Volume 22 - Novembro de 2017
Editor: Giovanni Torello

 

Novembro de 2011 - Vol.16 - Nº 11

France - Brasil- Psy

Coordenação: Docteur Eliezer DE HOLLANDA CORDEIRO

Quem somos (qui sommes-nous?)                                  

France-Brasil-PSY é o novo espaço virtual de “psychiatry on  line”oferto aos  profissionais do setor da saúde mental de expressão  lusófona e portuguesa.Assim, os leitores poderão doravante nela encontrar traduções e artigos em francês e em português abrangendo a psiquiatria, a psicologia e a psicanálise. Sem esquecer as rubricas habituais : reuniões e colóquios, livros recentes, lista de revistas e de associações, seleção de sites.

Qui sommes- nous ?

France-Brasil-PSY est le nouvel espace virtuel de “psychiatry on line”offert aux professionnels du secteur de la santé mentale d’expression lusophone et française. Ainsi, les lecteurs pourront désormais y trouver des traductions et des articles en français et en portugais  concernant la psychiatrie, la psychologie et la psychanalyse. Sans oublier les rubriques habituelles : réunions et colloques, livres récentes, liste de revues et d’associations, sélection  de sites

SOMMAIRE (SUMÁRIO):

 

  • 1. LOUCURA, POLÍTICA E PSIQUIATRIA
  • 2. COMO VENDER DOENÇAS
  • 3. REVISTAS
  • 4. ASSOCIAÇÕES
  • 1) LOUCURA,  POLÍTICA E  PSIQUIATRIA

    Eliezer de Hollanda Cordeiro

    Referências :

    * La Marche de l’histoire : Entrevista  de Laure Murat com o jornalista Jean Lebrun

    *Wikipédia francesa: artigo sobre  o ator Albert Dieudonné

    Após  haver pesquisado  uma  grande quantidade de arquivos  e estudos de casos  nos hospitais  Bicêtre-La Salpêtrère e Charanton,a médica e psiquiatra  Laure Murat escreveu  ‘’L’homme qui se prenait par Napoléon’’  (O homem que pretendia ser Napoleão) e ‘’Les aliénés et les aliénistes”(Alienados e alienistas). Uma precisão histórica se impõe:  os arquivos estudados datam da época da Revolução Francesa, quando o interesse científico era centrado no estudo da  perda da razão ou alienação. Antes da Revolução Francesa, na Século das Luzes (Siècle des Lumières), a investigação científica tinha por centro de interesse  o domínio da razão. Naquela época, os religiosos eram encarregados do tratamento dos loucos. Com o advento da Revolução,  o Estado atribuiu-se o  direito de tratar os doentes mentais.

    Nos  arquivos, encontram-se  os temas dominantes na época da Revolução: o medo de perder a cabeça (no sentido de ter a cabeça cortada) e o medo de perder a cabeça, de virar  louco. Assim, pacientes tinham a convicção de que haviam sido  guilhotinados e que viviam com uma cabeça enxertada  de outra pessoa, que sofreu o mesmo castigo. Outro  exemplo extraordinário foi o assassinato de Marat por Charlotte Corday: o acontecimento   deu lugar a  um delírio coletivo,   muitas pessoas dizendo haverem visto  a cabeça decapitada de Charlotte Corday ruborizar-se.

    Ainda durante  a era revolucionária, uma senhora da alta sociedade foi colocada no asilo  por causa dos discursos exaltados que fazia em palanques,  exigindo  a restauração  de uma França ‘’regeneradora dos povos’’.    Os arquivos descrevem-na como  louca,se dizendo  perseguida por Robespierre. Foi trancada no   hospital  Hôtel Dieu, e transferida em seguida para a Salpêtrière. Segundo Esquirol,  ela se arrastava pelo chão, comia palha, dizia coisas absurdas, sua loucura explicando as idéias políticas que propagava,   A pesquisadora Claire Murat, ao contrário, pensa   que a paciente  sofreu uma descompensação psicótica, como diríamos hoje,  após o seu engajamento político e sua prisão nos dois hospitais psiquiátricos mencionados.

    TRATAMENTOS

    E o tratamento  dos doentes mentais naquela época? No Hôtel Dieu, por exemplo, o diretor médico  aplicava  métodos hidroterápicos extremamente agressivos, dando  banhos  nos alienados com água gelada ou  mergulhando-os em banheiras com água fervente para causar-lhes  um choque térmico. Pensava-se na época que os alienados podiam  suportar temperaturas extremamente baixas ou  altas, como certos animais. Mas a água já era usada no tratamento dos doentes mentais desde a antiguidade,  por conseguinte  muito tempo antes da invenção do tratamento moral dos alienados por Pinel.

    Outros métodos também eram empregados:  prender o doente com amarras, cingi-los com cordas,  sangrá-los  por serem  considerados  portadores de fluidos maléficos, extrair-lhes os humores, retirar-lhes  a ‘’pedra da loucura’’  alojada no cérebro,convencê-los de que estavam errados, fazê-los mudar de idéia...O grande psiquatra, Leuret, inventou uma maneira de combater convicções delirantes. Ele levava  os pacientes a lugares de Paris para  mostrar-lhes que suas idéias eram errôneas: a Revolução havia realmente  terminado, as guilhotinas haviam desaparecido, novos bairros haviam sido construidos no lugar dos antigos, etc. Leuret praticava assim a ‘’terapia pela prova’’.

    ‘’O tratamento moral’’, filosófico,  inventado por Pinel na época que abordamos  foi um grande avanço para a psiquiatria. Ele consistia  em estabelecer um diálogo com o paciente, início da ‘’  reeducação mental’’ que o levaria  a admitir seus erros e suas falsas idéias. Existia  também o ‘’tratamento teatral’’, inventado por Coulmiers no hospital  Charonton. Coulmiers, permitiu que cenários escritos pelo Marquês de Sade fossem desempenhados por alienados do hospital, perante uma auditório de doentes perplexos. Foi assim que  a novela de Sade,  "Os crimes do amor",  veio a ser  encenada! Collard, o diretor do hospital,  colocou um ponto final nesta inusitada experiência, declarando que ele havia  escolhido o ‘’trabalho como um método de tratamento, não o teatro’’.Coulmiers queria cuidar dos loucos pelo prazer, uma idéia até antão inédita.

    O HOMEM QUE PRETENDIA SER  NAPOLEÃO

    Na época  em que ele reinou, muitas pessoas internadas  pretendiam ser o grande  Napoleão Bonaparte.Mas Laure Murat cita também  personalidades importantes que, em determinadas circunstâncias, vieram a pensar a mesma coisa. Foi o caso de Albert Dieudonné, grande ator francês que desempenhou o papel de  Napoleão num filme de Abel Gance, em 1927. 

    Ao fim de sua vida, ele pensava ser o grande Corso.No artigo da Wikipédia francesa sobre Albert Dieudonné, podemos ler: ‘’Segundo Jean Tulard, Albert Dieudonné, que desempenhou o papel de Bonaparte durante anos, ficou tão marcado pelo mesmo que chegou a considerar -se  o próprio imperador. Ele fez mais tarde conferências sobre Napoleão.E , quando  morreu em 1976 na cidade de  Boulogne-Billancourt ,foi sepultado  vestido com roupas de Napoleão, conforme suas vontades derradeiras,’’

    Em 1840,  quando as cinzas de Napoleão  foram trazidas da ilha de Saint Hélène para o Hôtel  des Invalides,  em Paris,  o comandante da base,o Marechal Monset,  continuava pensando   que Napoleão tinha voltado para  retomar seu reino! A autora do livro encontrou até uma mulher que passava  o tempo a dizer: "Eu sou o imperador Napoleão, vive Napoleão!’’

    A partir dos exemplos apresentados neste artigo,  podemos notar  que os temas delirantes dos alienados enraizam-se muitas vezes nos acontecimentos históricos que eles vivenciaram.E que o delírio é uma formação psíquica a interpretar,o que pode ser o início da organização do mundo interno do paciente pelo poder do verbo.  

     

    2)  COMO VENDER DOENÇAS

    Referência:’’ Maladies à vendre ’’

    Documentário  de Bernard Nicolas e Kader Bengriba (França, 2011),  exibido na cadeia de televisão, Arte. Debate dirigido por Annie-Claude Elkaim.

    Tradução e resenha: Eliezer de Hollanda Cordeiro

    COMO A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA INVENTA DOENÇAS POR MEIO DE UM INTENSO  MARKETING  E A CUMPLICIDADE DAS AUTORIDADES E DOS MÉDICOS.

    Na década de 1980, a indústria farmacêutica fez muitos esforços para tratar as doenças existentes, embora as patologias atacando as populações pobres, como a malária,  tivessem sido   negligenciadas  por serem pouco lucrativas.

    Agora, a tendência inverteu-se.Para garantir o retorno sobre o investimento e reciclar seus medicamentos, as empresas inventaram patologias  calculadas, crônicas de preferência.

    Uma publicidade  disfarçada em informação médica, duplicada pela pressão de grupos organizados, criou  um dispositivo eficaz  para "vender’’ as doenças  ao  público em geral e aos profissionais. Este filme - que a indústria recusou de patrocinar - desmonta os mecanismos de uma medicina sob a influência do mercado.

    COMERCIALIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO

    Como aumentar o consumo de medicamentos? Diminuindo, por exemplo,  a norma da taxa de colesterol afim de  promover moléculas, que, tomadas sem necessidade, comportam riscos para a saúde.

    Ou através da identificação de uma nova forma de depressão cíclica na população feminina ("Síndrome disfórica menstrual"), tratada com uma versão do Prozac renomeada.

    Estrategistas inteligentes também conseguiram desenvolver  o mercado dos antidepressivos no Japão, onde o estado de depressão era raro, popularizando a idéia de  "gripe da alma". Da "Disfunção erétil" ao " distúrbio bipolar ",  notemos a  irreverente análise do documentário, o qual,apoiando-se em  spots de TV e sites de "Notícias", permitiu a avaliação do poder do  marketing sobre o diagnóstico.

     

    3. REVISTAS

    L’évolution pychiatrique

    L’INFORMATION PSYCHIATRIQUE

    IMPACTE MEDECINE

    LA REVUE FRANÇAISE DE PSYCHIATRIE ET DE PSYCHOLOGIE MÉDICALE 

    L’ENCEPHALE

    PSYCHIATRIE FRANÇAISE

    L’AUTRE, CULTURE ET SOCIÉTÉS

    4. ASSOCIAÇÕES

    MISSION NATIONALE D’APPUI EN SANTE MENTALE

    *ASSOCIATION FRANÇAISE DE PSYCHIATRIE ET PSYCHOLOGIE LEGALES (AFPP)

    *ASSOCIATION FRANÇAISE DE MUSICOTHERAPIE (AFM)

    ASSOCIATION ART ET THERAPIE

    *ASSOCIATION FRANÇAISE DE THERAPIE COMPORTEMENTALE ET COGNITIVE (AFTCC)

    *ASSOCIATION FRANCOPHONE DE FORMATION ET DE RECHERCHE EN THERAPIE COMPORTEMENTALE ET COGNITIVE (AFFORTHECC)

    *ASSOCIATION DE LANGUE FRANÇAISE POUR L’ETUDE DU STRESS ET DU TRAUMA (ALFEST)

    *ASSOCIATION DE FORMATION ET DE RECHERCHE DES CELLULES D’URGENCE MEDICO  PSYCHOLOGIQUE (AFORCUMP)

    *ASSOCIATION POUR LA FONDATION HENRI EY

     


    TOP