoprazol 3A4, 2C19 Nenhuma conhecida Nenhuma conhecida Rabeprazol 3A4, 2C19 “ “ aPotente (negrito). bModerado. cLeve. 8. Preditores de
descontinuação prematura de antidepressivos nos transtornos funcionais
gastrointestinais. A
descontinuação prematura do uso de antidepressivos nos transtornos funcionais
gastrointestinais, segundo Sayuk e cols., ocorre em
aproximadamente um quarto dos padecentes.
As causas, de acordo com esses autores, estão relacionadas com histórias
de depressão e ansiedade que interferem, significativamente, no tratamento pela
predição de efeitos adversos, pobre reposta e consequente descontinuação
prematura. Preconizam que estratégias terapêuticas devam ser implantadas, de
maneira que os riscos de pobre aderência sejam minimizados.49 Para
Hansen e cols., da University of Southern Denmark, a
descontinuação pode ser causada por uma complexidade de fatores, porém as
pesquisas têm mantido o foco nos efeitos das drogas, em seus paraefeitos e
modos ou regimes de administração. Com o objetivo de verificar as causas de
interrupção depois do primeiro tratamento com antidepressivos, realizaram uma
pesquisa com pressupostos preditivos numa população de clínica geral: posição
social, história psiquiátrica do paciente, demografia, consultas em locais de
atendimento médico e prescrições recebidas. 50 Os
resultados apontaram que a descontinuação precoce é frequente na clínica geral
e que pacientes de status social baixo são mais propensos ao risco. Ao mesmo
tempo, verificaram, também, que o abandono ocorreu entre aqueles pacientes que
receberam maior número de prescrições. Ibid Hansen
e outros colaboradores, em pesquisa posterior,
objetivaram verificar a associação entre a prevalência de prescrições na
prática médica e o nível de descontinuação precoce de diferentes drogas
(antilipídicas, anti-hipertensivas, antidepressivos, antidiabéticos e contra a
osteoporose). O estudo, de acordo com os autores, confirmou sua hipótese de que
os clínicos gerais com elevado nível de prescrições alcançam altos níveis de
descontinuação comparados com colegas com baixos níveis de prescrição, não
apenas em relação aos antidepressivos, porém também para vários grupos de
fármacos. 51 Considerando
que idosos recebem um número significativo de prescrições médicas, o resultado
dessa pesquisa é, no mínimo, preocupante. Pesquisas semelhantes, especialmente
junto à população de idosos, necessitam ser realizadas de maneira a verificar
quais os níveis de abandono e quais os medicamentos, entre tantos usados, são
preferencialmente descontinuados. De igual maneira, que tipo de prejuízo à
saúde estará implicado nesse contexto, considerando ainda o custo desse
somatório de drogas. Sobre
os fatores que influenciam a escolha de tratamento antidepressivo em pacientes
polimedicados em razão de múltiplas doenças comórbidas, Dago
registra a importância de que a seleção esteja baseada no menor risco de
paraefeitos e/ou das interações farmacocinéticas para um determinado paciente,
visando aderência/recuperação positiva de longo prazo. 52 9. Conclusão. Este
artigo finaliza o estudo do uso de antidepressivos na gastroenterologia que
foram divididos em três partes de maneira a serem divulgados na POLB. As duas
primeiras partes já foram publicadas em dezembro/2012 e em janeiro/2013 nessa
pioneira e aberta revista eletrônica brasileira, totalmente livre ao
conhecimento como se espera de uma publicação científica. Ao término
desse estudo compreensivo, o autor registra que valeu a pena investir seus
esforços nessa área, plena de sintomas prevalentes e instigantes na clínica
médica. Ao divulgar sua experiência nesse conhecimento, através das pesquisas
realizadas, possui a expectativa de que também sejam proveitosas aos colegas
médicos brasileiros. 10. Referências 1. National Digestive Diseases Information
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20-7. * Parte 3 (Final) –
extrato de estudo sobre “Antidepressivos
na gastroenterologia”. O texto, em sua íntegra, poderá ser encontrado no
livro “O uso de antidepressivos na
clínica médica”. Porto Alegre: Sulina, 406p., Coordenado por Crespo de Souza. Endereço para correspondência: [email protected]
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