Volume 22 - Novembro de 2017 Editor: Giovanni Torello |
Abril de 2012 - Vol.17 - Nº 4 Psiquiatria na Prática Médica
MOLÉSTIA NEOPLÁSICA DA MAMA Prof. Dra. Márcia Gonçalves
"As neoplasias consistem nas
lesões mais importantes da mama e as mais comuns” ( ROBBINS,COTRAN,
KUMAR-1987). “A mama feminina pode apresentar
diversos tipos de tumores, Eles são
formados por um envólucro tegumentar, por gordura
adulta, por tecido conjuntivo mesenquimal e por
estruturas epiteliais. Eles freqüentemente
originam -se do epitélio escamoso estratificado das estruturas
glandulares e do tecido conjuntivo mesenquimal. A
classificação é feita como papilomas
cutâneos, carcinomas de células escamosas da pele, adenomas, papilomas dos
ductos, carcinoma de origem ductal ou glandular e
qualquer variedade de tumor mesenquimal benigno ou
maligno. Podem ser ainda : fibroma e fibrossarcoma, mioblastoma de
células glandulares, condroma e condrossarcoma,
lipoma e lipossarcoma, osteoma
ou sarcoma osteogênico, angioma ou angiossarcoma.” -CARCINOMA DA MAMA:- O CARCINOMA MAMÁRIO se origina nas
estruturas glandulares e ductais da mama (
CECIL-1986). As neoplasias mamárias são
responsáveis pelo maior número de mortes
por câncer nas mulheres. Segundo POLLARD
(1986), membro da American Cancer Society,
o Câncer de mama ocupa o primeiro lugar entre os cânceres, em número de
intervenções cirúrgicas, em tratamentos de radioterapia, administração de
hormônios e quimioterapia. Também é o
primeiro em número de biópsias. Segundo ROBBINS (1987), a mortalidade
do Ca de mama mantém-se inalterada nos
últimos 30 anos e chega aos . De seis a sete mulheres em cada 1OO
desenvolverão câncer de mama (SILVERBERG- 1984). Os crescentes diagnósticos precoces
e tratamento não neutralizam sua incidência crescente nas mulheres.
INCIDÊNCIA: Raramente encontrado antes dos 25 anos, após
isso é encontrado em qualquer idade com
incidência máxima antes e após a menopausa SILVERBERG (1984). A prevalência
é extremamente variável de acordo com as
áreas geográficas; No Japão e na Tailândia o número de casos não chega a 1/5 do
que a dos EUA. Podemos resumir em: Segundo LEIDMAN (1976), o Ca de mama é mais comum em: 1-Duas
vezes mais freqüentes em judeus do que em não judeus. 2-Mulheres
com idades mais avançadas, subindo abruptamente após os 50 anos. 3-Mulheres que
tiveram o primeiro filho em idade acima de 30 anos. 4-Nulíparas
do que em multiparas. 5-Mulheres
com menopausa após os 50 anos. 6-Mulheres
com menarca antes dos 13 anos. 7-Mulheres
obesas. 8-Mulheres
com história anterior de neoplasias de ovário, endométrio( menos freqüente em
mulheres com Ca cervical). 9-Mulheres
com doença fibrocística, hiperplasia endometrial. 10-Mulheres
com história de Ca mamário na família ( 50 vezes mais freqüente) ING (1992), aponta que existe uma freqüência
aumentada para as mulheres que fazem uso de contraceptivo oral associado com
altas doses de progesterona. BORING (1993) estimou a incidência de
neoplasia mamária em 32% quando estudado
através dos sítios de aparecimento e as mortes por neoplasia quando avaliadas
pelo sitio de aparecimento é de 18%. ETIOLOGIA E
PATOGENIA: Todos
os estudos ainda são controversos com relação à
etiologia mais quatro fatores são indicados como freqüentes: 1-
Fatores genéticos, 2- fatores hormonais, 3-fatores ambientais, 4- um a quatro
vírus..( (HAAGENSEN -1981). Fator genético- Existe um gene autossômico dominante como uma
das mais estudadas influências genéticas . O haplotipo
propenso ao câncer é o HLA-B13. Fator hormonal- A atividade estrogênica desenfreada em
mulheres em idade reprodutiva. O efeito proliferativo dos esteróides
regulam a atividade genética e as células normais e em certos órgãos alvo
possuem receptores específicos para estrogeno e
progesterona. Receptores semelhantes são vistos em células de Ca mamário. O complexo receptor dos hormônios esteróides funciona como uma chave que aciona a síntese de
DNA e a atividade replicativa nas células alvo
através do AMPc
, Os estrogenos também podem unir-se covalentemente
ao DNA nuclear e também agem como receptores. A somatotropina (
prolactina) secretada pela Hipófise anterior e pela placenta tem influência no
crescimento dos tumores.(HALDAWAY -1977). Fatores Ambientais-Dietas, reserpinas, cafeína, nebulizações, irradiação são as mais
freqüentemente associadas.. Vírus- O vírus tumoral mamario das ratas (MMTV) foi descoberto e foi detectado tanto no leite (
horizontalmente ) como no genoma materno ( verticalmente). Desta forma, cepas
são incorporadas ao genoma e verificou-se uma alta incidência em ratas com este
genoma (SPEIGELMAN -1981). MORFOLOGIA: Os carcinomas são mais
freqüentes na mama esquerda que na direita ROBBINS-(1987).50% surgem no
quadrante superior externo e 20% na região central ou sub-areolar.. Mais de 90%
tem origem no epitélio ductal e 10% nos lóbulos
mamários.( (GALLAGER-1990). CARCINOMA
INTRADUCTAL INFILTRANTE -90% dos tumores se originam nos ductos, começam como
proliferações atípicas do epitélio que acabam obstruindo os ductos com células neoplasicas. O Carcinoma ductal
Infiltrante é o tipo mais comum de câncer de mama, e
75% são invasivos.Tem consistência pétrea com ESTADIAMENTO: O Comitê Americano de Estadiamento do Câncer adota mais ou menos as recomendações
da terminologia TNM da UTCC. Podem
ser: Não metastatisantes,
raramente metastatizantes, metastatisantes. ESTADIO
I - Tumor com menos de ESTADIO
II -T. com menos de 5 com com metastases
sem ser a distância, com gânglios axilares afetados. ESTADIO
III - Qualquer tamanho com acometimento ganglionar e de pele, músculos
peitorais, sem metastases a distância. ESTADIO
IV - Qualquer tamanho com ulceração da pele, fixação à parede ASPECTOS PSICOSSOCIAIS E PESQUISA O efeito do câncer de
mama e mastectomia sobre o suporte emocional e
ajustamento tem sido alvo de estudo por diversos pesquisadores ZEMORE &
(SHEPEL-1989). Para pacientes que
apresentam Câncer ,segundo SIMONTON (1984) em seu livro " A família e a
cura", a compreensão atual do câncer confirma a teoria de que a cura pode
ser profundamente influenciada por fatores psicológicos e emocionais. "Estamos
começando a entender que os fatores que contribuem para o aparecimento do
câncer incluem a predisposição genética,
à exposição à produtos cancerígenos e à reação de stress... Também nos damos
conta que a combinação destes e de
outros fatores pode existir e que nem sempre é possível obter uma explicação
pura e simples para o que causou o câncer "Não é possível indicar com precisão o
papel do stress na doença. Não há dúvidas porém que ele tem um papel na
diminuição da resistência a vários tipos
de doenças... Não se trata de uma opinião generalizada, mas esta questão é alvo
de diversas pesquisas". As principais linhas de pesquisas
em câncer de mama estão voltadas para o ajustamento psicossocial das pacientes
tanto com relação ao impacto do diagnóstico, bem como os efeitos do tratamento
que inclue, via de regra a mutilação (HOLMBERG-1989;
MORRIS-1977 ; FALLOWFIELD-1993). O tipo de tratamento (*
cirurgias conservadoras ou radicais), vêm sendo discutidas no sentido de
propiciar uma melhor qualidade de vida para as pacientes. HOLMBERG ; OMNE-PONTEN et al
(1989), sugerem possíveis vantagens nas cirurgias com conservação da mama
comparativamente à mastectomia radical no que diz
respeito aos aspectos psicossociais. Em um estudo com 161 pacientes acometidas
com Câncer mamário, onde 62 sofreram cirurgia radical pode- se verificar que
ocorreram importantes diferenças no comportamento psicossocial e sexual no decorrem de 12 meses nas
pacientes mastectomizadas. A preservação da mama
parece influenciar significativamente no ajustamento das pacientes acometidas
com câncer. HOPWOOD & MAGUIRE (1991) validaram as escalas : Hospital Anxiety and Depression Scale ( HADS), e A
ROTTERDAM SYNTOMS CHECKLIST (RSCL). Nestas escalas a depressão e a ansiedade
foram avaliadas inicialmente por uma ou por outra e depois combinadas. Ambos os
questionários se revelaram bons preditivos e que poderiam ser fidedignos na
avaliação dos pacientes com câncer em estado avançado. Neste trabalho, a correlação da
Depressão em pacientes mastectomizadas nos leva a
questionar os vínculos que existem entre
estas entidades, pois tanto o
arsenal diagnóstico da medicina e da psiquiatria, bem como os aspectos
psicodinâmicos podem ter relevância quando analisados
retrospectivamente... A avaliação
da depressão realizada através de uma
escala já validada em nosso meio , a Escala de Beck para depressão , tendo em
vista a avaliação quantitativa e qualitativa será empregada no sentido de
trazer à luz novas questões com respeito ao
ajustamento psicossocial das pacientes. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS – Gonçalves.M., Giglio.J.S, Ferraz. M.P.T. - Tese de mestrado –
UNICAMP - 1997 *Coordenadora da disciplina de
Psiquiatria da UNITAU
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