Volume 16 - 2011 Editor: Giovanni Torello |
Junho de 2011 - Vol.16 - Nº 6 Psiquiatria na Prática Médica SINTOMAS PSIQUIÁTRICOS EM PACIENTES INTERNADOS EM HOSPITAL GERAL Gabriela Assumpção No Brasil O diagnóstico é
dificultado pelo fato de sintomas vegetativos (fadiga, insônia, taquicardia,
falta de ar, anorexia, diminuição da libido, e outros) serem freqüentemente
descritos tanto em patologias orgânicas como mentais, neste contexto, um terço
dos pacientes acometidos com transtornos do humor não são corretamente
diagnosticados1. Machado et al, investigaram a detecção de
sintomas depressivos por especialistas não-psiquiatras em pacientes internados,
indicando que estes detectaram depressão em grau menor do que os psiquiatras, tal dificuldade de diagnóstico, provavelmente,
deve-se ao fato das características psicopatológicas da depressão dos
pacientes com doença clínica serem diferentes daquelas encontradas em pacientes
com depressão primariamente psiquiátrica, pelos fatores emocionais, físicos e
psicológicos estarem diretamente ligados a doença clínica à qual a depressão
está associada. A prevalência de
transtornos depressivos é mais elevada na presença de condições médicas, tanto
em estudos nacionais como internacionais, variando de 12% a 83%, sendo em geral
subdiagnosticada3. A co-morbidade da
depressão em pacientes internados é preocupante, pois pacientes com depressão tem
menor aderência ao tratamento,
pior controle de sua doença de base, pior qualidade de vida,
maior prejuízo funcional e maior mortalidade4. Além destes fatos, a depressão pode aumentar o tempo de internação, a
mortalidade no pós-operatório ou após o infarto agudo do miocárdio, diminuir a
adesão ao tratamento e à reabilitação, e, em cardiopatas, constituir um dos principais fatores de risco para complicações cardíacas3.
Prevalência Cigognini & Furlanetto
realizaram um estudo para avaliar a prevalência de transtorno depressivos em
pacientes internados no Hospital Santa Isabel, Blumenau-SC, de janeiro a julho
de 2002; 26% dos pacientes apresentaram depressão e apenas 43% destes receberam
tratamento antidepressivo. A maioria dos
pacientes depressivos tratados (62,5%) utilizou benzodiazepínicos. Dentre os psicofármacos, destacaram-se o diazepam
e a fluoxetina. Apesar de cerca de ¼ dos pacientes internados apresentarem transtornos
depressivos menos da metade receberam tratamento antidepressivo, as maiores
taxas de depressão foram observadas em mulheres com história prévia de
depressão, baixa renda e em uso de benzodiazepínicos, devendo este grupo ser
observado com maior cuidado pelos médicos. Botega et al estimaram a prevalência de
transtornos do humor em enfermaria de clinica médica e detectaram prevalência
instantânea de 39% de transtornos do humor (20,5% de "casos" de
ansiedade e 33% de "casos" de depressão) observando uma combinação de
sintomas de preocupação, depressão, ansiedade e insônia. No Brasil as pesquisas
sobre o tema são escassas e a presença de serviços de psiquiatria em hospital
geral é modesta, sendo necessário maior investimento em pesquisas
correlacionando pacientes internados e transtornos psiquiátricos devido à
importância das patologias mentais na qualidade de vida e recuperação dos
pacientes. Referencias: 1.
BOTEGA, N. J. et al . Transtornos do humor em
enfermaria de clínica médica e validação de escala de medida (HAD) de ansiedade
e depressão. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 29, n. 5, Oct. 1995 . Available
from
http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89101995000500004&lng=en&nrm=iso>.
access on 26 June 2011. doi: 10.1590/S0034-89101995000500004. 2.
MACHADO, S. C. E. P. et al. Depressão no hospital geral: II.
Habilidade de detecçäo de sintomas depressivos pelo
especialista näo-psiquiatra / Depression
at general hospital: II. Ability to
detect depressive symptoms by none-psychiatrists. Rev. ABP-APAL;11(3):97-100, jul.-set. 1989. 3.
FRAGUAS JUNIOR, R. et al. Depressão no Hospital
Geral: estudo de 136 casos. Rev. Assoc. Med. Bras., 4.
FURLANETTO, L. M. et al. Diagnosticando
depressão em pacientes internados com doenças hematológicas: prevalência e
sintomas associados. J Bras Psiquiatr, 55(2):
96-101, 2006. 5.
CIGOGNINI, M. A.; FURNALETTO, L. M.
Diagnosis and pharmacological treatment of depressive disorders in a general
hospital. Rev. bras.
psiquiatr;28(2):97-103,
jun. 2006.
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